quinta-feira, 12 de setembro de 2024

CONTO: SENHORA HOLLE - IRMÃOS GRIMM & PERRAUT - COM GABARITO

 Conto: SENHORA HOLLE

         Uma senhora tinha duas filhas, sendo uma bonita e aplicada e outra, feia e preguiçosa, que era sua filha legítima, e, por isso, a outra era obrigada a realizar todo o trabalho doméstico e ser a Gata Borralheira da casa. Diariamente a pobrezinha tinha de ir fiar, sentada junto a um poço na rua, e tanto fiava que lhe machucava os dedos a ponto de sangrar. Aconteceu uma vez que o fuso ficou todo ensanguentado e para lava-lo, a menina inclinou-se no poço, momento em que ele saltou de sua mão e caiu. Em prantos, ela correu para contar `madrasta o infortúnio, mas a viúva ficou tão furiosa que lhe disse, sem misericórdia:

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkMmkhiJkBkz6-YOKBD6RMBfJfE97VSH252Fh9rCYq_Tje41X7n3WPWhd9YhxZdIYsx_ptsV4tu2wi8Anx7mMB_WtzMw8ngQ8zerPbJJVC59JZwGbEao4LicnZ7l611oieW5JQSFvhdZ40C2Ou4O3S3bYWktlgObfVFRghxBhdjE6ZSq8I2J7laYWztiI/s1600/GATA.jpg

        -- Se deixou o fuso cair lá embaixo, vá pegá-lo de volta.

        Então a menina retornou ao poço, sem saber o que fazer. Na angústia, atirou-se dentro dele, a fim de trazer o fuso para cima. Acabou perdendo os sentidos e, ao voltar a si, encontrou-se num belíssimo campo de ensolarado, no qual havia milhares de flores. Após sair daquele prado, ela chegou a um forno onde um monte de pães esperneava, dizendo:

        -- Ah, tire-nos daqui, senão vamos queimar! Já estamos no ponto faz tempo!

        Foi quando ela se aproximou e, com a pá, tirou os pães um a um. Continuando a caminhar, ela chegou próximo a uma árvore carregada de maçãs, que lhe pediu:

        -- Ah, sacuda-me, sacuda-me, que as maçãs já estão todas maduras!

        Então ela balançou a árvore para que as maçãs caíssem como chuva, sacudindo até que mais nenhuma ficasse dependurada lá em cima. Após reuni-las num montinho, prosseguiu andando. Finalmente chegou a uma casinha, de onde uma velha senhora a olhava: a menina ficou tão assustada com os enormes dentes que a velha senhora tinha, que ameaçou fugir. Mas a outra a chamou de volta:

        -- Do que você está com medo, linda criança? Fique aqui comigo. Se fizer o trabalho doméstico direitinho, tudo correrá bem. Você só deve prestar atenção ao arrumar minha cama, pois tem de sacudi-la bem para que as penas voem e cais neve no mundo*. Sou a Senhora Holle.

        Essas palavras tranquilizaram tanto a menina que ela ficou animada, concordando com o solicitado e pondo mãos à obra. Ela providenciava tudo de modo a satisfazer a senhora e sempre sacudia violentamente sua cama, em torno da qual as penas esvoaçavam como flocos de neve. Em troca, ela tinha uma vida muito agradável, sem broncas e comendo todo dia do bom e do melhor. Mas depois de algum tempo morando com a Senhora Holle, começou a ficar triste, ela mesma no início não sabendo bem o que é que lhe faltava; logo percebeu que o que sentia era saudades de casa. Apesar de agora estar vivendo ali mil vezes melhor o que lá, desejava voltar assim mesmo. Finalmente ela disse:

        -- Senhora Holle, a senhora tem sido muito boa para mim, mas a minha tristeza é tão grande que não posso mais permanecer aqui embaixo. Preciso retornar para junto dos meus. 

        -- Agrada-me saber que deseja voltar para casa. E por você ter me servido tão fielmente, vou eu mesma levá-la de volta para cima.

        Ela deu-lhe a mão e a conduziu até um portão enorme. Assim que o portão se abriu e a menina o atravessou, caiu um espessa chuva de ouro que ficou todo preso nela, cobrindo-a inteirinha.

        -- Isso é para você por ter sido tão aplicada. – disse a Senhora Holle, dando-lhe de volta o fuso que havia caído dentro do poço.

        Depois o portão fechou-se e a menina se achou do lado de cima do mundo, aliás não muito longe da casa de sua mãe.

        E, ao chegar ao quintal, o galo sentado sobre o poço cantou:

        -- Cocorocó, chegou a donzela dourada, olhem só!

        Assim que entrou por estar toda coberta de ouro, ela foi muitíssimo bem recebida por sua mãe e irmã.

        A menina relatou tudo o que lhe ocorrera e, ao ouvir como havia alcançado tanta riqueza, a mãe quis que também a outra filha, a feia e preguiçosa, tivesse a mesma sorte. Ela teve de se sentar junto ao posso e fiar. E para que seu fuso se ensanguentasse, picou com ele todos os dedos e enfiou a mão num espinheiro. Depois jogou o fuso no poço e se atirou dentro dele. Como a outra, chegou também a um belo prado e seguiu pelo mesmo caminho. Ao chegar ao forno, estavam os pães novamente a espernear:

        -- Ah, tire-nos daqui, tire-nos daqui, senão vamos queimar! Já estamos no ponto faz tempo!

        Mas a preguiçosa respondeu:

        -- Até parece que vou me sujar toda por causa de vocês!

        E foi embora, logo se deparando com a macieira, que gritava:

        -- Ah, sacuda-me, que as maçãs já estão todas maduras!

        Mas ela respondeu:

        -- Você deve estar brincando! E se me cair um na cabeça?

        E continuou andando. Como já havia escutado a respeito dos dentões da velha senhora, ela não se assustou ao chegar à casa de Senhora Holle, e logo se dispôs ao trabalho. No primeiro dia ele se esforçou bastante, aplicou-se e seguiu todas as orientações, pois só pensava naquele monte de ouro com que mais tarde seria presenteada. Mas no segundo dia já começou a ficar preguiçosa, no terceiro dia mais ainda, tanto que nem queria se levantar de manhã. Nem mesmo a cama de Senhora Holle ela arrumava como devia ser, e nem a sacudia de modo que as penas esvoaçassem. A velha senhora logo desanimou e cancelou os serviços. A preguiçosa ficou então contente, achando que receberia enfim a chuva e ouro. a Senhora Holle conduziu-a até o portão, mas, ao atravessá-lo, em vez de ouro, despejou-se um caldeirão de piche sobre a menina. 

        -- Esta é a recompensa pelos meus serviços – disse a Senhora Holle, e trancou o portão.

As melhores história dos Irmãos Grimm & Perraut. São Paulo: Nova Alexandria, 2004. p 11-16. Coleção Volta e Meia.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 6º ano. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. 7ª edição reformulada – São Paulo: ed. Saraiva, 2012. p. 12-14.

Entendendo o conto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Espesso: grosso, denso.

·        Fiar: trançar fios, confeccionar com fios.

·  Fuso: pequeno instrumento de madeira, arredondado, grosso no centro e pontiagudo nas extremidades, usado para fiar.

·        Prado: campina.

02 – Qual é a diferença entre as duas filhas da história?

      A mãe tinha duas filhas: uma bonita e aplicada, que fazia todo o trabalho doméstico, e outra feia e preguiçosa, que era sua filha legítima e não tinha responsabilidades.

03 – Por que a menina aplicada se jogou no poço?

      A menina aplicada se jogou no poço para recuperar o fuso que havia caído lá dentro após ela o manchar de sangue enquanto fiava.

04 – O que a menina encontrou quando acordou no mundo de Senhora Holle?

      Ela encontrou um lindo campo ensolarado com flores. Depois, passou por um forno cheio de pães prontos e por uma macieira carregada de maçãs maduras, ambos pedindo ajuda.

05 – O que a Senhora Holle pediu que a menina fizesse?

      A Senhora Holle pediu que a menina arrumasse sua cama e sacudisse bem as penas, para que caísse neve no mundo.

06 – Qual foi a recompensa da menina aplicada por seu trabalho com a Senhora Holle?

      A menina recebeu uma chuva de ouro que a cobriu por completo como recompensa por ser trabalhadora e fiel em seus serviços.

07 – O que aconteceu com a irmã preguiçosa quando ela tentou seguir os passos da outra?

      A irmã preguiçosa não ajudou os pães no forno nem a macieira, e foi desleixada com o trabalho na casa da Senhora Holle. Como resultado, em vez de ouro, recebeu uma chuva de piche.

08 – Qual é a lição principal do conto?

      A história ensina que aqueles que são trabalhadores e prestativos serão recompensados, enquanto a preguiça e a negligência levam a consequências negativas.

 

 

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