segunda-feira, 5 de novembro de 2018

CONTO: O GATO DE BOTAS - CHARLES PERRAULT - COM QUESTÕES GABARITADAS

Conto: O Gato de Botas
                          
                      (Charles Perrault)

        Era uma vez um moleiro muito pobre, que tinha três filhos. Os dois mais velhos eram preguiçosos e o caçula era muito trabalhador.
      Quando o moleiro morreu, só deixou como herança o moinho, um burrinho e um gato. O moinho ficou para o filho mais velho, o burrinho para o filho do meio e o gato para o caçula. Este último ficou muito descontente com a parte que lhe coube da herança, mas o gato lhe disse: 
        -- Meu querido amo, compra-me um par de botas e um saco e, em breve, te provarei que sou de mais utilidade que um moinho ou um asno. 
        Assim, pois, o rapaz converteu todo o dinheiro que possuía num lindo par de botas e num saco para o seu gatinho. Este calçou as botas e, pondo o saco às costas, encaminhou-se para um sítio onde havia uma coelheira. Quando ali chegou, abriu o saco, meteu-lhe uma porção de farelo miúdo e deitou-se no chão fingindo-se morto. 
        Excitado pelo cheiro do farelo, o coelho saiu de seu esconderijo e dirigiu-se para o saco. O gato apanhou-o logo e levou-o ao rei, dizendo-lhe:
        -- Senhor, o nobre marquês de Carabás mandou que lhe entregasse este coelho. Guisado com cebolinhas será um prato delicioso. 
        -- Coelho?! – exclamou o rei.
        -- Que bom! Gosto muito de coelho, mas o meu cozinheiro não consegue nunca apanhar nenhum. Diga ao teu amo que eu lhe mando os meus mais sinceros agradecimentos. 
        No dia seguinte, o gatinho apanhou duas perdizes e levou-as ao rei como presente do marquês de Carabás. 
        Durante um tempo, o gato continuou a levar ao palácio outros presente, todos dizia ser da parte do Marquês de Carabás. 
        Um dia o gato convidou seu amo para tomar um banho no rio. Ao chegarem ao local o gato disse ao jovem:
        -- De hoje em diante seu nome será Marquês de Carabás. Agora, por favor, tire sua roupa e entre na água.
        O rapaz não estava entendendo nada, mas como confiava no gato atendeu seu pedido. 
        O gato havia levado rapaz no local por onde devia passar a carruagem real. 
        O esperto gato ao ver uma carruagem se aproximando começou a gritar:
        -- Socorro! Socorro! 
        -- Que aconteceu? – perguntou o rei, descendo da sua carruagem. 
        -- Os ladrões roubaram a roupa do nobre marquês de Carabás! – disse o gato.
        -- Meu amo está dentro da água, ficará resfriado. 
        O rei mandou imediatamente uns servos ao palácio; voltaram daí a pouco com um magnífico vestuário feito para o próprio rei, quando jovem. 
        O dono do gato vestiu-se e ficou tão bonito que a princesa, assim que o viu, dele se enamorou. O rei também ficou encantado e murmurou: 
        -- Eu era exatamente assim, nos meus tempos de moço. 
        O rei convidou o falso marquês para subir em sua carruagem. 
        -- Será que a vossa majestade nos dá a honra de visitar o palácio do Marquês de Carabás? – perguntou o gato, diante do olhar aflito do rapaz.
        O rei aceitou o convite e o gato saiu na frente, para arrumar uma recepção para o rei e a princesa. 
        O gato estava radiante com o êxito do seu plano; e, correndo à frente da carruagem, chegou a uns campos e disse aos lavradores: 
        O rei está chegando; se não lhes disserem que todos estes campos pertencem ao marquês de Carabás, o rei mandará cortar-lhes a cabeça. 
        De forma que, quando o rei perguntou de quem eram aquelas searas, os lavradores responderam-lhe:
        -- Do muito nobre marquês de Carabás. 
        -- Que lindas propriedades tens tu! – elogiou o rei ao jovem.
        O moço sorriu perturbado, e o rei murmurou ao ouvido da filha: 
        -- Eu também era assim, nos meus tempos de moço. 
        Mais adiante, o gato encontrou uns camponeses ceifando trigo e lhes fez a mesma ameaça: – Se não disserem que todo este trigo pertence ao marquês de Carabás, faço picadinho de vocês.
        Assim, quando chegou a carruagem real e o rei perguntou de quem era todo aquele trigo, responderam: 
        -- Do mui nobre marquês de Carabás. 
        O rei ficou muito entusiasmado e disse ao moço:
        -- Ó marquês! Tens muitas propriedades! 
        O gato continuava a correr à frente da carruagem; atravessando um espesso bosque, chegou à porta de um magnífico palácio, no qual vivia um ogro muito malvado que era o verdadeiro dono dos campos semeados. O gatinho bateu à porta e disse ao ogro que a abriu: 
        Meu querido ogro, tenho ouvido por aí umas histórias a teu respeito. Dizei-me lá: é certo que te podes transformar no que quiseres? 
        -- Certíssimo – respondeu o ogro, e transformou-se num leão. 
        -- Isso não vale nada – disse o gatinho. – Qualquer um pode inchar e aparecer maior do que realmente é. Toda a arte está em se tornar menor. Poderias, por exemplo, transformar-te em rato? 
        -- É fácil – respondeu o ogro, e transformou-se num rato.
        O gatinho deitou-lhe logo as unhas, comeu-o e desceu logo a abrir a porta, pois naquele momento chegava a carruagem real. E disse:
        -- Bem-vindo seja, senhor, ao palácio do marquês de Carabás. 
        -- Olá! – disse o rei.
        -- Que formoso palácio tens tu! Peço-te a fineza de ajudar a princesa a descer da carruagem. 
        O rapaz, timidamente, ofereceu o braço à princesa e o rei murmurou-lhe ao ouvido:
        -- Eu também era assim tímido, nos meus tempos de moço. 
        Entretanto, o gatinho meteu-se na cozinha e mandou preparar um esplêndido almoço, pondo na mesa os melhores vinhos que havia na adega; e quando o rei, a princesa e o amo entraram na sala de jantar e se sentaram à mesa, tudo estava pronto.
Depois do magnífico almoço, o rei voltou-se para o rapaz e disse-lhe: 
        -- Jovem, és tão tímido como eu era nos meus tempos de moço. Mas percebo que gostas muito da princesa, assim como ela gosta de ti. Por que não a pedes em casamento? 
        Então, o moço pediu a mão da princesa, e o casamento foi celebrado com a maior pompa. O gato assistiu, calçando um novo par de botas com cordões encarnados e bordados a ouro e preciosos diamantes. 
        E daí em diante, passaram a viver muito felizes. E se o gato às vezes ainda se metia a correr atrás dos ratos, era apenas por divertimento; porque absolutamente não mais precisava de ratos para matar a fome... 

Entendendo o conto:

01 – Quando o moleiro morreu, como sua herança foi dividida entre seus três filhos?
      O mais velho ficou com o moinho; o burrinho ficou com o filho do meio; e para o caçula ficou o gato.

02 – Qual foi a preocupação do filho mais novo? Por quê?
      A preocupação foi a herança que recebeu, como ele iria conseguir sobreviver.

03 – Quais os objetos que o gato pediu a seu amo?
      Ele pediu um saco e um par de botas.

04 – Entre as três herança, qual delas você escolheria?
      Resposta pessoal do aluno.

05 – Qual foi o título que o gato inventou para o seu amo?
      Marquês de Carabás.

06 – Que animal o gato caçava para presentear o rei?
      Ele caçava coelhos.

07 – Onde o rei conheceu o dono do gato?
      No rio, onde o gato inventou que tinha sido assaltado e o amo tinha ficado sem roupas.

08 – Procure no dicionário o que significa Marquês.
      É um título que acompanha a posse de um marquesado.
      Senhor ou chefe militar a quem estava confiada a guarda das marcas ou fronteiras de um Estado.

09 – Em qual animal pequeno o bruxo ogro, se transformou?
       Ele se transformou num rato.

10 – E como o gato de botas se livrou do bruxo ogro?
       O gatinho deitou-lhe logo as unhas, comeu-o.

11 – Qual foi a fala do rei, para poder encorajar o rapaz a pedir sua filha em casamento? 
      “-- Jovem, és tão tímido como eu era nos meus tempos de moço. Mas percebo que gostas muito da princesa, assim como ela gosta de ti. Por que não a pedes em casamento?” 












TEXTO: O COMEÇO DO ADEUS DO MANEZINHO DA ILHA - JUCA KFOURI - COM QUESTÕES GABARITADAS


Texto: O começo do adeus do Manezinho da Ilha
                          
                Juca Kfouri

        Guga começa a se despedir do tênis hoje, ali pelas 21h, na Bahia, mais exatamente na Copa do Sauipe, no Torneio Aberto do Brasil. 
        Seu adversário será o argentino Carlos Berlocq, que acaba de ser quadrifinalista no Aberto de Viña del Mar, no Chile.
     O argentino é o favorito e o próprio Guga é quem diz que ganhar ou perder, agora, não tem mais a menor importância.
        Ele quer ter apenas o prazer de jogar, presente que se deu antes de abandonar definitivamente a raquete, encerramento prematuro da carreira por problemas físicos.
        Mas carreira que já está para sempre na história do tênis mundial, como tricampeão em Roland Garros.
        E carreira do melhor jogador brasileiro de tênis de todos os tempos, o único que chegou a ser número 1 do mundo e por quase um ano.
        Hoje, como ontem e como amanhã, é dia de bater palmas para Gustavo Kuerten, o Guga, quatro letras como Pelé, como Zico, como Mané, ele que sempre gostou de ser chamado de Manezinho da Ilha.

                                    Juca Kfouri. Disponível em: http://www.blogolhada.com.br.
                                                                                                    Acesso em: 4 nov.2011.
Entendendo o texto:
01 – O cronista, sem rodeios, anuncia que o jogador argentino Carlos Berloncq é favorito no jogo contra Guga. Que efeito de sentido essa afirmação pode causar no leitor? Justifique sua resposta.
      Essa afirmação pode acentuar a ideia da importância de Guga como atleta, visto que uma possível derrota no jogo é vista como algo pequeno diante de suas qualidades e de seus feitos.

02 – Observe:
        “Seu adversário será o argentino Carlos Berlocq, que acaba de ser quadrifinalista no Aberto de Viña del Mar, no Chile.”
        “E carreira do melhor jogador brasileiro de tênis de todos os tempos, o único que chegou a ser número 1 do mundo e por quase um ano.”
        É significativo que o texto use orações subordinadas adjetivas para tratar de ambos os jogadores. Qual é a função dessas orações?
      Qualificá-los, mostrar seus atributos.

03 – Como se classifica cada uma dessas orações subordinadas adjetivas?
      A primeira é adjetiva explicativa, a segunda é adjetiva restritiva.

04 – Por que é importante que a crônica explique ao leitor quem é Carlos Berlocq?
      Porque provavelmente nem todos os leitores o conhecem, ao contrário do que sucede com Guga. Além disso, porque essa explicação é o que permite ao leitor entender que esse tenista poderá vencer Guga.

05 – Responda com base nos dois trechos acima:
a)   Qual é o antecedente da oração “que chegou a ser número 1 do mundo”?
O antecedente é o termo único.

b)   Qual é o antecedente da oração “que acaba de ser quadrifinalista”?
O antecedente é o termo o argentino Carlos Berlocq.

c)   Qual das duas orações subordinadas adjetivas é sintaticamente indispensável à frase: a que se refere a Carlos Berlocq ou a que se refere a Guga?
A oração “que chegou a ser número 1 do mundo” é indispensável: a oração “que acaba de ser quadrifinalista” poderia ser retirada da frase sem prejuízo sintático.

d)   Que relação se poderia ver entre a importância sintática de cada uma dessas orações e o valor que o comentarista atribui a cada jogador?
Seria possível pensar que, assim como a oração subordinada adjetiva que se refere a Guga é sintaticamente indispensável à frase e exprime atributos de um jogador que é único, o próprio jogador é um atleta indispensável no cenário esportivo brasileiro e com uma carreira única.

06 – Qual é a construção sintática utilizada pelo cronista para indicar a singularidade da carreira de Guga? Em outras palavras: de que modo ele atesta que não se trata de uma carreira qualquer?
      O cronista indica a singularidade da carreira de Guga especificando-a por meio de outra oração subordinada adjetiva restritiva: ela é uma “carreira que já está para sempre na história do tênis mundial.”

07 – O texto aproxima o tênis do futebol e compara Gustavo Kuerten a alguns dos melhores jogadores de futebol de todos os tempos.
a)   Qual é o fato linguístico que permite o estabelecimento dessas relações? Através de que tipo de oração ele é expresso no texto?
Guga “que sempre gostou de ser chamado de Manezinho da Ilha”, e esse apelido, rememorado por meio de uma oração subordinada adjetiva restritiva, é a ponte utilizada na crônica para aproximá-lo de craques do futebol cujos nomes, assim como o seu, têm quatro letras: Mané (no caso, Mané Garrincha), Zico, Pelé.

b)   Qual é a importância desses paralelos em um país onde, em comparação ao futebol, o tênis é um esporte que mobiliza pouco o público e a imprensa?
Eles realçam a posição de Guga entre os melhores atletas nacionais, já que o situam entre aqueles mais conhecidos, de maior prestígio, considerados insuperáveis e inesquecíveis.

domingo, 4 de novembro de 2018

CRÔNICA: DELÍRIOS DE HONESTIDADE - WALCYR CARRASCO - COM QUESTÕES GABARITADAS


Crônica: DELÍRIOS DE HONESTIDADE
              
                  Walcyr Carrasco

        Outro dia eu estava pensando em como seria o mundo se as pessoas fossem realmente honestas. Inclusive no mais prosaico cotidiano. Eu me imagino entrando em uma dessas churrascarias de luxo. Sento-me à mesa e peço um filé bem passado ao garçom. Ele me alerta:
        — Não aconselho. O filé hoje está uma sola de sapato.
        — Peço o quê?
        — Peça licença e vá para outro lugar. Olhe bem o cardápio. Pelo preço de um bife o senhor compra mais de um quilo no açougue. Quer jogar seu dinheiro fora?
        Vou para outro e escolho: salmão. O garçom:
        — Se o senhor quiser, eu trago. Mas salmão, salmão, não é. É surubim, alimentado de forma a ficar com a carne rosada. Ainda quer?
        — Nesse caso fico com escargots.
        — Lesmas, quer dizer? Por que não vai catar no jardim?
        Ou então entro numa butique de griffe. Experimento um jeans, que está apertadinho na barriga. O vendedor aproxima-se:
        — Ficou bom? Ah, não ficou, não, está apertado e não tenho um número maior.
        — Acho que dá... ando pensando em fazer regime.
        — Pois compre depois de obter algum resultado. Se bem que não sei, não... essa barriga parece coisa consolidada.
        — Eu quero o jeans. Quero e pronto!
        --- Não vou deixar que cometa essa loucura. Aliás, falando francamente, o que o senhor viu nesse jeans, que nem cai bem nas suas adiposidades? Só pode ser a etiqueta. Meu amigo, ainda acredita em griffe?
        Corro à casa de chocolates e peço um dietético. A mocinha no balcão:
        — Confia nessa história de dietético? Ou só quer calar a sua consciência?
        — E se eu quiser confiar, estou proibido?
        — Pois saiba que engorda. Menos que o chocolate comum, mas engorda. E o senhor não me parece em condição de fazer concessões a doces. Não vou contribuir para o seu auto-engano, jamais poria esse chocolate nas suas mãos. Vá à feira e peça um jiló.
        Resolvo trocar de carro. Passeio pela concessionária, escolho:
        — Este vermelho, que tal?
        — O motor funde mais dia, menos dia — alerta o vendedor.
        — Parece tão bonitinho...
        — Desculpe, mas você acha que a lataria anda sozinha? Já alertei o dono da loja, este carro está péssimo. Fique com aquele.
        — Mas é velho e horroroso!
        — Pode ser, mas anda. Está decidido, leve aquele. E não discuta!
        O embate com a honestidade absoluta também poderia ser uma galeria de arte.
        — Gostei daquele — aponto o quadro à marchande.
        — Está precisando de pano de chão?
        — Não... é que... bem, posso não entender de arte, mas achei bonito.
        — Sinceramente, o senhor não entende mesmo. Isso aqui é um horror. Não vale a tinta que gastou. Está exposto porque o dono da galeria insistiu. Leve aquele, é valorização na certa.
        — Aquele? É muito sombrio... eu queria alguma coisa alegre e ...
        — Não insista. Sombrio ou não, vou embrulhar. Faça o cheque, é melhor pra você.
        E numa loja de móveis? Mostro as cadeiras que me interessam. O decorador:
        — É amigo de algum ortopedista?
        — Está precisando de um? Posso indicar...
        — Você é quem vai precisar. Essas cadeiras vão desmontar na terceira vez em que alguém se sentar. Fratura na certa.
        — Caras assim e desmontam? Eu devia chamar o Procon.
        — Se quiser, eu chamo para o senhor!
        Pior seria alguma vaidosa querendo fazer plástica. O cirurgião examina:
        — Hum... hum...
        — Meu nariz vai ficar bom, doutor?
        — Se a senhora se contenta em trocar uma picareta por um parafuso, fica! Agora, se ambiciona uma melhora significativa, o melhor é morrer e reencarnar de novo. Pode ser tenha mais sorte.
        A paciente sai chorando. Eu, que vivo me irritando com vendedores, chego a uma conclusão: quero comprar o jeans que me oprime a barriga, o chocolate que não emagrece e o quadro colorido. Deliciar-me com as pequenas fantasias. Feitas as contas, delírios de honestidade podem transformar-se em pesadelos cruéis. Os pequenos enganos abrem as comportas dos pequenos sonhos e adoçam o dia-a-dia.

Walcyr Carrasco. O golpe do aniversariante. São Paulo, Ática, 1989.
Entendendo a crônica:
01 – Nessa crônica, o narrador-personagem imagina algumas situações que aconteceriam a partir de uma suposição, uma condição.
a)   Que suposição o faz imaginar tais situações que desencadeiam a narrativa?
Ele imagina que como seria o mundo se as pessoas fossem realmente honestas, ainda mais no prosaico cotidiano.

b)   Com base nessa suposição, o que o narrador-personagem, provavelmente, pensa sobre a sinceridade das pessoas?
Ele pensa que com sinceridade as pessoas que trabalham no comércio vão parar de querer vender seu produto, e sim analisar se o produto é de boa qualidade.

02 – No texto, as situações são apresentadas ao leitor por meio de diálogos entre narrador-personagem e seus interlocutores imaginários.
a)   Em sua opinião, por que esse recurso foi utilizado?
Foi utilizado para criar um tom de realidade nas situações.

b)   Qual dos diálogos apresentados, em sua opinião, é o mais improvável de acontecer na vida real?
Dentre os diálogos apresentados o mais improvável seria na churrascaria de luxo, quando o seu cliente pede um “escargots” e o garçom fala para ele não aceitar, pois era um surubim, alimentado de forma a ficar com a carne rosada.

03 – Para ilustrar o ponto de vista defendido na crônica, o narrador-personagem imagina-se numa churrascaria de luxo, pedindo um bife ao garçom.
a)   Que expressão o garçom usa para referir-se ao bife?
A expressão que ele usa é um alerta de que o bife está uma sola de sapato, ou seja, duro.

b)   Essa expressão é uma metáfora. Qual o seu significado no texto?
Essa expressão significa que o bife está duro ou ruim.

c)   Ao mostrar-se preocupado com o preço dos pratos, o que fica implícito (escondido) sobre o garçom?
O garçom está preocupado se o cliente vai desperdiçar o dinheiro.

04 – Ao correr à casa de chocolates, o narrador-personagem se depara com uma mocinha que se recusa a atendê-lo.
a)   O que revelam os argumentos da mocinha sobre o produto?
Os argumentos da mocinha revelam que o narrador não está em boa forma, ou seja, ele está gordo.

b)   O que dá o tom humorístico à fala da personagem?
É quando ela fala que o cliente não está em condição de fazer concessões a doces.

c)   Há uma crítica implícita nesse trecho. O que está sendo criticado?
Sim. Está sendo criticado a forma física do cliente.

05 – Outra situação imaginada pelo narrador-personagem é a da mulher à procura de um cirurgião plástico.
a)   Qual palavra é empregada para referir-se à mulher que quer fazer plástica?
A palavra usada é “vaidosa”.

b)   A partir dessa palavra, o que fica subentendido sobre a opinião do autor a respeito de cirurgia plástica?
É de que todos querem ficar bonitos e vaidosos hoje em dia.

06 – O autor do texto trata com humor e ironia a inversão dos papéis entre consumidor e vendedor. Que efeito esse recurso provoca no leitor?
      Que o vendedor mente para poder vender sua mercadoria, mostra o quanto as pessoas não são sinceras.

07 – Releia o último parágrafo do texto. Depois de imaginar essas situações do cotidiano, a que conclusão chega o narrador-personagem? Você concorda com essa conclusão? Por quê?
      Ruim, pois ele não adquiriu os produtos que ele queria. Sim, eu concordo, porque todas as pessoas têm ilusões, as quais as fazem quererem viverem melhores.

FÁBULA: AS LEBRES E AS RÃS - ESOPO - COM QUESTÕES GABARITADAS

Fábula: As Lebres e as Rãs
          Esopo


        O Sábio nunca se guia pelas Aparências...
        As lebres, animais tímidos por natureza, sentiam-se oprimidas diante de tanto acanhamento.
        E como viviam, na maior parte do tempo, com medo de tudo e de todos, temendo até a própria sombra, frustradas e cansadas, resolveram dar um fim às suas angústias.
        Então, de comum acordo, decidiram pôr fim às suas vidas. Concluíram que esta seria a única saída para tamanho impasse, e que apenas assim resolveriam, de forma definitiva, todos os seus problemas e limitações.
        Combinaram então que se jogariam do alto de um penhasco, para as escuras e profundas águas de um lago.
        Assim, quando correm para o lago, várias Rãs que descansavam ocultas pela grama à margem do mesmo, tomadas de pavor ante o ruído de suas pisadas, desesperadas, pulam na água em busca de proteção.
        Ao ver o pavor que sentiam as Rãs em fuga, uma das Lebres se volta e diz às companheiras: "Não mais devemos fazer aquilo que combinamos minhas amigas, pois agora sabemos que existem criaturas ainda mais medrosas que nós..."

      Moral da História 1: Julgar que nossos problemas são os mais importantes do mundo é a maior das ilusões...
      Moral da História 2: A ignorância só é capaz de produzir mais ignorância...

                                                                                          Fábula de ESOPO.
Entendendo a fábula:
01 – Qual afinal de contas, era o grande problema das lebres?
      Elas tinham medo de tudo e de todos, até da própria sombra.

02 – Sobre o que elas conversaram e qual a decisão tomada?
      Eles conversavam de que maneira iriam acabar com aquele problema, e decidiram pular do penhasco, nas escuras e profundas águas do lago.

03 – O que aconteceu após a decisão final?
      Elas saíram correndo para pular do penhasco, e perceberam que tinha outros animais que tinham medo igual a eles.

04 – Na fábula, o autor tenta nos fazer compreender algum sentimento, comportamento próprio da natureza humana? Qual seria?
      O medo, a insegurança, a indecisão, etc.

05 – Você seria capaz de descrever, com suas palavras, o significado da Moral da Fábula 1?
      Resposta pessoal do aluno.    
 
06 – Em nossa vida diária, qual a lição que podemos tirar a partir dos ensinamentos do Autor?
      Que devemos confiar mais em nós mesmos, nas nossas capacidades e decisões.

07 – Quem são os personagens da fábula?
      As lebres e a rãs.


CONTO: CEM ANOS DE PERDÃO - CLARICE LISPECTOR - COM GABARITO

Conto: Cem anos de perdão             

                          Clarice Lispector

        O conto se passa em um bairro rico de Recife, próximo a um palacete. Este lugar, que tem a beleza como uma de suas principais características, tem um jardim também muito bonito, que chama a atenção das personagens do conto. A partir daí, a história “começa” (fatos importantes ocorrem).
        Um dia, duas meninas passaram por esse bairro e avistaram tal palacete, que chamava a atenção. Elas queriam se apropriar dele, mas não podiam. Uma delas ficou encantada com uma das rosas que viram neste mesmo lugar, e então, a roubou, tomando cuidado para não ser vista. O enredo basicamente se desenvolve em torno dos pensamentos para tal roubo, já que o desejo por aquela rosa, para esta menina, era tão grande. Enquanto ela pegava as rosas, sua amiga vigiava, para que ninguém as visse. Com o passar do tempo, passaram a roubar não só rosas com frequência, como pitangas também.
        Apesar do narrador dizer que não se arrepende por roubar rosas quando pequena, o leitor nota que ela nunca esqueceu esse fato, conservando em sua memória todos os detalhes (inclusive os emocionais) da primeira vez em que roubou rosas, e procurando desculpar-se ao dizer que tem cem anos de perdão.
        Podemos classificar resumidamente, as partes que constituem o conto, tais como a situação inicial, o conflito, o clímax e o desenlace. A situação inicial é basicamente o fato das duas amigas olharem para os palacetes. O conflito se dá quando uma delas teve o desejo de uma flor. O clímax, por sua vez, é o roubo da flor, pois o resto do conto se baseia em tal ato. Já o desenlace, é o fato das meninas passarem a não roubarem apenas flores, como pitangas também, e isso indica que ambas gostaram e continuaram o que estavam fazendo (roubar).
        Apenas duas personagens fazem parte deste conto e estas são apresentadas ao leitor logo no começo. Ao decorrer deste, alteramos a imagem que tínhamos sobre ambas, pois não imaginaríamos que elas roubariam flores/pitangas, já que no começo, parecem ser inocentes.  Uma destas meninas é a narradora. Ela pode ser caracterizada por uma narradora em primeira pessoa protagonista, e também conta a história através de uma posição central, pois já que não narrou algo momentâneo, está distante dos acontecimentos, mas apesar disto, nos conta detalhadamente tudo o que aconteceu, e então, notamos que todos os eventos, personagens e elementos da história giram ao seu redor.  Já a sua amiga, pode ser caracterizada como uma personagem co-protagonista, pois possui uma relação próxima com o protagonista e o ajuda na busca de seu objetivo, ou seja, no roubo das rosas.
        O espaço em que o conto se passa compromete o que as personagens farão ao decorrer do mesmo, isto é, o que elas fizeram dependeu de onde estavam. Pelo fato de, logo no começo, avistarem um palacete que se situava em um bairro rico, ficaram comovidas com o mesmo e é a partir desta comoção que o conto se desenvolve. 
        Notamos que, para o narrador, a rosa era um desejo inevitável, ou seja, a menina tinha necessidade de possuí-la. Não sabemos ao certo porque ela tinha um desejo tão grande em roubar rosas, talvez para tentar substituir outras necessidades que tinha, como o desejo daqueles palacetes, ou apenas por vontade de cometer um erro.
        Quando a menina se depara com a rosa, se distancia daquilo imposto pela sociedade (cultura), ou seja, da proibição do roubo, e então, a partir daí, os valores, os princípios, as normas, as regras e os costumes são deixados de lado. A menina deseja a rosa, sem medo do que pode acontecer, pois enfrenta com muita naturalidade o fato de ter que roubá-la se quiser possuí-la. Este ato é considerado natural, apesar de parecer errado. A menina então enfrenta o mal e experimenta praticar ações consideradas pela sociedade como criminosas, assim como dito anteriormente.
        Pode-se perceber que esse conto relaciona o ato de roubar flores e pitangas com o erotismo, que não se expressa explicitamente. Ao decorrer da narrativa, imaginamos detalhadamente as descrições deste ato e o conto nos surpreende, pois logo no começo notamos que ele seria simples, mas depois, tudo muda. A autora faz com que nos aprofundemos mais na história narrada, devido ao aprofundamento na descrição detalhada do roubo da rosa e das pitangas, e a predominância da cor vermelha. Esse conto nos comove, pois a menina não queria apenas furtar flores e pitangas.

Entendendo o conto: 
01 – Quais são as personagens principais?
      O Autor, duas meninas, o Jardineiro.

02 – O que acontece na história?
      O texto fala de uma menina que queria uma rosa, mas como o jardineiro não dava, ela decidiu roubar, quando ela finalmente conseguiu, a rosa se espedaçou.

03 – Em que tempo e em que lugar se passa a história narrada?
      Num dia lindo ensolarado, num castelo.

04 – Quem narra? É possível ser identificado? Dá para saber quem está contando a história?
      O narrador-personagem. Sim. Sim porque ao ler podemos identificar que tem uma pessoa contando a história.

05 – O narrador conta de fora ou ele também é um dos personagens?
      Ele também é um personagem.

06 – Há tema (uma situação) abordado por este texto que tem semelhança com uma situação do conto “A Bela e a Fera”. Qual é esta situação?
      Porque assim como a menina roubava as rosas o pai da bela também roubou a rosa do castelo do monstro.

07 – Faça um resumo da História: (Mínimo de 5 linhas, uso suas próprias palavras)
      Num dia lindo, duas meninas estavam brincando na rua, quando uma das meninas viu uma rosa, e fica fascinada com a beleza da rosa, sabendo que o jardineiro é muito cuidadoso com seu jardim. A garota resolveu roubar a rosa com a sua amiga, ela roubou, mais ao roubar a rosa começou a se despedaçar na sua mão.