Poema: ONDE
ESTÁS
Castro Alves
É meia-noite... e rugindo
Passa triste a ventania,
Como um verbo de desgraça,
Como um grito de agonia.
E eu digo ao vento, que passa
Por meus cabelos fugaz:
"Vento frio do deserto,
Onde ela está? Longe ou perto?"
Mas, como um hálito incerto,
Responde-me o eco ao longe:
"Oh! minhamante, onde estás?. . .
Vem! É tarde! Por que tardas?
São horas de brando sono,
Vem reclinar-te em meu peito
Com teu lânguido abandono! ...
Stá vazio nosso leito...
Stá vazio o mundo inteiro;
E tu não queres queu fique
Solitário nesta vida...
Mas por que tardas, querida?...
Já tenho esperado assaz...
Vem depressa, que eu deliro
Oh! minhamante, onde estás? ...
Estrela — na tempestade.
Rosa — nos ermos da vida;
lris — do náufrago errante,
Ilusão — dalma descrida!
Tu foste, mulher formosa!
Tu foste, ó filha do céu! ...
... E hoje que o meu passado
Para sempre morto jaz ...
Vendo finda a minha sorte,
Pergunto aos ventos do Norte...
"Oh! minhamante, onde estás?..."
Passa triste a ventania,
Como um verbo de desgraça,
Como um grito de agonia.
E eu digo ao vento, que passa
Por meus cabelos fugaz:
"Vento frio do deserto,
Onde ela está? Longe ou perto?"
Mas, como um hálito incerto,
Responde-me o eco ao longe:
"Oh! minhamante, onde estás?. . .
Vem! É tarde! Por que tardas?
São horas de brando sono,
Vem reclinar-te em meu peito
Com teu lânguido abandono! ...
Stá vazio nosso leito...
Stá vazio o mundo inteiro;
E tu não queres queu fique
Solitário nesta vida...
Mas por que tardas, querida?...
Já tenho esperado assaz...
Vem depressa, que eu deliro
Oh! minhamante, onde estás? ...
Estrela — na tempestade.
Rosa — nos ermos da vida;
lris — do náufrago errante,
Ilusão — dalma descrida!
Tu foste, mulher formosa!
Tu foste, ó filha do céu! ...
... E hoje que o meu passado
Para sempre morto jaz ...
Vendo finda a minha sorte,
Pergunto aos ventos do Norte...
"Oh! minhamante, onde estás?..."
Castro Alves.
Entendendo o poema:
01 – Sobre o poema, considere as afirmativas a seguir:
I – Na primeira estrofe, o
eu lírico dirige-se ao vento frio do deserto; na segunda, dirige-se à amada
distante.
II – O eu lírico pergunta ao
vento sobre o paradeiro de sua amada, revelando a dor pela distância que os
separa.
III – O eu lírico acusa os
ventos do Norte, que passam como gritos de agonia, por ter finda sua sorte e
estar morto seu passado.
IV – “Estrela” e “rosa” são
usadas pelo eu lírico para designar sua agonia; “íris” e “ilusão” referem-se à
ventania.
Assinale a alternativa correta:
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente
as afirmativas I e III são corretas.
c) Somente
as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente
as afirmativas I, II e IV são corretas.
e) Somente
as afirmativas II, III e IV são corretas.
02 – Assinale a alternativa
que relaciona corretamente versos do poema a figuras de linguagem:
a)
A comparação entre o vento e a amada é
verificada nos versos “Mas por que tardas, querida? ... / Já tenho esperado
assaz...”.
b)
Em: “Como um verbo de desgraça, / Como um
grito de agonia”, a antítese opõe a fuga – cidade do vento à tristeza da
ventania.
c)
Os versos: “Tu foste, mulher formosa! / Tu
foste, ó filha do céu! ...” comparam a amada à triste e fugaz ventania, pois
ambas impedem seu brando sono.
d)
A comparação presente nos versos
“Mas, como um hábito incerto, / Responde-me o eco ao longe”. Reforça a ausência
de resposta sobre o paradeiro da amada.
e)
A antítese, presente em todo o poema, é
exemplificada pelos versos “... E hoje que o meu passado / Para sempre morto
jaz ...”.
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