domingo, 27 de abril de 2025

MÚSICA(ATIVIDADES): GENI E O ZEPELIM - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

 Música (Atividades): Geni e o Zepelim

              Chico Buarque

De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3LCChjH-Bpf-Yv7WZm7quRNnsJBf28Wym3VfGE_FiJyi6Xyc-GO2RBZc444o7CJfV8L87PLaJjrNsP_VsjfgzJ_liNiAFI85rh0sXENKe5eM5GtUUc4DtFBfiQnLldoGkEqUWsPyGlzyC6GP0rTzwqiu50_37LWC-o1BunpobwgOrCBVhjxSCX5xd6h8/s1600/GENI.jpg


Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato

E também vai amiúde
Com os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir

Joga pedra na Geni!
Joga pedra na Geni!
Ela é feita pra apanhar!
Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um!
Maldita Geni!

Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim

A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geleia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo: Mudei de ideia!

Quando vi nesta cidade
Tanto horror e iniquidade
Resolvi tudo explodir
Mas posso evitar o drama
Se aquela formosa dama
Esta noite me servir

Essa dama era Geni!
Mas não pode ser Geni!
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni!

Mas de fato, logo ela
Tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro

Acontece que a donzela
(E isso era segredo dela)
Também tinha seus caprichos
E ao deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos

Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão

Vai com ele, vai, Geni!
Vai com ele, vai, Geni!
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni!

Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco

Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado

Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir

Joga pedra na Geni!
Joga bosta na Geni!
Ela é feita pra apanhar!
Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um!
Maldita Geni!

Joga pedra na Geni!
Joga bosta na Geni!
Ela é feita pra apanhar!
Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um!
Maldita Geni!

Chico Buarque. Geni e Zepelim.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 2. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª Ed. – Ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 392.

Atividades da música:

01 – Como a figura de Geni é inicialmente apresentada na música em relação à sociedade e a quem ela se dedica?

      Geni é apresentada como uma figura marginalizada, ligada a locais como o mangue e o cais do porto, e que se relaciona intimamente com os excluídos da sociedade: errantes, cegos, retirantes, detentos, loucos, lazarentos, moleques de internato, velhinhos doentes e viúvas. Ela é descrita como alguém que se doa a todos eles.

02 – Qual a atitude da cidade em relação a Geni, expressa no refrão, e como essa atitude se justifica na narrativa?

      A atitude da cidade em relação a Geni é de agressão e desprezo, expressa no refrão "Joga pedra na Geni! Ela é feita pra apanhar! Ela é boa de cuspir! Ela dá pra qualquer um! Maldita Geni!". Essa atitude se justifica pela sua promiscuidade e pela forma como ela se relaciona com os marginalizados, sendo vista como impura e merecedora de punição.

03 – Qual o evento extraordinário que interrompe a rotina da cidade e qual a ameaça que ele representa?

      A chegada de um enorme zepelim brilhante e armado com dois mil canhões interrompe a rotina da cidade. A ameaça é de destruição total, pois o comandante do zepelim anuncia sua intenção de explodir a cidade devido à "tanto horror e iniquidade" que presenciou.

04 – Qual a condição imposta pelo comandante do zepelim para poupar a cidade da destruição e quem é a pessoa escolhida para cumprir essa condição?

      A condição imposta pelo comandante para poupar a cidade é que "aquela formosa dama" o sirva naquela noite. Essa dama é Geni.

05 – Qual a reação inicial da cidade ao saber que Geni é a pessoa que pode salvá-los e como essa reação se transforma ao longo da negociação?

      A reação inicial da cidade é de incredulidade e repulsa, expressa na repetição do refrão depreciativo sobre Geni. No entanto, diante da ameaça iminente, a cidade muda radicalmente sua atitude, implorando para que Geni aceite a proposta do comandante, chegando a beijar sua mão e chamá-la de "Bendita Geni!".

06 – Qual a preferência íntima de Geni em relação aos seus amantes e como essa preferência se manifesta na noite em que ela se entrega ao comandante?

      Geni preferia amar com os bichos a deitar com um homem "tão nobre" e "cheirando a brilho e a cobre". Apesar de seu asco, ela se entrega ao comandante como quem se entrega a um carrasco, motivada pelos pedidos da cidade para salvá-los.

07 – Como a cidade reage após a partida do zepelim e do comandante, e qual a ironia presente nessa reação final?

      Após a partida do zepelim, a cidade sente um suspiro aliviado, mas logo ao raiar do dia, volta a hostilizar Geni com ainda mais intensidade, jogando pedras e bosta, e repetindo o refrão maldizente. A ironia reside na completa falta de gratidão e na persistência da crueldade da cidade em relação àquela que se sacrificou para salvá-los, mostrando a hipocrisia e a ingratidão da sociedade.

 

 

sábado, 26 de abril de 2025

NOTÍCIA: COPA DO MUNDO EM TOSA CANINA - VEJA SÃO PAULO - COM GABARITO

 Notícia: Copa do Mundo em tosa canina

          Apesar do prêmio modesto, vitória em competição de tosa é valiosa para brasileiro

        O concurso Intergroom, realizado anualmente em Nova Jersey, nos Estados Unidos, é uma espécie de Copa do Mundo dos profissionais especializados em tosa de cachorros. Na mais recente edição do evento, realizado no mês passado com a presença de 3.000 competidores de 21 países, o paulistano William Galharde, de 27 anos, venceu na categoria “estrela em ascensão”.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGZeWW0tOVjVOfUY-MO-sYTtPQQFUJecxhsPM1rMHoK5GafV4J41mAXmHPwrj0saI3IJd7jdK_0u3IabJYgV-rhWo4UwYxSTJvlnXe-t_dyy5EJz3iNM4MwaWkCO-9e6FGgAU74OiNluC3CMzIDz5fzINiqDARvrMsbN8cBJETFHifDDbwsufFAX2ls88/s1600/images.jpg


        Em sua apresentação, usou as mãos para aparar os pelos de um terrier. “Sei o que é adequado para cada raça”, afirma ele, que é gerente técnico de estética animal da rede Pet Center Marginal. Apesar do esforço, Galharde recebeu um módico prêmio de 300 dólares dos organizadores. “Valeu mais pelo reconhecimento”, consola-se.

Veja. São Paulo. 23/5/2012.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 2. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª Ed. – Ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 246.

Entendendo a notícia:

01 – Qual o nome do concurso considerado a "Copa do Mundo" da tosa canina e onde ele é realizado?

      O concurso é chamado Intergroom e é realizado anualmente em Nova Jersey, nos Estados Unidos.

02 – Quem foi o brasileiro que venceu a mais recente edição do Intergroom e em qual categoria ele conquistou o título?

      O brasileiro William Galharde, de 27 anos, venceu na categoria "estrela em ascensão".

03 – Quantos competidores e de quantos países participaram da mais recente edição do Intergroom?

      A mais recente edição do Intergroom contou com a presença de 3.000 competidores de 21 países.

04 – Qual técnica William Galharde utilizou em sua apresentação e qual sua profissão?

      Em sua apresentação, William Galharde usou as mãos para aparar os pelos de um terrier. Ele é gerente técnico de estética animal da rede Pet Center Marginal.

05 – Qual foi o valor do prêmio recebido por William Galharde e qual a sua reação em relação a isso?

      William Galharde recebeu um prêmio de 300 dólares. Ele se consola dizendo que a vitória valeu mais pelo reconhecimento do que pelo valor do prêmio.

 

 

 

 

 

 

 

 

NOTÍCIA: GERAÇÃO CONECTADA - A FACE OCULTA DA MULTITAREFA DIGITAL EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES - FRAGMENTO-

 Notícia: Geração Conectada – A Face Oculta da Multitarefa Digital em Crianças e Adolescentes – Fragmento

        Apesar da familiaridade com a tecnologia, o uso excessivo e simultâneo de dispositivos expõe jovens a riscos de segurança, problemas de desenvolvimento social, psicológico e até neurológico, como tecnoestresse, depressão e dificuldade de concentração.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBZ3I1BFf8gynLaymDUaIiItZYhiUSf6g1wVhD4F5F8OVGnVunFBG6RJsxxWx2r-XqrKO_DGVs4VdQ3QLl8aPQnYewlY_3j4_X6EhQGxPE-VIrLQyo3B2IoIeyoNFb_VF8z0ti0ZgMasEviDkJDEINNFYq4ptHZuwgQ8iuKiM9koupYLNoGwWTFM3d4Uo/s1600/JOVENS.jpg


        Pesquisar no Google, mandar um torpedo pelo celular, atualizar o Twitter e postar fotos no Facebook são algumas atividades que crianças e adolescentes são capazes de executar – todas praticamente ao mesmo tempo.

        Até aí, nada de surpreendente, afinal estamos falando dos nativos da "geração digital" para quem o e-mail já é uma antiguidade. Mas nem mesmo esses seres multitarefa passam incólumes por tanta conectividade e tanta informação.

        O impacto dessa avalanche se reflete não apenas em aumento de riscos para a segurança dos jovens, temidos pelos pais, como também pode afetar seu desenvolvimento social e psicológico.

        Ao lado de ameaças que são velhas conhecidas, como pedofilia e obesidade, surgem outras: ciberbullying, "sexting", "grooming" e tecnoestresse.

        O tal do tecnoestresse é causado pelo uso excessivo da tecnologia e provoca dificuldade de concentração e ansiedade. O jovem tecnoestressado também pode tornar-se agressivo ao ficar longe do computador.

        Segundo o neurologista pediátrico Eduardo Jorge, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pesquisas já associam overdose de tecnologia com problemas neurológicos e psiquiátricos.

        “Estão aumentando os casos de doenças relacionadas ao isolamento. A depressão é a que mais cresce.”

        O neurologista também diz que há uma incidência maior do transtorno de déficit de atenção entre adolescentes aficionados por computador.

        “Não é fácil de diagnosticar. Os pais não acham que o filho tem dificuldade de concentração porque ele fica parado no computador.”

        Outro risco é a enxaqueca. "Essas novas telas de LED são um espetáculo, mas têm um brilho e uma luminosidade que fazem com que aumentem tanto o número de crises de enxaqueca como a intensidade delas", alerta.

        [...].

        Folha de São Paulo, 15/5/2012.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 2. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª Ed. – Ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 247.

Entendendo a notícia:

01 – Que habilidades tecnológicas são mencionadas como comuns entre crianças e adolescentes da "geração digital"?

      A notícia menciona a capacidade de pesquisar no Google, mandar torpedo pelo celular, atualizar o Twitter e postar fotos no Facebook como atividades que crianças e adolescentes realizam simultaneamente.

02 – Além dos riscos de segurança já conhecidos, como pedofilia e obesidade, que novas ameaças surgem com o uso excessivo da tecnologia entre os jovens?

      Surgem novas ameaças como ciberbullying, "sexting", "grooming" e tecnoestresse.

03 – O que causa o tecnoestresse e quais são alguns de seus sintomas em jovens?

      O tecnoestresse é causado pelo uso excessivo da tecnologia e provoca dificuldade de concentração e ansiedade. Jovens tecnoestressados também podem se tornar agressivos ao ficarem longe do computador.

04 – Segundo o neurologista pediátrico Eduardo Jorge, que tipo de problemas pesquisas já associam à "overdose de tecnologia" em jovens?

      Pesquisas já associam a "overdose de tecnologia" a problemas neurológicos e psiquiátricos, como o aumento de casos de doenças relacionadas ao isolamento, principalmente a depressão.

05 – Qual transtorno de déficit de atenção o neurologista Eduardo Jorge observa com maior incidência entre adolescentes que usam muito o computador?

      O neurologista Eduardo Jorge observa uma maior incidência do transtorno de déficit de atenção entre adolescentes aficionados por computador.

06 – Por que o diagnóstico de dificuldade de concentração pode ser desafiador em adolescentes que passam muito tempo no computador, segundo o neurologista?

      O diagnóstico é desafiador porque os pais podem não perceber a dificuldade de concentração, já que o filho parece estar parado e focado enquanto usa o computador.

07 – Qual outro risco para a saúde, além dos neurológicos e psicológicos, é mencionado na notícia devido ao uso excessivo de telas de LED?

      Outro risco mencionado é o aumento tanto no número de crises de enxaqueca quanto na intensidade delas, devido ao brilho e à luminosidade das novas telas de LED.

 

 

 

NOTÍCIA: CIENTISTAS TESTAM DROGA PARA "CURAR" A EMBRIAGUEZ - FRAGMENTO - ISTO É - COM GABARITO

 Notícia: Cientistas testam droga para “curar” a embriaguez – Fragmento

        Médicos estão testando uma droga que poderia acabar com os efeitos colaterais do álcool mesmo quando a pessoa está embriagada. Pesquisadores acreditam que o iomazenil, tomado antes de beber, poderia diminuir os efeitos que o álcool traz ao cérebro, segundo o jornal Daily Mail.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9EPPCvn37-hEbItxRtllg5IB4nqj2D0GOw70kM9pd3SJB41YOl3CdeNmEyNYHuPk6tNdSRUzi9mhGw3hh8iYF4O72ZfLfrMo9lWlwPh7snIZFt0-hn0rbud6DUSgtODcY7cfSFyTIK_aDiGPjQtzRCyp7MedCKTNtAYN1dtFQYm9OWRIlFiOPZEdnbs0/s1600/CAPA.jpg


        Porém, os estudiosos da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, não querem desenvolver um medicamento que permita que as pessoas bebam mais. Eles esperam que, ao cessar os efeitos do álcool em determinadas células do cérebro, o iomazenil poderia ajudar fazendo com que as pessoas fiquem sóbrias, afastando os bebedores pesados do álcool, já que eles perderiam parte do prazer de beber. Além disso, a droga também reduziria os danos causados ao fígado e outros órgãos.

        [...]

IstoÉ. Disponível em: http://www.istoe.com.br. Acesso em: 15/12/2012.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 2. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª Ed. – Ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 246.

Entendendo a notícia:

01 – Qual o nome da droga que está sendo testada para acabar com os efeitos colaterais do álcool?

      A droga que está sendo testada é chamada iomazenil.

02 – Segundo os pesquisadores, qual o efeito do iomazenil quando tomado antes de beber?

      Os pesquisadores acreditam que o iomazenil, tomado antes de beber, poderia diminuir os efeitos que o álcool traz ao cérebro.

03 – Qual a principal intenção dos estudiosos da Universidade de Yale ao desenvolver o iomazenil?

      A principal intenção dos estudiosos não é permitir que as pessoas bebam mais, mas sim ajudar a fazer com que as pessoas fiquem sóbrias e afastar bebedores pesados do álcool, diminuindo o prazer de beber.

04 – Além de cessar os efeitos do álcool no cérebro, que outros benefícios o iomazenil poderia trazer, segundo a notícia?

      Além de cessar os efeitos no cérebro, a droga também poderia reduzir os danos causados ao fígado e outros órgãos.

05 – Qual jornal é citado como fonte da informação sobre a pesquisa com o iomazenil?

      O jornal Daily Mail é citado como fonte da informação.

 

SONETO: HINO À RAZÃO - ANTERO DE QUENTAL - COM GABARITO

 Soneto: Hino à Razão

             Antero de Quental

Razão, irmã do Amor e da Justiça,
Mais uma vez escuta a minha prece.
É a voz dum coração que te apetece,
Duma alma livre só a ti submissa.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisyuUou5HHs2gCewHRkXuCAGx6Y8BAa3lOjui0f634tMKawNR49kUJXEbHjlYl5IvvLZFeRCwbSEHmUqal9ImzwRjrIunmEZ5THho_-MA8a1rM2H343rh1hbE8mxNhtnqkiqHtFAOvW5GV7sQUaWJ94xFAAqMNp_tJNX_ELjbo-5aU2B98eZ5IBImdZyw/s320/deusa.gif



Por ti é que a poeira movediça
De astros, sóis e mundos permanece;
E é por ti que a virtude prevalece,
E a flor do heroísmo medra e viça.
 

Por ti, na arena trágica, as nações
buscam a liberdade entre clarões;
e os que olham o futuro e cismam, mudos,
 

Por ti podem sofrer e não se abatem,
Mãe de filhos robustos que combatem
Tendo o teu nome escrito em seus escudos!

In: Maria Ema T. Ferreira, org., op. cit. p. 173.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 2. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª Ed. – Ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 265.

Entendendo o soneto:

01 – A quem o eu lírico se dirige em sua prece no início do soneto e quais qualidades ele atribui a essa entidade?

      O eu lírico se dirige à Razão, a quem ele chama de "irmã do Amor e da Justiça".

02 – De acordo com o eu lírico, qual o papel da Razão na dinâmica do universo físico ("poeira movediça")?

      O eu lírico afirma que é por meio da Razão que a "poeira movediça de astros, sóis e mundos permanece", sugerindo que ela é fundamental para a ordem e a estabilidade cósmica.

03 – Além de sustentar o universo físico, que outros efeitos positivos são atribuídos à Razão nos versos seguintes?

      São atribuídos à Razão o prevalecer da virtude e o crescimento vigoroso da "flor do heroísmo".

04 – Como a Razão se manifesta na esfera social e política, de acordo com o soneto?

      Na "arena trágica", as nações buscam a liberdade "entre clarões" por influência da Razão.

05 – Qual o papel da Razão para aqueles que contemplam o futuro e enfrentam o sofrimento, segundo os versos finais?

      Para aqueles que olham o futuro e cismam, a Razão os capacita a sofrer sem se abater, sendo a "Mãe de filhos robustos que combatem / Tendo o teu nome escrito em seus escudos!", simbolizando a força e a inspiração para a luta.

 

 

POEMA: TERCETOS II - OLAVO BILAC - COM GABARITO

 Poema: Tercetos II

              Olavo Bilac

E, já de manhã, quando ela me pedia

Que do seu claro corpo me afastasse,

Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:

 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgB-O2lRxsoye4my4RyOfeYaWTdUVSwPCTitzg90AtqlRlMtwerikjQuEJEEkN2jBshEGuvDlKV5Cvzr8KOY1ftukMj36DIzAj4i8qTxj-g_s08zu3WXXyw-xH77bb7Lv04B1484293Fsfif1J41zP2nYc7N2_VBIb374TnxDNKGXpCzTMhwYYK3tAM4W0/s320/CASAL.jpg

“Não pode ser! Não vês que o dia nasce?

A aurora, em fogo e sangue, as nuvens corta...

Que diria de ti quem me encontrasse?

 

Ah! Nem me digas que isso pouco importa! ...

Que pensariam, vendo-me, apressado,

Tão cedo assim, saindo a tua porta,

 

Vendo-me exausto, pálido, cansado,

E todo pelo aroma do teu beijo

Escandalosamente perfumado?

 

O amor, querida, não exclui o pejo.

Espera! Até que o sol desapareça,

Beija-me a boca! mata-me o desejo!

 

Sobre o teu colo deixa-me a cabeça

Repousar, como há pouco repousava!

Espera um pouco! Deixa que anoiteça!”

 

-- E ela abria-me os braços. E eu ficava.

Melhores poemas de Olavo Bilac. Seleção de Marisa Lajolo. 4. ed. São Paulo: Global, 2003. p. 87-90.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 2. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª Ed. – Ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 306.

Entendendo o poema:

01 – Em que momento do dia a mulher pede ao eu lírico para se afastar, e qual a reação emocional dele a esse pedido, similar ao "Tercetos I"?

      A mulher pede ao eu lírico para se afastar pela manhã ("já de manhã"), e a reação emocional dele é novamente de tristeza, expressa pelas lágrimas nos olhos ("Eu, com os olhos em lágrimas, dizia").

02 – Quais argumentos o eu lírico utiliza para persuadir a mulher a deixá-lo ficar, agora durante o dia?

      O eu lírico argumenta sobre o nascimento do dia e o espetáculo da aurora. Ele se preocupa com a opinião alheia, questionando o que pensariam ao vê-lo sair apressado e exausto da casa dela tão cedo, marcado pelo aroma dos beijos. Ele também afirma que o amor não exclui o pudor ("o pejo") e pede para ficar até o anoitecer, buscando matar o desejo com mais beijos e repousar em seu colo.

03 – Que elementos da natureza são mencionados no início do poema para contrastar com a situação íntima dos amantes?

      No início do poema, são mencionados o dia que nasce e a aurora que corta as nuvens "em fogo e sangue", criando uma imagem vívida e pública que contrasta com a intimidade do encontro noturno.

04 – Qual a preocupação principal do eu lírico em relação a ser visto saindo da casa da mulher pela manhã?

      A principal preocupação do eu lírico é com a reputação de ambos. Ele se importa com o que as pessoas pensariam ao vê-lo sair da casa dela tão cedo, com uma aparência exausta e o forte aroma dos beijos dela, considerando isso um escândalo.

05 – Qual a reação final da mulher ao apelo do eu lírico no "Tercetos II", mantendo a mesma conclusão do "Tercetos I"?

      A reação final da mulher é a mesma: "-- E ela abria-me os braços. E eu ficava.", indicando novamente que ela cede ao seu pedido e o permite permanecer, mesmo durante o dia.

 

 

 

POEMA: TERCETOS I - OLAVO BILAC - COM GABARITO

 Poema: Tercetos I

             Olavo Bilac

Noite ainda, quando ela me pedia
Entre dois beijos que me fosse embora,
Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPw78KaS99-QxJ8QOAMp5xhLssqNVYqfLx654pSY08f2EQU5KkfbigUoUMy6Zc4mThWVYPkOeGRUBEWtXvjqoauH7pQztO907YSJEOi9V9OOaa6UvceMFvDBRacMPY36etVfnZjNqN1H9OAOr2nVKF3Th6LHY4N41EvK7ZyvJsZcEV5NR0eOk9wUKnfwo/s320/depositphotos_149723978-stock-photo-shadows-bride-and-groom-kiss.jpg



"Espera ao menos que desponte a aurora!
Tua alcova é cheirosa como um ninho...
E olha que escuridão há lá por fora!

Como queres que eu vá, triste e sozinho,
Casando a treva e o frio de meu peito
Ao frio e à treva que há pelo caminho?!

Ouves? é o vento! é um temporal desfeito!
Não me arrojes à chuva e à tempestade!
Não me exiles do vale do teu leito!

Morrerei de aflição e de saudade...
Espera! até que o dia resplandeça,
Aquece-me com a tua mocidade!

Sobre o teu colo deixa-me a cabeça
Repousar, como há pouco repousava...
Espera um pouco! deixa que amanheça!"

— E ela abria-me os braços. E eu ficava.

Melhores poemas de Olavo Bilac. Seleção de Marisa Lajolo. 4. ed. São Paulo: Global, 2003. p. 87-90.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 2. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª Ed. – Ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 306.

Entendendo o poema:

01 – Em que momento do dia a mulher pede ao eu lírico para ir embora, e qual a reação emocional dele a esse pedido?

      A mulher pede ao eu lírico para ir embora durante a noite, "quando ela me pedia / Entre dois beijos". A reação emocional dele é de tristeza e súplica, expressa pelas lágrimas nos olhos e pelo pedido para que ela espere.

02 – Quais argumentos o eu lírico utiliza para persuadir a mulher a deixá-lo ficar até o amanhecer?

      O eu lírico usa vários argumentos, incluindo a beleza e o conforto do quarto dela ("Tua alcova é cheirosa como um ninho"), a escuridão e o frio do exterior, o temporal que se anuncia, o medo de ir sozinho e triste, e o risco de morrer de aflição e saudade. Ele também pede o calor da mocidade dela e o conforto de seu colo.

03 – Que elementos da natureza são invocados pelo eu lírico para reforçar seu pedido de permanência?

      O eu lírico invoca a escuridão ("que escuridão há lá por fora!"), o frio ("ao frio e à treva que há pelo caminho?!"), o vento e o temporal ("é o vento! é um temporal desfeito!"), a chuva e a tempestade.

04 – Qual o significado da comparação que o eu lírico faz entre seu estado emocional e o ambiente externo ("Casando a treva e o frio de meu peito / Ao frio e à treva que há pelo caminho?!")?

      Essa comparação sugere uma profunda sintonia entre a tristeza e a solidão que ele sente e a escuridão e o frio da noite lá fora, intensificando seu desejo de permanecer no calor e na companhia da amada.

05 – Qual a reação final da mulher ao apelo do eu lírico, expressa no último verso do poema?

        A reação final da mulher é acolhedora: "— E ela abria-me os braços. E eu ficava.", indicando que ela cede ao seu pedido e o permite permanecer.

 

 

CRÔNICA: EXAGEROS DE MÃE - FRAGMENTO - MILLÔR FERNANDES - COM GABARITO

 Crônica: Exageros de Mãe – Fragmento

              Millôr Fernandes

        Já te disse mais de mil vezes que não quero ver você descalço. Nunca vi uma criança tão suja em toda a minha vida. Quando teu pai chegar você vai morrer de tanto apanhar. Oh, meu Deus do céu,
esse menino me deixa completamente maluca. Estou aqui há mais de um século esperando e o senhor não vem tomar banho. Se você fizer isso outra vez nunca mais me sai de casa. Pois é, não come nada: é por isso que está aí com o esqueleto à mostra. Se te pegar outra vez mexendo no açucareiro, te corto a mão. Oh, meu Deus, eu sou a mulher mais infeliz do mundo. Não chora desse jeito que você vai acordar o prédio inteiro.

 [...] 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixUrnPsCkhuZ5C6McKawTw4etZWnatJz8fYZU-XaFhZAb5MglXXMGwtw-hNmop6iGy4uyIYNJ62ZerHGRhkIqsutZBZ0aiJRZHKA_OJ8wkjKp9pXtESHCm2DO27KQQnnA4SFsadAVm11fqm6T3miDXQPlb4U-oAisBuyrn2Bnicm8vgHTzoG61zlky95Y/s1600/A_velha_brava.jpg


Mas, furou de novo o sapato: você acha que seu pai é dono de sapataria, pra lhe dar um sapato novo todo dia? Onde é que você se sujou dessa maneira? Acabei de lhe botar essa roupa não faz cinco minutos! Passei a noite toda acordada com o choro dele. Eu juro que um dia eu largo isso tudo e nunca ninguém mais me vê. Não se passa um dia que eu não tenha que dizer a mesma coisa. Não quero mais ver você brincando com esses moleques, esta é a última vez que estou lhe avisando.

10 em Humor. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1968, p. 15.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 2. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª Ed. – Ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 281.

Entendendo a crônica:

01 – Quais são algumas das reclamações repetitivas da mãe dirigidas ao filho no fragmento da crônica?

      Algumas das reclamações repetitivas incluem não querer ver o filho descalço, considerá-lo excessivamente sujo, ameaçá-lo com a punição do pai, reclamar da demora para o banho, proibi-lo de sair de casa, criticar sua falta de apetite, ameaçá-lo por mexer no açucareiro e repreendê-lo por chorar alto.

02 – Que hipérboles (exageros) a mãe utiliza para expressar seus sentimentos e a situação?

      A mãe utiliza hipérboles como "já te disse mais de mil vezes", "nunca vi uma criança tão suja em toda a minha vida", "estou aqui há mais de um século esperando", "se você fizer isso outra vez nunca mais me sai de casa", "está aí com o esqueleto à mostra", "se te pegar outra vez mexendo no açucareiro, te corto a mão" e "não chora desse jeito que você vai acordar o prédio inteiro".

03 – Qual a reação da mãe em relação aos sapatos furados do filho e o que essa reação revela sobre sua perspectiva?

      A mãe reage com indignação ao sapato furado, questionando se o pai do filho é dono de uma sapataria para dar sapatos novos diariamente. Isso revela sua frustração com os gastos e o descuido do filho.

04 – Como a mãe expressa seu cansaço e frustração com a rotina de cuidados com o filho?

      A mãe expressa seu cansaço ao dizer que passou a noite toda acordada com o choro do filho e manifesta seu desejo de "largar isso tudo" e sumir, indicando um sentimento de exaustão e sobrecarga.

05 – Qual a atitude da mãe em relação aos amigos do filho e o que essa atitude sugere?

      A mãe demonstra uma atitude negativa em relação aos amigos do filho, afirmando que não quer mais vê-lo brincando com "esses moleques" e que aquela é a última vez que o avisa. Isso sugere que ela os considera uma má influência ou responsáveis pelo comportamento do filho.

 

 

POEMA: SOBRE UM MAR DE ROSAS QUE ARDE - PEDRO KILKERRY - COM GABARITO

 Poema: Sobre um mar de rosas que arde

             Pedro Kilkerry

Sobre um mar de rosas que arde
Em ondas fulvas, distante,
Erram meus olhos, diamante,
Como as naus dentro da tarde.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjneZ70x7DwqSSzjenLFHafavsp0ahp-v6MwDlFsArvqe3MTyOaKxsRjwalUMhhMnjQOnSs0Srg4H_CISuj14ZTEVpuviqq39akyRO2FkNOYAkC54dtbK6mw86rNK37fBllUVO-idQrrOI7zJP0LLZS_sSCqtR5qu472EF5LVGJAlmac_INuQ9jwZgkz9g/s1600/images.jpg



Asas no azul, melodias,
E as horas são velas fluidas
Da nau em que, oh! alma, descuidas
Das esperanças tardias.

Pedro Kilkerry. In: Ítalo Moricone. Os cem melhores poemas brasileiros do século. São Paulo: Objetiva.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 2. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª Ed. – Ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 325.

Entendendo o poema:

01 – Qual a imagem central que abre o poema de Pedro Kilkerry?

      A imagem central que abre o poema é a de um "mar de rosas que arde", sugerindo uma beleza intensa e talvez paradoxalmente dolorosa ou efêmera.

02 – Como o eu lírico descreve o movimento de seus olhos nesse "mar de rosas"?

      O eu lírico descreve seus olhos como um "diamante" que erra distante sobre esse mar, comparando seu movimento ao das "naus dentro da tarde", evocando uma sensação de viagem melancólica e contemplativa.

03 – Quais elementos da natureza são utilizados na segunda estrofe para evocar sensações e a passagem do tempo?

      A segunda estrofe utiliza as imagens de "asas no azul" para sugerir liberdade ou elevação, "melodias" para evocar sons suaves e a passagem do tempo é metaforizada por "horas" que são como "velas fluidas" de uma embarcação.

04 – A quem o eu lírico se dirige com a interjeição "oh!" na segunda estrofe e qual a ação que ele associa a essa entidade?

      O eu lírico se dirige à sua própria "alma" com a interjeição "oh!". Ele associa a essa alma o ato de descuidar das "esperanças tardias", sugerindo talvez um certo abandono ou resignação em relação a desejos que demoraram a se concretizar.

05 – Qual a sensação geral transmitida pela comparação da alma a uma nau que descuida das esperanças tardias?

      A comparação da alma a uma nau que descuida das esperanças tardias transmite uma sensação de melancolia, de deixar passar oportunidades ou de um certo cansaço diante da espera. Sugere uma jornada da alma onde as esperanças, como velas fluidas, podem se esvair sem a devida atenção.

 

 

POEMA: MORTE DE CLARICE LISPECTOR - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO

 Poema: MORTE DE CLARICE LISPECTOR

             Ferreira Gullar

Enquanto te enterravam no cemitério judeu

do Caju

(e o clarão de teu olhar soterrado

resistindo ainda)

o táxi corria comigo à borda da Lagoa

na direção de Botafogo

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeXX98kMpfzBpSb5AJrcLpDyF8mAR2vjWLM82eGlc5gDfVlYndIm8YLyT_wRzkb4juqtFtKRqVvQu4wgr4IU8azWpBMj7wiXBHunAsl6HeVgFp4zwxHxNVXrbv-Ou_FrzgtHfsWAWj8H0Fh6Dzb-Ct2rWR1BzEXHJORZNOKVL6m9aVuQIw0pbiafo91tA/s320/1952-061331_restaurada_002-1-798x1024.jpg

as pedras e as nuvens e as árvores

no vento

mostravam alegremente

que não dependem de nós.

Melhores poemas de Ferreira Gullar. 7. ed. Seleção de Alfredo Bosi. São Paulo: Global, 2004. p. 153.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 2. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª Ed. – Ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 285.

Entendendo o poema:

01 – Onde Clarice Lispector foi enterrada, de acordo com o poema?

      De acordo com o poema, Clarice Lispector foi enterrada no cemitério judeu do Caju.

02 – Que imagem o poeta evoca para descrever a persistência da presença de Clarice mesmo após sua morte?

      O poeta evoca a imagem do "clarão de teu olhar soterrado / resistindo ainda", sugerindo que sua essência ou impacto ainda permanecia presente.

03 – Para onde o táxi levava o eu lírico enquanto o enterro acontecia?

      O táxi levava o eu lírico à borda da Lagoa, na direção de Botafogo.

04 – O que os elementos da natureza (pedras, nuvens, árvores) pareciam expressar para o eu lírico naquele momento?

      Os elementos da natureza mostravam alegremente ao eu lírico que não dependem de nós, ou seja, que a vida e o mundo seguem seu curso independentemente da presença ou ausência de um indivíduo.

05 – Qual a possível reflexão ou contraste que o poema estabelece entre o evento da morte e a observação da natureza?

      O poema estabelece um contraste entre a solenidade e a perda da morte de Clarice e a continuidade despreocupada e vibrante da natureza. Sugere uma reflexão sobre a transitoriedade da vida humana em contraposição à perenidade do mundo natural.

 

 

CONTO: O CORTIÇO - CAP. III - FRAGMENTO - ALUÍSIO DE AZEVEDO - COM GABARITO

 Conto: O CORTIÇO Cap. III – Fragmento

            Aluísio de Azevedo

        Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.

        Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada sete horas de chumbo. Como que se sentiam ainda na indolência de neblina as derradeiras notas da última guitarra da noite antecedente, dissolvendo-se à luz loura e tenra da aurora, que nem um suspiro de saudade perdido em terra alheia.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVV0kvKmQgxCkgJmuCTr05mp2XmIbvNcLLhmLkLbCLxLHxpGlz-D654EPXvC1Ok73qNOip5ky-QJv7q7-dJT-E7zfU760MlV7FVFjEIAHLNGePPiM40Zf6zHI2XDJu2IGtFs58dn3JLibxGdZa7EEaYY6DYWUpD2NHQMe1CMqhVYhXdlExRQ_wT9IcA0A/s320/maxresdefault.jpg

        A roupa lavada, que ficara de véspera nos coradouros, umedecia o ar e punha-lhe um farto acre de sabão ordinário. As pedras do chão, esbranquiçadas no lugar da lavagem e em alguns pontos azuladas pelo anil, mostravam uma palidez grisalha e triste, feita de acumulações de espumas secas.

        Entretanto, das portas surgiam cabeças congestionadas de sono; ouviam-se amplos bocejos, fortes como o marulhar das ondas; pigarreava-se grosso por toda a parte; começavam as xícaras a tilintar; o cheiro quente do café aquecia, suplantando todos os outros; trocavam-se de janela para janela as primeiras palavras, os bons-dias; reatavam-se conversas interrompidas à noite; a pequenada cá fora traquinava já, e lá dentro das casas vinham choros abafados de crianças que ainda não andam. No confuso rumor que se formava, destacavam-se risos, sons de vozes que altercavam, sem se saber onde, grasnar de marrecos, cantar de galos, cacarejar de galinhas. De alguns quartos saiam mulheres que vinham pendurar cá fora, na parede, a gaiola do papagaio, e os louros, à semelhança dos donos, cumprimentavam-se ruidosamente, espanejando-se à luz nova do dia.

        Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da altura de uns cinco palmos. O chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender as saias entre as coxas para não as molhar; via-se-lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas despiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se preocupavam em não molhar o pelo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão. As portas das latrinas não descansavam, era um abrir e fechar de cada instante, um entrar e sair sem tréguas. Não se demoravam lá dentro e vinham ainda amarrando as calças ou as saias; as crianças não se davam ao trabalho de lá ir, despachavam-se ali mesmo, no capinzal dos fundos, por detrás da estalagem ou no recanto das hortas.

        O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e resingas; ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.

        [...]

Aluísio Azevedo. O cortiço. 9. ed. São Paulo: Ática,1970. p. 28-29.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 2. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª Ed. – Ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 230-231.

Entendendo o conto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

      - Altercar: discutir com ardor.

      - Casco: o couro cabeludo; o conjunto formado pelos ossos do crânio; unha de certos paquidermes e mamíferos.

      - Coradouro: o mesmo que quaradouro; lugar onde se põe a roupa para corar ou quarar.

      - De uma assentada: de uma só vez.

      - Ensarilhar: emaranhar, enredar.

      - Fartum: mau cheiro.

      - Indolência: preguiça.

      - Latrina: recinto da casa com vaso sanitário ou escavação para receber dejetos.

      - Rezinga: discussão, rixa.

02 – Como o narrador descreve o despertar do cortiço, utilizando uma linguagem sensorial?

      O narrador descreve o despertar do cortiço através de uma rica linguagem sensorial. Em vez de dizer que as pessoas acordam, ele personifica o cortiço, afirmando que ele "acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas". Sons como o dissolver das últimas notas da guitarra, o acre do sabão, os bocejos "fortes como o marulhar das ondas", o tilintar das xícaras e o cheiro quente do café são destacados. Além disso, o narrador menciona o "confuso rumor" com risos, vozes altercando, grasnidos e cantos de animais, criando uma atmosfera sonora vibrante.

03 – Que detalhes indicam as condições de vida precárias e a falta de privacidade dos moradores do cortiço logo ao amanhecer?

      Vários detalhes apontam para as condições precárias e a falta de privacidade. A menção das roupas lavadas umedecendo o ar com cheiro de sabão ordinário, as pedras do chão sujas pelas lavagens, e as portas das latrinas que não "descansavam" com o constante entrar e sair, ilustram a falta de higiene e instalações sanitárias adequadas. A cena das mulheres prendendo as saias para não molhar-se nas bicas e das crianças fazendo suas necessidades no capinzal expõe a ausência de privacidade e o ambiente insalubre.

04 – Qual a impressão que o narrador transmite sobre a relação dos moradores com a higiene pessoal nas bicas?

      A impressão é de uma higiene apressada e coletiva. A descrição da "aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas" em volta das bicas, lavando o rosto "incomodamente" sob um fio d'água baixo, sugere a falta de recursos e a necessidade de compartilhar o espaço. Enquanto as mulheres se preocupam em não molhar as saias, os homens são descritos de forma mais animalesca, esfregando o rosto com vigor, sem se importar em molhar os pelos.

05 – Como a natureza é integrada na descrição do despertar do cortiço e qual efeito essa integração produz?

      A natureza é integrada de diversas formas. A aurora é comparada a "um suspiro de saudade perdido em terra alheia", conferindo uma delicadeza melancólica ao início do dia. Os sons dos animais, como o grasnar dos marrecos, o cantar dos galos e o cacarejar das galinhas, compõem a cacofonia matinal. A "gula viçosa de plantas rasteiras" e a imagem dos pés mergulhados na "lama preta e nutriente da vida" associam os moradores a uma força vital e instintiva da natureza. Essa integração reforça a ideia do cortiço como um organismo vivo e pulsante, onde a vida humana se mistura com o ambiente natural de forma intensa e por vezes selvagem.

06 – Qual a mudança observada no "rumor" do cortiço à medida que a manhã avança?

      Inicialmente, o "confuso rumor" do cortiço é composto por sons distintos, como risos, vozes altercando e barulhos de animais. No entanto, à medida que a manhã avança, esse rumor cresce e se condensa, deixando de ter vozes dispersas para se tornar "um só ruído compacto" que preenche todo o cortiço. Essa mudança reflete o aumento da atividade e da interação entre os moradores, culminando em um ambiente barulhento e agitado.

07 – Que sentimento ou sensação final o narrador busca transmitir ao descrever o despertar do cortiço?

      O narrador busca transmitir um sentimento de vitalidade animalesca e um "prazer animal de existir". A descrição da "fermentação sanguínea" e da "gula viçosa" sugere uma energia bruta e instintiva que impulsiona a vida no cortiço. A "triunfante satisfação de respirar sobre a terra" enfatiza a força da vida em meio às condições adversas, transmitindo uma sensação paradoxal de vigor e intensidade em um ambiente de aparente precariedade.