sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

POEMA: A DOCE CANÇÃO - CECÍLIA MEIRELES -COM GABARITO

Poema: A Doce Canção
           Cecília Meireles

Pus-me a cantar minha pena
com uma palavra tão doce,
de maneira tão serena,
que até Deus pensou que fosse
felicidade – e não pena.

Anjos de lira dourada
debruçaram-se da altura.
Não houve, no chão, criatura
de que eu não fosse invejada,
pela minha voz tão pura.

Acordei a quem dormia,
fiz suspirarem defuntos.
Um arco-íris de alegria
da minha boca se erguia
pondo o sonho e a vida juntos.

O mistério do meu canto,
Deus não soube, tu não viste.
Prodígio imenso do pranto:
– todos perdidos de encanto,
só eu morrendo de triste!

Por assim tão docemente
meu mal transformar em verso,
oxalá Deus não o ausente,
para trazer o Universo
de pólo a pólo contente!

                                MEIRELES, Cecília. “A doce canção”. In: Obra poética. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1983. p. 156.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p. 366-7.

Entendendo o poema:

01 – Que características o eu lírico atribui ao seu canto?
      O eu lírico assinala que utiliza palavras doces e se expressa de maneira serena e com voz pura.

02 – Por que se pode dizer que não havia motivo par as outras criaturas sentirem inveja do canto?
      Porque, apesar de belo, o canto expressa uma profunda tristeza.

03 – Qual o temor manifestado pelo eu lírico na última estrofe?
      O temor de que Deus aumente o seu sofrimento (mal).


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