sábado, 15 de junho de 2019

CRÔNICA: UM CASO DE BURRO - MACHADO DE ASSIS - COM QUESTÕES GABARITADAS

Crônica: Um Caso de Burro
            Machado de Assis

        Quinta-feira à tarde, pouco mais de três horas, vi uma coisa tão interessante, que determinei logo de começar por ela esta crônica. Agora, porém, no momento de pegar na pena, receio achar no leitor menor gosto que eu para um espetáculo, que lhe parecerá vulgar, e porventura torpe. Releve a importância; os gostos não são iguais.
        Entre a grade do jardim da Praça Quinze de Novembro e o lugar onde era o antigo passadiço, ao pé dos trilhos de bondes, estava um burro deitado. O lugar não era próprio para remanso de burros, donde concluí que não estaria deitado, mas caído. Instantes depois, vimos (eu ia com um amigo), vimos o burro levantar a cabeça e meio corpo. Os ossos furavam-lhe a pele, os olhos meio mortos fechavam-se de quando em quando. O infeliz cabeceava, mais tão frouxamente que parecia estar próximo do fim.
        Diante do animal havia algum capim espalhado e uma lata com água. Logo, não foi abandonado inteiramente; alguma piedade houve no dono ou quem quer que é que o deixou na praça, com essa última refeição à vista. Não foi pequena ação. Se o autor dela é homem que leia crônicas, e acaso ler esta, receba daqui um aperto de mão. O burro não comeu do capim, nem bebeu da água; estava já para outros capins e outras águas, em campos mais largos e eternos.
        Meia dúzia de curiosos tinham parado ao pé do animal. Um deles, menino de dez anos, empunhava uma vara, e se não sentia o desejo de dar com ela na anca do burro para esperta-lo, então eu não sei conhecer meninos, porque ele não estava do lado do pescoço, mas justamente do lado da anca. Diga-se a verdade; não o fez - ao menos enquanto ali estive, que foram poucos minutos. Esses poucos minutos, porém, valeram por uma hora ou duas. Se há justiça na Terra valerão por um século, tal foi a descoberta que me pareceu fazer, e aqui deixo recomendada aos estudiosos.
        O que me pareceu, é que o burro fazia exame de consciência. Indiferente aos curiosos, como ao capim e à água, tinha no olhar a expressão dos meditativos. Era um trabalho interior e profundo. Este remoque popular: por pensar morreu um burro mostra que o fenômeno foi mal entendido dos que a princípio o viram; o pensamento não é a causa da morte, a morte é que o torna necessário. Quanto à matéria do pensamento, não há dúvidas que é o exame da consciência. Agora, qual foi o exame da consciência daquele burro, é o que presumo ter lido no escasso tempo que ali gastei. Sou outro Champollion, porventura maior; não decifrei palavras escritas, mas ideias íntimas de criatura que não podia exprimi-las verbalmente.
        E diria o burro consigo:
        “Por mais que vasculhe a consciência, não acho pecado que mereça remorso. Não furtei, não menti, não matei, não caluniei, não ofendi nenhuma pessoa. Em toda a minha vida, se dei três coices, foi o mais, isso mesmo antes haver aprendido maneiras de cidade e de saber o destino do verdadeiro burro, que é apanhar e calar. Quando ao zurro, usei dele como linguagem. Ultimamente é que percebi que me não entendiam, e continuei a zurrar por ser costume velho, não com ideia de agravar ninguém. Nunca dei com homem no chão. Quando passei do tílburi ao bonde, houve algumas vezes homem morto ou pisado na rua, mas a prova de que a culpa não era minha, é que nunca segui o cocheiro na fuga; deixava-me estar aguardando autoridade.”
        “Passando à ordem mais elevada de ações, não acho em mim a menor lembrança de haver pensado sequer na perturbação da paz pública. Além de ser a minha índole contrária a arruaças, a própria reflexão me diz que, não havendo nenhuma revolução declarado os direitos do burro, tais direito não existem. Nenhum golpe de estado foi dado em favor dele; nenhuma coroa os obrigou. Monarquia, democracia, oligarquia, nenhuma forma de governo, teve em conta os interesses da minha espécie. Qualquer que seja o regímen, ronca o pau. O pau é a minha instituição um pouco temperada pela teima que é, em resumo, o meu único defeito. Quando não teimava, mordia o freio dando assim um bonito exemplo de submissão e conformidade. Nunca perguntei por sóis nem chuvas; bastava sentir o freguês no tílburi ou o apito do bonde, para sair logo. Até aqui os males que não fiz; vejamos os bens que pratiquei.”
        “A mais de uma aventura amorosa terei servido, levando depressa o tílburi e o namorado à casa da namorada - ou simplesmente empacando em lugar onde o moço que ia no bonde podia mirar a moça que estava na janela. Não poucos devedores terei conduzido para longe de um credor importuno. Ensinei filosofia a muita gente, esta filosofia que consiste na gravidade do porte e na quietação dos sentidos. Quando algum homem, desses que chamam patuscos, queria fazer rir os amigos, fui sempre em auxílio deles, deixando que me dessem tapas e punhadas na cara. Em fim ...”
        Não percebi o resto, e fui andando, não menos alvoroçado que pesaroso. Contente da descoberta, não podia furtar-me à tristeza de ver que um burro tão bom pensador ia morrer. A consideração, porém, de que todos os burros devem ter os mesmos dotes principais, fez-me ver que os que ficavam, não seriam menos exemplares do que esse. Por que se não investigará mais profundamente o moral do burro? Da abelha já se escreveu que é superior ao homem, e da formiga também, coletivamente falando, isto é, que as suas instituições políticas são superiores às nossas, mais racionais. Por que não sucederá o mesmo ao burro, que é maior?
        Sexta-feira, passando pela Praça Quinze de Novembro, achei o animal já morto.
        Dois meninos, parados, contemplavam o cadáver, espetáculo repugnante; mas a infância, como a ciência, é curiosa sem asco. De tarde já não havia cadáver nem nada. Assim passam os trabalhos deste mundo. Sem exagerar o mérito do finado, força é dizer que, se ele não inventou a pólvora, também não inventou a dinamite. Já é alguma coisa neste final de século. Requiescat in pace.
                                                                              Machado de Assis.
Entendendo a crônica:

01 – A crônica correspondeu às expectativas levantadas pelo título?
      Sim, pois realmente se refere a um burro.

02 – Qual é o foco narrativo? O autor é personagem, usa a primeira pessoa ou não se envolve, apenas conta o que aconteceu com os outros?
      Foco narrativo: primeira pessoa. O autor apenas conta o que aconteceu como burro.

03 – De que se trata a crônica?
      Trata-se de uma crítica a sociedade da época, usando principalmente a ironia.

04 – Que tipo de comparação o autor faz na crônica?
      Compara um burro a um ser humano, provavelmente um negro, denunciando os maus tratos sofridos por eles naqueles tempos.

05 – Que ideias e emoções foram despertadas pela leitura?
      Pena do burro por morrer praticamente abandonado na rua. E esperança que ele sobrevivesse.

06 – Cite o trecho do texto que mostra as condições físicas do burro, depois de já ter sofrido bastante.
      “Os ossos furavam-lhe a pele, os olhos meio mortos fechavam-se de quando em quando. O infeliz cabeceava, mais tão frouxamente que parecia estar próximo do fim.”

07 – Já no terceiro parágrafo, percebemos uma forte ironia do autor. Cite uma destas citações de ironia.
      “O burro não comeu do capim, nem bebeu da água; estava já para outros capins e outras águas, em campos mais largos e eternos”.

08 – Para o autor, o burro é metáfora de quem ou de que?
      Metáfora de um ser humano provavelmente um negro, denunciando os maus tratos sofridos por eles naqueles tempos.

09 – Onde é empregada a figura de linguagem Prosopopeia? Exemplifique.
      Em todos os pensamentos do burro, por exemplo: “Por mais que vasculhe a consciência, não acho pecado que mereça remorso. Não furei, não menti, não matei, não caluniei, não ofendi nenhuma pessoa”.

10 – Pesquise o significado da expressão que o autor finaliza a crônica: “Requiescat in pace”. Por que ela foi usada?
      Significa descanse em paz. Porque o burro morreu

FÁBULA: A RAPOSA E A MÁSCARA - ADAPTAÇÃO NICÉAS ROMEO ZANCHETT - COM GABARITO

Fábula: A RAPOSA E A MÁSCARA 
                
    Adaptação: Nicéas Romeo Zanchett 

     Num certo dia de verão, uma raposa passeava pelos campos e encontrou em seu caminho uma máscara de homem. Pegou-a com grande curiosidade e, examinando-a detidamente, reparou que era oca por dentro. 
        Ao ver isso ela não conteve o riso e disse: 
        -- É pena que uma cabeça de rosto tão lindo não tenha miolos!
        E foi-se embora rindo e julgando aquela máscara que lhe parecia tão insignificante. 
        Moral da história: De nada vale uma boa aparência se não tiver juízo. 

                                                             Fábula ESOPO
Entendendo a fábula:

01 – Quando se passa a história?
      Num certo dia de verão.

02 – Em que local acontece a história?
      Nos campos.

03 – O que a raposa encontrou em seu caminho?
      Uma máscara de homem.

04 – Para que serve uma fábula?
(   ) Divertimento.
(X) Ensinamento.
(   ) Informação.

05 – A raposa pegou a máscara, examinou bem e percebeu o quê?
      Que a máscara era oca por dentro.

06 – Ao ver que a máscara era oca, não se conteve o riso e disse o quê?
      “-- É pena que uma cabeça de rosto tão lindo não tenha miolos!”

07 – Numa fábula há sempre uma crítica a determinado tipo de comportamento, que se deveria evitar. Nessa fábula, a crítica refere-se a quê?
      Que existe muitas pessoas bonitas fisicamente, mas feias por dentro (egoístas, fúteis, etc.)

08 – Qual o desfecho (situação final) da fábula?
      Resposta pessoal do aluno.
     


MENSAGEM ESPÍRITA: AMOR E PAZ - JOANNA DE ÂNGELIS - DIVALDO P. FRANCO - PARA REFLEXÃO


Amor e Paz
Joanna de Angelis

      O desânimo é pântano venenoso onde se asfixiam as mais belas aspirações da vida.
        A precipitação torna-se fogaréu a arder sem finalidade, muitas vezes prejudicando a lavoura do bem.
        O receio sistemático constitui campo onde medram as plantas daninhas que destroem a sementeira da esperança.
        A maledicência é geratriz de males incontáveis.
        A preguiça urde a destruição do trabalho, tanto quanto a má vontade inspira a insensatez.
        Comenta-se sobre a violência com exagerada cooperação dos veículos da moderna informática, estimulando mentes enfermas e personalidades psicopatas a se entregarem à alucinação.
        A terapia para a terrível epidemia que toma conta do mundo é o amor em todas as suas expressões.
        Amor fraternal que sustenta a amizade e dissemina a confiança.
        Amor espiritual que generaliza o interesse de todos pelo bem comum.
     Amor cristão em serviço ativo, que desenvolve o trabalho e espraia a solidariedade.
      O amor que compreende o erro é êmulo do amor que reeduca, da mesma forma que o amor que perdoa promove o amor que salva.
        São formas de violência cruel: o torpe desânimo e a rude precipitação, o infeliz receio, a cruel maledicência e a maléfica preguiça, filhos espúrios do egoísmo que é, em si mesmo, o gerador dos males que desgovernam o mundo.
        Contribui para a ordem e a paz mediante a utilização do verbo feliz, falando para ajudar – distendendo o conforto moral e as diretrizes de equilíbrio: mediante o pensamento – resguarda-te do pessimismo, irradiando ondas mentais de simpatia, orando em silêncio; através da ação produzindo no bem, mesmo que seja com a dádiva modesta de uma luz acesa na escuridão, de um vaso de água fria na ardência da sede, de uma côdea de pão estendida ao esfaimado, de um grão rico de vida na vala fértil com olhos postos no futuro.
        Cada um pode oferecer a sua melhor parte, doar a mais importante quota que, em palavras simples e plenas, é o amor.
        Jesus, em todas as circunstâncias, não obstante pudesse modificar as estruturas do seu tempo e solucionar os problemas daqueles que O buscavam, por amor ajudou cada criatura que a Ele recorria, influenciando-a a mudar de atitude perante a vida e a crescer no bem, avançando em paz na direção de Deus, o Amor Total.

FRANCO, Divaldo Pereira. Receitas de Paz. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL.


TEXTO: A VERDADE E A MENTIRA - DILÉA FRATE - COM QUESTÕES GABARITADAS

Texto: A verdade e a mentira
         Diléa Frate


        A verdade marcou um encontro com a mentira. A verdade chegou na hora, pontual e certa. A mentira chegou atrasada e se justificou: "Minhas pernas são curtas e bambas. Mas não conte a ninguém". A verdade nada disse. Apenas sorriu. A mentira prosseguiu: "O que você quer de mim? Eu sou bonita, você é feia, eu sou jovem, você é velha, eu sou extrovertida, você é tímida, eu sou agradável, você é desagradável, eu sou, enfim, aquilo que as pessoas querem. Posso ser qualquer coisa, estar em qualquer lugar, posso fazer tudo o que quero e francamente, não vejo porquê de estar aqui, nesse momento, perdendo meu tempo com alguém que não é bem-aceita em todos os lugares. O que você quer de mim afinal?" disse a mentira com a voz ligeiramente esganiçada.
        A verdade com voz límpida e cristalina, respondeu apenas: "Quero lhe dizer que, apesar de sua beleza e formosura, eles querem a mim. As pessoas buscam a mim, mesmo quando encontram você".
        Na hora de ir embora, sempre apressada, a mentira botou o casaco da verdade e saiu correndo. A verdade, para não passar frio, botou a roupa da mentira. E todo mundo achou que a verdade era a mentira e a mentira era a verdade. Mas foi só por um tempo. Logo um vento soprou revelando as pernas curtas e bambas da mentira disfarçada.

Diléa Frate Histórias para acordar 
São Paulo - Companhia das Letrinhas, 1996.

Entendendo o texto:

01 – O que você acha de uma pessoa que mente muito?
      Resposta pessoal do aluno.

02 – Você gostaria de ser conhecido(a) como uma pessoa mentirosa?
      Resposta pessoal do aluno.

03 – O que você diria para uma pessoa que conta muitas mentiras?
      Resposta pessoal do aluno.

04 – É possível confiar em alguém que conta muitas mentiras?
      Não é possível, pois nunca saberá quando ela estará falando a verdade.

05 – Existem mentiras mais graves do que outras?
      Sim. No geral todos já contamos uma mentira para se livrar de uma bronca, ter algum benefício ou evitar machucar alguém. Porém, existem indivíduos que fazem da mentira um estilo de vida, e é constituído um distúrbio de personalidade chamado mitomania em que a pessoa mente a respeito de todos os assuntos, sem nunca demonstrar constrangimento quando suas histórias são descobertas.

06 – Como fazer para não ser considerado um mentiroso?
      Estar sempre vigilante em falar pequenas mentiras e isto se tornar um hábito.

07 – Se uma pessoa é muito mentirosa, ela pode lutar contra isso e mudar?
      Sim, se é um distúrbio de personalidade ela deve procurar ajuda de profissionais da psicologia.

08 – Você se definiria como uma pessoa que mente muito, que não mente ou que mente pouco?
      Resposta pessoal do aluno.




sexta-feira, 14 de junho de 2019

POEMA: DISPERSÃO - FRAGMENTO - MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO - COM GABARITO


Poema: Dispersão - Fragmento
        
      Mário de Sá-Carneiro

Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.

Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar.
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida...

Para mim é sempre ontem,
Não tenho amanhã nem hoje:
O tempo que aos outros foge
Cai sobre mim feito ontem. 


(O Domingo de Paris
Lembra-me o desaparecido
Que sentia comovido
Os Domingos de Paris:

Porque um domingo é família,
É bem-estar, é singeleza,
E os que olham a beleza
Não têm bem-estar nem família).

O pobre moço das ânsias...
Tu, sim, tu eras alguém!
E foi por isso também
Que te abismaste nas ânsias.

A grande ave dourada
Bateu asas para os céus,
Mas fechou-as saciada
Ao ver que ganhava os céus.

Como se chora um amante,
Assim me choro a mim mesmo:
Eu fui amante inconstante
Que se traiu a si mesmo.

Não sinto o espaço que encerro
Nem as linhas que projeto:
Se me olho a um espelho, erro -
Não me acho no que projeto.

Regresso dentro de mim,
Mas nada me fala, nada!
Tenho a alma amortalhada,
Sequinha, dentro de mim.

Não perdi a minha alma,
Fiquei com ela, perdida.
Assim eu choro, da vida,
A morte da minha alma. 
[...]
  Obras completas de Mário de Sá-Carneiro. Poesias. Lisboa: Ática, sd. v. 2. p. 61-5.

Entendendo o poema:

01 – No poema, o eu lírico faz uma espécie de avaliação de sua trajetória de vida, tratando de momentos vividos no passado e de momentos vividos no presente.

a)   Observe os tempos verbais empregados. Eles confirmam ou negam essa divisão temporal? Por quê?
Confirmam: as formas verbais do pretérito perfeito e do imperfeito do indicativo referem-se ao tempo passado; as formas verbais do presente do indicativo referem-se ao tempo presente.

b)   Tomando por base a 3ª estrofe, que tipo de expectativa o eu lírico tem para o presente e para o futuro?
Tem uma expectativa pessimista. Para ele, não há presente nem futuro, há apenas passado.

c)   Que significado tem o passado para o eu lírico?
O passado, para ele, significa a unidade e a perfeição de um eu do qual sente saudades e que, no presente, se desdobrou em um ser sem identidade. Imagens como "Astro doido a sonhar" e "A grande ave dourada" comprovam a idealização do passado.

d)   Como se sente o eu lírico no presente? Comprove sua resposta retirando um ou dois versos do poema.
Sente-se perdido, frustrado, morto interiormente, sem forças para voltar a ser o que era. " Não me acho no que projeto" / "Tenho a alma amortalhada".

02 – Como é comum nos escritos de Sá-Carneiro, o poema põe em questão a identidade do eu lírico.
a)   Interprete os versos:
“Não sinto o espaço que encerro
Nem as linhas que projeto:
Se me olho a um espelho, erro -
Não me acho no que projeto.”

Esses versos revelam a falta de identidade; o eu lírico não reconhece a si mesmo.

b)   Retire do texto exemplos de desdobramento da personalidade ou da busca de um "outro" dentro do eu.
"E hoje, quando me sinto, / É com saudades de mim", e toda a 9ª estrofe.

03 – Justifique o título do poema a partir das ideias nele contidas.
      O título está relacionado com a diluição do ser, com a perda da identidade original e com a busca de uma nova identidade.

04 – Um tema recorrente na obra do autor é a valorização do passado, o desperdício do presente e a não espera do futuro. Cite os versos do poema.
      “E hoje, quando me sinto,
       É com saudades de mim.”

      “Passei pela minha vida
       Um astro doido a sonhar. 
      Na ânsia de ultrapassar, 
      Nem dei pela minha vida...”

05 – Na sétima estrofe nota-se a presença de uma metáfora. Explique-a.
      Onde a ave seria o poeta buscando, assim, um objetivo e a partir do momento que conseguiu “fechou as asas”, porque poeta é um permanente insatisfeito.

06 – Em que versos nota-se o tema do “eu” em combate consigo mesmo e com a vida?
      “Não perdi a minha alma,
       Fiquei com ela, perdida”.

FÁBULA: A MULHER QUE POSSUÍA UMA GALINHA - ESOPO - COM GABARITO

Fábula: A Mulher que Possuía uma Galinha
                                                ESOPO

        Uma mulher possuía uma galinha, que todos os dias, milagrosamente, pontualmente, sem falta, botava um ovo.
        Ela então pensava consigo mesma, como poderia fazer para obter, ao invés de um, dois ovos por dia.
        Assim, disposta a atingir seu objetivo, decidiu alimentar a galinha com uma porção de ração reforçada, o dobro da medida que a ela dispensava todos os dias.
        Então, a partir daquele dia, a galinha que comia sem parar, tornou-se gorda e preguiçosa, e nunca mais botou nenhum ovo.
        Moral da História: É Melhor uma migalha por dia que um dia sem migalha...
                                                                        Fábula ESOPO
Entendendo a fábula:
01 – Quem são os personagens?
      A mulher e a galinha.

02 – O que a galinha fazia todos os dias?
      Pontualmente, sem falta, botava um ovo.

03 – A mulher por ganância fez o que para a galinha botar dois ovos por dia?
      Decidiu alimentar a galinha com uma porção de ração reforçada, o dobro da medida que dava diariamente.

04 – O que aconteceu com a galinha, depois de se alimentar tanto?
      Tornou-se gorda e preguiçosa e nunca mais botou nenhum ovo.

05 – Qual a moral da história?
      É melhor uma migalha por dia que um dia sem migalha.

06 – Você seria capaz de lembrar de alguma situação da vida real onde o contexto da fábula se aplicaria?
      Resposta pessoal do aluno.

07 – Que outro título você daria à fábula?
      Resposta pessoal do aluno.





CONTO: A GAROTA DAS LARANJAS - FRAGMENTO - JOSTEIN GAARDER - COM GABARITO


Conto: A garota das laranjas - Fragmento
                            
    Jostein Gaarder

        Há pouco menos de uma semana, voltei da aula de música e dei com os meus avós aqui em casa: uma visita surpresa. [...]
        Fui para a sala e me sentei no tapete, e todo mundo estava tão sério que cheguei a pensar que tivesse acontecido alguma coisa grave. Não me lembrava de ter aprontado nada no colégio ultimamente. [...] Por isso me limitei a perguntar:
        -- O que aconteceu?
        E então vovó se pôs a contar que tinha achado a carta que meu pai escreveu para mim pouco antes de morrer. Senti um frio no estômago. Fazia onze anos que ele tinha morrido. Eu nem sabia ao certo se me lembrava dele. Uma carta do meu pai, aquilo me pareceu terrivelmente solene, quase um testamento.
        Foi quando reparei que vovó estava com um envelope grosso na mão. Ela o colocou nas minhas. Estava fechado e com apenas duas palavras escritas: “para Georg”. [...]
        Jostein Gaarder. A garota das laranjas. São Paulo:
Companhia das Letras, 2005. p. 10-11.
Entendendo o conto:

01 – Qual é o foco narrativo apresentado no texto? Justifique sua resposta com exemplos.
      O foco narrativo é em primeira pessoa. Exemplos: “[...] voltei da aula de música e dei com os meus avós aqui em casa [...]”; “Fui para a sala e me sentei no tapete [...]”; etc.

02 – Qual parece ser o sentimento vivenciado pela personagem? De que forma o leitor fica sabendo qual é esse sentimento?
      Parece ser um sentimento de surpresa, de expectativa acompanhada de apreensão. Revelam esse sentimento o fato de o menino imaginar que acontecera algo grave e ter sentido um frio no estomago e a expressão terrivelmente solene, usada por ele para exprimir sua sensação ao saber a carta do pai.

03 – Reescreva esse trecho mudando o foco narrativo e fazendo as alterações necessárias.
      Para mudar o foco narrativo, será necessário alterar todos os verbos e pronomes que estão na primeira pessoa do singular. Além disso, no primeiro parágrafo, voltei deve ser substituído por Georg voltou, e aqui tem de ser suprimido; no quarto e no último parágrafo, vovó deve ser trocada por a avó ou sua avó.

04 – No texto reescrito por você, o narrador participa da história? Explique o fato de ele conhecer os sentimentos e pensamentos da personagem.
      O narrador não participa como personagem da história. Ele pode conhecer os sentimentos e pensamentos das personagens por ser um narrador em terceira pessoa.

05 – Compare o texto original com o reescrito por você. Quais mudanças gramaticais você identifica nesse trecho? Dê exemplos.
      Alguns verbos e pronomes se mantiveram inalterados; os que estavam na primeira pessoa passaram para a terceira pessoa: voltei / voltou; dei / deu; meus / seus; minhas / suas / dele; etc.


CRÔNICA: SOLIDÁRIOS NA PORTA - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO


Crônica: Solidários na porta   

              Luís Fernando Veríssimo

   Vivemos a civilização do automóvel, mas atrás do volante de um carro o homem se comporta como se ainda estivesse nas cavernas. Antes da roda. Luta com seus semelhantes pelo espaço na rua como se fosse o último mamute. Usando as mesmas táticas de intimidação, apenas buzinando em vez de rosnar ou rosnando em vez de morder. 
        O trânsito em qualquer cidade do mundo é uma metáfora para a vida competitiva que a gente leva, cada um dentro do seu próprio pequeno mundo de metal tentando levar vantagem sobre o outro, ou pelo menos tentando não se intimidar. E provando que não há nada menos civilizado que a civilização. 
        Mas há uma exceção. Uma pequena clareira de solidariedade na jângal. É a porta aberta. Quando o carro ao seu lado emparelha com o seu e alguém põe a cabeça para fora, você se prepara para o pior. Prepara a resposta. “É a sua!” Mas pode ter uma surpresa.
        – Porta aberta.
        – O quê?
        Você custa a acreditar que nem você nem ninguém da sua família está sendo xingado. Mas não, o inimigo está sinceramente preocupado com a possibilidade da porta se abrir e você cair do carro. A porta aberta determina uma espécie de trégua tácita. Todos a apontam. Vão atrás, buzinando freneticamente, se por acaso você não ouviu o primeiro aviso. “Olha a porta aberta!” É como um código de honra, um intervalo nas hostilidades. Se a porta se abrir e você cair mesmo na rua, aí passam por cima. Mas avisaram.
        Quer dizer, ainda não voltamos ao estado animal.

                 Luís Fernando Veríssimo. In: O suicida e o computador.
Porto Alegre: L&PM, 1992
Entendendo a crônica:

01 – A crônica de Luiz Fernando Veríssimo baseia-se em que fato do cotidiano?
a) No trânsito, as pessoas tornam-se agressivas.
b) No trânsito, as pessoas tornam-se hospitaleiras.
c) A cada dia que passa, a máquina é mais valorizada que o homem.
d) O trânsito das grandes cidades é complicado.
e) O automóvel foi a grande descoberta da civilização.

02 – “Vivemos a civilização do automóvel, mas atrás do volante de um carro o homem se comporta como se ainda estivesse nas cavernas. “Antes da roda.” O trecho grifado tem o seguinte sentido:
a) Mostrar a selvageria da pessoa que dirige um carro.
b) Mostrar que a roda foi uma importante descoberta do homem.          
c) Informar ao leitor que o texto vai estabelecer um paralelo, em caráter científico, entre o homem de hoje e o da Idade da Pedra.
d) Mostrar que muitas descobertas irão ainda acontecer.
e) Existem duas alternativas corretas.

03 – “... cada um dentro do seu próprio pequeno mundo de metal tentando levar vantagem sobre o outro...” O trecho destacado aponta a seguinte reflexão:
a) O homem usa o seu próximo como “degrau” para subir na vida.
b) O homem do século XXI é altamente materialista.  
c) Nos dias atuais é grande o sentimento de competitividade e individualismo. 
d) A ideia de civilização é reforçada.
e) É preciso disputar o “seu” espaço no mundo, custe o que custar.

04 – O título desta crônica refere-se à(ao):
a) Trânsito caótico das cidades grandes.
b) Solidariedade constante no trânsito.
c) Disciplina exigida, de acordo com o novo código de trânsito.
d) Porta de esperança que temos na mudança do comportamento humano.
e) Estranha atitude do homem em demonstrar solidariedade a respeito de um simples fato aparentemente.

05 – “Vivemos a civilização do automóvel, mas atrás do volante de um carro o homem se comporta como se ainda estivesse nas cavernas.” A opção em que, apesar da alteração, o sentido do trecho não foi mudado é:
a) Vivemos a civilização do automóvel, porém atrás do volante de um carro o homem se comporta como se ainda estivesse nas cavernas.    
b)   Vivemos a civilização do automóvel, ainda que atrás do volante de um carro o homem se comporta como se ainda estivesse nas cavernas.    
c) Vivemos a civilização do automóvel, portanto atrás do volante de um carro o homem se comporta como se ainda estivesse nas cavernas.    
d) Vivemos a civilização do automóvel, mesmo que atrás do volante de um carro o homem se comporta como se ainda estivesse nas cavernas.    
e) Vivemos a civilização do automóvel, porque atrás do volante de um carro o homem se comporta como se ainda estivesse nas cavernas.    

MENSAGEM ESPÍRITA: APOIO EM DEUS - (JOANNA ÂNGELIS) DIVALDO P. FRANCO- PARA REFLEXÃO

APOIO EM DEUS

        Entrega-te a Deus.
        Confia em Deus.
        Dá-te à obra de Deus em todos os instantes da tua vida.
 Tormentas que desabam, empecilhos que surgem, situações que se complicam — confia em Deus. 
        Angústias que recrudescem no imo dos sentimentos, ansiedades que pareciam superadas e retornam, assustadoras — entrega-te a Deus.
        Infortúnios que carpes silenciosamente, malquerenças que relevas com paciência — doa a tua vida a Deus.
        Entrega-te ao Pai Criador em toda e qualquer circunstância em que te vejas situado. 
        A morte é vida. 
        A noite corusca-se de estrelas. 
        A dificuldade reverdece em esperança.
        Se te sentes num túnel extenso entre sombras ameaçadoras, segue adiante e verás uma luz que te espera após o trânsito difícil.
        Se a soledade te junge a compromissos que te constrangem, leva com esperança o teu fardo e a tua alma de eleição te receberá no termo da subida.
        Se as conjunturas se abrem em abismos adornados de prazer, mas em cujo fosso estão miasmas e pesadelos futuros, renuncia hoje para que a paz te domine o coração amanhã.
        Nessa vilegiatura, por mais aflição que experimentes, não segues a sós.
        Entregue a Deus, confiando em Deus, dando-Lhe a vida, Deus se te manifestará através dos Anjos Guardiães infatigáveis, que seguem contigo, fiadores prestimosos da tua reencarnação, que te não permitem carregar um fardo acima das tuas forças.
        Chamado à reação colérica, pensa neles, faze silêncio e os ouvirás.
        Invitado ao desbordar de paixões que amesquinham e logo cessam os efeitos, diminui o passo, tem calma e eles te socorrerão.
        Instado ao desequilíbrio de qualquer natureza, recorre a proteção deles. Ora em silêncio interior e eles te auxiliarão.
        Se caíres, levanta. Eles te esperam.
        Se recuaste, recomeça o avanço. Eles te distendem braços.
        Se o desânimo se assenhoreou dos teus sentimentos, abre-te a eles e estímulo poderoso te movimentará os membros hirtos, permitindo que prossigas na tua marcha luminosa.
        E, se acaso um testemunho mais áspero se te apresentar desolador, amesquinhante, lembra-te de Jesus que, no momento extremo da cruz, a Deus entregou o espírito, ensinando-te a confiar em Deus, a entregar-te a Deus, a Deus doar a tua vida através dos teus Guias Espirituais.

Joanna de Ângelis (Divaldo P. Franco)