POEMA: O HOMEM; AS
VIAGENS
Carlos Drummond de Andrade
O homem, bicho da Terra tão pequeno
Chateia-se na Terra
Lugar de muita miséria e pouca diversão,
Faz um foguete, uma cápsula, um módulo
Toca para a Lua
Desce cauteloso na Lua
Pisa na Lua
Planta bandeira na Lua
Experimenta a Lua
Coloniza a Lua
Civiliza a Lua
Humaniza a Lua.
Lua humanizada: tão igual à Terra.
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte – ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
Pisa em Marte
Experimenta
Coloniza
Civiliza
Humaniza Marte com engenho e arte.
Marte humanizado, que lugar quadrado
Vamos a outra parte?
Claro – diz o engenho
Sofisticado e dócil.
Vamos a vênus
O homem põe o pé em Vênus,
Vê o visto – é isto?
Idem
Idem
Idem.
O homem funde a cuca se não for a Júpiter
Proclamar justiça junto com injustiça
Repetir a fossa
Repetir o inquieto
Repetitório.
Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira Terra-a-terra.
O homem chega ao Sol ou dá uma volta
Só para tever?
Não-vê que ele inventa
Roupa insiderável de viver no Sol.
Põe o pé e:
Mas que chato é o Sol, falso touro
Espanhol domado.
Testam outros sistemas fora
Do solar a colonizar.
Ao acabarem todos
Só resta ao homem
(Estará equipado?)
A dificílima dangerosíssima viagem
De si a si mesmo:
Pôr o pé no chão
Do seu coração
Experimentar, colonizar, civilizar
Humanizar o homem
Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
A perene, insuspeitada alegria de con-viver.
A palavra mágica. Rio de Janeiro: Record,
2001, p. 81-83.
Carlos Drummond de Andrade Granã Drummond
1 – Consultando o poema nas páginas deste livro, determinem
sua estrutura:
a) O poema fala:
- primeiro, de viagens ao espaço,
Viagem ao espaço: as cinco
primeiras estrofes mais os três primeiros versos da sexta estrofe.
- depois, de viagem de si a si mesmo.
Viagens de si a si mesmo: a
última estrofe, excetuados os três primeiros versos.
Identifiquem essas duas partes no
poema.
b) Identifiquem o destino, o ponto de
chegada de cada uma das viagens ao espaço, na ordem em que elas são
apresentadas no poema.
Lua; Marte; Vênus; Júpiter;
outros planetas; Sol; outros sistemas.
c) Observem que a ordem de apresentação
das viagens ao espaço obedece a um critério; determinem qual é esse critério:
- Do lugar mais interessante ao mais
chato?
- Do lugar
mais próximo ao mais distante?
- Do lugar mais conhecido ao mais
misterioso?
2 – Segundo os primeiros versos do poema, o que leva o homem
a explorar o desconhecido? O que busca no desconhecido?
O homem quer
fugir da Terra, quer escapar para outros lugares: chateia-se na Terra, onde há
pouca diversão e muita miséria; busca lugares melhores, em que tenha mais
alegria, em que se sinta melhor.
3 – Comparem estes quatro trechos do poema:
1ª viagem 2ª viagem
“desce cauteloso na Lua “... o homem desce
em Marte
Pisa na Lua
pisa em Marte
Planta bandeirola na Lua experimenta
Experimenta a Lua coloniza
Coloniza a Lua
civiliza
Civiliza a Lua
humaniza Marte com engenho e
Humaniza a Lua”. Arte.”
3ª viagem 4ª
viagem
“O homem põe o pé em Vênus. “O homem funde a cuca se não
Vê o visto – é isto?
for a Júpiter.
Idem
proclamar
justiça junto com
Idem
injustiça.
Idem”.
Repetir a fossa
Repetir
o inquieto
Repetitório.”
a) Observem que a enumeração das ações
do homem vai sendo resumida, de viagem a viagem.
O que quer o poeta mostrar com isso?
Que em todos os lugares,
tudo é igual, não é preciso repetir, é sempre a mesma coisa.
b) Comparem a forma como o poeta
expressa a chegada do homem à Lua, a Marte e a Vênus:
- “desce cauteloso na Lua”;
- “desce em Marte” (já não está mais cauteloso...);
- “põe o pé em Vênus” (já não “desce”, põe logo o pé).
O homem vai se tornando cada vez
mais:
Entusiasmado? Confiante? Corajoso?
4 – Localizem na quinta estrofe o verso:
“O espaço todo
vira Terra-a-terra”.
Em
Terra-a-terra, o poeta reúne em uma só palavra duas características que o
espaço adquire:
O espaço todo
vira Terra + o espaço todo vira Terra-a-terra.
a) O espaço todo vira Terra – por quê?
Porque o homem se chateia
em todos os lugares, todos os lugares são iguais a Terra.
b) O espaço todo vira terra-a-terra – o que quer dizer terra-a-terra?
Comum, sem novidade,
corriqueiro, trivial.
c) Concluam: quais são as duas
características do espaço reunidas na palavra Terra-a-terra?
Todos os planetas e sistemas
são iguais à Terra e todos são comuns, não oferecem novidades.
5 – Recordem a viagem ao sol:
“O homem chega
ao Sol ou dá uma volta só para tever?
Não-vê que ele
inventa
Roupa
insiderável de viver no Sol.
Põe o pé e:
Mas que chato é o Sol, falso touro
Espanhol
domado.”
a) Nesse trecho, o poema cria duas
palavras:
- ... só para tever – Qual o sentido dessa palavra?
Ver pela televisão
(combinação de tevê + ver).
- ... roupa insiderável de viver no Sol.
Descubram o sentido dessa palavra,
observando sua formação: do verbo siderar,
que existe, e quer dizer fulminar, aniquilar, o poeta formou o adjetivo que
não existe – insiderável:
In+siderável
Concluam: o que é uma roupa insiderável? Por que, para viver
no Sol, seria necessário ter uma roupa insiderável?
Roupa que não pode ser
aniquilada; o Sol destruiria qualquer roupa que não fosse resistente a seu
calor.
b) O poeta compara o Sol a um falso touro espanhol domado.
Expliquem por que o Sol é um touro espanhol (o touro das touradas de
Espanha), por que é falso e por que
é domado.
O Sol parece potente, forte
como os touros que ameaçam os toureiros nas touradas da Espanha; mas é um touro
falso porque, na verdade, não é uma ameaça; é domado porque é conquistado, é
vencido pelo homem.
6 – Observem como o poeta dividiu o verbo colonizar na sexta
estrofe:
“Restam outros
sistemas fora do solar a col-onizar.”
Oni – é um elemento que se junta a palavras para
acrescentar a elas o sentido de tudo, todo:
Onipresente = presente em todos os
lugares;
Onisciente = que sabe todas as coisas.
Em col-onizar, o poeta reúne dois sentidos
em uma só palavra:
- colonizar outros sistemas – Qual é o
sentido?
Transformar outros sistemas em colônias da Terra- ocupar, dominar outros
sistemas.
- col-onizar outros sistemas – Qual é o
sentido?
Transformar todos os outros sistemas em colônias da Terra.
7 – Releiam a última estrofe, em que o poeta fala de uma outra
viagem.
a) Qual é o destino, o ponto de chegada
dessa outra viagem?
Destino: o próprio homem
(si mesmo).
Qual é o objetivo dessa outra viagem?
Objetivo: colonizar,
civilizar, humanizar o homem (si mesmo).
b) O poeta não tem certeza de que o
homem esteja equipado para esta outra viagem – recordem a pergunta:
- O homem está equipado para a
viagens ao espaço – a primeira estrofe cita o equipamento: Qual é?
Foguete, cápsula, módulo.
- Que “equipamento” vocês julgam que
o homem precisaria ter para realizar essa outra viagem?
Resposta pessoal. Algumas
possibilidades: amor, respeito pelos outros, paciência, coragem, etc...
Ae valeu pelas respostas continua mandando mais por favor
ResponderExcluirGabarito PET 3 projeto de Vida Semana 1 6ano
ResponderExcluirMuito obrigado pelas respostas
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