sexta-feira, 11 de setembro de 2020

CRÔNICA: ADOLESCÊNCIA - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 Crônica: Adolescência

             Luís Fernando Veríssimo

        Já o Jander tinha quatorze anos, a cara cheia de espinhas e como se não bastasse isso, inventou de estudar violino.

        — Violino?! — horrorizou-se a família.

        — É.

        — Mas Jander...

        — Olha que eu tenho um ataque.

        Sempre que era contrariado, o Jander se atirava no chão e começava a espernear.

        Compraram um violino para ele.

        O Jander dedicou-se ao violino obsessivamente. Ensaiava dia e noite. Trancava-se no quarto para ensaiar. Mas o som do violino atravessava portas e paredes. O som do violino se espalhava pela vizinhança.

        Um dia a porta do quarto do Jander se abriu e entrou uma moça com um copo de leite.

        — Quié? — disse o Jander, antipático como sempre.

        — Sua mãe disse que é para você tomar este leite. Você quase não jantou.

        — Quem é você?

        — A nova empregada.

        Seu nome era Vandirene. Na quadra de ensaios da escola era conhecida como "Vandeca Furacão".

        Ela botou o copo de leite sobre a mesa-de-cabeceira, mas não saiu do quarto. Disse:

        — Bonito, seu violino.

        E depois:

        — Me mostra como se segura?

        Depois a vizinhança suspirou aliviada. Não se ouviu mais o som do violino aquela noite.

        O pai de Jander reuniu-se com os vizinhos.

        — Parece que deu certo.

        — É.

        — Não vão esquecer o nosso trato.

        — Pode deixar.

        No fim do mês todos se cotizariam para pagar o salário da Vandirene. A mãe do Jander não ficou muito contente. Pobre do menino. Tão moço. Mas era a Vandirene ou o violino.

        — E outra coisa — argumentou o pai do Jander. — Vai curar as espinhas.

Luís Fernando Veríssimo

Entendendo a crônica:

01 – Que tipo de instrumento ele resolveu estudar e por que causou problemas em sua casa?

      Resolveu estudar violino e o Jander ensurdecia a casa e a vizinhança com os agudos desafinados do instrumento.

02 – Qual é o fato a partir do qual o autor desenvolve a sua crônica?

      A compra do violino para Jander.

03 – A crônica trata PRINCIPALMENTE:

a)   Das dificuldades de se aprender violino.

b)   Das dificuldades de se conseguir boas empregadas.

c)   Das dificuldades de se lidar com um adolescente.

d)   Da possibilidade de os vizinhos ajudarem a pagar uma empregada doméstica para um amigo.

04 – No texto, pode-se perceber:

a)   Uso de chantagem emocional por parte de Jander, em relação à família.

b)   Inexistência de referência sexual.

c)   A temática do amor puro e casto sendo trabalhada.

d)   O fato de tratarem Jander como uma pessoa especial porque sabia tocar violino.

05 – Que apelido tinha a nova empregada na quadra de ensaios da escola de samba?

      Vandeca Furacão.

06 – Quem são os personagens do fato narrado?

      Jander, o pai, a mãe, a vizinhança e a Vandirene.

07 – Que assunto é abordado nessa crônica?

      Os conflitos dos jovens com os pais na adolescência.

08 – Existe relação entre a situação vivida pelos personagens da crônica e a de nosso dia-a-dia? Justifique.

      Sim, pois conviver com filhos na fase adolescência é necessário ter diálogo como base para se relacionar bem.

09 – Essa crônica pode ser considerada como uma crônica humorística? Por quê?

      Sim, porque uma das marcas é ter um enfoque humorístico acerca das cenas e acontecimentos cotidianos, e isto ocorreu nesta crônica.

CRÔNICA: QUERO VOLTAR A CONFIAR! ARNALDO JABOR - COM GABARITO

 Crônica: QUERO VOLTAR A CONFIAR! 

              Arnaldo Jabor

        Fui criado com princípios morais comuns: Quando eu era pequeno, mães, pais, professores, avós, tios, vizinhos, eram autoridades dignas de respeito e consideração. Quanto mais próximos ou mais velhos, mais afeto. Inimaginável responder de forma mal educada aos mais velhos, professores ou autoridades…

        Confiávamos nos adultos porque todos eram pais, mães ou familiares das crianças da nossa rua, do bairro, ou da cidade… Tínhamos medo apenas do escuro, dos sapos, dos filmes de terror…  Hoje me deu uma tristeza infinita por tudo aquilo que perdemos. Por tudo o que meus netos um dia enfrentarão. Pelo medo no olhar das crianças, dos jovens, dos velhos e dos adultos. Direitos humanos para criminosos, deveres ilimitados para cidadãos honestos. Não levar vantagem em tudo significa ser idiota.

     Pagar dívidas em dia é ser tonto… Anistia para corruptos e sonegadores…  O que aconteceu conosco? Professores maltratados nas salas de aula, comerciantes ameaçados por traficantes, grades em nossas janelas e portas. Que valores são esses? Automóveis que valem mais que abraços, filhas querendo uma cirurgia como presente por passar de ano.    Celulares nas mochilas de crianças. O que vais querer em troca de um abraço? A diversão vale mais que um diploma. Uma tela gigante vale mais que uma boa conversa. Mais vale uma maquiagem que um sorvete. Mais vale parecer do que ser… Quando foi que tudo desapareceu ou se tornou ridículo? Quero arrancar as grades da minha janela para poder tocar as flores! Quero me sentar na varanda e dormir com a porta aberta nas noites de verão! Quero a honestidade como motivo de orgulho. Quero a vergonha na cara e a solidariedade. Quero a retidão de caráter, a cara limpa e o olhar olho-no-olho. Quero a esperança, a alegria, a confiança!   Quero calar a boca de quem diz: “temos que estar ao nível de…”, ao falar de uma pessoa. Abaixo o “TER”, viva o “SER”. E viva o retorno da verdadeira vida, simples como a chuva, limpa como um céu de primavera, leve como a brisa da manhã! E definitivamente bela, como cada amanhecer. Quero ter de volta o meu mundo simples e comum. Onde existam amor, solidariedade e fraternidade como bases.

     Vamos voltar a ser “gente”. Construir um mundo melhor, mais justo, mais humano, onde as pessoas respeitem as pessoas. Utopia? Quem sabe?... Precisamos tentar… Quem sabe comecemos a caminhar transmitindo essa mensagem… Nossos filhos merecem e nossos netos certamente nos agradecerão!

Entendendo a crônica:

01 – Qual o assunto do texto?

      O autor aborda como tema a falta de segurança no Brasil de hoje.

02 – De acordo com o autor quais são os princípios morais comuns?

      Os princípios morais comuns a que se refere o autor no primeiro parágrafo do texto é o respeito e a imagem ilibada que os mais novos tinham dos mais velhos.

03 – O autor começa o texto expondo uma realidade antiga. Que palavras no primeiro parágrafo podem expressar tempo?

      Expressam tempo no primeiro parágrafo os verbos “era” e “eram” e a conjunção “quando”.

04 – Percebemos uma enorme preocupação do autor com o futuro. Em sua opinião, o que as futuras gerações podem enfrentar?

      As futuras gerações podem encontrar uma sociedade ainda mais polarizada entre cidadãos acuados lançando mão de cada vez mais artifícios materiais (grades, cercas, carros blindados, coletes, alarmes) para se sentirem seguros e criminosos cada vez mais bem equipados para comprometer a ordem social.

05 – Ao utilizar a expressão “olhar olho-no-olho” o autor sugere quais valores que estão sendo deixados de lado?

      A confiança, como diz o título da crônica.

06 – O autor faz a seguinte indagação: “Quando foi que tudo desapareceu ou se tornou ridículo?” Como você interpreta essa pergunta?

      Resposta pessoal do aluno.

07 – “... Construir um mundo melhor, mais justo, mais humano, onde as pessoas respeitem as pessoas”. Diante desse trecho a que se refere o autor?

      Quero uma sociedade inclusiva, equalitária e livre de preconceitos, para que possam ser resolvidos os problemas consequentes da divergência de etnias, gêneros, etc. enraizados na cultura brasileira.

08 – No quarto parágrafo, o autor apresenta diversos “quereres” que se fossem realizados, mudariam o mundo. Faça você também a sua lista de desejos para mudar nossa realidade.

      Resposta pessoal do aluno.

09 – Na frase: “Tínhamos medo apenas medo do escuro...” a palavra sublinhada pode ser substituída, sem alteração de sentido, por:

a)   Pelo menos.

b)   Somente.

c)   Também.

d)   Ainda.

10 – O autor ao se referir à verdadeira vida, utiliza quatro frases com a mesma estrutura. “Simples como a chuva”, a palavra em destaque aparece em todas as frases e introduz uma:

a)   Explicação.

b)   Sugestão.

c)   Comparação.

d)   Igualdade.

 

DIÁRIO: VOLTAS E VOLTAS - FANNY ABRAMOVICH - COM GABARITO

 Diário: Voltas e voltas

            Fanny Abramovich

        1° de janeiro de 1968.

        Que noite! Que festa!!! De arromba!!!

        Um grande réveillon! A mais fantástica e linda passagem de ano-novo que já vivi. Se todo o ano de 1968 for assim, não pararei nem um minuto. De me mexer, de falar, de vibrar, de compartilhar. De viver gostosamente. Dum jeito mais solto. Vibrante. Tomara que tudo aconteça nesse ritmo e nesse entusiasmo. Se for mesmo assim, não pararei em nenhum segundo.

        Feliz ano-novo! Feliz 1968!!

              Fanny Abramovich. As voltas do meu coração. 19. Ed. São Paulo: Atual, 2003. P. 21. (Entre linhas).

Fonte: Se liga na língua. Língua Portuguesa. P. 225.

Entendendo o diário:

01 – Que experiência é contada nessa página de diário?

      A narradora conta como passou o réveillon de 1968.

02 – No texto alternam-se dois tipos de frase. Quais são eles?

      Frases declarativas e frases exclamativas.

03 – O que explica a alternância desses dois tipos?

      As frases declarativas contam o que aconteceu e a opinião da narradora sobre suas experiências; as exclamativas expressam suas sensações de maneira mais viva, emotiva.

04 – Observe o uso do ponto de exclamação. O que é sugerido pela repetição desse sinal no final de uma frase?

      Uma fala mais emocional e enfática.

05 – Releia o primeiro parágrafo do texto. Como se classificam as frases quanto à estrutura? Justifique.

      São frases nominais, porque não apresentam verbo.

06 – Transcreva as demais frases com essa mesma classificação.

      “Um grande réveillon”, “Dum jeito mais solto”, “Vibrante”, “Feliz ano-novo!” e “Feliz 1968!!”

07 – Como se classifica, quanto à estrutura, o fragmento “Se todo o ano de 1968 for assim, não pararei nem um minuto”? Justifique.

      Trata-se de um período composto, porque é formado por duas orações (organizadas em torno das formas verbais for e pararei).

08 – As frases do texto são curtas e fragmentadas. Algumas delas, muitas vezes, complementam frases anteriores. Por que essa linguagem não é inadequada no gênero diário?

      O gênero diário traz a expressão de vivencias e sentimentos, constituindo uma comunicação informal e íntima, por isso aceitam-se construções que pareçam seguir o ritmo do pensamento e se mostram mais espontâneas.

ANEDOTA: BAT-COMPETIÇÃO - LIVRO- SE LIGA NA LÍNGUA - COM GABARITO

 Anedota: Bat-competição

        O morcego-pai reuniu seus três filhotes e disse:

        -- Hoje faremos um teste para descobrir quem é o mais rápido para encontrar sangue.

        Depois disso, o pai pegou um cronômetro e disse ao mais velho:

        -- Sua vez.

        O filho do morcego balançou suas asas: "flap, flap, flap", e saiu voando. Quarenta minutos depois, voltou com a cara toda suja de sangue e explicou:

        -- Pai, tá vendo aquela morena com a pele branca lá em baixo?

        O pai disse:

        -- Estou.

        -- Pois é, pai. Chupei todo o sangue dela.

        Aí o pai disse ao filho do meio:

        -- Sua vez.

        O filho do meio balançou suas asas: "flap, flap, flap", e após vinte minutos, voltou com a cara toda suja de sangue. Ele explicou:

        -- Pai, tá vendo aquela vaca toda murcha e morta lá em baixo?

        -- Estou.

        -- Pois é, pai. Chupei todo o sangue dela!

        Restando somente o caçula, o pai disse:

        -- Sua vez.

        O caçula balançou suas asas: "flap, flap, flap", e após cinco minutos, voltou com a cara toda suja de sangue e explicou:

        -- Pai, tá vendo aquele muro lá em baixo?

        O pai disse:

        -- Estou.

        -- Pois é, pai. Eu não vi!

Disponível em: http://maquinadepiadas.blogspot.pt/2011/10/. Acesso em: 15 jun. 2018.

Fonte: livro Se liga na língua. Língua Portuguesa. P. 242/243.

Entendendo a anedota:

01 – Para representar a fala dos personagens, a anedota usa o discurso direto.

a)   Que sinal de pontuação é empregada para introduzir as falas?

O travessão.

b)   Quais verbos de elocução foram utilizados?

Disse, explicou.

c)   Cite duas formas verbais que poderiam substituir o verbo de elocução do primeiro parágrafo.

Sugestões: falou, afirmou, avisou, informou.

d)   A palavra explicou (quinto parágrafo) poderia ser trocada por perguntou. Nesse caso, que diferença haveria?

Explicou abrange as duas falas do personagem, enquanto perguntou se refere apenas à primeira fala que o segue.

02 – Releia os dois primeiros parágrafos.

a)   Reescreva-os usando o discurso indireto.

O morcego-pai reuniu seus três filhotes e disse:

-- Que naquele dia fariam um teste para descobrir quem era o mais rápido para encontrar sangue.

b)   A troca do tipo de discurso altera o sentido do trecho?

Não.

c)   Que palavras você precisou mudar para adaptar o texto?

Hoje, faremos, é.

03 – Leia uma reelaboração do trecho final da anedota usando o discurso indireto.

        O caçula balançou suas asas: "flap, flap, flap", e, após cinco minutos, voltou com a cara toda suja de sangue. Perguntou então ao: pai se ele estava vendo o muro embaixo deles. O pai disse que estava, e o caçula explicou que ele, ao contrário, não o tinha visto.

a)   Em sua opinião, qual é a melhor formulação: em discurso direto, em discurso indireto ou você não vê diferença? Por quê?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O discurso direto tem uma forma mais engraçada de contar, porque mostra melhor a inexperiência do morcego caçula.

b)   As anedotas e piadas são geralmente apresentadas oralmente. Qual é a contribuição do discurso direto para o humor na situação oral?

O discurso direto cria a possibilidade de o falante imitar o jeito de falar do personagem, o que pode aumentar a graça do texto.

04 – As experiências dos três morcegos são narradas praticamente com a mesma fórmula.

a)   A repetição iguala ou diferencia as experiências dos morcegos?

Iguala.

b)   Por que a repetição ajuda a criar o humor no final da anedota?

A repetição sugere que as experiências foram iguais, mas a do morcego caçula foi muito diferente e inesperada, o que criou o humor.

 

 

 

FÁBULA: DAS FALSAS POSIÇÕES - MÁRIO QUINTANA -(In: José Paulo Paes) - COM GABARITO

 Fábula: Das falsas posições

            Mário Quintana


Com a pele do leão vestiu-se o burro um dia.

Porém no seu encalço, a cada instante e hora,

“Olha o burro! Fiau! Fiau!” gritava a bicharada...

Tinha o parvo esquecido as orelhas de fora!

                             In: José Paulo Paes et al. Poesias. 17, ed. São Paulo: Ática, 2002. P. 19. (Para gostar de ler 6). By Elena Quintana.

Entendendo a fábula:

01 – Qual desejo é revelado pela atitude do burro?

      O desejo de se passar por um leão, isto é, de parecer um animal forte e imponente diante dos outros animais.

02 – O que impede o personagem de realizar seu desejo?

      O fato de esquecer as orelhas de fora da pele de leão, impedindo que ele seja confundido com o leão.

03 – Escreva o sujeito e o predicado dos períodos contidos nos versos 1 e 4.

      Verso 1 – Sujeito: o burro; Predicado: com a pele do leão vestiu-se um dia.

      Verso 4 – Sujeito: O parvo: Predicado: Tinha esquecido as orelhas de fora!

04 – Agora, reescreva os mesmos versos usando a ordem direta.

      O burro vestiu-se com a pele do leão um dia. O parvo tinha esquecido as orelhas de fora!

05 – Releia a fábula em voz alta, prestando atenção ao som dos versos. Com que finalidade a ordem indireta foi usada no terceiro verso?

      A ordem indireta permitiu a rima de bicharia com dia, do primeiro verso.

 

 

REPORTAGEM: PROTEÇÃO AOS FILHOS E DOR NO DIVÓRCIO - REVISTA CARAS - COM GABARITO

 REPORTAGEM: PROTEÇÃO AOS FILHOS E DOR NO DIVÓRCIO

            Revista Caras

        Filha de pais separados, Diana conheceu na pele a insegurança de um lar dividido e talvez por isso tenha se preocupado tanto em garantir aos filhos, William (15) e Harry (12), confiança e estabilidade, principalmente quando o mundo estava desmoronando em seu redor.

        Doce e carinhosa, a princesa virava uma leoa quando a questão envolvia os filhos. Ela escolheu como bem quis – sem a interferência da rainha da Elisabeth – quem cuidava deles. Quando ainda eram pequenos, irritava-se com a agenda cheia de compromissos que a impediam de estar com os meninos tanto quanto gostava. A Princesa chegou a declarar publicamente: "Tudo que eu queria era estar no lugar de babá". Também bateu o pé para que os filhos frequentassem uma escola normal – em vez de terem tutores só para educá-los, como pretendia o Príncipe Charles. Diana queria que os filhos William e Harry tivessem oportunidade de conhecer o mundo fora dos muros do palácio. Depois da separação, era frequentemente vista jogando tênis com os filhos no Harbour Club, em Londres, ou passando as férias em Marbella, na Espanha. Quando assinou o divórcio, Diana fez questão da cláusula que lhe garantia acesso irrestrito aos filhos e que determinava sua participação em todas as decisões relativas a eles. "Sempre o amei e sempre te amarei porque você é o pai dos meus filhos", declarou ela ao Príncipe Charles durante reunião promovida pelos advogados de ambos, no Palácio de Saint James, para discutir o divórcio. Os outros termos do acordo estipulava que a princesa continuaria morando no Palácio de Kensington e que receberia uma pensão de 24 milhões de dólares, o que lhe renderia 800 mil dólares por ano.

        O divórcio de Charles e Diana só se concretizou três anos depois que os dois já estavam separados. Foi uma época de muita pressão para a princesa, especialmente depois que ela concedeu sua famosa entrevista à Rede BBC, em novembro de 1995, declarando que havia sido infiel ao marido. Teve um final melancólico o último conto de fadas do século. A separação foi anunciada e a verdadeira natureza da união real começou a vir à tona; transformando Charles e Diana em um casal comum, com os problemas conjugais inerentes à grande maioria dos mortais.

 Fonte: Revista Caras, ano IV, No. 36, 5/set/1997.

                          Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 8ª Série – Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p. 53-4.

Entendendo o texto:

01 – Diana foi filha de pais separados. Isso deu a ela forças e experiência para saber da dor e das consequências de uma separação? Opine.

      Sim, pois já havia sentido a separação de seus pais, por isso esperou que seus filhos estivessem maiores.

02 – Confiança e estabilidade. Duas coisas que tinha como meta em relação aos filhos no processo da separação. Comente.

      Ela exigiu através de cláusulas no processo do divórcio que lhe garantisse acesso irrestrito aos filhos e também sua participação em todas as decisões relativa a eles.

03 – Comente a expressão de Diana: “Tudo que eu queria era estar no lugar da babá”.

      Tudo que ela queria era estar junto aos seus filhos, alimentando-os, brincando com eles, fazendo-os dormir, acompanhar seu desenvolvimento. Coisas básicas que uma mãe comum faz.

04 – O que ela desejava acima de tudo para os filhos?

      Diana queria que William e Harry tivessem oportunidade de conhecer o mundo fora dos muros do palácio.

05 – Comente a frase dita a Charles por Diana diante da separação: "Sempre o amei e sempre te amarei porque você é o pai dos meus filhos". Isso é o suficiente para um casal continuar junto? Argumente.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Não é o suficiente, é preciso ser respaldado pelo respeito, diálogo, compreensão, tolerância e paciência.

 

CONTO: CONTO DE MISTÉRIO - STANISLAW PONTE PRETA - COM GABARITO

 Conto: Conto de mistério

           Stanislaw Ponte Preta

        Com a gola do paletó levantada e a aba do chapéu abaixada, caminhando pelos cantos escuros, era quase impossível qualquer pessoa que cruzasse com ele ver seu rosto. No local combinado, parou e fez o sinal que tinham já estipulado à maneira de senha. Parou debaixo do poste, acendeu o cigarro e soltou a fumaça em três baforadas compassadas. Imediatamente um sujeito mal-encarado, que se encontrava no café em frente, ajeitou a gravata e cuspiu de banda.

        Era aquele. Atravessou cautelosamente a rua, entrou no café e pediu um guaraná. O outro sorriu e se aproximou: “Siga-me!” – foi a ordem dada com voz cavernosa. Deu apenas um gole no guaraná e saiu. O outro entrou num beco úmido e mal iluminado e ele – a uma distância de uns dez a doze passos – entrou também.

        Ali parecia não haver ninguém. O silêncio era sepulcral. Mas o homem que ia na frente olhou em volta, certificou-se de que não havia ninguém de tocaia e bateu numa janela. Logo uma dobradiça gemeu e a porta abriu-se discretamente.

        Entraram os dois e deram numa sala pequena e enfumaçada onde, no centro, via-se uma mesa cheia de pequenos pacotes. Por trás dela um sujeito de barba crescida, roupas humildes e ar de pobre trabalhador parecia ter medo do que ia fazer. Não hesitou – porém – quando o homem que entrara na frente apontou para o que entrara em seguida e disse: “É este”.

        O que estava por trás da mesa pegou um dos pacotes e entregou ao que falara. Este passou o pacote para o outro e perguntou se trouxera o dinheiro. [...]

        Saiu então sozinho, caminhando rente as paredes do beco. Quando alcançou uma rua mais clara, assoviou para um taxi que passava e mandou tocar a toda pressa para determinado endereço. O motorista obedeceu e, meia hora depois, entrava em casa a berrar para a mulher:

        -- Julieta! Ó Julieta... consegui.

        A mulher veio lá de dentro enxugando as mãos em um avental, a sorrir de felicidade. O marido colocou o pacote sobre a mesa, num ar triunfal. Ela abriu o pacote e verificou que o marido conseguira mesmo, depois de tanto esforço e economia, comprar aquilo que eles não viam há tanto tempo naquele barraco. Ali estava: um quilo de feijão.

                                 Stanislaw Ponte Preta. “Conto de mistério”. In: Dois amigos e um chato. 25. ed. São Paulo, Moderna, 1986. p. 65-6.

                                               Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p.22-3.

Entendendo o conto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        À guisa de: À maneira de, ao modo de.

·        Compassado: Pausado, cadenciado.

·        Cava: Rouca, cavernosa.

·        Tocaia: Espreita ao inimigo, emboscada.

·        Hesitar: Ficar indeciso, vacilar.

·        Triunfal: Vitorioso, superior.

02 – Qual o código usado pela personagem para identificar-se como a pessoa esperada?

      A fumaça em três baforadas compassadas.

03 – Em que momento a linguagem é usada para apelar ao homem de paletó que fizesse ou deixasse de fazer alguma coisa?

      Quando o outro homem diz “Siga-me!”.

04 – Que fala da segunda personagem tem por objetivo fazer referência ao homem de paletó para transmitir uma informação ao sujeito de barba?

      “É este”.

05 – Como o homem de paletó expressa os seus sentimentos de triunfo para a mulher?

      Entra em casa a berrar: -- Julieta! Ó Julieta... consegui.

06 – Que providências tomou o homem para que ninguém o reconhece-se?

Ele levantou a gola do paletó e a aba do chapéu abaixada, caminhando pelos cantos escuros, era quase impossível qualquer pessoa que cruzasse com ele ver seu rosto.

07– Ao sair do café, o homem não caminhou ao lado do outro que encontrara. Por quê?

Não poderia vê-los juntos, então um entrou num beco e a uma distância de uns dez a doze passos – entrou o outro.

08 – Como era o beco onde os dois entraram? Quem os homens encontraram na sala pequena e enfumaçada?

O  beco era úmido e mal iluminado. Por trás da mesa  um sujeito de barba crescida, roupas humildes e ar de pobre trabalhador parecia ter medo do que ia fazer.

09 – Que tipo de negócio parecia estar sendo feito ali? Por quê?

Parecia vender algo ilícito, devido a tanto mistério.

10 – Que trecho do último parágrafo mostra que a compra do feijão não é vista como um ato rotineiro, comum, mas sim como um desafio para o personagem?

O marido colocou o pacote sobre a mesa, num ar triunfal. Ela abriu o pacote e verificou que o marido conseguira mesmo, depois de tanto esforço e economia, comprar aquilo que eles não viam há tanto tempo naquele barraco.

TEXTO: A MISTIFICAÇÃO DO HERÓI - PAULO COSIUC - COM GABARITO

 Texto: A mistificação do herói

           Paulo Cosiuc

        A necessidade de justificar decisões políticas, sem sempre favoráveis aos interesses da comunidade, tomadas por aqueles que se consideram os donos da verdade e, de outro lado, a competição e o ardente desejo de vencer na vida (não importa como) e manter-se no poder, levam à mistificação da figura do “herói”.

        Debruçando-nos sobre a realidade do mundo de hoje, principalmente dos países subdesenvolvidos, constatamos que o povo é colocado na condição de mero espectador dos acontecimentos por aqueles que detêm o poder. Sua participação nas decisões do Estado é apenas simbólica. É chamado apenas para referendar e nunca para opinar e decidir. Consequentemente a realidade sócio econômica e política é interpretada do ponto de vista de um pequeno número de “grandes homens” que se consideram os únicos capazes de tomar as decisões certas e optar sobre o que é bom para todos. O povo é excluído do processo e reduzido à simples condição de objeto.

        O capitalismo criou a necessidade de uma satisfação imediata gerando e incentivando o consumismo. Como consequência a produção precisa aumentar constantemente, o que leva à modernização que, justificada sob o pretexto de racionalização das atividades, leva a uma divisão de tarefas (especialização). Todavia esta “racionalização” acaba separando aqueles que dirigem e controlam o processo (os “grandes homens”) daqueles que apenas executam tarefa, sendo, portanto, dirigidos. Estes, como meros cumpridores de tarefa, perdem a sua dignidade de sujeito da história e se tornam simples objeto. Esta dicotomia entre “capazes” e “incapazes”, entre “grandes homens” e “homens comuns” é conveniente e fundamental para aqueles que detêm o poder, pois perpetua a exploração e a dominação.

        Num momento histórico onde tão poucos podem decidir tudo e tantos não podem decidir nada, não é de se surpreender a valorização que se procura dar à “história” feita pelos “grandes homens”. Nesse quadro histórico a dicotomia entre exploradores e explorados, entre os que detêm o poder e dominam e os que são dominados, se descortina claramente diante de nossos olhos, mas para os que detêm o poder ela é fruto da maior capacidade dos que dirigem. Ai do povo se não houvesse os “grandes homens” para decidir por ele.

        Não se pode negar que a sociedade necessita de liderança. Todavia o líder não é necessariamente um “herói” capaz de atos mirabolantes e fantásticos. Não é um ser superior agraciado pelos deuses, mas é aquele que coordena a ação do grupo. A sua liderança nasce espontaneamente, emergindo das necessidades do grupo. Não é um “herói”, mas um comandante que dirige e coordena e não precisa de atos espetaculares par liderar.

        Conclusão:

        O grande desafio e a grande luta que a história nos coloca é a busca da humanização do homem e a criação de uma sociedade mais justa, onde não haja opressores e oprimidos, onde todos possam decidir juntos e usufruir igualmente dos bens materiais.

        Para que este desafio possa ser enfrentado é fundamental a formação da consciência histórica, isto é, ter-se uma visão clara da realidade vivida e perceber-se as tendências das transformações sociais. Cada um deve compreender que os seus atos são importantes para o presente e para o futuro e se empenhar na luta pela sua libertação e libertação de todos os homens. Essa conscientização não se adquire passivamente, mas através de uma ação sobre o mundo, buscando fazer aquilo que se pode fazer. Descobrir que não são os “heróis” que fazem a história, mas que a história se constrói no dia-a-dia através da ação de todos os homens.

Paulo Cosiuc, professor de História, Escola Comunitária, Campinas.

                        Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 8ª Série – Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p. 125/6.

Entendendo o texto:

01 – O quadro histórico apresenta a dicotomia entre “grandes homens” e “homens comuns”. E ainda dizem: “Ai do povo se não houvesse os ‘grandes homens’ para decidir por ele”. Você concorda que o povo deve favores aos “grandes homens”? Justifique.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Não. Isto é apenas uma maneira de enganar o povo, de mistificar a sua própria figura para deter o poder. O povo não deve nada aos “grandes homens”. Pelo contrário, o povo trabalha para os “grandes homens”.

02 – Que fazem os “grandes homens”?

      Continuam perpetuando a exploração e a dominação.

03 – Alguns “homens comuns” estão inconformados com essa “escravatura”. E protestam. Comente sobre esses homens que assumiram a bandeira da liberdade.

      São os verdadeiros “líderes” que coordenam a ação do grupo.

04 – Como nasce a verdadeira liderança?

     Nasce espontaneamente: emerge das necessidades do grupo. Ela não precisa de atos espetaculares para liderar.

05 – Por que os “falsos heróis” precisam de atos mirabolantes para convencer o povo de sua “capacidade”?

      Porque, na realidade, não têm o carisma para dirigir um povo. Por isso criam falsos atos, que impressionam, mas não ajudam.

06 – O que é ter uma consciência histórica?

      É ter uma visão clara da realidade vivida e perceber as tendências das transformações sociais.

07 – Como adquirimos essa consciência histórica?

      Através de uma ação sobre o mundo, buscando fazer aquilo que se pode fazer.

08 – Não seria o caso de assumirmos um novo compromisso com a vida? Justifique.

      Sim. Repensarmos sobre o conceito de liberdade, independência. Analisarmos as causas que dificultam o desenvolvimento.