segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

POESIA: PREGUNTAR-VOS QUERO, POR DEUS - D.DINIS - COM GABARITO

 Poesia: Preguntar-Vos Quero, Por Deus

            D. Dinis

Preguntar-vos quero, por Deus,
senhor fremosa, que vos fez
mesurada e de bom prez,
que pecados forom os meus
       que nunca tevestes por bem
       de nunca mi fazerdes bem.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlNJ3KnMlZ3C5fOOJ-Wi773wt2Fe5qK-NYgT-g1j9dKSsL3wzW_sNwjHh8R2uXMllTVdd7RVZiK7qx_VUswRuRqrtYuAzYdCnDVz_GD1qUPBVHf1XCNbDTkpHLsyW-NaYEzBVtDhPgs-LKYrhuQ5j5nSO0K-3_wICMB6PWfUCYdq3jasJ7Xn2XRo5iyiU/s320/DINIS.jpg



Pero sempre vos soub'amar
des aquel dia que vos vi,
mais que os meus olhos em mi;
e assi o quis Deus guisar
       que nunca tevestes por bem
       de nunca mi fazerdes bem.

Des que vos vi, sempr'o maior
bem que vos podia querer,
vos quigi, a todo meu poder;
e pero quis Nostro Senhor
       que nunca tevestes por bem
       de nunca mi fazerdes bem.

Mais, senhor, a vida com bem
se cobraria: bem por bem.

In: Segismundo Spina. A lírica trovadoresca. Rio de Janeiro; São Paulo: Grifo; Edusp, 1972, p. 332.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, Vol. Único. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. Ensino Médio, 1ª ed. 4ª reimpressão – São Paulo: ed. Atual, 2003. p. 52.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema central da cantiga?

      O tema central é o amor não correspondido e o sofrimento do trovador por não receber o amor da mulher amada. Ele questiona os motivos pelos quais ela não o ama, expressando sua frustração e tristeza.

02 – Qual é a principal pergunta que o trovador faz à sua senhora?

      A principal pergunta é sobre quais pecados ele cometeu para que a senhora nunca tenha lhe concedido seu amor. Ele busca entender o motivo de sua rejeição, já que sempre a amou e dedicou seus sentimentos a ela.

03 – Como o trovador descreve a beleza da mulher amada?

      O trovador descreve a mulher como "fremosa" (formosa), "mesurada" (virtuosa, discreta) e "de bom prez" (de boa reputação, valor). Ele a idealiza como uma mulher perfeita, tanto em beleza quanto em caráter.

04 – Que tipo de amor o trovador expressa na cantiga?

      O trovador expressa um amor cortês, um amor idealizado e submisso, típico da poesia trovadoresca. Ele se coloca como um servo da amada, disposto a amá-la e servi-la, mesmo sem receber seu amor em troca.

05 – Qual é o significado do verso "Mais, senhor, a vida com bem / se cobraria: bem por bem"?

      Esse verso final expressa a esperança do trovador de que a vida possa ser recompensada com o bem, ou seja, com o amor da senhora. Ele anseia por um final feliz, onde seu amor seja correspondido e ele possa finalmente ser feliz ao lado da mulher amada.

 

 

TEXTO: SERMÃO DA SEXAGÉSIMA CAP. III - (FRAGMENTO) - PADRE ANTÔNIO VIEIRA - COM GABARITO

 Texto: Sermão da Sexagésima cap. III – Fragmento

                Padre António Vieira

        [...]       

        Fazer pouco fruto a palavra de Deus no Mundo, pode proceder de um de três princípios: ou da parte do pregador, ou da parte do ouvinte, ou da parte de Deus. Para uma alma se converter por meio de um sermão, há de haver três concursos: há de concorrer o pregador com a doutrina, persuadindo; há de concorrer o ouvinte com o entendimento, percebendo; há de concorrer Deus com a graça, alumiando. Para um homem se ver a si mesmo, são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelho e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz. 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhm8aPHIgtVNE5OkpVsrG2x2A_40QYhNUjxJnLWmwmqtf80Z5UiNoGHZry3qmiiACIa-al-WCQsdJ0_dNo6IyuqteVZBho4LfVUtJpieqFGiT2mCdbpFWAjX84S8zT32bvteBU-uF26JoKu5jA6ayDWMbDc175wlRanoSmmM0gqtRLHasixPvbdc8IDqiE/s320/SERM%C3%83O.jpg


Logo, há mister luz, há mister espelho e há mister olhos. Que coisa é a conversão de uma alma, senão entrar um homem dentro em si e ver-se a si mesmo? Para esta vista são necessários olhos, e necessária luz e é necessário espelho. O pregador concorre com o espelho, que é a doutrina; Deus concorre com a luz, que é a graça; o homem concorre com os olhos, que é o conhecimento. Ora suposto que a conversão das almas por meio da pregação depende destes três concursos: de Deus, do pregador e do ouvinte, por qual deles devemos entender que falta? Por parte do ouvinte, ou por parte do pregador, ou por parte de Deus?

        Primeiramente, por parte de Deus, não falta nem pode faltar. Esta proposição é de fé, definida no Concílio Tridentino, e no nosso Evangelho a temos. [...]

        Sendo, pois, certo que a palavra divina não deixa de frutificar por parte de Deus, segue-se que ou é por falta do pregador ou por falta dos ouvintes. Por qual será? Os pregadores deitam a culpa aos ouvintes, mas não é assim. Se fora por parte dos ouvintes, não fizera a palavra de Deus muito grande fruto, mas não fazer nenhum fruto e nenhum efeito, não é por parte dos ouvintes. Provo.

        Os ouvintes, ou são maus ou são bons; se são bons, faz neles fruto a palavra de Deus; se são maus, ainda que não faça neles fruto, faz efeito. [...] a palavra de Deus é tão fecunda, que nos bons faz muito fruto e é tão eficaz que nos maus ainda que não faça fruto, faz efeito; lançada nos espinhos, não frutificou, mas nasceu até nos espinhos; lançada nas pedras, não frutificou, mas nasceu até nas pedras. Os piores ouvintes que há na Igreja de Deus, são as pedras e os espinhos. E porquê? -- Os espinhos por agudos, as pedras por duras. Ouvintes de entendimentos agudos e ouvintes de vontades endurecidas são os piores que há. Os ouvintes de entendimentos agudos são maus ouvintes, porque vêm só a ouvir sutilezas, a esperar galantarias, a avaliar pensamentos, e às vezes também a picar a quem os não pica. [...]

        Mas os de vontades endurecidas ainda são piores, porque um entendimento agudo pode ferir pelos mesmos fios, e vencer-se uma agudeza com outra maior; mas contra vontades endurecidas nenhuma coisa aproveita a agudeza, antes dana mais, porque quanto as setas são mais agudas, tanto mais facilmente se despontam na pedra. [...]

        [...] E com os ouvintes de entendimentos agudos e os ouvintes de vontades endurecidas serem os mais rebeldes, é tanta a força da divina palavra, que, apesar da agudeza, nasce nos espinhos, e apesar da dureza nasce nas pedras.

        Pudéramos arguir ao lavrador do Evangelho de não cortar os espinhos e de não arrancar as pedras antes de semear, mas de indústria deixou no campo as pedras e os espinhos, para que se visse a força do que semeava. E tanta a força da divina palavra, que, sem cortar nem despontar espinhos, nasce entre espinhos. É tanta a força da divina palavra, que, sem arrancar nem abrandar pedras, nasce nas pedras. [...] Tomai exemplo nessas mesmas pedras e nesses espinhos! Esses espinhos e essas pedras agora resistem ao semeador do Céu; mas virá tempo em que essas mesmas pedras o aclamem e esses mesmos espinhos o coroem.

        Quando o semeador do Céu deixou o campo, saindo deste Mundo, as pedras se quebraram para lhe fazerem aclamações, e os espinhos se teceram para lhe fazerem coroa. E se a palavra de Deus até dos espinhos e das pedras triunfa; se a palavra de Deus até nas pedras, até nos espinhos nasce; não triunfar dos alvedrios hoje a palavra de Deus, nem nascer nos corações, não é por culpa, nem por indisposição dos ouvintes.

        Supostas estas duas demonstrações; suposto que o fruto e efeitos da palavra de Deus, não fica, nem por parte de Deus, nem por parte dos ouvintes, segue-se por consequência clara, que fica por parte do pregador. E assim é. Sabeis, cristãos, porque não faz fruto a palavra de Deus? – Por culpa dos pregadores. Sabeis, pregadores, porque não faz fruto a palavra de Deus? – Por culpa nossa.

        [...]

In: Eugênio Gomes, org. Vieira – Sermões. 6. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1972. p. 94-99.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, Vol. Único. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. Ensino Médio, 1ª ed. 4ª reimpressão – São Paulo: ed. Atual, 2003. p. 93-94.

Entendendo o texto:

01 – Quais são os três princípios que, segundo o Padre Vieira, podem impedir que a palavra de Deus frutifique no mundo?

      Os três princípios são: a falta de empenho do pregador, a falta de atenção e receptividade do ouvinte e a ausência da graça divina.

02 – Qual é a comparação utilizada pelo Padre Vieira para explicar a necessidade da ação conjunta do pregador, do ouvinte e de Deus na conversão de uma alma?

      Ele compara a conversão de uma alma com a necessidade de olhos, espelho e luz para que um homem possa ver a si mesmo. O pregador seria o espelho (a doutrina), Deus seria a luz (a graça) e o ouvinte seriam os olhos (o conhecimento).

03 – Por que o Padre Vieira afirma que a palavra de Deus não deixa de frutificar por parte de Deus?

      Ele se baseia na fé e em ensinamentos bíblicos para afirmar que Deus sempre concede a graça necessária para a conversão, portanto, a falta de fruto não pode ser atribuída a Ele.

04 – Qual é o argumento utilizado pelo Padre Vieira para refutar a ideia de que a falta de fruto da palavra de Deus é culpa dos ouvintes?

      Ele argumenta que a palavra de Deus é tão poderosa que, mesmo em ouvintes maus (representados pelos espinhos e pelas pedras), ela produz algum efeito, seja nos bons, seja nos maus.

05 – Quem são os "ouvintes de entendimentos agudos" e os "ouvintes de vontades endurecidas" mencionados no texto?

      Os "ouvintes de entendimentos agudos" são aqueles que possuem grande capacidade de compreensão, mas que podem usar essa inteligência para questionar e criticar a palavra de Deus, em vez de acolhê-la. Já os "ouvintes de vontades endurecidas" são aqueles que se mostram resistentes à mensagem divina, mesmo que a compreendam.

06 – Que exemplo o Padre Vieira utiliza para ilustrar a força da palavra de Deus, mesmo diante da resistência dos ouvintes?

      Ele cita o exemplo das pedras e dos espinhos que, apesar de resistirem ao semeador (a palavra de Deus), um dia o aclamarão e o coroarão, simbolizando a conversão que pode ocorrer até nos corações mais endurecidos.

07 – Qual é a principal conclusão do Padre Vieira sobre a razão pela qual a palavra de Deus não frutifica como deveria?

      Ele conclui que a culpa é dos pregadores, que não estão cumprindo seu papel de transmitir a mensagem divina de forma eficaz e persuasiva.

 

 

CANTIGA DE MALDIZER: MARÍA PÉREZ SE MAENFESTOU - FERNÃO VELHO - COM GABARITO

 Cantiga de maldizer: María Pérez se maenfestou

                Fernão Velho

María Pérez se maenfestou
noutro día, ca por mui pecador
se sentiu, e log'a Nostro Senhor
pormeteu, polo mal en que andou,
que tevess'un clérig'a seu poder,
polos pecados que lhi faz fazer
o Demo, con que x'ela sempr'andou.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQsdzywkJXdZxilQnUa1DVOGTOjLL7aCeiU6HhupxcAm0ijH176C9YDkOujBJG4GSCiaSDrKaqPpC0Fn_xqKoroubOwZFhn-oFsZ5a-oGw0y08HM-DhV-uibsqeIpeYn4rMGPS2bA3r_sCEe_Gs1PG-fkBcN_T2PU-wC81EuC4tktf-XQrXpu0Gjs3IiE/s320/Libro_de_los_Juegos,_Alfonso_X_y_su_corte.jpg



Maenfestou-se, ca diz que s'achou
pecador muit', e por én rogador
foi log'a Deus, ca teve por melhor
de guardar a el ca o que aguardou;
e, mentre viva, diz que quer teer
un clérigo con que se defender
possa do Demo, que sempre guardou.

E pois que ben seus pecados catou,
de sa morte houv'ela gran pavor
e d'esmolnar houv'ela gran sabor;
e logu'entón un clérigo filhou
e deu-lh'a cama en que sol jazer,
e diz que o terrá, mentre viver;
e est'afán todo por Deus filhou!

E pois que s'este preito começou
antr'eles ambos, houve grand'amor
antr'ela sempr'e o Demo maior,
ata que se Balteira confessou;
mais, pois que viu o clérigo caer
antr'eles ambos, houvi-a perder
o Demo, des que s'ela confessou.

In: Fernando V. Peixoto da Fonseca, org. Cantigas de escárnio e maldizer dos trovadores galego-portugueses. Lisboa: Livr. Clássica, 1961, p. 76.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, Vol. Único. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. Ensino Médio, 1ª ed. 4ª reimpressão – São Paulo: ed. Atual, 2003. p. 54.

Entendendo a Cantiga:

01 – Qual é o tema central da cantiga?

      A cantiga satiriza a personagem María Pérez, que se arrepende de seus pecados e busca redenção através da religião. No entanto, a forma como ela faz isso, envolvendo um clérigo em sua vida, é alvo de crítica e ridicularização.

02 – Qual é a principal crítica direcionada a María Pérez?

      A principal crítica é a hipocrisia de María Pérez. Ela se diz arrependida de seus pecados e busca a Deus, mas ao mesmo tempo mantém um relacionamento com um clérigo, o que sugere uma falsa piedade e uma busca por status social.

03 – Qual é o papel do "Demo" na cantiga?

      O "Demo" representa as tentações e os pecados que María Pérez comete. A cantiga sugere que ela sempre esteve ligada ao Demônio, e mesmo após se confessar, não consegue se libertar completamente de sua influência.

04 – Qual é a intenção do trovador ao escrever essa cantiga?

      A intenção do trovador é provocar o riso através da sátira e da crítica social. Ele utiliza a figura de María Pérez para ridicularizar a hipocrisia e a falsa religiosidade, expondo os vícios e os costumes da sociedade da época.

05 – Quais são os elementos que caracterizam essa cantiga como uma "cantiga de maldizer"?

      Essa cantiga é classificada como "de maldizer" por conter críticas diretas e explícitas à personagem María Pérez. O trovador utiliza linguagem irônica e sarcástica para ridicularizar suas ações e comportamentos, expondo seus defeitos e contradições.

 

 

TEXTO: RELATO DE UM NÁUFRAGO; EU ERA UM MORTO - (FRAGMENTO) - GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ - COM GABARITO

 Texto: Relato de um náufrago; EU ERA UM MORTO – Fragmento 

            Gabriel García Márquez

        Não me lembro do amanhecer do sexto dia. Tenho uma ideia nebulosa de que, durante toda a manhã, fiquei prostrado no fundo da balsa, entre a vida e a morte. Nesses momentos, pensava em minha família e a via tal como me contaram agora que esteve durante os dias do meu desaparecimento. Não fiquei surpreso com a notícia de que tinham me prestado homenagens fúnebres. Naquela sexta manhã de solidão no mar, pensei que tudo isso estava acontecendo. Sabia que haviam comunicado à minha família o meu desaparecimento. Como os aviões não voltaram, sabia que tinham desistido da busca e que me haviam declarado morto.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFYIfIL0D1HhkT2m6nKwDpirBHSeVuGUdYa_9cV_o49XqOlu3qmOBNB-0FIjnYMQ76LgEGYC8Q0o5z3TXYYOjboT2TrqCuICVuFbnxBLPvmDPerRTbyfWcaqHsy3jjiSI6jTqUwYryXvn_b_mYtUHQ9cOIBXIXKouO-KBcRqhpa4SyGVcrlDqJiSZ-aqQ/s320/RELATO.jpg


        Nada disso era errado, até certo ponto. Em todos os momentos, tratei de me defender. Encontrei sempre um meio de me defender. Encontrei sempre um meio de sobreviver, um ponto de apoio, por insignificante que fosse, para continuar esperando. No sexto dia, porém, já que não esperava mais nada. Eu era um morto na balsa. 

        Á tarde, pensando que logo seriam cinco horas e os tubarões voltariam, fiz um desesperado esforço para me levantar e me amarrar à borda. Em Cartagena, há dois anos, vi na praia os restos de um homem destroçado por tubarão. Não queria morrer assim. Não queria ser repartido em pedaços entre um montão de animais insaciáveis.

        Eram quase cinco horas. Pontuais, os tubarões estavam ali, rodando a balsa. Levantei-me penosamente para desatar os cabos do estrado. A tarde era fresca. O mar, tranquilo. Senti-me ligeiramente fortalecido. Subitamente, vi outra vez as sete gaivotas do dia anterior e essa visão infundiu em mim renovados desejos de viver.

        Nesse instante teria comido qualquer coisa. A fome me incomodava. Mas o pior era a garganta e a dor nas mandíbulas, endurecidas pela falta de exercício. Precisava mastigar qualquer coisa. Tentei arrancar tiras de borrachas dos sapatos, mas não tinha com que cortá-las. Foi então que lembrei dos cartões da loja de Mobile.

        Estavam num dos bolsos da calça, quase completamente desfeitos pela umidade. Rasguei-os, levei-os à boca e comecei a mastigar. Foi um milagre: a garganta se aliviou um pouco e a boca se encheu de saliva. Lentamente continuei mastigando, como se aquilo fosse chiclete. [...] Pensava continuar mastigando os cartões indefinidamente para aliviar a dor das mandíbulas e até achei que seria desperdício jogá-los no mar. Senti descer até o estômago a minúscula papa de papelão moído e desde esse instante tive a sensação de que me salvaria, de que não seria destroçado pelos tubarões. [...]

        Afinal, amanheceu o meu sétimo dia no mar. Não sei por que estava certo de que esse não seria o último. O mar estava tranquilo e nublado, e quando o sol saiu, mais ou menos às oito da manhã, eu me sentia reconfortado pelo bom sono da noite. Contra o céu cinza e baixo passaram sobre a balsa as sete gaivotas. 

        Dois dias antes eu sentira uma grande alegria vendo as sete gaivotas. Mas quando as vi pela terceira vez, depois de tê-las visto durante dois dias consecutivos, senti o terror renascer. “são sete gaivotas perdidas”, pensei, com desespero. Todo marinheiro sabe que, às vezes, um bando de gaivotas se perde no mar e voa sem direção, durante vários dias, até encontrar e seguir um barco que lhes indique a direção do porto. Talvez aquelas gaivotas que vira durante três dias fossem as mesmas todos os dias, perdidas no mar. Isso significa que eu me distanciava cada vez mais da terra.

Gabriel Garcia Márquez, Relato de um náufrago. 3. ed. Rio de Janeiro: Record, 1970. p. 70-3.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, Vol. Único. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. Ensino Médio, 1ª ed. 4ª reimpressão – São Paulo: ed. Atual, 2003. p. 99-100.

Entendendo o texto:

01 – Qual é o estado do narrador no início do fragmento?

      O narrador se encontra em um estado de prostração, entre a vida e a morte, no sexto dia de seu naufrágio. Ele se sente como um morto na balsa, sem esperanças de sobrevivência.

02 – O que leva o narrador a ter um esforço desesperado para se levantar e se amarrar à borda da balsa?

      O narrador se lembra de ter visto, em Cartagena, os restos de um homem destroçado por um tubarão. Ele teme que o mesmo possa acontecer com ele, já que os tubarões costumam voltar ao entardecer.

03 – Qual é a importância da visão das sete gaivotas para o narrador?

      A visão das sete gaivotas traz ao narrador renovados desejos de viver. Ele se sente fortalecido e encontra nelas um sinal de esperança em meio ao desespero.

04 – O que o narrador faz para aliviar a fome e a dor nas mandíbulas?

      O narrador, em um momento de desespero e necessidade, lembra-se dos cartões da loja Mobile que estão em seu bolso. Ele os rasga, os leva à boca e começa a mastigar, como se fossem chicletes.

05 – Qual é a reação do narrador ao amanhecer do sétimo dia no mar?

      O narrador acorda no sétimo dia com a certeza de que não será o último. Ele se sente reconfortado pelo sono da noite e observa as gaivotas, que o fazem sentir esperançoso.

06 – Por que o narrador sente terror ao ver as gaivotas pela terceira vez?

      O narrador percebe que as gaivotas podem estar perdidas no mar, o que significa que ele pode estar se distanciando da terra e de qualquer chance de resgate. Essa constatação o enche de terror.

07 – Qual é a principal mensagem transmitida no fragmento?

      O fragmento transmite a luta do ser humano pela sobrevivência em condições extremas, a importância da esperança e da fé, e a força da natureza, que pode ser tanto ameaçadora quanto fonte de salvação.

 

 

REPORTAGEM: O DEBATE REGRADO - PAIS & TEENS - COM GABARITO

 Reportagem: O debate regrado

                      PAIS & TEENS

        PAIS &TEENS O que é ficar? Que tal cada um de vocês dar uma definição, dizer o que acha?

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBrZYbcVNK0FhAHkSLFNlslaQPImZ7F4pTn-NzvWRESGXvsKOcWtVzay3s6JzpwhJAN-ME8KoOm4GfDIqVa1aeTKAsis_xv_kjo0MGjVLhOuC8y1NIPhp7tIr6heT9tgghyphenhyphenLwxpWrZ7u1YQ7Kc_Fh7dYSNJVJKt_P3ViY-bl8V4tjR6ufk8Oe2tcZZM8c/s320/PAIS.jpg


        Veruska – Eu acho que existem dois jeitos de ficar. Muita gente fica por ficar, e muita gente fica com o sentimento. No meu ponto de vista, o ficar tem que ter um sentimento, nem que for de atração. Ou sentimento mais forte, quando você gosta: ou de amor ou de paixão. Não necessariamente, mas só pelo fato de você estar atraído, já é um sentimento, e então aí você pode começar a gostar da pessoa através do ficar.

        Débora – Eu concordo com a Veruska, eu acho que ninguém deve ficar por ficar. Porque às vezes, por exemplo, se eu gosto de alguém e essa pessoa fica comigo por ficar, eu posso ficar chateada, posso me decepcionar. Eu acho que, como a Veruska falou, tem que ter alguma atração, algum sentimento para que, quem sabe, possa rolar alguma coisa.

        Max – Eu discordo, porque pra mim ficar é só para dar uns beijos e, se você quer um negócio mais sério, você tem que namorar a 6 pessoa ou ficar de rolo com ela. Fernando Esse negócio de ficar, pra mim não tem essa: você tem que sentir alguma coisa pela pessoa. Eu discordo do Max, eu acho que essa é uma atitude meio impensada dele. Tanto é que eu namoro há nove meses (palmas e risos) e gosto muito da minha namorada, e acho que não tem nada a ver esse negócio da moda, o ficar.

        Melissa – Eu acho que é ficando que você começa a namorar, que você conhece a pessoa, conhece o jeito dela ser e, se você vai se apaixonar por ela, vai ter alguma coisa mais séria. Acho que é bom ficar com as pessoas, mas tem que ter vontade, tem que estar a fim da pessoa para você não ficar por ficar à toa, só para dizer "fiquei com ele", só porque é o cara mais bonito da rodinha, só para ter nome com as amigas. Acho que isso não tem nada a ver, acho que tem que ter, sim, um sentimento para você ficar com a pessoa.

        Thiago – Pra mim ficar é simplesmente suprir a necessidade momentânea de conforto emocional (risadas). Essa é a minha opinião. 

        Luciana – Eu concordo com o Max, eu acho que hoje quem sai para sair não tá saindo atrás do príncipe, tá saindo pra ficar, ficar por ficar, dar uns beijos... Ninguém tá indo atrás de sentimento, que é diferente de você já conhecer a pessoa e naquela hora pintar um clima e ficar. Talvez poderá vir um sentimento, porque você não sabe se vai se encontrar de novo com aquela pessoa, depende, às vezes até pede o telefone, quando gostou, pode até ter um relacionamento. Mas, geralmente, quando sai, nem vê mais a pessoa, entendeu, isso que eu acho errado.

        Denise – O que ela tá querendo dizer é que ninguém sai assim: "Hoje eu vou encontrar o homem da minha vida". Você sai pra zoar com os seus amigos, tanto é que a maioria dos homens que namoram, os amigos ligam: “E aí, vamos sair?” – “Vou dar um jeito de dispensar minha namorada”. Você quer o quê? Você quer zoar, entendeu. Muitos caras querem dispensar a namorada, eu tou mentindo?

        PAIS&TEENS Ficar é um encontro inocente, ou pode rolar sexo também? 

        Luciana – Uma amiga minha ficou grávida de um cara que ela conheceu uma noite e nunca mais viu. Chega e transa. Depende muito da menina, da liberdade que ela dá pra ele. É claro que, se a menina fica por ficar, ele vai tentar, e rola transa sim, depende da menina. Não é sempre, depende do lugar também.

        Bruno – Eu queria colocar uma coisa, que esse negócio de ficar hoje em dia é perigoso, porque, muitas vezes, vai acabar em transa e, muitas vezes, você não conhece a pessoa... Tem um amigo meu, ele mora numa cidade do interior, e ele foi na discoteca, conheceu uma menina, e essa menina foi pro carro dele, e dentro do carro mesmo eles fizeram. Só que ele não conhecia a menina, não conhecia ela direito, só tinha o nome e o telefone. A menina tinha AIDS, e ele engravidou a menina, então ele pegou AIDS e o filho dele vai nascer com AIDS. Ele tem 13 anos, tá com AIDS.

Fonte: Pais&Teens, fev./mar./abr. 1997.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, Vol. Único. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. Ensino Médio, 1ª ed. 4ª reimpressão – São Paulo: ed. Atual, 2003. p. 116-117.

Entendendo a reportagem:

01 – Qual é o tema central debatido na reportagem?

      O tema central é o significado e as diferentes perspectivas sobre o ato de "ficar" entre jovens. Os participantes do debate oferecem suas definições e opiniões sobre o assunto.

02 – Quais são os principais pontos de vista apresentados sobre "ficar"?

      Há diversas opiniões:

      Ficar com sentimento: Algumas pessoas defendem que "ficar" deve envolver algum tipo de sentimento, seja atração, paixão ou amor.

      Ficar por ficar: Outros argumentam que "ficar" pode ser apenas uma experiência casual, sem necessidade de envolvimento emocional profundo.

      Ficar como etapa para o namoro: Há quem veja o "ficar" como uma forma de conhecer melhor alguém e, eventualmente, iniciar um relacionamento sério.

      Ficar como suprimento de necessidade emocional: Uma visão mais pragmática define "ficar" como uma forma de suprir necessidades emocionais momentâneas.

03 – Qual é a opinião de Veruska sobre "ficar"?

      Veruska acredita que existem dois tipos de "ficar": por puro entretenimento e com sentimento. Para ela, o "ficar" ideal envolve algum tipo de sentimento, mesmo que seja apenas atração.

04 – O que Débora acrescenta à discussão sobre "ficar"?

      Débora concorda com Veruska e enfatiza a importância de ter atração ou sentimento ao "ficar" com alguém, para evitar decepções e frustrações.

05 – Qual é a opinião de Max sobre "ficar"?

      Max discorda da visão de que "ficar" precisa de sentimento. Para ele, "ficar" serve apenas para dar uns beijos, e se a intenção for ter um relacionamento sério, é preciso namorar.

06 – O que Luciana relata sobre a prática de "ficar" atualmente?

      Luciana relata que as pessoas saem para "ficar" sem a intenção de encontrar um parceiro para um relacionamento sério. Ela observa que o objetivo principal é "ficar por ficar", dar uns beijos, sem necessariamente criar laços emocionais duradouros.

07 – Qual é o alerta dado por Bruno sobre os riscos de "ficar" atualmente?

      Bruno alerta sobre os perigos do "ficar" sem conhecer a pessoa, especialmente em relação à possibilidade de contrair doenças sexualmente transmissíveis, como o caso de um amigo que contraiu AIDS após ter relações sexuais com alguém que conheceu em uma festa.

 

 

TEXTO: USAR PIERCINGS E TATUAGENS - "NÃO" - HAYLTON SANTOS - COM GABARITO

 Texto: Usar piercings e tatuagens – “Não"

              Haylton Santos

        O uso do piercing me passa a ideia do “ter que ter”, do ter que usar “porque minha tribo está usando”. Algo como a caneta Montblanc para os executivos.

        Mesmo pensando na questão por um ângulo puramente estético, o piercing não me agrada. Eu ainda prefiro, por exemplo, os inúmeros aros no pescoço das africanas, ou os ossos e argolas dos poucos índios que nos restam. Além de me parecerem mais consistentes em sua beleza particular, tais enfeites têm significado cultural que ultrapassa uma fase de vida.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh2c64IdHkP659YTe9U8wHrg0F_2_POgQaHVljRb6VUnX0iLYx9SSsCQjmSXJEVw_k0HRb6L3v4EUSTXG_YwtLzDbGhxYIeVjotapBFeHdOU4VY8r0uDeGRbBCFMOzZgLM7ZDMv7B9ZY_oCoOQ7j-sEQseFlRYtX4lcRekrPyw1cIBhVf8vpGEwvqDF5A/s320/z1-1.jpg


        Sabemos que as nossas tribos adolescentes não duram mais que alguns anos e que cada indivíduo deverá se inserir em muitas outras “tribos” ao longo de sua vida. As cicatrizes permanentes que os fetiches adolescentes dos últimos tempos têm acarretado (tatuagens, piercings ou cicatrizações) aumentam a responsabilidade dos adultos, no sentido de reforçar no jovem a informação e o compromisso consciente com suas escolhas, além do imediato e dos modismos, mesmo que seja um simples piercing (simples mesmo?). Tais escolhas passam também pelas questões relativas à saúde, hoje cada vez mais entendida como um valor cultural. Também me parece que, além de deixar uma marca indelével, o piercing – dependendo do lugar em que for colocado – não é propriamente higiênico.

        Alguns entendem o uso de enfeites perfurando o corpo como manifestação do antagonismo próprio do adolescente, questionamento ou crítica à sociedade, ou tentativa de chocar. Para mim, isso carece de solidez: tem mais jeito de regras e normas, ou apego exagerado ao modismo. O espírito transformador e crítico é a colaboração mais rica que a juventude tem para dar à sociedade. Sociedade que pede, hoje, atitudes prioritárias em relação à AIDS, às drogas e à responsabilidade social, por parte de jovens mais autônomos e mais conscientes.

        Afinal... eu não gostaria que minhas filhas usassem piercings, porque é um símbolo que definitivamente não me atrai. Mas como essa é uma opinião pessoal, se alguma delas insistir em pendurá-los pelo corpo, eu de minha parte vou continuar usando minha caneta Bic, ou outra qualquer que estiver à mão.

Haylton Santos. Revista Pais e Filhos. Pais&Teens, nº 3.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, Vol. Único. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. Ensino Médio, 1ª ed. 4ª reimpressão – São Paulo: ed. Atual, 2003. p. 136-137.

Entendendo o texto:

01 – Qual é a principal crítica do autor em relação ao uso de piercings?

      O autor critica a ideia de que o uso de piercings se tornou uma moda passageira, como um "ter que ter" imposto por tribos adolescentes, sem significado cultural duradouro como os adornos de culturas tradicionais africanas e indígenas.

02 – Que preocupações o autor levanta sobre as escolhas de piercings e tatuagens entre adolescentes?

      O autor se preocupa com a falta de informação e compromisso consciente dos jovens ao fazerem escolhas permanentes como tatuagens e piercings, além das questões de higiene e saúde relacionadas, já que tais escolhas podem ter consequências negativas a longo prazo.

03 – Qual é a visão do autor sobre a alegação de que piercings e tatuagens são formas de expressão e antagonismo adolescente?

      O autor discorda dessa visão, argumentando que tais práticas são mais ligadas ao modismo do que a um real espírito crítico e transformador, que ele considera mais valioso para a sociedade.

04 – O que o autor prioriza como atitudes mais importantes para os jovens na sociedade atual?

      O autor prioriza atitudes de maior responsabilidade social, como a conscientização sobre AIDS, drogas e a necessidade de ações que contribuam para o bem-estar da comunidade.

05 – Qual é a opinião pessoal do autor sobre o uso de piercings por suas filhas?

      O autor expressa que não gostaria que suas filhas usassem piercings, pois não se sente atraído por esse símbolo. No entanto, reconhece que é uma opinião pessoal e que respeitará a decisão delas caso insistam em usar piercings, demonstrando que sua preocupação é com a conscientização e não com a imposição.

 

SONETO: QUANDO CHEIOS DE GOSTO, E DE ALEGRIA - CLÁUDIO MANUEL DA COSTA - COM GABARITO

 SONETO: Quando cheios de gosto, e de alegria

                  Cláudio Manuel da Costa

 

Quando cheios de gosto, e de alegria

Estes campos diviso florescentes,

Então me vêm as lágrimas ardentes

Com mais ânsia, mais dor, mais agonia.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXTXJ8T1FnzzGsBmg67mUgt6AMm0AwZXy8PAnMnOMRz46JwCChEt5InLNMmru4yxiKH4a_5-_oFMcNj9ibCCK6veD8VB_zSUTLx5yBz8iob4hRayhvkXUpVswcHadwqYMqRH5K5uz1VsnsWCv2GIMiad9pIGi8tdpDGucdL8j750ct9KIVRjAf4R_jAmk/s1600/MELANCOLIA.jpg


 

Aquele mesmo objeto, que desvia

Do humano peito as mágoas inclementes,

Esse mesmo em imagens diferentes

Toda a minha tristeza desafia.

 

Se das flores a bela contextura

Esmalta o campo na melhor fragrância,

Para dar uma ideia de ventura;

 

Como, ó Céus, para os ver terei constância,

Se cada flor me lembra a formosura

Da bela causadora de minha ânsia?

In: Péricles Eugênio da Silva Ramos, org. Poemas de Cláudio Manuel da Costa. São Paulo: Cultrix, 1976, p. 72.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, Vol. Único. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. Ensino Médio, 1ª ed. 4ª reimpressão – São Paulo: ed. Atual, 2003. p. 146.

Entendendo o soneto:

01 – Qual é o sentimento central expresso no soneto?

      O sentimento central é a melancolia e a tristeza do eu lírico, mesmo diante da beleza da natureza. Ele experimenta um contraste entre a alegria do ambiente externo e a dor que sente interiormente.

02 – Qual é a causa da tristeza do eu lírico?

      A causa da tristeza é a lembrança da amada, que é evocada pela beleza das flores. Cada flor o faz recordar da formosura da mulher que ama, intensificando sua dor e a sensação de ausência.

03 – Como a natureza é descrita no soneto?

      A natureza é descrita como "florescentes campos", com "bela contextura" e "melhor fragrância". As flores são apresentadas como símbolos de alegria e ventura, criando um contraste com o estado emocional do eu lírico.

04 – Qual é o papel das flores no soneto?

      As flores têm um papel duplo no soneto. Ao mesmo tempo em que representam a beleza da natureza, elas também servem como um gatilho para a memória da amada, intensificando a tristeza e a dor do eu lírico.

05 – Qual é a principal emoção expressa no último verso do soneto?

      O último verso expressa a ânsia do eu lírico, que se refere ao seu desejo intenso e doloroso pela amada. A beleza das flores se torna um tormento, pois o impede de esquecer a mulher que causa sua dor.

 

 

NOTÍCIA: HORÁRIO DE VERÃO TEM HISTÓRIA ANTIGA - REVISTA CLAUDIA - COM GABARITO

 Notícia: Horário de verão tem história antiga

        Adiantar o relógio para aproveitara luz natural e economizar energia não é uma ideia recente. Ela foi proposta pela primeira vez em 1748 pelo físico americano Benjamin Franklin (1709-1790), o inventor do para-raios, mas acabou rejeitada. Um século mais tarde, em 1884, houve uma importante articulação mundial para uniformizar os padrões de medição das horas. Foram estabelecidos os fusos horários. A medida foi necessária porque, com a construção de ferrovias extensas unindo regiões muito distantes, ficou evidente a diferença de horários entre um ponto e outro.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5fz6taWycEabNOqkjd60BHST6rmk-995I8-mFzOM7LkB4JdqlLG_xuItQanWN0HaZ9F4UmM2JmMzNBepe3jJoUEbh_zl8uLlKQglCvNAHhd0RYG-D6sfiCK5Y2aiFiAWhyphenhyphen5QofEjt6ne-U_OPMEZuPYSnEy-5bKWQky218uYUdq0CZjMO4x1uRHzEfrQ/s320/hor2.jpg


        Nas décadas seguintes, nenhuma outra proposta de alterar horários teve sucesso. Até que, em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial, os alemães usaram o recurso de adiantar os relógios para economizar combustíveis, sendo imediatamente imitados. O mesmo aconteceu durante a segunda Guerra (1939- 1945) e, daí em diante, vários países passaram a adotar a prática nos meses em que os dias são mais longos.

Revista Claudia, nov. 1997.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, Vol. Único. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. Ensino Médio, 1ª ed. 4ª reimpressão – São Paulo: ed. Atual, 2003. p. 153.

Entendendo a notícia:

01 – Quem propôs pela primeira vez a ideia de adiantar o relógio para economizar energia?

      A ideia foi proposta pela primeira vez em 1784 pelo físico americano Benjamin Franklin, conhecido por inventar o para-raios.

02 – Por que a proposta de Benjamin Franklin não foi aceita em sua época?

      A notícia não informa o motivo específico, apenas que a proposta foi rejeitada.

03 – Qual foi o fator que impulsionou a necessidade de uniformizar os horários ao redor do mundo?

      A construção de ferrovias extensas, unindo regiões distantes, evidenciou a diferença de horários entre os pontos, tornando necessária a criação dos fusos horários em 1884.

04 – Em que contexto o horário de verão começou a ser utilizado?

      O horário de verão começou a ser utilizado durante a Primeira Guerra Mundial, em 1916, quando a Alemanha adotou a prática para economizar combustíveis, sendo seguida por outros países.

05 – Qual é o principal objetivo do horário de verão?

      O principal objetivo do horário de verão é aproveitar a luz natural e economizar energia, especialmente nos meses em que os dias são mais longos.

 

 

POESIA: VAÍAMOS, IRMÃA, VAIAMOS DORMIR - D.DINIS - COM GABARITO

 Poesia: Vaiamos, irmãa, vaiamos dormir

             D. Dinis

Vaiamos, irmãa, vaiamos dormir

(en) nas ribas do lago, u eu andar vi

a las aves meu amigo.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoLRZnrmbJSQSDsZVsLQ_6UvGHdNdunT58DMLm640WWKTFPTekY1z9SBwGdPBPtESmx71Pj43JYucrQtWBB1pQCqAouGz8k0h6GLm7qdk2PBHTgt-t72tHHFAvXcn0ihGVTfzwZUeCWCCIPfOLOxcpbV5QlCy3_PjeCjk7nIMUYP1jCPXUaVWuWviexv4/s320/LAGO.jpg

Vaiamos, irmãa, vaiamos folgar

(en) nas ribas do lago, u eu vi andar

a las aves meu amigo.

 

En nas ribas do lago, u eu andar vi,

seu arco na mãao as aves ferir,

a las aves meu amigo.

 

En nas ribas do lago, u eu vi andar,

seu arco na mãao a las aves tirar,

a las aves meu amigo.

 

Seu arco na mãao as aves ferir,

a las que cantavam leixa-las guarir,

a las aves meu amigo.

 

Seu arco na mãao as aves tirar,

a las que cantavam non nas quer matar,

a las aves meu amigo.

Fonte: Segismundo Spina. A lírica trovadoresca. Rio de Janeiro; São Paulo: Grifo; Edusp, 1972, p. 369.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, Vol. Único. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. Ensino Médio, 1ª ed. 4ª reimpressão – São Paulo: ed. Atual, 2003. p. 53.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o convite central expresso no poema?

      O convite central é para que a irmã (ou amiga) vá dormir junto com o eu lírico nas margens do lago. O verso "Vaiamos, irmãa, vaiamos dormir" é repetido como um refrão, enfatizando o desejo de compartilhar esse momento de descanso e intimidade.

02 – Qual é a importância do lago e das aves no poema?

      O lago e as aves são elementos da natureza que testemunham o encontro e a interação entre o eu lírico e seu amigo. O lago é um lugar de beleza e tranquilidade, propício para o descanso e o amor. As aves, por sua vez, simbolizam a liberdade e a beleza, além de serem o foco da atenção do amigo do eu lírico.

03 – Qual é a ação do amigo do eu lírico em relação às aves?

      O amigo do eu lírico é visto com um arco na mão, ferindo e, em seguida, poupando as aves. Essa ação pode ser interpretada como uma metáfora para o amor, que pode tanto ferir quanto curar. O amigo demonstra compaixão ao não matar as aves que cantam, mostrando um lado sensível e amoroso.

04 – Qual é a atmosfera geral do poema?

      A atmosfera geral do poema é de tranquilidade, intimidade e amor. O convite para dormir junto, a descrição da natureza e a menção ao amigo criam um ambiente acolhedor e romântico.

05 – Qual é o significado do verso "a las aves meu amigo"?

      O verso "a las aves meu amigo" é repetido ao longo do poema, enfatizando a ligação entre o amigo do eu lírico e as aves. Essa ligação pode representar a sensibilidade e o amor do amigo pela natureza, além de sugerir que ele é uma pessoa especial e querida pelo eu lírico.