sábado, 22 de agosto de 2020

CRÔNICA: A PALAVRA - RUBEM BRAGA - COM QUESTÕES GABARITADAS

 Crônica: A palavra

               Rubem Braga

    Tanto que tenho falado, tanto que tenho escrito como não imaginar que, sem querer, feri alguém? Às vezes sinto, numa pessoa que acabo de conhecer, uma hostilidade surda, ou uma reticência de mágoas. Imprudente ofício é este, de viver em voz alta.

       Às vezes, também a gente tem o consolo de saber que alguma coisa que se disse por acaso ajudou alguém a se reconciliar consigo mesmo ou com a sua vida de cada dia; a sonhar um pouco, a sentir uma vontade de fazer alguma coisa boa.

        Agora sei que outro dia eu disse uma palavra que fez bem a alguém. Nunca saberei que palavra foi; deve ter sido alguma frase espontânea e distraída que eu disse com naturalidade porque senti no momento – e depois esqueci.

       Tenho uma amiga que certa vez ganhou um canário, e o canário não cantava. Deram-lhe receitas para fazer o canário cantar; que falasse com ele, cantarolasse, batesse alguma coisa ao piano; que pusesse a gaiola perto quando trabalhasse em sua máquina de costura; que arranjasse para lhe fazer companhia, algum tempo, outro canário cantador; até mesmo que ligasse o rádio um pouco alto durante uma transmissão de jogo de futebol... mas o canário não cantava.

        Um dia a minha amiga estava sozinha em casa, distraída, e assobiou uma pequena frase melódica de Beethoven – o canário começou a cantar alegremente. Haveria alguma secreta ligação entre a alma do velho artista morto e o pequeno pássaro de ouro?

           Alguma coisa que eu disse distraído – talvez palavras de algum poeta antigo – foi despertar melodias esquecidas dentro da alma de alguém. Foi como se a gente soubesse que de repente, num reino muito distante, uma princesa muito triste tivesse sorrido. E isso fizesse bem ao coração do povo; iluminasse um pouco as suas pobres choupanas e as suas remotas esperanças.

Rubem Braga

PS: Esta crônica foi publicada em 13/11/1959

Entendendo a crônica:

01 – Assinale a alternativa correta que indica inferência em relação a crônica de Rubem Braga.

a)   Somente pessoas tristes é que despertam com melodias esquecidas dentro da alma de alguém.

b)   As palavras têm, às vezes, o poder de nos irritar em qualquer etapa da vida.

c)   As nossas remotas esperanças precisam de um sorriso de princesa que vive num reino muito distante.

d)   À semelhança da narrativa do autor, determinada palavra pode nos remeter ao passado e trazer momentos de alegria na vida.

e)   Pessoas que não sabem viver em voz alta são hostis e cheias de mágoas, por isso uma frase espontânea não lhe faz bem algum.

02 – O cronista qualifica seu ofício de “imprudente”. O ofício de cronista é imprudente porque:

a)   É obrigado a viver em voz alta.

b)   Tem de escrever muito.

c)   Pode ferir alguém.

d)   Pode ajudar alguém.

03 – Observe o seguinte fato ocorrido no texto: “Minha amiga assobiou uma pequena frase melódica de Beethoven”. A consequência desse fato foi que:

a)   O autor ficou distraído.

b)   O cronista ajudou alguém a se reconciliar consigo mesmo.

c)   O canário começou a cantar alegremente.

d)   Uma princesa que estava triste, sorriu.

04 – Melodias é uma metáfora usada no texto para representar:

a)   Uma canção esquecida.

b)   Coisas boas, sonhos.

c)   Palavras espontâneas, amigas.

d)   Palavras de algum poeta antigo.

05 – A frase que expressa a ideia principal da crônica é:

a)   Sem querer, a palavra fere.

b)   Por acaso, a palavra ajuda.

c)   Pela palavra, vivemos em voz alta.

d)   Sempre a palavra é perigosa.

06 – Segundo o texto, sentir numa pessoa uma reticência de mágoas significa que a pessoa:

a)   Confessa timidamente que foi magoada.

b)   Demonstra mágoa sem dizer nada.

c)   Interrompe o que estava dizendo, magoada.

d)   Manifesta indiferença.

07 – Para o autor Rubem Braga, escrever crônicas é:

a)   Ser conhecido por todo mundo.

b)   Não conseguir esconder nada de ninguém.

c)   Contar aos outros suas experiências pessoais.

d)   Escrever tudo o que pensa e sente.

08 – Nos dois primeiros parágrafos, o cronista fala dos efeitos da palavra que tanto pode ferir, como ajudar.

a)   Gerar mágoas ou levar alguém a se reconciliar consigo mesmo.

b)   Levar alguém a sentir vontade de fazer algo bom.

c)   Gerar hostilidade em alguém.

d)   Gerar tristeza e revolta em alguém.

09 – “Agora sei que outro dia eu disse uma palavra que fez bem a alguém”. As palavras sublinhadas no período acima exercem, respectivamente, a função sintática de:

a)   Sujeito – Objeto indireto.

b)   Sujeito – Objeto direto.

c)   Sujeito – complemento nominal.

d)   Adjunto adnominal – sujeito.

10 – “Minha amiga assobiou uma pequena frase melódica de Beethoven”. O sujeito da oração acima é:

a)   Minha amiga.

b)   Beethoven.

c)   Uma pequena frase.

d)   Frase melódica.

11 – Imprudente ofício é este, de viver em voz alta. O ofício a que Rubem Braga se refere é o seu próprio, o de escritor. Para caracterizá-lo, além do adjetivo “imprudente”, ele recorre a uma metáfora: “Viver em voz alta”. O sentido dessa metáfora relativa ao ofício de escrever, pode ser entendido como:

a)   Superar conceitos antigos.

b)   Prestar atenção aos leitores.

c)   Criticar prováveis interlocutores.

d)   Tornar públicos seus pensamentos.

12 – Alguma coisa que eu disse distraído – talvez palavras de algum poeta antigo – foi despertar melodias esquecidas dentro da alma de alguém. O cronista revela que sua fala ou escrita pode conter algo escrito por “algum poeta antigo”. Ao fazer essa revelação, o cronista se refere ao seguinte recurso:

a)   Polissemia.

b)   Pressuposição.

c)   Exemplificação.

d)   Intertextualidade.

13 – O episódio do canário traz uma contribuição importante para o sentido do texto, ao estabelecer uma analogia entre a palavra do escritor e a música assobiada pela amiga. A inserção desse episódio no texto reforça a seguinte ideia:

a)   A intolerância leva o artista ao isolamento.

b)   A arte atinge as pessoas de modo inesperado.

c)   A solidão é remediada com soluções artísticas.

d)   A profissão envolve o artista com conflitos desnecessários.

14 – O final do texto revela uma reflexão do escritor acerca do poder da sua escrita, a partir da menção a uma princesa e a um povo. Essa menção sugere, principalmente, que o escritor deseja que suas palavras tenham o poder de:

a)   Desfazer as ilusões antigas.

b)   Permear as classe sociais.

c)   Ajudar as pessoas discriminadas.

d)   Abolir as hierarquias tradicionais.

 

A LÍNGUA NA LITERATURA BRASILEIRA - MACHADO DE ASSIS - COM GABARITO

 Texto: A língua na literatura brasileira

           Machado de Assis

    Entre os muitos méritos dos nossos livros nem sempre figura o da pureza da língua. Não é raro ver intercalados, em bom estilo, os solecismos da linguagem comum, defeito grave, a que se junta o da excessiva frequência da língua francesa. Este ponto é objeto da divergência entre os nossos escritores.

        Divergência digo, porque, se alguns caem naqueles defeitos por ignorância ou preguiça, outros há que os adaptam por princípio, ou antes por uma exageração de princípio.

        Não há dúvida que as línguas se aumentam e alteram com o tempo e as necessidades dos usos e costumes. Querer que a nossa pare no século de Quinhentos é um erro igual ao de afirmar que a sua transplantação para a América não lhe inseriu riquezas novas. A este respeito a influência do povo é decisiva. Há portanto certos modos de dizer, locuções novas, que de força entram no domínio do estilo e ganham o direito de cidade.

        Mas se isto é um fato incontestável, e se é verdadeiro o princípio que dele se deduz, não me parece aceitável a opinião que admite todas as alterações da linguagem, ainda aquelas que destroem as leis da sintaxe e a essencial pureza do idioma. A influência popular tem um limite; e o escritor não está obrigado a receber e dar curso a tudo o que o abuso, o capricho e a moda inventam e fazem correr. Pelo contrário, ele exerce também uma grande parte de influência a este respeito, depurando a linguagem do povo e aperfeiçoando-lhe a razão.

        Feitas as exceções devidas, não se leem muito os clássicos no Brasil.

        Entre as exceções poderia eu citar até alguns escritores cuja opinião é diversa da minha neste ponto, mas que sabem perfeitamente os Clássicos. Em geral, porém, não se leem, o que é um mal. Escrever como Azurara ou Fernão Mendes seria hoje um anacronismo insuportável. Cada tempo tem o seu estilo. Mas estudar-lhes as formas mais apuradas da linguagem, desentranhar deles mil riquezas que, à força de velhas, se fazem novas – não me parece que se deva desprezar. Nem tudo tinham os antigos, nem tudo temos os modernos; com os haveres de uns e outros é que se enriquece o pecúlio comum.

        Outra coisa de que eu quisera persuadir a mocidade é que a precipitação não lhe afiança muita vida aos seus escritos. Há um prurido de escrever muito e depressa; tira-se disso glória, e não posso negar que é caminho de aplausos. Há intenção de igualar as criações do espírito com as da matéria, como se elas não fossem neste caso inconciliáveis. Faça muito embora um homem a volta do mundo em oitenta dias; para uma obra-prima do espírito são precisos alguns mais.

Machado de Assis.

Entendendo o texto:

01 – Julgue os itens abaixo, em relação à compreensão e à interpretação do texto com V (verdadeiro) F (falso).

(V) Machado de Assis, em seu texto, propõe a mediação, por intermédio dos escritores, entre a tradição e a modernidade.

(V) Conquanto reconheça a necessidade de atualização da língua, o autor se opõe à tácita aceitação de modismos, principalmente por parte dos escritores.

(F) Machado, apesar de defender a preservação da essência linguística do Português, não imputa aos literatos tal responsabilidade.

(F) Ele é de opinião que se pode muito bem prescindir do conhecimento dos clássicos para se saber corretamente a língua culta.

(F) É notória a sua preferência pelo aristocrático e o tradicional e o seu desprezo pelo popular e o moderno.

02 – Julgue os itens que seguem, em relação à teoria e aos estilos de época na Literatura Brasileira.

(V) De roupagem metalinguística, o texto lido pode ser classificado como crônica.

(V) Nele, Machado de Assis faz um ensaio crítico em que, após apresentação de uma tese, expõe os elementos que a compõem.

(V) Evitando o estilo fácil e superficial, o autor leva constantemente o leitor à reflexão, com sua dialética irresistível.

(F) Toda a fundamentação linguística de Machado é profundamente influenciada pelas premissas saussurianas, que então vigoravam no Brasil do século XIX.

03 – Segundo o autor, o que causa divergências entre os escritores?

      Os solecismos da linguagem comum, defeito grave a que se junta o da excessiva influência da língua francesa.

04 – Por que a influência do povo é decisiva em sua língua?

      Porque há certos modos de dizer, locuções novas, entram no domínio do estilo e ganham direito de cidade.

05 – Que influência o escritor exerce sobre a linguagem?

      Ele vai depurando a linguagem do povo e aperfeiçoando-lhe a razão.

06 – Que vem a ser anacronismo?

      Aquilo que está fora do tempo normal, antiquado.

07 – De acordo com Machado de Assis, o que se enriquece o pecúlio comum?

      Nem tudo tinha os antigos, nem tudo temos os modernos com os haveres de uns e outros é que se enriquece o pecúlio comum.

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

TEXTO: MATAM OU ENGORDAM - CIÊNCIA HOJE DAS CRIANÇAS - COM GABARITO

TEXTO: MATAM OU ENGORDAM?


        Tem uma coisa que os adultos dizem que eu tenho certeza de que aborrece as crianças:
        “Vá lavar as mãos antes de comer! Ela está cheia de micróbios. Não coma esse troço que caiu no chão! Lave logo o machucado, senão os micróbios tomam conta!” Daí a criança vai logo pensando: “Coisa chata essa de micróbio!” E eles vão ficando com essa fama de monstrinhos, sempre prontos a atacar em caso de desleixo.
        Mas sem micróbios e bactérias também não dá para viver, porque há um montão deles que são essenciais para manter vida em nosso planeta. Quando a gente vai lavar as mãos antes de comer fica até meio desapontado, pois não vê micróbio nenhum. E acha aquilo um exagero. É que os micróbios são microscópicos.
        Os micróbios – não há como negar – são responsáveis por uma série de aborrecimentos: gripe, sarampo, tifo, malária, febre amarela, paralisia infantil e um bocado de coisas mais. Mas também há inúmeros micróbios benéficos, que decompõem o corpo morto das plantas e animais, transformando suas moléculas complexas em moléculas pequenas, aproveitáveis na nutrição das plantas.
        O vilão de nossa história, portanto, não é totalmente malvado. Se ele desaparecesse, nós também acabaríamos junto com ele.

                                          Adaptado: Ciência hoje das crianças. Rio de Janeiro:
                                                                               SBPC, ano 6. n. 30, p. 20-23.
01 - O assunto do texto é:
a)    A chatice dos micróbios.
b)    A falta dos micróbios.
c)    O papel dos micróbios.
d)    O desaparecimento dos micróbios.

D. 1 Identificar um tema ou sentido global de um texto.

02– Leia o trecho abaixo retirado do texto:
No trecho: “... mas também há inúmeros micróbios benéficos, que decompões o corpo morto das plantas e animais...”, a palavra grifada significa:
a)    Que fazem mal.
b)    Que causam aborrecimentos.
c)    Que fazem bem.
d)    Que provocam doenças.

D. 5 Inferir o sentido de palavra ou expressão.

03 – Na frase: “E eles vão ficando com essa fama de monstrinhos, sempre prontos a atacar em caso de desleixo.” O termo destacado refere-se:
a)    Adultos.
b)    Crianças.
c)    Micróbios.
d)    Adultos e crianças.

D. 15 Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para sua continuidade.


MÚSICA(ATIVIDADES): COLORIDOS - KELL SMITH - COM GABARITO

 Música(Atividades): Coloridos

              Kell Smith

Um mesmo grito numa outra boca minha

Uma só voz em mil vozes querendo paz

Nos dividiram em números e outras rixas

Dados fadados ao tanto faz

 

Tentaram nos tirar a essência da essência daquilo que é essencial

Que o que nos difere é exatamente aquilo torna igual

E mesmo que soe clichê falar de amor é fundamental

E cada cultura tua cor tornando real

 

Coloridos! Feitos de luz!

A diferença é o que nos traduz

Coloridos! Feitos de luz!

Coloridos! feitos de luz!

A diferença é o que nos traduz

Coloridos! feitos de luz!

 

Todas as tribos, ritmos e um mesmo objetivo nos tornando íntimos

Porque a falta de cor nos tirou os estímulos

E o que nos representa paz é um arco íris nítido

Até tentei dizer de forma branda

Mas falta consciência negra, falta consciência humana

Não somos gente, somos gentes

Não aceitamos nossa história morrendo como indigentes

Qual é nosso papel? Colorir

Seja você o lápis da revolução aqui

Socorro Salvador Dalí, salvador daqui

Queremos aquarela pra sentir

 

Coloridos! Feitos de luz!

A diferença é o que nos traduz

Coloridos! Feitos de luz!

Coloridos! feitos de luz!

A diferença é o que nos traduz

Coloridos! feitos de luz!

 

Coloridos

Coloridos

Coloridos

Coloridos

                                                   Composição: Kell Smith. Fonte: Acessaber.com.br

Entendendo a canção:

01 – Analise os seguintes versos: “O mesmo grito numa outra boca minha, uma só voz em mil vozes querendo paz...”. Qual é a mensagem implícita nesses versos?

      Que apesar de sermos diferentes, todos nós almejamos o mesmo, a paz.

02 – Na sua opinião somos um povo colorido? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Somos coloridos, porque somos um povo miscigenado formado a partir da mistura de diversos grupos humanos como os portugueses, os índios e os africanos.

03 – No verso: “Nos dividiram em números e outras rixas”. Explique o que o eu lírico quis dizer com essa afirmação? Como somos divididos em números?

      O eu lírico afirma que nossa sociedade é dividida em cor, nível social, nível de escolaridade, etc. Em números podemos considerar a posição que uma pessoa ocupa numa escala de privilégios. Exemplo: uma mulher que desempenha a mesma função de um homem em um trabalho, mas seu salário é bem menor.

04 – Quem foi Salvador Dalí? Por que, provavelmente, ele foi mencionado na canção? Pesquise.

      Salvador Dalí foi um pintor catalão, muito importante conhecido por seu trabalho surrealista. Seus quadros chamavam a atenção por apresentar combinações bizarras como nos sonhos. Ele era muito conhecido por fazer coisas extravagantes para chamar a atenção, o que incomodava os críticos da época. Talvez ele foi mencionado na canção para que a sociedade tenha a mesma coragem que ele teve e passe a lutar pelos seus direitos sem se preocupar com o que a minoria vai dizer.

05 – Analise o verso a seguir: “Tentaram nos tirar a essência da essência daquilo que é essencial...”. Para você o que é essencial para que uma sociedade seja justa?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Que todos tenham os mesmos direitos na saúde, na educação, etc. Que não haja desigualdades sociais, preconceitos, injustiças, intolerâncias e, que todos os direitos sejam respeitados.

06 – Analise o seguinte questionamento: “Qual é nosso papel? Colorir. Seja você o lápis da revolução aqui...!” Explique com suas palavras, qual é o seu papel na sociedade atual? Você acredita que pode mudar algo de ruim na sociedade sendo o lápis da revolução? Comente como.

      Resposta pessoal do aluno.

07 – Você acha que somos todos iguais, mesmo sendo diferentes? Comente.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Hoje somos tolerantes e, muitos aceitam as diferentes formas de viver, de sentir, de pensar e de amar. Os jovens hoje pensam e vivem em harmonia com essas diferenças. Por isso podemos dizer que somos todos iguais, mesmo sendo diferentes, porque podemos compartilhar, acolher, trocar, respeitar e principalmente amar uns aos outros sem discriminar esse ou aquele por causa do seu nível social ou por causa da cor de sua pele.

POEMA: SONHO DE HERÓI - MURILO ARAÚJO - COM GABARITO

 Poema: Sonho de Herói

            Murilo Araújo


Com um galho de bambu verde

E dois ramos de palmeira

Eu hei de fazer um dia meu cavalo – com asas!

 

Subirei nele, com o vento, lá bem alto,

De carreira,

Por sobre o arvoredo e as casas.

 

Voarei, roçando o mato,

As copas em flor das árvores,

Como se cruzasse o mar...

E até sobre o mar de fato

Passarei nas nuvens pálidas

Muito acima das montanhas, das cidades, das cachoeiras,

Mais alto que a chuva, no ar!

 

E irei até as estrelas,

Ilhas dos rios de além

Ilhas de pedras divinas,

De ribeiras diamantinas

Com palmas, conchas, coquinhos nas suas praias também...

 

Praias de pérolas e de ouro,

Onde nunca foi ninguém...

Murilo Araújo.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o adjetivo que o poeta empregou, as nuvens do texto:

a)   Estão atemorizadas.

b)   Estão ameaçadoras.

c)   Derramam chuvas.

d)   São claras e fluidas.

02 – Os “rios de além” para o poeta significam:

a)   O céu.

b)   As estrelas.

c)   As montanhas.

d)   Os rios mesmos.

03 – O nosso herói espera nas estrelas:

a)   Seres extraordinários.

b)   Vegetação diferente da que conhece.

c)   Coisas conhecidas e do seu agrado.

d)   Nuvens pálidas, chuva e ar.

04 – “Eu hei de fazer um dia o meu cavalo...”. A frase revela:

a)   Possibilidade.

b)   Dúvida.

c)   Capacidade.

d)   Determinação.

05 – “Subirei nele, com o vento, lá bem alto”:

a)   Apesar do vento.

b)   Graças ao vento.

c)   A partir do vento.

d)   Acima do vento.

06 – Assinale a expressão que se adapta perfeitamente ao tema do poema.

a)   Ficar a ver navios.

b)   Dar asas à fantasia.

c)   Cair das nuvens.

d)   Chover no molhado.

07 – “Sonho de Herói”, Herói por causa do(a):

a)   Espírito aventureiro e desbravador do viajante.

b)   Força de vontade e teimosia do sonhador.

c)   Ambição de conquistar e possuir riquezas.

d)   Curiosidade infantil e ingênua do sonhador.

08 – Qual o tempo de verbo predominante na poesia? Justifique com exemplo do texto.

      O tempo é o futuro do presente.

09 – Assinale a resposta que completa a frase: O menino, em sua fantasia, chama as estrelas de ilhas dos rios de além, porque:

a)   Do alto é possível confundir as ilhas com estrelas.

b)   São geralmente da mesma cor as ilhas e as estrelas.

c)   Os pontos luminosos das estrelas parecem ilhas no céu.

10 – O título do poema demonstra que o menino imagina poder ser herói porque:

a)   Fará um cavalo que voa muito alto.

b)   Será a primeira pessoa a ir às estrelas.

c)   Causará inveja a todas as crianças.

d)   Conseguirá voar num aparelho sem motor.

11 – A linguagem é denotativa ou conotativa?

      A linguagem é a conotativa, haja vista que os elementos estão apresentados em sentido figurado.

12 – Se o sonho do menino se realizasse, ele então deveria encontrar no lugar para onde fosse:

a)   Rios com ilhas cheias de riqueza.

b)   Paisagem totalmente estranha.

c)   Apenas o céu cheio de estrelas.

d)   Paisagem semelhante a que conhece.

13 – Cite palavras do poema que tenham estes significados:

a)   Animal quadrúpede doméstico de montaria cavalo.

b)   Descoradas, sem cor pálidas.

c)   Glóbulo brilhante que se forma em certas conchas estrelas.

d)   Sublime, perfeitas, encantadoras ilhas.

14 – A que gênero discursivo pertence este poema?

      O gênero presente no poema é narrativo, onde o mesmo apresenta enredo, espaço, além de tempo.

15 – Ao atingir as estrelas, o poeta se tornaria:

a)   Indesejável visitante.

b)   Explorador pioneiro.

c)   Marujo curioso.

d)   Mais um astronauta.

16 – Na sequência de ações do poema, percebe-se que o sonho de herói é:

a)   Uma lenta ascensão e uma rápida queda.

b)   Uma viagem de volta ao planeta Terra.

c)   Um mergulho nos abismos marinhos.

d)   Uma constante e progressiva escalada.

17 – O texto é literário ou não-literário?

      O texto é literário, porque apresenta linguagem conotativa, amplo uso de figuras de linguagem, além de elementos emotivos.

18 – Qual a função da linguagem predomina?

      A função da linguagem predominante é a emotiva.

 

CRÔNICA: DONA CONCEIÇÃO E O SENHOR JOAQUIM - AUTOR DESCONHECIDO - COM GABARITO

CRÔNICA: DONA CONCEIÇÃO E O SENHOR JOAQUIM

       Em uma famosa capoeira na região do Médio Tejo, o Senhor Galo e a Senhora Galinha debatiam avidamente um assunto deveras sensível:

 “Quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?”

  O animal heráldico estava consumido em sua raiva, pois ao discordar de sua posição, a vultuosa Palheirinha o chamara de “frango”.

   -- Pois vejas cá, Dona Conceição, me chamares frango em nada mudará, pois perdes nos teus argumentos e me miras com teus desaforos.

        -- Chamei-te frango, porque estavas a fazer diabruras enquanto eu deitava meus argumentos sobre o assunto. A propósito, reafirmo: nasceu primeiro a galinha!

        -- Não, senhora, nasceu primeiro o ovo e vou provar, pois digo que uma nova descoberta aponta que a galinha veio primeiro. Segundo os cientistas, a formação da casca do ovo depende de uma proteína que só é encontrada nos ovários deste tipo de ave. Portanto, o ovo só existiu depois que surgiu a primeira galinha. A proteína, chamada ovocledidin-17 (OC-17), atua como um catalisador para acelerar o desenvolvimento da casca. A sua estrutura rígida é necessária para abrigar a gema e seus fluidos de proteção enquanto o filhote se desenvolve lá dentro. A descoberta foi revelada no documento "Structural Control of Crystak Nucleo by Eggshell Protein", que em tradução livre quer dizer: Controle Estrutural de Núcleo de Cristais pela Proteína da Casca do Ovo. Na pesquisa foi utilizado um supercomputador para visualizar de forma ampliada a formação de um ovo. A máquina, chamada de HECToR, revelou que a OC-17 é fundamental no início da formação da casca. Essa proteína é quem transforma o carbonato de cálcio em cristais de calcita, que compõem a casca do ovo. Dr. Colin Freeman, do Departamento de Engenharia Material da Universidade de Sheffield, constatou: "há muito tempo se suspeita que o ovo veio primeiro, mas agora temos a prova científica de que, na verdade, a galinha foi a precursora."

        --Terminaste tua ladainha, Senhor Joaquim? Pois agora provarei o contrário: “Graças à genética moderna, podemos ter certeza de que o ovo veio antes. As mutações que separam uma nova espécie de seus pais geralmente ocorrem no DNA reprodutivo, presente em óvulos e espermatozoides. É isso que dá origem a novas espécies.” Quem disse isto foi Christopher Langan, um autodidata americano tido como “homem mais inteligente dos EUA”, com QI de 195 pontos, e queres discordar de meus argumentos, Sr. Joaquim? Pois continuarei! Já John Brookfield, especialista em genética da evolução da Universidade de Nottingham, na Inglaterra afirmou: “Quando a galinha ainda era um ovo, ainda assim ela era da espécie Gallus gallus. Portanto, a primeira forma de vida dessa espécie teria que ser um ovo.”

        -- Mas, Dona Conceição, deixe-me concluir...

        -- Ainda não terminei meus argumentos, oras, gajo! Esperes que direi agora o que David Papineau, especialista em filosofia da ciência do King’s College de Londres, na Inglaterra disse: “Mesmo que o pássaro que deu origem ao ovo de galinha não fosse uma galinha, o correto é dizer que o ovo veio primeiro. Se um canguru botasse um ovo e dele saísse um avestruz, o ovo seria de avestruz, não de canguru”.

        -- Discordo de tudo que a senhora pontuou, Dona Conceição.

        -- Então derrube os argumentos que ofereci.

        -- Derrube a senhora os meus, se puder!

        -- Pois o Senhor é um frango!

        -- E a senhora, uma maricota!

        Após a discussão ambos abandonaram o recinto e seguiram para seus respectivos poleiros. Ainda hoje ninguém resolveu essa peleja entre os dois e nem quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?

A crônica “Dona Conceição e o Senhor Joaquim” contém dados científicos baseados em: Acesso em: 21 jan. 2020.

                                        Acesso em: 21 jan. 2020.

Entendendo a  crônica: 

01 – Quem são as duas personagens que dão nome à  crônica?

      Dona Conceição e o Senhor Joaquim.

02 – Dona Conceição refere-se ao Senhor Joaquim como “frango” (terceiro parágrafo). Qual a intenção de Dona Conceição ao fazer isso? Assinale a alternativa correta.

a)   Como Senhor Joaquim é um galo, a intenção dela é usar um sinônimo (palavra cujo sentido se aproxima do sentido de outra) para referir-se a ele, ou seja, frango.

b)   Dona Conceição cria um sentido pejorativo para a palavra frango e, ao referir-se ao Senhor Joaquim dessa forma, tenta diminuí-lo e insultá-lo.

c)   Dona Conceição usa um estrangeirismo. Ela voltará a fazê-lo novamente ao referir-se ao Senhor Joaquim como “gajo”.

d)   Dona Conceição usa o termo frango porque desconhece a diferença entre frangos e galos.

03 – Qual a reação do Senhor Joaquim ao ser chamado de “frango”?

      A reação dele foi de raiva.

04 – É possível indicar o lugar onde ocorrem os fatos? Justifique.

      Em uma famosa capoeira na região do médio Te Tejo.

05 – Há palavras, expressões e marcas linguísticas que remetem ao português falado em Portugal. Identifique em quais trechos do texto isto se comprova.

      “... Pois vejas cá...”

      “... estavas a fazer diabruras...”

      “... ovas...”

      “... gajo...”

      “... Maricota...”.