domingo, 9 de junho de 2024

POEMA: OH! AQUELE MENININHO - MÁRIO QUINTANA - COM GABARITO

 Poema: Oh! Aquele menininho

             Mário Quintana

Oh! aquele menininho que dizia
“Fessora, eu posso ir lá fora?”
Mas apenas ficava um momento
Bebendo o vento azul…
Agora não preciso pedir licença a ninguém.
Mesmo porque não existe paisagem lá fora:
Somente cimento.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjADNCspiFrOPqU0HmZybv6dECeHPtZj7R1mVxL6dBLhQCKrvDmu7PWKMj2uuaESLoIEfKp0mqw70Jy22xDzxY5o1V_z7x9siOudDQ9xB1w0NPkjJAu-MTDKZPUfcoG4HR0U4ERXP2FoRu4OUdN5elhOJmD6qx91euVactFWhyjBZXxMfZZbzLBCLr9dg/s1600/MENINO.jpg


O vento não mais me fareja a face como um cão amigo…
Mas o azul irreversível persiste em meus olhos.

QUINTANA, Mario. Poema. In: FERRAZ, Eucanaã (Org.). A lua no cinema e outros poemas. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 39. © by Elena Quintana.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 313.

Entendendo o poema:

01 – Observe o emprego do pronome me no oitavo verso e responda: quem é o “menininho” de que fala o eu lírico?

      O “menininho” é o próprio eu lírico, no passado.

02 – De que maneira se constroem as referências temporais desse poema?

      O pronome aquele estabelece a distância do passado do eu lírico e contrasta com o advérbio agora, de seu tempo presente.

03 – Em “Fessora, eu posso ir lá fora?”, encontramos uma fórmula usada socialmente, em algumas regiões, para evitar o uso de outra considerada menos educada ou meio constrangedora. Qual seria?

      O pedido para “ir ao banheiro”.

04 – Que imagem usada no poema traduz o prazer sentido pelo eu lírico ao sair para o espaço aberto e livre?

      A imagem contida em “bebendo o vento azul”.

05 – Que paisagem é construída no verso “somente cimento”? De que forma se constrói essa referência?

      O verso constrói uma imagem de obstrução e monotonia pela repetição do fonema /s/ e pela referência ao cimento, que alude às construções e cria um efeito monocromático.

06 – O verso “Agora não preciso pedir licença a ninguém” expressa uma satisfação ou insatisfação? Por quê?

      A princípio, representaria algo satisfatório, com a eliminação da autoridade que poderia impedir a realização do desejo, mas torna-se insatisfatório quando se evidencia, no verso seguinte, que a presença de uma autoridade já é irrelevante, pois as condições de realização do desejo não existem mais.

07 – Cada ocorrência de lá fora tem um sentido no poema. Quais são elas?

      No primeiro caso, trata-se de uma referência espacial: lá fora significa “fora da sala de aula”. No segundo, além da referência espacial, pode também aludir a “fora do sujeito”, fora da interioridade.

08 – Como você interpreta a imagem final, o “azul irreversível” que persiste nos “olhos” do eu lírico?

      Resposta pessoal. O “azul irreversível” pode ser interpretado como a sensibilidade da infância, o gosto pela vida, o prazer, que persistem dentro do eu lírico.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário