domingo, 9 de junho de 2024

FILME(ATIVIDADES): INTERESTELAR: A APOSTA MAIS ARRISCADA DE NOLAN-(FRAGMENTO) - COM GABARITO

 Filme(Atividades): Interestelar: a aposta mais arriscada de Nolan – Fragmento  

        Interestelar tinha tudo para ser o melhor filme de ficção científica da história e entrar para aquelas seletas listas de melhores filmes de todos os tempos. Christopher Nolan na direção, Hans Zimmer com a trilha sonora e, no elenco, uma constelação: Matthew McConaughey, Anne Hathaway, Jessica Chastain, Michael Caine, Matt Damon, Casey Affleck, Topher Grace. E, principalmente, uma ideia genial.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqb3_e3qKkkpZF-ZzzvmRq2zakP9GO6QvIShW6GZzmBZ6Luv3Cmy2Z3P6unXoM-HMEm6yMp31vl0f5YviifJltFFMPSWRdOsDywjGrGeecxRUFO25AM85iwintFb70yO1BvQxnhn2B4zHQqD6AKkY3gXxFsE8Q9xp5JDhUnxf70s4Dq7Kzo_sCt1WeUSg/s320/FILME.jpg


        [...]

        O primeiro ato é apenas bom. Foi o primeiro momento em que comecei a sentir certo desapontamento. Apesar de Mackenzie Foy ser uma atriz extraordinária e conseguir criar uma personagem ótima para Murphy, a filha de Cooper, essa parte do filme não se sustenta. Com um ar “spielbergiano”, o drama familiar acaba se mostrando fraco e Nolan não consegue exprimir sua marca. O roteiro não consegue criar o vínculo necessário. Outro momento, em que Cooper começa a entrar em sua jornada interestelar, é mal aproveitado e aleatório. Porém, o que mais incomodou foram as atuações sem grça de Lithgow e, principalmente, Michael Caine. Atores ótimos delimitados em personagens sem grandes aproveitamentos na trama. Enfim, o começo não convence.

        O segundo ato, porém, resgata todo o fôlego perdido no começo do filme. É o melhor momento do longa e deixa o espectador boquiaberto em inúmeras passagens. Aqui, destaque para as cenas de computação gráfica e, principalmente, para o trabalho impecável de Hans Zimmer com a trilha sonora. Autor das músicas de filmes como Rain Man, Gladiador, Sherlock Holmes e a trilogia nova de Batman, o compositor dá uma verdadeira aula. Consegue mesclar silêncio e momentos de som ensurdecedor.

        [...].

MANS, Matheus. Publicada em: 20 nov. 2014. Disponível em: http://literatortura.com/2014/11/interestelar-aposta-maisarriscada-de-nolan. Acesso em: 20 out. 2015. (Fragmento).

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 347.

Entendendo o filme:

01 – A primeira informação sobre o filme é dada por seu título. O que o interlocutor deduziria sobre um filme chamado Interestelar? De que forma os conhecimentos de morfologia ajudariam você nessa dedução?

      O título Interestelar propõe que o enredo envolve aventuras no espaço sideral, como sugerem o radical -estel-, que remete a “estrelas”, e o prefixo -inter, que significa “entre”.

02 – Qual o sentido denotativo de constelação? Esse é o sentido usado no texto? Justifique.

      Constelação significa “conjunto de estrelas”. No texto, é empregado conotativamente para se referir a um grupo de atores consagrados.

03 – O que há em comum entre as palavras interestelar e constelação?

      São termos que partilham o radical –(e)stel-, isto é, palavras formadas a partir de “estrela”.

04 – As obras artísticas costumam estabelecer relações interdiscursivas. Segundo a resenha, qual discurso é retomado pelo diretor de Interestelar?

      O resenhista vê traços da obra do diretor Steven Spielberg no filme de Christopher Nolan.

05 – A referência a esse discurso é feita por meio de uma palavra derivada. Qual é ela? Explique a função de seu sufixo.

      O termo spielbergiano contém o sufixo -ano, responsável por sugerir a ideia de “semelhante” ou “comparável”.

06 – O crítico menciona seu “desapontamento” diante do filme. O que o provoca?

      Segundo o crítico, o filme traz um drama familiar fraco, momentos mal aproveitados e atuações decepcionantes de alguns bons atores.

07 – O vocábulo desapontamento formou-se a partir de uma palavra da língua inglesa, disappointment, e por isso os puristas sugerem o uso de decepção em seu lugar. Você concorda com essa posição? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.

08 – No segundo parágrafo, o “desapontamento” é substituído por uma sensação inversa. Que vocábulo do texto a traduz melhor? Como ele é formado?

      O vocábulo boquiaberto, formado pelo processo de composição por aglutinação: boca + aberta (com alterações fonológicas).

09 – A palavra identificada no item anterior tem por base uma metonímia. Explique essa ideia.  

      Ficar de boca aberta é uma reação física que expressa a noção de encantamento, admiração. A metonímia está na apresentação do efeito (a boca aberta) pela causa (a admiração).

10 – A palavra extraordinária contém o prefixo extra-, cujo sentido é “na parte de fora, externamente”. Explique de que modo o prefixo altera o significado de ordinário.

      O radical é -ord-, que tem seu sentido (“ordinário”, “comum”) alterado para “fora do comum”, com a inclusão do prefixo extra-. Assim, algo extraordinário é algo que está “além do comum”, “além do ordinário”.

11 – Extraordinário passou pelo mesmo processo de formação de ensurdecedor? Justifique sua resposta.

      Não. Ensurdecer é um termo formado por derivação parassintética, enquanto extraordinário é formado por derivação prefixal e sufixal (ordinária existe, mas surdecedor não).

12 – A expressão som ensurdecedor forma, com uma palavra que a antecede no texto, uma figura de linguagem. Escreva o nome dessa figura no caderno e explique sua função na composição do elogio ao produtor musical Hans Zimmer.

      Trata-se da antítese, constituída pela oposição silêncio X som ensurdecedor, sugerindo a harmonia da trilha sonora do filme e a maestria de Zimmer ao executá-la.

 

 

MÚSICA(ATIVIDADES): GAROTO LOUCO - FEPA - COM GABARITO

 Música(Atividades): Garoto Louco

              FEPA

Negar o caminho do meio
Se arriscar nos polos, nos extremos
Negar os meridianos do mundo
Pra encontrar o centro de mim
Que de tão perto, tão dentro
Escapa à vista, os dedos não tocam
e de repente o que era perto
O que era certo, o que era seu
Se esconde atrás da máscara do invisível
Porque alguém disse algo sobre olhos
Que não veem, coração que etc. e tal

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZl8B8Rcf6TWKTc9C2a-V13BldTUEYOMIkg3QWXPoFB7EgPUFOfAUcsj2LXcOt_k39qxBVVyYdEtfHOIYFmSz9rGOlQWsPokONw0iyG24e2tL0H_zcmygFuBxeeSc5D5I309pj3QKDGZ-JVpIPQy0AllKNuWFMklSltP9i7v7AETF4YEwbTufMxU7-usY/s1600/LOUCO.jpg


E a gente se conforma e se deforma
Equilibrando a covardia no caminho do meio
Mas eu quero a queda, a vertigem, o passo em falso
Negar os meridianos do mundo
Encontrar o centro de mim
Eu quero a selva, o alce, o garoto louco
Feito de um pouco a mais de medo de se dobrar ao caminho do meio
De um tanto a mais de sonho para abrir à foice
uma clareira pra dentro de si
Eu sou o passo e a queda
Eu sou o garoto louco e a selva
A foice desbravando o sonho
E a clareira pra dentro de mim
.

Composição: Fepa; LEITE, Janaina. Disponível em: http://www.ofepa.com.br/oficial/musica/>(letra) e http://deezer.musica.uol.com.br/musica/66256152/fepa/patio-do-hospicio/garoto-louco>(música). Acesso em: 14 out. 2015.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 325.

Entendendo a música:

01 – Que elementos são contrastados na antítese presente nos dois primeiros versos?

      O termo meio contrasta com polos e extremos.

02 – Em que outro verso do texto se identifica uma antítese?

      No verso “Eu sou o passo e a queda”.

03 – O que os elementos apresentados na sequência “a queda, a vertigem, o passo em falso” (verso 14) sugerem sobre os desejos do eu lírico?

      O eu lírico sugere desejar abandonar o estável para aceitar o risco, a dúvida, a instabilidade.

04 – Essa gradação é ascendente ou descendente? O que esse movimento sugere sobre o conjunto de elementos desejados?

      Trata-se de uma gradação descendente, pois a “queda” seria o movimento mais radical, e o “passo em falso”, o menos. Ao usar essa gradação, a canção sugere que, embora deseje a experiência mais extrema, o eu lírico começa a se satisfazer já com o primeiro movimento em direção a ela.

05 – Segundo a música, onde está aquilo que o eu lírico procura?

      Está dentro dele mesmo, como explicita o último verso.

06 – Como você entendeu a metáfora meridianos do mundo? De que maneira a recusa desses meridianos implica a escolha de um modo de vida?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Os meridianos são linhas imaginárias que passam pelos polos da esfera celeste; por isso, podem ser entendidos como referências de localização, algo que o eu lírico rejeita, pois quer a liberdade de traçar seu próprio caminho.

07 – Como as antíteses identificadas nos itens 1 e 2 confirmam essa escolha?

      As antíteses mostram que o eu lírico deseja o risco, dai preferir os extremos ao meio e aceitar ser o passo e a queda, abrindo mão da segurança dos caminhos estáveis.

 

CRÔNICA: MORRERAM MAIS TRÊS OPERÁRIOS? SEM PROBLEMA. É SÓ REPOR. (FRAGMENTO) - LEOANRDO SAKAMOTO - COM GABARITO

 Crônica: Morreram mais três operários? Sem problema. É só repor – Fragmento

              Leonardo Sakamoto

        Três trabalhadores morreram, neste sábado (30), nas obras da hidrelétrica de Belo Monte. Um silo para armazenamento de cimento com capacidade para 1.200 toneladas caiu sobre Denivaldo Soares Aguiar, José da Conceição Ferreira da Silva e Pedro Henrique dos Santos Silva. Um inquérito foi instaurado para identificar as causas do acidente.

        O Consórcio Construtor Belo Monte afirmou que se “solidariza com a dor dos familiares e está prestando todo o apoio às famílias”. Aliás, deve haver um Modelo de Aviso de Óbito à Imprensa usado por toda a empresa de construção civil quando questionada sobre trabalhadores mortos sob sua responsabilidade.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhNEs7VpWP_aQe27oBFGll1D1AtUn2bZFH3rjzcbUh-rtweWm0GLYJayn51E0TT8wcf6MTK0kMFH2qtW0qT9B93d7Mb2N8NhNB6W6aqFg4WB_C9Plr80onhkwtWhGYS9Wp-RKMb0-Qj4WIaRNmSg65R9k43HcxhnXXhH6EZCHsg7H79ibZpFn7j5P7Kiw/s1600/BELO.jpg


        É incrível como as notas públicas são iguais.

        Ou são as empresas que são sempre as mesmas?

        Bem, daí você lê a informação, pensa “puxa, que coisa” e segue.

        Operários morrem em “acidentes” em obras de Norte a Sul do país. Mas é mais fácil se indignar com denúncias de (desavergonhada) corrupção envolvendo empresas de construção civil do que com as mortes de seus operários. Elas são vistas como efeitos colaterais. Afinal de contas, é um pequeno custo a pagar diante do progresso.

        Pois a ponte precisa ficar pronta. O estádio precisa ficar pronto. A fábrica precisa ficar pronta. A hidrelétrica precisa ficar pronta. Meu apartamento novo precisa ficar pronto.

        [...].

SAKAMOTO, Leonardo. Publicado em: 30 maio 2015. Disponível em: http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2015/05/30/morreram-mais-tres-operarios-sem-problema-e-so-repor. Acesso em: 14 out. 2015. (Fragmento).

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 324-325.

Entendendo a crônica:

01 – Que fato motivou a escrita dessa crônica?

      A morte de três operários nas obras de construção da usina hidrelétrica de Belo Monte.

02 – A crônica associa o fato particular citado a uma análise mais geral da sociedade. O que o texto destaca?

      O texto destaca que, embora as mortes de operários estejam sendo frequentes, elas não comovem a sociedade.

03 – A ironia é o principal recurso de construção da crônica. Que palavra do título ajuda o leitor a perceber esse uso?

      A palavra mais indica que a morte é frequente e contrasta com a sugestão insensível de mera reposição.

04 – Por que o cronista empregou aspas em "acidentes"?

      As aspas chamam a atenção para o caráter irônico da palavra acidentes; o cronista não concorda com o uso dela para indicar mortes tão frequentes.

05 – No penúltimo parágrafo, o cronista analisa a relação que os brasileiros têm tido com as notícias sobre a área da construção civil. O que ele demonstra?

      O cronista demonstra que os brasileiros se indignam com notícias sobre a corrupção, mas veem com maturidade a morte de operários.

06 – Releia o último parágrafo do trecho transcrito. O que o cronista provavelmente pretende ao empregar o pronome meu?

      O cronista pretende levar a discussão das mortes na construção civil para a realidade próxima do cidadão comum, dele mesmo e do leitor.

07 – Explique por que o parágrafo de introdução revela um comportamento inverso aquele que é criticado na crônica.

      O cronista, no primeiro parágrafo, cita o nome completo dos operários mortos, evitando trata-los apenas como números, como tem feito a sociedade.

 

FÁBULA: A FORMIGA MARIA E A CIGARRA CIDA - ARNALDO JUNIOR - COM GABARITO

 Fábula: A Formiga Maria e a Cigarra Cida

             Arnaldo Junior

        -- Você cantou, agora dance!

        Dizendo isso, a Formiga bateu a porta na cara da Cigarra, deixando-a ao relento em uma noite fria e chuvosa. Assim terminava a história da Cigarra e da Formiga que todo mundo conhece ou pelo menos já ouviu falar. Só que não. A história continuou. Leia o que aconteceu depois daquela noite.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4II1KFdcCcfzDMFhLZYU6uWB7t12hYvM-5yjg_f9x8dAUX_u6wKwEX1AlOo3NKjKYGt4_IAFHrEypSAOlFHxfVrcllzWtnyVeYc7psb6SHg09ku5A8pFSBY3po-_Q30UEUiYW8jiS9e2vx2mZ1Wcvja1KPanwwOEDoKKOxvU45uwGHGZnLVH9kEsDT8U/s320/CigarraFormiga-1280x720.jpg


        Maria Formiga voltou ao seu trabalho, operária que era, na fábrica de doces dietéticos do formigueiro e nunca mais ouviu falar de Cida Cigarra. Maria Formiga trabalhava duro, ganhava pouco e, para dar conta das contas, fazia muita hora extra, que era o trabalho feito fora das horas normais de serviço. A fábrica ia de vento em popa e nunca faltava trabalho.

        Foi então que veio a crise: um vírus surgido sabe-se onde, espalhou muita doença entre os insetos, obrigando os bichinhos a não saírem de suas tocas por muito tempo. Desanimados, os insetos pararam de fazer uma porção de coisas, inclusive dietas. As vendas da fábrica de doces dietéticos do formigueiro despencaram e Maria Formiga perdeu seu emprego, ficando sem condições de se sustentar.

        Sem nada para fazer, Maria Formiga passava os dias na internet. Foi quando ela se deparou com uma “live” que diziam ser o maior sucesso. Ao abrir o canal, Maria Formiga quase teve uma síncope! Passado o susto dessa palavra difícil, ela viu com mais calma que a estrela da tal “live” era justamente Cida Cigarra, sua velha conhecida. Desesperada, Maria Formiga resolveu arriscar. Encheu-se de coragem, engoliu seu orgulho e foi até a casa de Cida Cigarra.

        Maria Formiga apertou a campainha, mas lembrando de como ela tratara a sua antiga amiga, já ia mudando de ideia. Foi quando Cida Cigarra, olhando pela janela, gritou:

        -- Maria Formiga, minha amiga! Há quanto tempo, heim! Entra, por favor. Em que posso ajuda-la?

        Maria Formiga, envergonhada, contou sua história para Cida Cigarra.

        -- Qual nada, Maria Formiga. Sou muito grata a você. Se não fosse seu conselho, talvez hoje eu não fizesse tanto sucesso.

        -- Como assim? – perguntou Maria Formiga, espantada.

        -- Ora, você não se lembra? Você me aconselhou a aprender a dançar. Entrei numa academia de dança e a partir daí, meus shows ficaram muito melhores e virei esse sucesso todo. Por falar nisso, estou mesmo precisando de alguém para me ajudar a cuidar da logística dos meus shows.

        -- Mas eu não entendo nada de loja, Cida Cigarra.

        -- Não é nada disso, parceirinha! – disse Cida Cigarra dando uma piscadinha. – Logística é a parte do trabalho pesado, do planejamento e administração. É a parte que faz o show acontecer. E eu tenho feito tudo sozinha. Quase nem sobra tempo para ensaiar e melhorar ainda mais as minhas músicas. Então... topas?

        Mas é claro que Maria Formiga topou na hora, além de ter aprendido várias lições naquele dia. E não é que Maria Formiga, além de ajudar na logística, ainda se tornou DJ de Cida Cigarra? Hoje elas se apresentam em dupla pelas festas de todos os jardins da cidade com o nome de CiBuzzer & Mary. E estão fazendo aquele sucesso!

        Moral da história: Diante da adversidade, arrisque-se a mudar: use a criatividade.

JUNIOR, Arnaldo.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 2. Língua Portuguesa – 6º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 23-25.

Entendendo a fábula:

01 – De acordo com a fábula, qual o significado da palavra “síncope”?

      O mesmo que desmaio.

02 – De que forma começa a história da Formiga Maria e da Cigarra Cida?

      A história começa a partir do desfecho da história narrada originalmente na fábula Cigarra e da Formiga, com a Formiga recusando-se a abrigar a Cigarra no inverno.

03 – No início da narrativa, a Formiga Maria ajudou a Cigarra Cida? Justifique sua resposta.

      Não. No início da história, Maria não ajudou a Cida, uma vez que deixou a Cigarra ao relento em uma noite fria e chuvosa.

04 – Qual era o trabalho da Maria Formiga antes da crise?

      Maria Formiga era uma operária em uma fábrica de doces dietéticos.

05 – Releia o seguinte trecho do texto:

        “Foi então que veio a crise: um vírus surgido sabe-se onde, espalhou muita doença entre os insetos, obrigando os bichinhos a não saírem de suas tocas por muito tempo.”. As histórias ficcionais, como é o caso desse texto, podem ser produzidas com base em fatos da realidade. Esse trecho faz referência a qual acontecimento que de fato ocorreu no “mundo real”? Justifique sua resposta.

      Esse trecho faz referência à pandemia causada pela doença covid-19, uma vez que um “vírus” – isto é, o novo coronavírus – obrigou os animais a não saírem de suas tocas – ou seja , de suas casas. Tal medida da quarentena e de isolamento social foi amplamente divulgada pelas autoridades de saúde durante a pandemia da covid-19.

06 – Como Maria Formiga voltou a ter contato com a Cida Cigarra?

      Maria Formiga assistiu a uma “live” da Cida Cigarra e, a partir desse evento, decidiu ir à casa da amiga para retomar o contato.

07 – Ao se encontrarem, Cida Cigarra demonstrou estar chateada com a Maria Formiga? Justifique sua resposta.

      Cida Cigarra não demonstrou estar chateada com a Maria Formiga, uma vez que disse ser grata ao conselho dado pela amiga.

08 – O texto A Formiga Maria e a Cigarra Cida pode ser considerado uma paródia da fábula A Cigarra e a Formiga? Justifique sua resposta.

      Sim, o texto A Formiga Maria e a Cigarra Cida é uma paródia da fábula A Cigarra e a Formiga. Uma vez que recria o final da história original, dando a ela um caráter cômico.

09 – O trabalho de cantora e de dançarina da Cigarra Cida é valorizado positivamente na nova versão da história? Justifique sua resposta.

      Na nova versão da história, as atividades de canto e de dança realizadas pela Cigarra Cida são valorizadas positivamente, ao contrário do que ocorre na fábula original.

     

 

POEMA: OH! AQUELE MENININHO - MÁRIO QUINTANA - COM GABARITO

 Poema: Oh! Aquele menininho

             Mário Quintana

Oh! aquele menininho que dizia
“Fessora, eu posso ir lá fora?”
Mas apenas ficava um momento
Bebendo o vento azul…
Agora não preciso pedir licença a ninguém.
Mesmo porque não existe paisagem lá fora:
Somente cimento.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjADNCspiFrOPqU0HmZybv6dECeHPtZj7R1mVxL6dBLhQCKrvDmu7PWKMj2uuaESLoIEfKp0mqw70Jy22xDzxY5o1V_z7x9siOudDQ9xB1w0NPkjJAu-MTDKZPUfcoG4HR0U4ERXP2FoRu4OUdN5elhOJmD6qx91euVactFWhyjBZXxMfZZbzLBCLr9dg/s1600/MENINO.jpg


O vento não mais me fareja a face como um cão amigo…
Mas o azul irreversível persiste em meus olhos.

QUINTANA, Mario. Poema. In: FERRAZ, Eucanaã (Org.). A lua no cinema e outros poemas. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 39. © by Elena Quintana.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 313.

Entendendo o poema:

01 – Observe o emprego do pronome me no oitavo verso e responda: quem é o “menininho” de que fala o eu lírico?

      O “menininho” é o próprio eu lírico, no passado.

02 – De que maneira se constroem as referências temporais desse poema?

      O pronome aquele estabelece a distância do passado do eu lírico e contrasta com o advérbio agora, de seu tempo presente.

03 – Em “Fessora, eu posso ir lá fora?”, encontramos uma fórmula usada socialmente, em algumas regiões, para evitar o uso de outra considerada menos educada ou meio constrangedora. Qual seria?

      O pedido para “ir ao banheiro”.

04 – Que imagem usada no poema traduz o prazer sentido pelo eu lírico ao sair para o espaço aberto e livre?

      A imagem contida em “bebendo o vento azul”.

05 – Que paisagem é construída no verso “somente cimento”? De que forma se constrói essa referência?

      O verso constrói uma imagem de obstrução e monotonia pela repetição do fonema /s/ e pela referência ao cimento, que alude às construções e cria um efeito monocromático.

06 – O verso “Agora não preciso pedir licença a ninguém” expressa uma satisfação ou insatisfação? Por quê?

      A princípio, representaria algo satisfatório, com a eliminação da autoridade que poderia impedir a realização do desejo, mas torna-se insatisfatório quando se evidencia, no verso seguinte, que a presença de uma autoridade já é irrelevante, pois as condições de realização do desejo não existem mais.

07 – Cada ocorrência de lá fora tem um sentido no poema. Quais são elas?

      No primeiro caso, trata-se de uma referência espacial: lá fora significa “fora da sala de aula”. No segundo, além da referência espacial, pode também aludir a “fora do sujeito”, fora da interioridade.

08 – Como você interpreta a imagem final, o “azul irreversível” que persiste nos “olhos” do eu lírico?

      Resposta pessoal. O “azul irreversível” pode ser interpretado como a sensibilidade da infância, o gosto pela vida, o prazer, que persistem dentro do eu lírico.

 

POEMA: FERRO - LUIZ SILVA - COM GABARITO

 Poema: Ferro

              Luiz Silva

Primeiro o ferro marca
a violência nas costas
Depois o ferro alisa
a vergonha nos cabelos
Na verdade o que se precisa
é jogar o ferro fora
e quebrar todos os elos
dessa corrente
de desesperos.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjis8PS8BBQYza324NCXC3tRUEEYaAQBMlbQpAWsUXWurRgVA-_KQ2yXajB8oY_iXI4SlAA_3xyK6KsMmylqJQEqtN7wsV3M_q2c1TErCIRSDnVLqOrbjTgAj3sPeb3Yy_TOhcYWHIHsC9bpacPSYOferLXxsqzEhpndcNLwBLhLRahL0IgTV8ecRGy0J8/s1600/FERRO.jpg


CUTI. Ferro. In: Santos, Luiz Carlos dos (Org). Antologia da poesia negra brasileira: o negro em versos. São Paulo: Moderna, 2005. p. 87 (Lendo e Relendo – Poesia).

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 306.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o sentido de ferro nas duas primeiras ocorrências do termo?

      Na primeira ocorrência, ferro remete aos instrumentos usados para castigar os escravos; na segunda, ao equipamento (“chapinha”) empregado para alisar os cabelos.

02 – Em qual das ocorrências o eu lírico se refere à ideologia do branqueamento? Explique.

      Na segunda ocorrência, em que o alisamento de cabelos é uma sujeição ao padrão de beleza branco.

03 – Que sentido deve ser atribuído a ferro no sexto verso do poema?

      No sexto verso, ferro simboliza tudo aquilo que mantém os negros “presos”, apesar de sua aparente liberdade.

04 – De que forma o poema constrói uma visão histórica da situação do negro?

      Há uma oposição entre primeiro, que alude aos séculos de escravidão do negro no passado, e depois, que remete às consequências dela.

CRÔNICA: A HISTÓRIA DO HÍFEN - FRAGMENTO - GABRIEL PERISSÉ - COM GABARITO

 Crônica: A história do hífen – Fragmento  

               Gabriel Perissé

        [...]

        Seria interessante alguém fazer a história do hífen, comparando-a com a história do apóstrofo, do til, ou do ponto de interrogação. Certamente há coisas mais urgentes na vida, mas é como dizia Ortega y Gasset: o ser humano não quer apenas sobreviver, quer viver. E a nossa existência tem milhões de coisas assim, que parecem supérfluas [...].

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdtyWcf9dkScQOQqfd6Q-JqP_7_pp1elGND8-UQ5UgSQM_DPl8e_CyTj5oXTNhm7xT6_reKj2uYjsLOpzWBVwC8TGHwn02AVvB8dnzbw-sdyRkA1-7vgeosdtXvVcbZj6VtM4X2R-WXSJPmn60WPFNFQphP66LcLkpbxFkZ1SRNwjxoyPp0B2Z70OdvTE/s320/HIFEN.jpg


        Ontem, uma pessoa me enviou a seguinte pergunta: “Trabalho em uma empresa de brinquedos educativos e gostaria de saber sobre o uso de hífen na palavra quebra-cabeça”.

        Aliás, quer melhor quebra-cabeça do que o próprio hífen? Sim, o tracinho trapalhão continuará na palavra “quebra-cabeça”.

        Uma curiosidade. O hífen também se chama traço-de-união, ou melhor, traço de união, sem hifens a partir de agora, segundo o Acordo.

        [...].

PERISSÉ, Gabriel. Publicado em: 19 mar. 2009. Disponível em: http://novaortografia.blogspot.com.br/2009/03/historia-do-hifen.html. Acesso em: 3 maio 2016. (Fragmento).

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 348.

Entendendo a crônica:

01 – As novas regras para uso do hífen provocaram reações diversas. O cronista parece ter aprovado mudanças nesse aspecto gramatical? Por quê?

      Não. Ele associa o uso do hífen a um “quebra-cabeça”, portanto a algo de difícil solução, e o chama de “tracinho trapalhão”.

02 – Que informação do texto revela que a reação do cronista não é um fato isolado?

      O cronista cita a pergunta de uma pessoa que passou a ter dúvidas sobre uma palavra que sempre utilizou.

03 – Releia a “curiosidade” citada pelo cronista. Por que ele destacou o outro nome do hífen?

      Porque parece haver uma ironia nesse nome, já que deixou de ser um vocábulo composto unido por hífen, embora expresse a ideia de união.

04 – Veja dois exemplos de palavras alteradas após a reforma ortográfica: ultra-romântico = ultrarromântico; pé-de-moleque = pé de moleque. Na sua opinião, por que muitas pessoas reclamam de alterações desse tipo?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: As alterações parecem não ter uma razão, apenas contribuindo para confundir quem escreve.

 

TEXTO: ZERO HORA, VAMOS FALAR DE RACISMO? FRAGMENTO - COM GABARITO

 Texto: Zero Hora, vamos falar de racismo? – Fragmento

          O que leva um veículo de imprensa a divulgar a opinião preconceituosa e ofensiva de um de seus leitores? Seria liberdade de expressão ou discurso de ódio?

        [...]

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNZjPLtMBJdurnZ_-i1Gsd2hD2eAw7wyZE09-dHRJRSWdlPrFHNDeUa0o8txvgrXAMtfFeXKZ2oPPUboNtxC6m6_7gCnkGJtyrHIhXz0-H8lt053t82Z4S_YQ7ff67vC6BON8_sd_hgSDh_4TLMD1c2z9uzG9iquo0pJtzI1mvuNhBWC5x6WM23saQ5TE/s320/RACISMO.jpg


        Fiquei extremamente chocada com um comentário publicado na edição deste domingo 31 de maio do jornal Zero Hora, veículo do Rio Grande do Sul. Nele, o leitor é claramente racista e desinformado.

        O comentário em si não me choca, como mulher negra já ouvi e li muitas coisas horríveis; o que me choca é o fato de o jornal ter publicado algo explicitamente racista. Até que ponto o jornal vai se esconder sob o argumento da liberdade de expressão? É sabido que racismo é crime, certo? Logo, publicar algo racista é igualmente crime, ou não? O comentário em questão foi publicado na versão impressa, logo foi lido antes e selecionado, diferentemente de quando se é num portal de internet, o que torna o fato ainda mais grave.

        [...].

Publicado em: 2 jun. 2015. Disponível em: http://www.geledes.org.br/zero-hora-vamos-falar-de-racismo/#gs.cbce4d9ded704983acc8ee-78ff56470c. Acesso em: 19 out. 2015. (Fragmento).

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 337-338.

Entendendo o texto:

01 – A produtora do texto emprega os termos cognatos racismo e racista. Qual é p radical comum a eles?

      O radical é rac- (raça, racismo, racista).

02 – De que maneira os sufixos diferenciam os sentidos dessas palavras cognatas?

      O sufixo -ismo designa um “movimento ideológico”, um “modo de proceder e pensar”; o sufixo -ista indica “aquele que é partidário ou seguidor desse movimento”.

03 – Que discussão a produtora do texto pretende promover?

      Ela deseja discutir a questão do racismo a partir da denúncia de um órgão de imprensa que teria divulgado um texto preconceituoso.

04 – Duas palavras da linha-fina do texto são adjetivos formados com base em substantivos. Transcreva-os no caderno, indicando e classificando os morfemas responsáveis por essa formação.

      Os adjetivos preconceituosa e ofensiva foram formados a partir dos substantivos preconceito e ofensa com o acréscimo dos sufixos -osa e -iva.

05 – Reescreva o primeiro período da linha-fina empregando em lugar dos adjetivos os substantivos que os formaram. Faça as adaptações necessárias.

      Sugestão de resposta: O que leva um veículo de imprensa a divulgar a opinião que expressa preconceitos e ofensas de um de seus leitores?

06 – Já no primeiro parágrafo, o leitor sabe que o texto foi produzido por uma mulher. Que palavra indica isso? Como a forma dessa palavra traz tal formação?

      A palavra chocada, por conter uma desinência de gênero feminino (-a), evidencia tratar-se de uma autora.

07 – A comparação entre as três palavras do texto empregados no plural – leitores, coisas e horríveis – revela que o morfema responsável pela flexão de número pode tomar formas diferentes. No caderno, escreva as palavras no singular e no plural e circule esses morfemas.

      Leitor – leitores; coisa – coisas; horrível – horríveis.

08 – Empregam-se no texto cinco palavras formadas com o sufixo -mente. Em qual delas ele não porta a ideia de modo? Justifique.

      Em extremamente, o sufixo -mente sugere intensidade.

09 – No desenvolvimento do texto, são feitos três questionamentos em sequência. Dois deles contêm perguntas retóricas propostas com a intenção de influenciar o leitor para que concorde com a linha argumentativa apresentada. Quais são as expressões que constituem essas perguntas? Justifique sua resposta.

      Nos questionamentos “É sabido que racismo é crime, certo?” e “Logo, publicar algo racista é igualmente crime, ou não?”, as expressões certo? E ou não? São perguntas retóricas, cuja função é apenas reforçar o conteúdo do que foi afirmado antes, contando, para isso, com a concordância tácita (implícita) do leitor.

10 – Qual é a contribuição das perguntas retóricas na construção desse texto?

      As perguntas retóricas são recursos de persuasão.

POEMA: PARADA CARDÍACA - PAULO LEMINSKI - COM GABARITO

 Poema: Parada cardíaca

               Paulo Leminski

Essa minha secura

essa falta de sentimento

não tem ninguém que segure,

vem de dentro.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPV5T7msNuJgXhRCE2SHqWzGtxpF_VhHX6nOxp0xElRNGM-mvB0i28XRvW4xwBuKrQJycnFhav3wUSSLXwDuMhlL7HB9JIysT2duTxN9iCG29c01rHZN5QOWJkJ-fIDUlqQ49tEQq0Tm_Cx0codCbxUFxTJeuYf_wzKprGMnhAyNtbADGy518nQ6443ZM/s1600/SEGURA.jpg

Vem da zona escura

donde vem o que sinto.

Sinto muito,

sentir é muito lento.

Paulo Leminski. Toda poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 203.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 317.

Entendendo o poema:

01 – Que verso esclarece o significado da expressão metafórica "minha secura".

      O segundo verso.

02 – Explique a imagem “Zona Escura” Para representar o que "vem de dentro".

      Zona escura sugere uma área não conhecida dentro do eu lírico.

03 – O poema explora os dois sentidos da expressão sinto muito. Quais são eles?

      Sinto muito pode indicar um sentimento intenso ou equivaler à expressão empregada para desculpar-se.

04 – Qual dos sentidos de sinto muito é coerente nesse contexto? Por quê?

      A expressão sinto muito foi empregada com o valor de “desculpe-me”, já que o poema sugere sua dificuldade de sentir, tornando incoerente a referência a um sentimento intenso.

05 – Como deve ser entendido o título do poema? Que figura de linguagem o constrói?

      “Parada cardíaca” é uma metáfora e, nesse contexto, sugere que o coração, entendido tradicionalmente como a sede do sentimento, não está funcionando, logo não tem capacidade de sentir.

 

quinta-feira, 30 de maio de 2024

CRÔNICA: ÁLVARO, ME ADICIONA - GREGÓRIO DUVIVIER - COM GABARITO

 Crônica: Álvaro, me adiciona

              Gregório Duvivier

        “Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.” Espanta que Álvaro de Campos tenha dito isso antes do advento das redes sociais. O heterônimo parece estar falando da minha timeline: “Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo?”.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwrg52xW8lQFgW_xu7bzcA-oKqAmA4KPtsu3aZ-Y-PxP4vhJ-vKhyphenhyphenQuMDSoS3lBaFygUyt_gdBS95VnLsVTMf1MfvQo41sOFbPKQBe54zU0IUcuUGJ5HcxAKFsPueNq6GdIIw0lL3t_kQoSzftjexEvoP3VQBI0K03QJiYFVShsSnDWKJ2-XAErH2x_9w/s320/Time-Timelines.png

        Todo post é autoelogioso. Não se deixe enganar. Talvez você pense o contrário: meu Facebook só tem gente reclamando da vida. Olhe de novo. Por trás de cada reclamação, de cada protesto, de cada autocrítica, perceba, camufladinha, a vontade de parecer melhor que o resto do mundo.

        “Humblebrag” é uma palavra que faz falta em português. Composta pela junção das palavras humble (humilde) e brag (gabar-se), seria algo como a gabação modesta. Em vez de simplesmente gabar-se: “Ganhei um prêmio de melhor ator no Festival de Gramado”, você diz: “O Festival de Gramado está muito decadente. Para vocês terem uma ideia, me deram um prêmio de melhor ator”. Ou então: “Pessoal, moro num apartamento mínimo! Por favor, parem de me dar prêmios, não tenho mais onde guardá-los. Grato.”

        O “humblebragging” pode tomar muitas formas. “Tenho um defeito terrível. Sou perfeccionista.” Ou então: “Tenho uma falha imperdoável. Sou sincero demais”. Quero ver alguém falar a verdade: “Tenho um defeito: só penso em mim mesmo, o que faz com que eu seja pouquíssimo confiável – além de ter uma higiene deplorável.”

        Não menos sutil é o elogio-bumerangue. Você começa falando bem de alguém. Ali, no meio do elogio alheio, você encaixa uma menção a si mesmo, disfarçadinha. “O Rafa é muito humano, parceiro, sincero. Se não fosse ele, eu nunca teria chegado onde cheguei, e criado o maior canal do YouTube brasileiro. Obrigado, Rafa. Obrigado.”

        O elogio-bumerangue tem uma subdivisão especialmente macabra: o elogio bumerangue-post-mortem, no qual você aproveita os holofotes gerados pela morte de alguém para chamar atenção para si (às vezes até atribuindo palavras ao defunto). “O Zé era um gênio. Ainda por cima muito generoso. Foi a primeira pessoa a perceber o meu talento como ator. Um dia me disse: Gregório, você é o melhor ator da sua geração. Obrigado, Zé. Obrigado.”

        Atenção: se todo post é vaidoso, toda coluna também. Percebam o uso de palavras em inglês, a citação a Fernando Pessoa. Tudo o que eu mais quero é que vocês me achem o máximo. “Então sou só eu que sou vil e errôneo nessa terra?” Não, Álvaro. Me adiciona.

DUVIVIER, Gregório. Publicada em: 4 maio 2015. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gregorioduvivier/2015/05/1624271-alvaro-me-adiciona.shtml. Acesso em: 19 ago. 2015.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 292-293.

Entendendo a crônica:

01 – O texto revela que o cronista é leitor de textos diversos. Quais tipos de texto foram citados?

      Textos literários e textos que circulam nas redes sociais.

02 – Quem é Álvaro de que fala o título? Faça uma breve pesquisa para entender por que o cronista se refere a ele como “heterônimo”.

      O cronista refere-se a Álvaro de Campos, um dos heterônimos do poeta português Fernando Pessoa (1888-1935).

03 – Em que parte do texto o cronista dá ao leitor que desconhece Álvaro uma pista de sua identidade? Ela lhe parece suficiente? Por quê?

      Na conclusão, o cronista afirma ter citado Fernando Pessoa, o que pode ajudar alguns leitores a lembrar do autor e de seus heterônimos. Um leitor que realmente desconheça essa informação tenderá a ficar confuso.

04 – Releia os versos citados no primeiro parágrafo. Que relação existe entre eles e o assunto da crônica?

      O cronista reclama do fato de, nas redes sociais, as pessoas sempre destacarem seus aspectos positivos, mentindo sobre suas fragilidades ou omitindo-as.

05 – Em que contexto deve ser entendido o pedido “me adiciona”?

      Nas redes sociais, adicionar significa aceitar o outro como parte de seus contatos; o cronista quer ser “adicionado” por Álvaro porque compartilha sua visão de mundo.

06 – A palavra humblebragging não pertence à língua portuguesa. Quais outros termos também são estrangeirismos? A presença deles no código usado para a transmissão da mensagem a prejudica? Por quê?

      São citados post, timeline e os nomes próprios Facebook e Youtube. Embora não façam parte da língua portuguesa, em geral não prejudicam a comunicação por terem um uso já popular. O termo humblebragging, único possivelmente desconhecido, é explicado pelo autor.

07 – Compare a formação das palavras humblebragging e elogio-bumerangue. Os dois substantivos compostos foram formados com a junção de dois termos. Que relação existe entre as duas palavras que formam cada um dos termos?

      As palavras formadoras de humblebragging – humble (“humilde”) e bragging (“gabação”) – têm uma relação antitética, isto é, são opostas. Em elogio-bumerangue há uma relação de especificação: bumerangue, uma peça de arremesso que retorna ao lançador, qualifica elogio.

08 – A intertextualidade e a citação de termos estrangeiros são empregadas como argumentos no último parágrafo da crônica. Que ideia elas provam? Que efeito essa ideia provoca na crônica?

      As palavras provam que o cronista também procura criar uma imagem positiva de si mesmo, o que cria um efeito de humor, já que esse era o alvo da crítica.