sexta-feira, 19 de setembro de 2025

CRÔNICA: TERESA - FRAGMENTO - ÁLVARO CARDOSO GOMES - COM GABARITO

 Crônica: Teresa – Fragmento

              Álvaro Cardoso Gomes

        A Teresa voltou da praia, e estive a pique de lhe dizer que queria acabar nosso namoro. Mas ela estava tão contente, contando as novidades, que terminei ficando com dó e adiei a decisão. Sem contar que o sol lhe tinha feito muito bem. Os olhos da Teresa pareciam mais bonitos com a pele bronzeada.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpWg4f87xdm780z98beQwIQiMzAThV0flRN3um5qOscg8VSV0JAw6z7juykphmKoAcKPpI11JoWsAlXfj87x-F04P8ZApJkIjRNEGyOeEtKZ7anP5_13Z4bm9PYMhepSnVHT_2OUv84guVrxxVbZD8FnIrpTJXPgSx_4B3eOl6MJnaIKNN6NZm30vnD8c/s320/PRAIA.jpg


        A Teresa não parava de falar, e eu só escutando, com vontade de estar longe dali. Mas chegou uma hora em que ela percebeu que eu estava triste e perguntou por quê.

        -- Estou triste por sua causa.

        -- Por minha causa? Por quê?

        Hesitei um pouco. Dizia ou não dizia que não gostava mais dela?

        -- Estava com saudades.

        Na hora em que disse aquilo, me senti o pior sujeito do mundo. Mas o que podia fazer, se já tinha falado?

        -- Mas eu estou aqui, Sérgio.

        -- Pois é, você voltou.

        -- O que você está querendo dizer com isto?

        -- Nada, Teresa, nada...

        -- Serginhooô...

        O difícil era que a Teresa não entendia nada do que lhe dizia. Ainda por cima, vinha com aquele jeito enjoado de dizer “Serginhooô”, que me deixava com mais raiva. Mas ela logo esqueceu do que estávamos falando e começou a contar do biquíni que havia comprado, das praias de Santos, do novo carro do pai etc. E eu com a cabeça em outro lugar, só pensando na Cybelle e nas coisas que ela tinha me dito. “Você tem razão, garota, eu não presto mesmo. Não mereço você”, falei baixinho.

        -- O que foi que você disse? – Teresa me perguntou.

        -- Nada não...

        Fiquei torcendo para que ela dissesse que eu não estava prestando atenção na conversa. Seria mais um motivo para uma briga. E dessa vez eu terminaria com aquele namoro que já me chateava. Mas a Teresa não disse nada e continuou a falar de Santos, dos passeios na praia. E eu ali a seu lado com a cabeça nas nuvens, que tomavam a forma da Cybelle, do corpo da Cybelle, do sorriso da Cybelle. “Tão bela...”

        -- Serginho, você ficou maluco?

        -- Maluco por quê?

        -- Você não para de falar sozinho.

        Olhei bem para a Teresa, para aqueles olhos verdes, e dei-lhe um beijo.

        -- Tem razão, Teresa, estou completamente maluco.

        Amor & cuba-libre. São Paulo, FTD, 1980.

Fonte: Português – 1º grau – Descobrindo a gramática 8. Gilio Giacomozzi; Gildete Valério; Cláudia Reda Fenga. São Paulo. FTD, 1992. p. 82.

Entendendo a crônica:

01 – Qual era a intenção inicial de Sérgio, o narrador, no início do texto?

      A intenção inicial de Sérgio era terminar o namoro com Teresa.

02 – Por que Sérgio adia sua decisão de terminar com Teresa?

      Ele adia a decisão porque ela estava muito feliz, contando as novidades da praia. Ele sentiu dó e achou que o sol a tinha deixado ainda mais bonita, com a pele bronzeada e os olhos mais bonitos.

03 – Quando Teresa percebe a tristeza de Sérgio, o que ele responde de forma evasiva?

      Quando Teresa pergunta por que ele está triste, Sérgio hesita em dizer a verdade e, em vez disso, responde que estava com saudades dela.

04 – Quem é Cybelle e qual o papel dela na história?

      Cybelle é a pessoa em quem Sérgio está pensando o tempo todo. Ele tem uma conversa mental com ela, dizendo que não a merece, e a imagina como se estivesse nas nuvens, mostrando que está apaixonado por ela e por isso quer terminar o namoro com Teresa.

05 – O que Teresa estava fazendo enquanto Sérgio estava com a cabeça em outro lugar?

      Teresa estava falando sem parar sobre sua viagem à praia, contando sobre o biquíni que comprou, as praias de Santos e o carro novo do pai dela.

06 – O que Sérgio fala baixinho que surpreende Teresa?

      Sérgio fala baixinho: "Você tem razão, garota, eu não presto mesmo. Não mereço você". Ele estava falando consigo mesmo, pensando em Cybelle, mas Teresa ouve a fala.

07 – No final da crônica, o que acontece entre Sérgio e Teresa?

      Teresa percebe que ele está "maluco" por falar sozinho. Sérgio a olha, dá um beijo nela e concorda que está "completamente maluco". O texto termina sem que ele de fato termine o namoro, deixando a decisão em aberto.

 

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