quarta-feira, 15 de julho de 2020

ARTIGO DE OPINIÃO : ONDE ESTÃO OS ETs? - MARCELO GLEISER - COM GABARITO

Artigo: Onde estão os ETs?

           Marcelo Gleiser

   São mais de 100 bilhões de estrelas apenas na nossa galáxia, a Via Láctea. Inúmeras observações recentes provaram que a existência de planetas não é um privilégio do nosso sistema solar, mas uma consequência corriqueira do processo de formação de estrelas.

   Na Terra, que tem em torno de 4,6 bilhões de anos, a vida surgiu bem cedo: amostras de rochas australianas contêm bactérias fossilizadas com 3,5 bilhões de anos. E, para chegar a essas bactérias, a evolução de seres vivos já devia ter começado bem antes, talvez 4 bilhões de anos atrás. Ou seja, a vida teve início por aqui tão logo as condições ambientais – temperatura, quantidade de água, nitrogênio e oxigênio – o permitiram. É difícil imaginar que o mesmo não tenha se repetido pela galáxia afora, em talvez milhões de planetas. A vida extraterrestre é, a meu ver, praticamente certa.

        E a vida inteligente? Aí já são outros quinhentos. Vários cientistas levam a possibilidade da existência de civilizações extraterrestres ultra-avançadas muito a sério. Programas como o Seti (do inglês, “Busca por Inteligência Extraterrestre”) vêm vasculhando os céus em busca de sinais de rádio gerados por outros seres inteligentes. A ideia é que outras civilizações também tenham desenvolvido tecnologias para transmitir e receber ondas de rádio, que poderiam ser captadas por antenas daqui. Dadas as absurdas distâncias interestelares, “ouvir” vida extraterrestre é uma solução muito mais em conta do que embarcar em explorações ao vivo de outros sistemas solares.

        Mesmo supondo que essas civilizações existam, estabelecer um diálogo seria muito frustrante. Imagine uma civilização em um planeta orbitando uma estrela em nossa vizinhança cósmica, a, digamos, 50 anos-luz daqui. (A Via Láctea tem um diâmetro aproximado de 100 mil anos-luz; um raio de luz – ou uma onda de rádio – demora 100 mil anos para atravessá-la, viajando a uma velocidade de 300 mil quilômetros por segundo). Se, um dia, recebermos uma transmissão de lá, ela saiu há 50 anos. Se nós a respondermos, sempre uma questão a ser considerada com muito cuidado, eles só a receberão em 50 anos. Não vai dar para muita conversa, pelo menos em uma geração.

        Até o momento, não ouvimos nada, Defensores do programa Seti argumentam que a galáxia é muito grande, que civilizações precisam de transmissores potentes para que seus sinais cheguem até nós ou que, talvez, essas civilizações não estejam interessadas em conversar conosco. Como dizia Carl Sagan, “a ausência de evidência não significa evidência de ausência”. Talvez. Muito possivelmente, a resposta está na raridade que é o desenvolvimento de inteligência dentro do processo evolucionário. Um cálculo simples mostra que, se inteligência fosse uma consequência automática da vida, nossa galáxia deveria ter milhões de civilizações, a maioria bem mais antiga e desenvolvida do que a nossa. Essas civilizações teriam tecnologias de exploração espacial que nós nem podemos ainda conceber, e a galáxia inteira já estaria colonizada por elas. A menos que nós mesmos sejamos uma criação dessas civilizações, uma possibilidade bastante absurda, não encontramos evidência da sua presença na Terra ou em outros planetas. Onde estão esses visitantes quase divinos de outros mundos?

        Se a vida não é tão rara, a inteligência, ao menos aqui na Terra, surgiu por acaso, consequência de uma série de eventos completamente aleatórios.

        É importante lembrar que os dinossauros reinaram sobre a Terra durante 150 milhões de anos. Nada indicava que essa situação fosse se alterar. Uma colisão com um asteroide ou cometa, há 65 milhões de anos, mudou o balanço da vida no planeta, criando condições para que os até então insignificantes mamíferos pudessem evoluir, enquanto os dinossauros foram extintos.

        Podemos mesmo dizer que, se a história da vida, ao menos a que podemos imaginar, é um experimento evolucionário que depende delicadamente de condições muito particulares, a história da vida inteligente depende de uma combinação de fatores que a torna extremamente rara. Quem sabe não seremos nós a civilização que irá colonizar a galáxia?

Folha de S. Paulo, Caderno Mais! São Paulo, 23 julho 2000, p. 29.

              Fonte: Português – Uma proposta para o letramento – Ensino fundamental – 8ª série – Magda Soares – Ed. Moderna, 2002 – p. 09/12.

 

Entendendo o artigo:

01 – O autor discute, no artigo, a possiblidade de existência:

·        De vida fora da Terra.

·        De vida inteligente fora da Terra. 

O que diferencia um ser que tem vida inteligente de um ser que tem apenas vida?

      Um ser que tem vida inteligente não só tem atividades e funções orgânicas, que caracterizam a vida, mas tem, além disso, capacidade de pensar, compreender, resolver problemas, atuar sobre o ambiente.

02 – O autor afirma: “Na Terra, a vida surgiu bem cedo”.

a)   Que fato revela que a vida surgiu na Terra há bilhões de anos?

A descoberta de bactérias fossilizadas com 3,5 bilhões de anos.

b)   Segundo o autor, a vida surgiu bem cedo, na Terra. Faça o cálculo, com base nos dados fornecidos pelo autor: A Terra tem em torno de 4,6 bilhões de anos; a evolução de seres vivos deve ter começado há 4 bilhões de anos.

·        Quantos anos depois da formação do planeta Terra começou a existir vida nele?

600 milhões de anos (4,6 bilhões menos 4 bilhões).

·        Explique por que o autor considera que esse número de anos indica que a vida surgiu bem cedo na Terra.

600 milhões de anos é pouco, em relação à idade da Terra, 4,6 bilhões de anos; portanto, a vida surgiu logo no início da existência da Terra.

03 – O autor diz que, em sua opinião, a vida extraterrestre é praticamente certa.

a)   A que seres vivos ele se refere, com a expressão vida extraterrestre?

A micro-organismos, micróbios, bactérias.

b)   Em que ele se baseia para afirmar que a vida extraterrestre é praticamente certa?

Se na Terra surgiram condições para o aparecimento da vida, o mesmo deve ter ocorrido em outros planetas.

04 – Segundo o autor “... ‘ouvir’ vida extraterrestre é uma solução muito mais em conta do que embarcar em explorações ao vivo de outros sistemas solares”.

a)   O que quer dizer “ouvir” vida extraterrestre?

Receber comunicação de seres extraterrestres através de som, transmitido por ondas de rádio.

b)   O que quer dizer embarcar em explorações ao vivo?

Enviar sondas, foguetes para explorar outros sistemas solares.

c)   Por que “ouvir” fica mais em conta que explorar ao vivo?

Como as distâncias entre os astros são enormes, fica muito dispendioso o envio de sondas ou foguetes para a exploração ao vivo.

05 – Por que um diálogo com extraterrestre por meio de sinais de rádio seria frustrante?

      Porque haveria um período de tempo muito longo entre a emissão e a recepção de cada mensagem.

06 – O autor constata: “Até o momento não ouvimos nada”.

a)   Que explicações os defensores do programa Seti apresentam, para justificar por que até hoje não nos chegou nenhum sinal de uma civilização extraterrestre?

A galáxia é muito grande; civilizações extraterrestres podem não ter transmissores suficientemente potentes para que suas mensagens cheguem até nós; essas civilizações podem não ter interesse em fazer contato conosco.

b)   Para o autor, qual é a provável explicação para não nos ter chegado nenhum sinal até hoje?

Não deve haver vida inteligente em outros planetas; se houvesse, seriam civilizações mais desenvolvidas que a nossa (porque em planeta mais antigos, em que a vida inteligente teria surgido mais cedo e, portanto, já estariam mais avançadas), com tecnologias de exploração espacial que já teriam possibilitado sua comunicação com a Terra.

07 – O autor cita uma frase de Carl Sagan: “A ausência de evidência não significa evidência de ausência”. Explique a aplicação dessa frase à dúvida sobre a existência, ou não, de civilizações extraterrestres:

a)   A ausência de evidência é ausência de quê?

Ausência de fatos que comprovem a existência de extraterrestres.

b)   A evidência de ausência seria evidência de quê?

Evidência de que não há civilizações extraterrestres.

08 – Em que argumento se baseia o autor para afirmar que inteligência não é consequência automática da vida?

      Se inteligência fosse consequência automática da vida, já teríamos recebido comunicação de civilizações extraterrestres, porque haveria muitas outras civilizações na nossa galáxia, em planetas em que a vida já teria evoluído para vida inteligente.

09 – Do texto, infere-se que a possibilidade de evolução dos mamíferos é que fez surgir vida inteligente na Terra.

a)   O que impediu durante milhões de anos essa evolução?

A presença dominante dos dinossauros.

b)   O autor cita o “evento aleatório” que possibilitou essa evolução. Qual foi?

Uma colisão entre a Terra e um asteroide ou cometa, que teve como consequência a extinção dos dinossauros.

10 – O autor afirma que a vida não é tão rara, mas que a vida inteligente é extremamente rara. O que faz com que a vida inteligente seja extremamente rara?

      A vida inteligente depende de uma combinação de fatores que ocorrem raramente.

11 – Após a interpretação do texto, conclua:

·        Para o autor, há ou não há vida fora da Terra?

Há vida fora da Terra.

·        Para o autor, há ou não há vida inteligente fora da Terra?

Não há evidências de que haja vida inteligente fora da Terra.


ENTREVISTA: NÓS ESTAMOS SÓS - ALEXANDRE MANSUR - COM GABARITO

Entrevista: Nós estamos sós

              Pesquisador sustenta que, à luz das novas descobertas, as chances de haver vida inteligente fora da Terra são mínimas

Alexandre Mansur

        Cada vez que um ser humano contempla uma noite de céu estrelado, a primeira questão que lhe vem à cabeça diz respeito à existência de ETs e civilizações em outros planetas. Se há tantas galáxias no universo, por que só nós estaríamos aqui? Nos últimos anos, a curiosidade sobre o tema tornou-se quase obsessiva. O paleontólogo Peter Ward e o astrônomo Donald Brownlee, ambos da Universidade de Washington, acabam de jogar uma ducha de água fria no debate. Eles são os autores do livro Rare Earth – Why Complex Life Is Uncommon in the Universe (Terra Rara – Por que a Forma Complexa de Vida é Incomum no Universo), que alcançou o oitavo lugar entre os mais vendidos nos Estados Unidos. Com base nas descobertas científicas recentes, Ward e Brownlee sustentam que a hipótese de vida inteligente fora da Terra é quase nula. “Somos produto de um lance de sorte, uma combinação única de fatores que não se repetem em nenhum outro lugar do universo conhecido”, diz Ward. Ele explicou por que nesta entrevista a VEJA.

Alexandre Mansur.

                              Fonte: Português – Uma proposta para o letramento – Ensino fundamental – 8ª série – Magda Soares – Ed. Moderna, 2002 – p. 41-3.

Entendendo a entrevista:

01 – Você leu o texto que introduz a entrevista. O texto que em geral precede as perguntas e respostas, em entrevistas jornalísticas, pretende dar ao leitor informações que motivem e orientem a leitura. Identifiquem as informações que são dadas a vocês, leitores, no texto introdutório à entrevista:

a)   O texto esclarece qual é o tema da entrevista e a perspectiva sob a qual ele será discutido:

·        Qual é o tema?

É a existência ou não de vida inteligente fora da Terra; ou: a possibilidade de vida inteligente fora da Terra é mínima.

·        Sob que perspectiva o entrevistado discutirá o tema?

Negação da existência de vida inteligente fora da Terra.

b)   O texto esclarece quem é o entrevistado e justifica por que foi escolhido para ser entrevistado:

·        Quem é o entrevistado – nome, especialidade, onde trabalha?

Peter Ward, paleontólogo, da Universidade de Washington, Estados Unidos.

·        Por que foi escolhido para ser entrevistado?

Porque escreveu um livro de sucesso sobre o tema.

02 – Para introduzir a entrevista de uma forma que desperte o interesse do leitor e o envolva no assunto, o jornalista relaciona o tema com uma experiência que é usual, comum, com a qual o leitor provavelmente se identifica: contemplar uma noite de céu estrelado. Que relação o jornalista estabelece entre a contemplação de uma noite de céu estrelado e o tema da entrevista?

      O grande número de astros no céu sugere a possibilidade de que outros sejam habitados, não só o nosso, de que haja outras civilizações.

03 – Recordem a especialidade do entrevistado: qual é a relação entre essa especialidade e o tema da entrevista?

      A paleontologia estuda as formas de vida existentes na Terra em períodos geológicos passados; por extensão, pode estudar também as possibilidades de existência de formas de vida nas condições geológicas de outros planetas.

04 – Segundo o jornalista, o entrevistado e seu parceiro jogaram “uma ducha de água fria no debate”:

a)   Em que debate?

No debate sobre a existência ou não de seres e civilizações extraterrestres; no debate entre os que acham que somos só nós no Universo e os que acham que existem outros habitantes no Universo.

b)   O que significa “jogar uma ducha de água fria” nesse debate?

Apresentar dados que desestimulam, contestam, negam os argumentos de quem defende, no debate, que existem seres e civilizações extraterrestres.

05 – Observem o título do livro publicado pelo entrevistado e seu co-autor: Terra Rara – Por que a Forma Complexa de Vida é Incomum no Universo.

a)   Com a palavra “complexa”, a que forma de vida se referem os autores? Que forma de vida NÃO seria complexa?

“Forma completa de vida” refere-se à vida inteligente, em oposição a formas elementares de vida: microrganismos (como as bactérias).

b)   O título do livro qualifica a Terra como “rara” – por que os autores consideram que a Terra é rara?

É rara porque é um planeta incomum, por ser provavelmente o único em que há vida inteligente.

06 – O jornalista acha importante informar que o livro alcançou o oitavo lugar entre os mais vendidos; que significado tem esse fato, para que seja considerado uma informação relevante para o leitor?

      Um livro que fica entre os mais vendidos é um livro que causa impacto, trata de um assunto de grande interesse para o público, tem um número grande de leitores.


TEXTO LITERÁRIO: O INDIVÍDUO E A HISTÓRIA - EUCLIDES DA CUNHA - COM GABARITO

Texto: O indivíduo e a História

                   “O que apelidamos grande homem é sempre alguém que tem a ventura de transfigurar a fraqueza individual, compondo-a com as forças infinitas da Humanidade”

Euclides da Cunha

 Cada indivíduo possui suas características próprias que o distinguem do outro. Como pessoa, pensa, vive integrado a uma família e à sociedade, está sujeito a um governo (embora nem sempre participe de sua escolha) e está sujeito às leis. Para sobreviver executa um trabalho (embora alguns vivam da exploração do trabalho alheio) e, segundo a sua situação econômica, engaja-se em um determinado grupo social. Enfim, cada indivíduo luta pelos seus próprios fins, pela sua existência e pela existência dos que lhe são próximos, constrói sua própria história. Ao mesmo tempo ocorre um movimento conjunto, resultado da ação de todos os homens, que denominamos de história do gênero humano. Portanto, a história não é estática, mas é um processo dinâmico, dialético, em que as contradições geradas pela luta entre as classes sociais conduzem às grandes transformações da sociedade. Nesse sentido, podemos afirmar que na história não há o acaso e que todas as transformações são fruto da ação dos homens e não de alguns homens apenas, os “grandes homens”, os “heróis”. Acreditar que só os “grandes homens” transformam a estrutura da sociedade e fazem a história é negar a própria história.

        De um modo geral temos a tendência ao comodismo. Esperamos que apareçam os “grandes homens”, os “heróis” que façam o que precisa ser feito e esquecemos que a história é um processo do qual participamos, quer queiramos ou não. Refugiar-se na neutralidade é uma atitude covarde e, em si, já é uma opção. Demonstra medo de enfrentar as “forças de permanência”, isto é, aqueles que, enquanto se agarram aos privilégios econômicos e políticos, pretendem manter, a qualquer custo, o seu poder de decisão, não hesitando em desumanizar, oprimir e violentar a grande maioria, reduzindo-a à condição de objeto.

  O grande desafio que a história coloca diante de nós é a luta contra as forças de permanência que pretendem deter as forças de transformação.

Paulo Cosiuc - Professor de história - Escola Comunitária, Campinas.

                         Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 8ª Série – Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p. 123/4.

Entendendo o texto:

01 – Depois de reler o texto, procure no dicionário o significado das palavras relacionadas, escrevendo-as em seu caderno. Em seguida, escolha três delas e forme três frases, dentro do contexto estudado.

a)   Ventura: felicidade.

b)   Dinâmico: objetivos.

c)   Fins: ativo.

d)   Geradas: produzidas.

e)   Opção: livre escolha.

Resposta pessoal do aluno.

02 – O que significa construir a sua história?

      Toda pessoa faz a sua vida.

03 – Dê o significado dos adjetivos destacados, em seu caderno:

a)   Fraqueza individualpessoal.

b)   Forças infinitasincalculável.

c)   Características própriaspessoais.

d)   Trabalho alheiodos outros.

e)   Situação econômicafinanceira.

04 – O que é ser um grande homem?

      Resposta pessoal do aluno.

05 – As palavras destacadas têm sentido conotativo (figurado). Explique-os em seu caderno. E, com cada um deles, forme uma frase.

a)   Dos que lhe são próximos...

Todo o povo.

b)   Acreditar que só os grandes homens...

Homens que se destacam por seus feitos.

c)   Enfrentar as forças de permanência...

Os opressores.

06 – Que tipo de história fazem os brasileiros?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O brasileiro está acordando de sua neutralidade. Começa a lutar por seus direitos.

07 – “Refugiar-se na neutralidade” é uma atitude covarde. Por quê?

      Porque, quer queiramos ou não, participamos do processo de transformação. E ficar em cima do muro não parece uma atitude corajosa.

08 – Você conhece homens reduzidos à condição de objeto? Comente.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: São homens que se deixam manipular pelos opressores.

09 – Quem impede o protesto do povo? Só os governantes autoritários? Ou, por vezes, a família, a escola, a Igreja também o fazem?

      O próprio sistema; a sociedade de um modo geral.

10 – Todos somos participantes da história.

a)   Como podemos lutar contra as forças de permanência?

Resposta pessoal do aluno.

b)   E nossa comunidade? Vai sair à luta, vai se arriscar, vai participar da história fugindo do comodismo e da neutralidade? Por quê? O que se faz no lugar em que você vive?

Resposta pessoal do aluno.

 

 


sábado, 11 de julho de 2020

MÚSICA(ATIVIDADES): CORUJINHA - VINÍCIUS DE MORAES - COM GABARITO

Música(Atividades): Corujinha

                                                        Vinicius de Moraes

Corujinha, corujinha

Que peninha de você

Fica toda encolhidinha

Sempre olhando não sei quê

 

O seu canto de repente

Faz a gente estremecer

Corujinha, pobrezinha

Todo mundo que te vê

Diz assim, ah, coitadinha

Que feinha que é você

 

Quando a noite vem chegando

Chega o teu amanhecer

E se o sol vem despontando

Vais voando te esconder

 

Hoje em dia andas vaidosa

Orgulhosa como quê

Toda noite tua carinha

Aparece na TV

Corujinha, coitadinha

Que feinha que é você.

Composição: Toquinho / Vinícius de Moraes.

Entendendo a canção:

01 – No decorrer da canção, o eu lírico nos revela a quem ele se dirige – Corujinha – empregando o diminutivo como recurso.

a)   Retire da canção outras palavras que também estão no diminutivo.

Peninha, encolhidinha, pobrezinha, coitadinha, feinha, carinha.

b)   Com que intenção esse recurso foi utilizado?

Para intensificar a ideia dos estados em que a coruja se encontrar.

02 – Releia a terceira estrofe:

“Quando a noite vem chegando

Chega o teu amanhecer

E se o sol vem despontando

Vais voando te esconder”.

        A que hábitos próprios da coruja a estrofe está fazendo referência?

      Aos hábitos noturnos já que as corujas andam à noite.

03 – Com que expressões o eu lírico caracteriza a corujinha?

      Encolhidinha, pobrezinha, coitadinha, orgulhosa, vaidosa, feinha.

04 – Num determinado momento o eu lírico apresenta situações contrárias para se referir a corujinha. Copie esses versos que mostram essa contrariedade.

      “Hoje em dia andas vaidosa / Orgulhosa como quê.”

05 – Por que o eu lírico diz que a corujinha está vaidosa?

      Porque ela aparece na TV à noite.

06 – Por que o eu lírico diz ter “peninha” da corujinha?

      Porque ela é muito feia.

07 – Retire do texto exemplos de:

a)   Rimas da 3ª e da 4ª estrofes e classifique-as pelo valor e pela localização.

Pobrezinha e coitadinha – POBRE (adjetivo).

Vê e você – RICA (verbo e pronome).

ABAB – intercaladas.

Chegando e despontando – POBRE (verbos).

Amanhecer e esconder – POBRE (verbos).

ABAB – intercaladas.

b)   Personificação.

(A CORUJINHA) andas vaidosa / Orgulhosa como quê.

c)   Copie a última estrofe e circule as sílabas tônicas dos verbos.

“Corujinha, coitadinha

Que feinha que é vo!”

08 – Copie um exemplo de linguagem figurada e explique seu sentido denotativo.

      “Toda noite tua carinha / Aparece na TV”. A carinha da coruja é o símbolo da seção coruja da Rede Globo, cujo horário é de filmes na madrugada.

09 – O que o eu lírico quer dizer com a repetição o 1° verso?

      Ao se dirigir à Corujinha ele intensifica o nome dela nos versos para dar ênfase.

 

 


POEMA: BALADA PARA NÃO DORMIR - LOURENÇO DIAFÉRIA - COM GABARITO

POEMA: Balada para não dormir

          Lourenço Diaféria


Eu não sou criança.

Eu sou de menor.

Criança tem pai, tem mãe, tem irmão.

Eu sou de menor.

De menor tem a vida.

 

Criança tem livro com figura colorida.

De menor tem o código.

Eu sou de menor.

 

Criança aparece em anúncio bonito pedindo brinquedo.

De menor não tem disso.

De menor é no dedo puxando o gatilho.

Criança tem disco do Carequinha e do Balão Mágico.

Eu sou de menor.

 

Eu escuto o Afanázio.

Criança tem idade, faz aniversário,

apaga as velinhas.

Eu sou de menor.

Já nasci grande, sem mês e sem ano,

apago velhinhas.

Criança é bobinha.

Eu sou de menor, imponho respeito.

Criança tem gênio.

Eu tenho mania.

Eu sou de menor.

Criança tem clube.

Eu sou de menor.

Eu tenho minha "gang".

Criança tem sítio com pato, galinha,

vaca, bezerro, carneiro, cabrito.

Eu sou de menor.

 

Eu tenho tudo isso, mas ganho no grito.

Criança mergulha no azul da piscina.

Eu sou de menor.

Eu nado, me afogo, na funda lagoa.

Eu sou de menor.

 

Se toco na banda, ninguém me elogia, prestigia.

Se engraxo sapato, ninguém diz: "legal".

Eu sou de menor.

Criança depende do bolso do pai.

Eu sou de menor.

Eu guardo automóvel com cara de anjo,

divido a grana com os caras marmanjos.

Me viro, me arranjo.

Como pastel, tomo caldo de cana,

descolo hambúrguer de gente bacana.

Eu sou de menor.

 

Atravesso vitrô, eu furo parede, eu cavo buraco,

eu salto muralha, eu miro no alvo, derrubo cigarro,

endireito cano de curva espingarda,

sento na borda da escada rolante,

levanto os dois braços na montanha-russa.

Frequento os cinemas da avenida Ipiranga,

e tudo que passa eu já sei de cor.

 

 

Eu sou de menor.

Nada tem graça.

Às vezes me escalam para ser criança.

É tarde demais.

 

Eu sou de menor.

Já morreu o sol da aurora da vida,

saudades não tenho.

Eu sou de menor.

 

Sou a vidraça quebrada, pela pedra do adulto.

Sou o rosto molhado com a água da chuva.

Sou fliperama, o barraco, a marquise,

sou dois olhos mordendo a luz da vitrina,

escândalo sou sem a mó do moinho.

Eu sou o trapo enxotado da loja,

o cara suspeito empurrando carrinho.

 

Sou o discurso jamais realizado.

Sou a face clara da fortuna escondida.

Sou o cão magrela do epular desperdício.

Sou o lado contrário do cabo da faca.

Sou a garrafa vazia jogada no mar,

que volta coberta de restos da morte.

Eu sou a resposta que não espera perguntas.

 

Aqui estou. Nada mais sinto.

Apenas digo: Cuidado!

Não sou criança. Meu nome é: de menor.    

                              Lourenço Diaféria. Jornal da Tarde, 9 out. 1985.

                         Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 8ª Série – Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p. 33-4.

Entendendo o texto:

01 – Justifique o título do poema.

      A balada é uma composição musical que pode ter caráter épico. “Para não dormir”, porque, ao invés de ser uma história para embalar o sono, o poema desperta o leitor pela gravidade da situação que apresenta.

02 – Que razões a personagem apresenta para dizer que não é criança?

      Porque não vive como outras crianças da sua idade. Falta-lhe muito e precisa lutar pela sobrevivência, quando deveria estar brincando, estudando e convivendo com a família.

03 – Que coisas ele não tem como criança?

      Família, livros, documento de identidade, brinquedos, discos, festa de aniversário, clube, sítio com animais, piscina, elogios, proteção financeira da família.

04 – Que coisas ele tem como criança?

      Só a idade, mas coisas que crianças, com vida equilibrada, não têm: arma, violência, gangue, trabalho, atividades com envolvimento ilícito, o roubo, ausência de casa, vivência de rua.

05 – Que diferença há entre ser de menor e não ser criança?

      Ser de menor: não ter atingido a maioridade. / Não ser criança: ter idade infantil, mas viver como adulto. A expressão refere-se ao fato de a criança não ter atingido a maioridade legal.

06 – O que o garoto tem por ser de menor, por não viver como criança? Por quê?

      Preocupações com a sobrevivência.

07 – Há muitos perigos em ser menor de idade? Argumente!

      Sim. Porque se não houver assistência, orientação e convivência familiar e educacional, as crianças estarão sujeitas às influências de pessoas violentas, perigosas, criminosas.

08 – Comente com muita atenção os dois últimos versos. O que há por trás deles?

      Resposta pessoal o aluno. Sugestão: Nas palavras do menino há ameaça, revolta, um grito de alerta: “Cuidado comigo! Tenho poder através da violência que me criou...”.

     

 

 

 


POESIA: BARCA BELA - ALMEIDA GARRETT - COM GABARITO

Poesia: Barca bela

              Almeida Garrett

Pescador da barca bela,

Onde vais pescar com ela,

Que é tão bela,

Ó pescador?

 

Não vês que a última estrela

No céu nublado se vela?

Colhe a vela,

Ó pescador! 


Deita o lanço com cautela.

Que a sereia canta bela...

Mas cautela,

Ó pescador!


Não se enrede a rede nela,

Que perdido é remo e vela,

Só de vê-la,

Ó pescador!

 

Pescador da barca bela,

Inda é tempo, foge dela,

Foge dela,

Ó pescador!

          De Camões a Pessoa. Douglas Tufano, org. Antologia escolar da poesia portuguesa. São Paulo, Moderna, 1994.

Fonte: Livro – Ler, entender, criar – Português – 6ª Série – Ed. Ática, 2007 – p. 232-3.

Entendendo a poesia:

01 – Almeida Garrett, poeta português, viveu entre os anos 1799 e 1854. Talvez por isso você estranhe algumas palavras que aparecem em seu poema, mas, se pensar um pouco a respeito delas, o sentido se tornará conhecido. Para isso, responda às questões que seguem:

a)   “Veja, a última estrela que estava visível não pode mais ser vista porque o céu está com muitas nuvens, que a escondem”. Copie os versos que expressam essa ideia.

          “Não vês que a última estrela / No céu nublado se vela?”

b)   Se já é noite e o céu está com muitas nuvens, é melhor o pescador não velejar. Copie os versos em que se diz ao pescador para que ele não saia para pescar.

“Colhe a vela, / Ó pescador”.

c)   Alguém poderia dizer a um pescador brasileiro: “Jogue a rede com cuidado”. Como isso está expresso na poesia?

“Deita o lanço com cautela”.

02 – Pense nas palavras enrede e rede e explique o sentido do verso em que elas estão.

      “Não se enrede a rede nela”. Deseja-se que o pescador não permita que sua rede envolva uma sereia.

03 – Existem muitos mitos sobre as sereias. Um deles afirma que, com seu canto, elas seduzem os pescadores, que em consequência ficam perdidos no mar. Considere esse mito e responda:

a)   Em quais versos da poesia esse mito está expresso?

“Que perdido é remo e vela / Só de vê-la”.

b)   Esse mito explica um pedido que é feito ao pescador. Qual é esse pedido?

O pedido para que o pescador fuja da sereia: “Inda é tempo, foge dela, / Foge dela, / Ó pescador!”.

04 – Ao ler a poesia, temos a impressão de que alguém fala com um pescador. Quais elementos da poesia confirmam essa impressão?

      Todos os verbos estão na 2ª pessoa do singular, a pessoa do discurso com quem se fala. Além disso, existe o vocativo (Ó pescador), termo que representa o interlocutor e que se repete ao longo da poesia.

05 – Fora os versos que apresentam um vocativo, isto é, um termo que representa a quem o poeta se dirige (“Ó pescador”), a poesia apresenta uma única rima. Que rima é essa?

      A rima existente entre as palavras que terminam com “ela”.

06 – Copie em seu caderno as consequências mais prováveis dessa rima única:

a)   Essa rima faz a poesia parecer uma canção popular.

b)   Essa rima possibilita que a poesia seja facilmente memorizado.

c)   Essa rima torna a poesia monótono e cansativo.