domingo, 8 de julho de 2018

CRÔNICA: PROTESTO TÍMIDO - FERNANDO SABINO - COM GABARITO

Crônica: PROTESTO TÍMIDO
               Fernando Sabino

      Ainda há pouco eu vinha para casa a pé, feliz da minha vida e faltavam dez minutos para a meia-noite. Perto da Praça General Osório, olhei para o lado e vi, junto à parede, antes da esquina, algo que me pareceu uma trouxa de roupa, um saco de lixo. Alguns passos mais e pude ver que era um menino.
        Escurinho, de seus seis ou sete anos, não mais. Deitado de lado, braços dobrados como dois gravetos, as mãos protegendo a cabeça. Tinha os gambitos também encolhidos e enfiados dentro da camisa de meia esburacada, para se defender contra o frio da noite. Estava dormindo, como podia estar morto. Outros, como eu, iam passando, sem tomar conhecimento de sua existência. Não era um ser humano, era um bicho, um saco de lixo mesmo, um traste inútil, abandonado sobre a calçada. Um menor abandonado.
        Quem nunca viu um menor abandonado? A cinco passos, na casa de sucos de frutas, vários casais de jovens tomavam sucos de frutas, alguns mastigavam sanduíches. Além, na esquina da praça, o carro da radiopatrulha estacionado, dois boinas-pretas conversando do lado de fora. Ninguém tomava conhecimento da existência do menino.
        Segundo as estatísticas, como ele existem nada menos que 25 milhões no Brasil, que se pode fazer? Qual seria a reação do menino se eu o acordasse para lhe dar todo o dinheiro que trazia no bolso? Resolveria o seu problema? O problema do menor abandonado? A injustiça social?
        (....)
        Vinte e cinco milhões de menores – um dado abstrato, que a imaginação não alcança. Um menino sem pai nem mãe, sem o que comer nem onde dormir – isto é um menor abandonado. Para entender, só mesmo imaginando meu filho largado no mundo aos seis, oito ou dez anos de idade, sem ter para onde ir nem para quem apelar. Imagino que ele venha a ser um desses que se esgueiram como ratos em torno aos botequins e lanchonetes e nos importunam cutucando-nos de leve – gesto que nos desperta mal contida irritação – para nos pedir um trocado. Não temos disposição sequer para olhá-lo e simplesmente o atendemos (ou não) para nos livrarmos depressa de sua incômoda presença. Com o sentimento que sufocamos no coração, escreveríamos toda a obra de Dickens. Mas estamos em pleno século XX, vivendo a era do progresso para o Brasil, conquistando um futuro melhor para os nossos filhos. Até lá, que o menor abandonado não chateie, isto é problema para o juizado de menores. Mesmo porque são todos delinquentes, pivetes na escola do crime, cedo terminarão na cadeia ou crivados de balas pelo Esquadrão da Morte.
        Pode ser. Mas a verdade é que hoje eu vi meu filho dormindo na rua, exposto ao frio da noite, e além de nada ter feito por ele, ainda o confundi com um monte de lixo.

Entendendo o crônica:     
   
01 – Uma crônica, como a que você acaba de ler, tem como melhor definição:
(A) registro de fatos históricos em ordem cronológica;
(B) pequeno texto descritivo geralmente baseado em fatos do cotidiano;
(C) seção ou coluna de jornal sobre tema especializado;
(D) texto narrativo de pequena extensão, de conteúdo e estrutura bastante variados;
(E) pequeno conto com comentários, sobre temas atuais.

02 – O texto começa com os tempos verbais no pretérito imperfeito – vinha, faltavam – e, depois, ocorre a mudança para o pretérito perfeito – olhei, vi etc.; essa mudança marca a passagem:
(A) do passado para o presente;
(B) da descrição para a narração;
(C) do impessoal para o pessoal;
(D) do geral para o específico;
(E) do positivo para o negativo.

03 – “...olhei para o lado e vi, junto à parede, antes da esquina, ALGO que me pareceu uma trouxa de roupa...”; o uso do termo destacado se deve a que:
(A) o autor pretende comparar o menino a uma coisa;
(B) o cronista antecipa a visão do menor abandonado como um traste inútil;
(C) a situação do fato não permite a perfeita identificação do menino;
(D) esse pronome indefinido tem valor pejorativo;
(E) o emprego desse pronome ocorre em relação a coisas ou a pessoas.

04 – “Ainda há pouco eu vinha para casa a pé, ...”; veja as quatro frases a seguir:
I – Daqui há pouco vou sair.
II – Está no Rio há duas semanas.
III – Não almoço há cerca de três dias.
IV – Estamos há cerca de três dias de nosso destino.
As frases que apresentam corretamente o emprego do verbo haver são:
(A) I – II
(B) I - III
(C) II - IV
(D) I - IV
(E) II – III

05 – O comentário correto sobre os elementos do primeiro parágrafo do texto é:
(A) o cronista situa no tempo e no espaço os acontecimentos abordados na crônica;
(B) o cronista sofre uma limitação psicológica ao ver o menino abandonado;
(C) a semelhança entre o menino abandonado e uma trouxa de roupa é a sujeira;
(D) a localização do fato perto da meia-noite não tem importância para o texto;
(E) os fatos abordados nesse parágrafo já justificam o título da crônica.

06 – Boinas-pretas é um substantivo composto que faz o plural da mesma forma que:
(A) salvo-conduto;
(B) abaixo-assinado;
(C) salário-família;
(D) banana-prata;
(E) alto-falante.

07 – A descrição do menino abandonado é feita no segundo parágrafo do texto; o que NÃO se pode dizer do processo empregado para isso é que o autor:
(A) se utiliza de comparações depreciativas;
(B) lança mão de vocábulo animalizador;
(C) centraliza sua atenção nos aspectos físicos do menino;
(D) mostra precisão em todos os dados fornecidos;
(E) usa grande número de termos adjetivadores.

08 – “Estava dormindo, como podia estar morto”; esse segmento do texto significa que:
(A) a aparência do menino não permitia saber se dormia ou estava morto;
(B) a posição do menino era idêntica à de um morto;
(C) para os transeuntes, não fazia diferença estar o menino dormindo ou morto;
(D) não havia diferença, para a descrição feita, se o menino estava dormindo ou morto;
(E) o cronista não sabia sobre a real situação do menino.

09 – Alguns textos, como este, trazem referências de outros momentos históricos de nosso país; o segmento do texto em que isso ocorre é:
(A) “Perto da Praça General Osório, olhei para o lado e vi...”;
(B) “...ou crivados de balas pelo Esquadrão da Morte”;
(C) “...escreveríamos toda a obra de Dickens”;
(D) “...isto é problema para o juizado de menores”;
(E) “Escurinho, de seus seis ou sete anos, não mais”.

10 – “... era um bicho...”; a figura de linguagem presente neste segmento do texto é uma:
(A) metonímia;
(B) comparação ou símile;
(C) metáfora;
(D) prosopopeia;
(E) personificação.



POESIA: DEPRECAÇÃO - GONÇALVES DIAS - COM GABARITO

Poesia: Deprecação
                
              Gonçalves Dias

Tupã, ó Deus grande! Cobriste o teu rosto
Com denso velame de penas gentis;
E jazem teus filhos clamando vingança
Dos bens que lhes deste da perda infeliz!

Tupã, ó Deus grande! Teu rosto descobre:
Bastante sofremos com tua vingança!
Já lágrimas tristes choraram teus filhos,
Teus filhos que choram tão grande mudança.

Anhangá impiedoso nos trouxe de longe
Os homens que o raio manejam cruentos,
Que vivem sem pátria, que vagam sem tino
Trás do ouro correndo, vorazes, sedentos.

E a terra em que pisam, e os campos e os rios
Que assaltam, são nossos; tu és nosso Deus:
Por que lhes concedes tão alta pujança,
Se os raios de morte, que vibram, são teus?

Tupã, ó Deus grande! Cobriste o teu rosto
Com denso velame de penas gentis;
E jazem teus filhos clamando vingança
Dos bens que lhes deste da perda infeliz!

Teus filhos valentes, temidos na guerra,
No albor da manhã quão fortes que os vi!
A morte pousava nas plumas da frecha,
No gume da maça, no arco Tupi!

E hoje em que apenas a enchente do rio
Cem vezes hei visto crescer e baixar...
Já restam bem poucos dos teus, qu’inda possam
Dos seus, que já dormem, os ossos levar.

Teus filhos valentes causavam terror,
Teus filhos enchiam as bordas do mar,
As ondas coalhavam de estreitas igaras,
De frechas cobrindo os espaços do ar.

Já hoje não caçam nas matas frondosas
A corça ligeira, o trombudo quati...
A morte pousava nas plumas da frecha,
No gume da maça, no arco Tupi!

O Piaga nos disse que em breve seria,
A que nos infliges cruel punição;
E os teus inda vagam por serras, por vales,
Buscando um asilo por ínvio sertão!

Tupã, ó Deus grande! descobre teu rosto:
Bastante sofremos com tua vingança!
Já lágrimas tristes choraram teus filhos,
Teus filhos que choram tão grande tardança.

Descobre o teu rosto, ressurjam os bravos,
Que eu vi combatendo no albor da manhã;
Conheçam-te os feros, confessem vencidos
Que és grande e te vingas, qu’és Deus, ó Tupã!

Entendendo a poesia:

01 – Chamamos de apóstrofe uma figura que consiste ao dirigir-se o orador ou escritor a uma pessoa ou coisa real ou fictícia, interpelando-a, ou seja, dirigindo-lhe a palavra para perguntar alguma coisa, demandando explicações. No texto a quem é feita a apóstrofe?
a) A Tupã
b) A Anhangá
c) Ao povo Tupi
d) Ao Piaga.

02 – Deprecação é uma súplica, uma rogativa. No texto, ao mesmo tempo em que é feita a apóstrofe, fica registrado o motivo da súplica que é:
a) agradecimento a Tupã pelas vitórias conquistadas
b) pedido de apoio para vingar os inimigos
c) trazer boa sorte para suas plantações.
d) conseguir fartura para o povo Tupi.

03 – Anhangá é, segundo o léxico tupi, o gênio mau da floresta; o representante da força do mal, de acordo com a concepção indígena. Para o índio que suplica, qual mal fez Anhangá?
a) Trouxe enchentes que inundaram suas tribos
b) Eliminou as caças com as quais eles se alimentavam.
c) Permitiu a chegada de inimigos que dizimaram as tribos.
d) Tirou a valentia e coragem dos seus guerreiros.

04 – Na narrativa, há situações anteriores e posteriores ao mal provocado por Anhangá. Assinale o dado que revela uma situação do presente que incomoda o índio suplicante.
a) “Teus filhos valentes... quão fortes que os vi”
b) “...enchiam as bordas do mar”
c) “A morte pousava nas plumas da frecha”
d) “Já restam bem poucos”.

05 – Piaga ou pajé era o nome dado ao responsável pela ligação da tribo com as forças divinas, exercendo as funções de sacerdote, médico, adivinho e cantor. O que o Piaga assegurou aos tupis sobre o mal que os abatia?
a) que a crise seria passageira
b) que todos sobreviveriam
c) que demoraria, mas sairiam vitoriosos
d) que nada havia para ser feito.

06 – Qual dos versos traz a expressão da cobiça do colonizador?
a) “Bastante sofremos com tua vingança”
b) “Teus filhos valentes, temidos na guerra”
c) “Trás do ouro correndo, vorazes, sedentos”
d) “E jazem teus filhos clamando vingança”.

07 – Quem é o “eu” que fala no poema? A quem se dirige a ele?
      É um índio, que se dirige à Tupã.

08 – Passe os versos 3 e 4 para a ordem direta.
      E teus filhos jazem clamando vingança da perda infeliz dos bens que lhes deste.

09 – Qual é o motivo da deprecação?
      A destruição que os homens brancos estão provocando entre os índios.

10 – Que imagem usa o eu lírico pra dizer que Tupã parece não querer ver o que se passa com seu povo?
      “... cobriste o teu rosto / Com denso velame de penas gentis...”.

11 – “Já lágrimas tristes choraram teus filhos, / Teus filhos que choram tão grande mudança”. A que mudança se refere o texto?
      Mudança da sorte, do destino. Antes, os índios viviam felizes e livres; agora, estão sendo perseguidos e destruídos.

12 – Quem são “os homens que o raio manejam cruentos”? A que “raio” se refere o eu lírico?
      São os invasores brancos, os europeus; o “raio” é a arma de fogo.

13 – Que males provocam esses homens?
      O fim da caça, a morte dos guerreiros, a perda das terras, da liberdade.

14 – Qual divindade é relacionada a esses homens? Por quê?
      Anhangá, pois esses homens são vistos como mensageiros do mal.

15 – Com que objetivo o eu lírico relembra o passado de seu povo?
      Para destacar ainda mais a tragédia do presente.

16 – Passe para a ordem direta estes versos: “O Piaga nos disse que em breve seria, / A que nos infliges cruel punição”.
      O Piaga nos disse que seria breve a cruel punição que nos infliges.

17 – Na visão do eu lírico, qual é a única esperança de salvação para seu povo?
      A intervenção de Tupã.




CONTO: O QUE DEVEMOS SABER SOBRE A LUA - LUIZ FERNANDES - COM GABARITO

Conto: O que devemos saber sobre a lua
                      
                     Escrito por Luiz Fernandes


        A Lua é o nosso vizinho mais próximo no espaço. Ela parece maior e mais brilhante que as estrelas, mas é na verdade muito menor. Parece maior porque está muito mais perto de nós do que qualquer planeta.
        A Lua se move ao redor da Terra assim como a Terra se move ao redor do Sol.
        As pessoas sempre se interessaram pela Lua, mas, antigamente, elas não tinham meios para estudar a Lua. Só olhavam para ela e ficavam imaginando. Então, foi inventado o telescópio. Os cientistas puderam estudar a Lua pelos telescópios e descobriram muitas coisas.
        Alguns anos atrás, foram enviados foguetes à Lua. Alguns desses foguetes mandaram para a Terra fotografias de lá. Então, os cientistas conseguiram descobrir muita coisa sobre a Lua.

FERNANDES, Luiz. O que devemos saber sobre a lua.
Rio de Janeiro: Ediouro, 1994.
Entendendo o conto:

01 – O tema do texto é:
a) As descobertas sobre a Lua.
b) O interesse pelo estudo da Lua.
c) O uso do telescópio pelos cientistas.
d) O envio de foguetes à Lua.

02 – Utiliza-se a comparação nas seguintes passagens, exceto:
a) “Ela parece maior e mais brilhante que as estrelas, mas é na verdade muito menor.”.
b) “Parece maior porque está muito mais perto de nós do que qualquer planeta.”.
c) “A Lua se move ao redor da Terra assim como a Terra se move ao redor do Sol.”.
d) “As pessoas sempre se interessaram pela Lua, mas, antigamente, elas não tinham [...]”.

03 – “As pessoas sempre se interessaram pela Lua, mas, antigamente, elas não tinham meios para estudar a Lua. Só olhavam para ela e ficavam imaginando.”. Identifique os referentes das formas pronominais sublinhadas:
      “Elas” retoma “as pessoas”, ao passo que “ela” retoma “a Lua”.

04 – “Ela parece maior e mais brilhante que as estrelas, mas é na verdade muito menor.”.
O segundo período estabelece com o primeiro uma relação de:
      Adversidade.


TEXTO: PEQUENOS COMERCIANTES - O GLOBO - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

Texto: Pequenos comerciantes

      Nunca é cedo demais para se ganhar o próprio dinheiro. Laura Antunes Bloch tem 9 anos e já aprendeu esta lição. Aluna da terceira série da Escola Senador Correia, em Laranjeiras, há um mês ela aproveita o horário do recreio para vender tortinhas feitas por sua tia.
      “Trago dez tortas por dia e vendo umas sete a R$ 2,00 cada. Ganho R$ 0,60 por torta e estou guardando o dinheiro todo”, conta ela.
     Como Laura, outros alunos da escola multiplicam lucros no intervalo. Isabel Flaksman Rondinelli, de 10 anos, e Kim Adam, de 11, por exemplo, fazem colares e pulseiras de miçangas. Isabel trabalha em sociedade com sua irmã mais velha, Mariana, de 13 anos, que estuda no São Vicente.
        “Foi a namorada de meu pai que nos ensinou a fazer as pulseiras. Estamos juntando dinheiro para comprar alguma coisa bem legal no fim do ano. Às vezes eu quero gastar, mas a minha irmã não deixa”, conta Isabel, que calcula que ganha cerca de R$ 10,00 por semana.
      Já Kim é menos organizada e gasta tudo em balas e coisas para o seu cachorro. Entre os alunos da Senador Correia, João Feliz, de 1 anos, é o com mais tino para os negócios. Ele chega a vender uma caixa de chicletes por dia.
        “O baleiro que fica na frente da escola cobra R$ 0,20 por chicletes. É um roubo. Eu vendo por R$ 0,10 e já tenho lucro”, conta João, que ganha R$ 15,00 por semana. “O legal deste dinheiro é que eu trabalhei para consegui-lo e posso fazer o que quiser com ele.”
        Se a venda de produtos já é comum nas escolas, nas universidades a prática é mais do que frequente. É mais do que apenas engrossar a mesada para comprar mais balas ou brinquedos; para os universitários a “camelotagem” é questão de sobrevivência e independência financeira familiar.
        Cansada de pedir dinheiro aos pais, Patrícia Siliciana, de 23 anos, começou a trabalhar aos 16 anos e nunca mais parou:
        “Comecei a trabalhar em alguns eventos num shopping perto da minha casa, já trabalhei em telemarketing e depois como vendedora. É ótimo ter o seu próprio dinheiro”, diz Patrícia, que hoje vende sanduiches na PUC, onde estuda psicologia. “Em geral vendo de 15 a 20 sanduíches por dia. Às vezes dá para tirar até R$ 600,00 por mês.”
        O mercado é bom e, justamente por isso, há concorrência. Christine Rutherford, de 19 anos, entrou na briga – pacífica, diga-se de passagem – há pouco. E está gostando.
        “Minha família é de Teresópolis e eu estou morando num pensionato. Desde que comecei a vender sanduíches não preciso ficar mais pedindo dinheiro a eles a toda hora”, diz ela.
                                                                     O Globo, 11 nov. 1996.
Vocabulário:
Laranjeiras: bairro do Rio de Janeiro.
Telemarketing: divulgação e venda de produtos por telefone.
Miçangas: contas de vidro variadas e miúdas.
Tino: jeito, queda, tato, intuição, faro.
PUC: Pontifício Universidade Católica.
Prática: uso, costume.
Psicologia: ciência que estuda o comportamento humano.
Camelotagem: ofício de vender artigos de pouco valor.
Concorrência: rivalidade.
Independência financeira: não depender do dinheiro de ninguém para viver.
Teresópolis: cidade serrana próxima ao Rio de Janeiro.
Eventos: acontecimentos sociais ou culturais com um objetivo específico.
Pensionato: pensão, internato.

Entendendo o texto:
01 – Escreva o antônimo da palavra em destaque e complete a frase a seu modo.
Nunca é cedo demais para ...
      Nunca é tarde demais para (recompor a vida, estudar...)

02 – “Estamos juntando dinheiro para comprar alguma coisa bem legal no fim do ano.”
Escreva os diversos sentidos que a palavra legal possa ter na frase acima.
      Legal pode significar: ótima, boa, bonita, interessante, atraente, fina, maravilhosa, preciosa, etc.

03 – Invente duas frases com a palavra torta(s): uma com a função de substantivo e a outra como adjetivo:
a)   Substantivo:
Eu adoro torta de palmito.

b)   Adjetivo:
Deus escreve certo por linhas tortas, diz o dito popular.

04 – “Se a venda de produtos já é comum nas escolas, nas universidades a prática é mais que frequente.”
Suprima o acento da palavra em destaque e invente uma frase com ela:
      Meu pai pratica esportes todos os dias.

Ao suprimir o acento da palavra em destaque você transformou um substantivo em:
      Verbo.

05 – O substantivo próprio Teresópolis provém de duas línguas diferentes:
Português: Teresa.
Grego: pólis = cidade.
Teresópolis é portanto, cidade de Teresa.
Agora encontre mais exemplos:
      Sugestões: Florianópolis, Cosmópolis, Miguelópolis, Joanópolis, Cordeirópolis, Prudentópolis, Itápolis, etc.

06 – Explique o sentido do adjetivo pequenos no título “Pequenos comerciantes”.
      Pequenos, no título, significa: crianças ou jovens que fazem negócios de pouco valor.

07 – A atividade de vender coisas na escola durante o recreio pode ser considerada um trabalho infantil?
      Em parte sim, pois há crianças na faixa de nove a 12 anos vendendo coisas no recreio, privando-se de atividades recreativas.

08 – Qual é a maior satisfação dos pequenos comerciantes?
      A independência financeira.

09 – Por que os pequenos comerciantes valorizam tanto o dinheiro que ganham?
      Eles valorizam muito o dinheiro que ganham porque são eles próprios que lutam para consegui-lo, às vezes sacrificando o recreio e vencendo a inibição de vender coisas para os colegas.

10 – Dos pequenos comerciantes, quais, na sua opinião, têm mais jeito e vocação para o comércio? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

11 – O texto falou em concorrência. Você sabe por que a concorrência ajuda a baixar os preços das mercadorias?
      Porque cada empresa quer vender mais e para conseguir clientes acaba baixando os preços.

12 – Ganhar dinheiro é muito difícil; fácil é gastá-lo. A seu ver, quais alunos do texto estão fazendo melhor uso do dinheiro?
      Resposta pessoal do aluno.

13 – Você já fez alguma atividade para conseguir dinheiro? Qual? Foi difícil? Valeu a pena ganhar o próprio dinheiro? Costuma gastar o dinheiro que recebe dos pais com critério?
      Resposta pessoal do aluno.


CRÔNICA: MAIS UM ANIMAL - JOSÉ ELIAS - COM GABARITO

CRÔNICA: Mais um animal
         JOSÉ ELIAS


    Chico chegou da rua com um gatinho muito preto e muito magro debaixo do braço.
        – Vai me dizer que já arrumou mais dor de cabeça pra mim – disse-lhe a mãe.
       – Olha pra ele, mãe, tão bonitinho, tão magrinho. Ocê não tem dó dele?
        – Dó eu tenho, mas não quero saber de mais bicho em casa. O quintal já tá parecendo zoológico.
        – A senhora mesmo vive rezando pra São Francisco, o santo que acolhia os bichos…
        – Não é por ser devota de São Francisco que vou transformar minha casa em zoológico. Pode dar fim neste gato, não quero mais saber. Chegam muito os três que vivem embaraçando nas pernas da gente.
        – Olha pra ele, mãe. Só ele, tenha piedade do coitado. Não deve ter dono, nem pai, nem mãe, nem irmãozinho.
        – Não quero nem olhar.
        – Já sei por que não quer: para não pegar amor por ele. Alisa só o pelinho dele, vê como o coitado tá maltratado. Se fosse um angorá, aposto que você ia querer.
        – Se fosse um angorá, o dono não deixaria solto na rua.
        Chico saiu alisando o pelo do gatinho, triste por ter que se livrar dele. Sentou no alpendre e conversou com o gatinho:
        – Você tem que compreender que a casa não é minha, se fosse…No fundo, ela tem razão. Tenho três cachorros, três gatos, um papagaio, meia dúzia de galinhas, uma já ninhada de cinco pintinhos; um casal de patos, um porquinho da Índia, um coelhinho orelhudo … Sem contar, lá no sítio, o bezerro, o potrinho e a promessa que meu pai fez de me comprar cabritos, bodes e cabras. Já vi que ocê não compreende, que quer mesmo ficar.
        Vamos lá dentro tentar de novo? Vamos?
        – Mãe, você…
        – Outra vez com esse gato?
        – Eu só queria um pedaço de pão molhado no leite para dar pra ele. Depois de matar a fome, ele vai embora. Vou jogar o gatinho bem longe daqui de casa.
        A mãe deu um pedaço de pão e um pires com leite. Chico começou a matar a fome do novo amigo.
        Pão comido, leite lambido, a mãe falou:
        – Agora que ele comeu, pode dar o fora. E trate de levar esse gato pra bem longe.
        (...)
        -- Mãe, já arrumei um nome pra ele. Quer saber qual é?
        -- Não quero saber nada, quero que suma com ele.
        -- Pus o nome nele de Faquir. Coitado, tão magro, faminto, sem família, infeliz. Mãe? Ocê ouviu o nome dele?
        -- Ouvi. Tá bem escolhido, mas pode levar o seu Faquir daqui logo, logo.
        -- Mãe, vamos fazer um negócio?
        -- Que negócio?
        -- Meu aniversário está perto. Ocê lembra o que foi que pedi de aniversário?
        -- Pediu pro seu pai comprar um cavalo. E daí?
        -- Eu troco o cavalo pelo Faquir. Ocê topa? Ele é tão infeliz, tão magrinho, sem ninguém por ele. O cavalo fica pro ano que vem. Feito, hem, mãe?
        A mãe não aguentou, olhou com muito amor para o menino, passou a mão nos cabelos dele e disse-lhe:
        -- Pode, Chico. Mas que seja o último bicho que você traz pra casa. Tá certo assim?
        Tá, tá certo, mãe. Ocê é joia mesmo!
        E bem baixinho no ouvido de Faquir, disse-lhe:
        -- Eu não falei que ela acabava cedendo? Ela é joia!

                                                    José Elias. Com asas na cabeça.
                                                             São Paulo: Nacional, 1985.
Vocabulário:
Acolhia: abrigava.
Embaraçando: estorvando.
Piedade: dó, pena.
Alpendre: varanda.
Potrinho: filhote de cavalo.
Negócio: trato.

Entendendo o texto:
01 – Substitua as palavras destacadas por sinônimos:
a)   Cedeu à vontade do filho e o deixou ficar com o gato.
Concordou com o filho e o deixou ficar com o gato.

b)   Chico arrumou uma boa desculpa para convencer sua mãe.
Chico arranjou uma boa desculpa para convencer sua mãe.

c)   São Francisco acolhia todos os animais com muito amor.
São Francisco recebia todos os animais com muito amor.

d)   Coitado! Não tem ninguém que o abrigue.
Pobrezinho! Não tem ninguém que o acolha.

e)   O potrinho será meu próximo presente de aniversário.
O cavalinho será meu próximo presente de aniversário.

f)    Você não tem piedade dos bichos?
Você não tem dó dos bichos?

g)   Dê o fora, e não me embarace!
Suma e não me atrapalhe!

02 – Explique o sentido em que as expressões assinaladas foram usadas no texto.
a)   Já arrumou mais dor de cabeça para mim?
Dor de cabeça: problemas, trabalho.

b)   Pode dar fim neste gato, não quero mais saber.
Dar fim: sumir, fazer desaparecer.

03 – Construa uma frase empregando a expressão: mais um animal.
      Resposta pessoal do aluno.

04 – Qual é o título do texto?
      O título do texto é “Mais um animal”

05 – Quem é o autor?
      O autor é José Elias.

06 – Quantos parágrafos há no texto?
      O texto tem 33 parágrafos.

07 – Quais são os personagens da história?
      Os personagens da história são Chico, o Gato e a mãe do Chico.

08 – Como era o gatinho que Chico levou para casa?
      O gato era preto e muito magro.

09 – Por que o menino levou o gatinho para casa?
      Chico levou o gato para casa pois ele ficou com pena do gato porque estava muito magro e sozinho.

10 – Por que o gato não podia ficar na casa do Chico?
      Ele não podia ficar porque na casa já tinham muitos bichos.

11 – O que o gatinho ganhou antes de ir embora?
      Ele ganhou um pedaço de pão e leite, para matar a fome.

12 - Em sua opinião qual é a condição financeira de Chico? Justifique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.