quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

ARTIGO DE OPINIÃO: TODA CULTURA É PARTICULAR - (FRAGMENTO) - LEANDRO KONDER - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Toda cultura é particular – Fragmento

                             Leandro Konder

        Não existe, nem pode existir uma cultura universal constituída. No nosso século, os antropólogos vivem ensinando isso a quem quiser aprender.

        Tal como acontece com cada indivíduo, os grupos humanos, grandes ou pequenos, vão adquirindo e renovando, construindo, organizando e reorganizando, cada um a seu modo, os conhecimentos de que necessitam.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8kdYGO31qRRe-nWS2hvAku4ST-_dYHPtehdkCLM_6e5tQ4eYHPo0HCaOMgnr90QkTWmMy9ZDLGaO0OxZXFUaSVq-gVTlX2otw_qysUOG-4vzVQdfbOrhR6zfHqtSE53AGeGkW-dYhjVOZtslP6u4XooM04Ark5zLEbBdPs9-O_-Y-NEkA73yTE9LPFhM/s320/CULTURA.png

        O movimento histórico da cultura consiste numa diversificação permanente. A cultura universal – que seria a cultura da Humanidade – depende dessa diversificação, quer dizer, depende da capacidade de cada cultura afirmar sua própria identidade, desenvolvendo suas características peculiares.

        No entanto, as culturas particulares só conseguem mostrar sua riqueza, sua fecundidade, na relação de umas com as outras. E essa relação sempre comporta riscos.

        Em condições de uma grande desigualdade de poder material, os grupos humanos mais poderosos podem causar graves danos e destruições fatais às culturas dos grupos mais fracos. [...]

        Todos tendemos a considerar nossa cultura particular mais universal do que as outras. [...] Cada um de nós tem suas próprias convicções. [...]

        Tanto indivíduos como grupos têm a possibilidade de se esforçar para incorporar às suas respectivas culturas elementos de culturas alheias. [...]

        Apesar dos perigos da relação com as outras culturas (descaracterização, perda da identidade, morte), a cultura de cada pessoa, ou de cada grupo humano, é frequentemente mobilizada para tentativas de auto-relativização e de autoquestionamento, em função do desafio do diálogo. 

Leandro Konder. O Globo, 02/08/98.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 333.

Entendendo o artigo:

01 – Qual é a principal ideia defendida no artigo de opinião "Toda cultura é particular"?

      A principal ideia defendida no artigo é que não existe uma cultura universal constituída, mas sim uma diversidade de culturas particulares, cada uma com sua própria identidade e características peculiares.

02 – De que forma o movimento histórico da cultura é descrito no artigo?

      O movimento histórico da cultura é descrito como uma diversificação permanente, onde cada grupo humano adquire, renova, constrói e reorganiza seus conhecimentos de maneira singular.

03 – Qual é a relação entre as culturas particulares e a cultura universal, segundo o autor?

      A cultura universal, que seria a cultura da Humanidade, depende da diversificação das culturas particulares. Cada cultura, ao afirmar sua identidade e desenvolver suas características, contribui para a riqueza da cultura universal.

04 – Quais são os riscos apontados pelo autor na relação entre culturas diferentes?

      O autor aponta que a relação entre culturas diferentes sempre comporta riscos, especialmente em condições de desigualdade de poder material. Grupos humanos mais poderosos podem causar danos e destruições fatais às culturas dos grupos mais fracos.

05 – Como o artigo aborda a questão da tendência de considerar a própria cultura como mais universal do que as outras?

      O artigo reconhece que tanto indivíduos quanto grupos tendem a considerar sua cultura particular como mais universal do que as outras, devido às próprias convicções. No entanto, o autor destaca a importância do diálogo e do autoquestionamento para relativizar essa visão e incorporar elementos de outras culturas.

 

 

ARTIGO DE OPINIÃO: AS PALAVRAS E AS COISAS - (FRAGMENTO) - JOSÉ GERALDO COUTO - COM GABARITO

 Artigo de opinião: As palavras e as coisas – Fragmento

José Geraldo Couto – colunista da folha – Futebol

        Guimarães Rosa, possivelmente o maior escritor brasileiro depois de Machado de Assis, dizia que seu sonho era escrever um dicionário.

        Ignoro se Rosa gostava de futebol (até onde eu sei, nunca escreveu nada a respeito), mas certamente ele se encantaria com a riqueza vocabular associada ao esporte mais popular do mundo.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibREf84yxbFfbRC5BR5AuEL1Tu2awM7eo4HbWEIkG7avHtg_B26vOGPj19mSBrMSKJBgo4dBwWMzTQUvZ495Ek6ZPEPGctpWwebhHvzfH8m9P4VQc4Sqs1m_qViny2Ktul6eGtvKB0Q6muerAcq7E9TeneDl8viKopEJZrLRnHADaWBqBl3cKMoDC2gyM/s320/Joao%20Guimar%C3%A3es%20Rosa%2001.jpg


        Poliglota, cultor dos neologismos formados a partir de diversos idiomas, o autor de "Sagarana" devia se deliciar com as palavras de origem inglesa aclimatadas ao português do Brasil por obra e graça do jogo da bola.

        É certo que alguns desses termos ingleses caíram em desuso. É o caso de "offside" (substituído por "impedimento"), "hands" ("toque" ou "mão"), "center forward" ("centroavante") etc.

        Outros, entretanto, foram devidamente abrasileirados e incorporados de tal maneira ao nosso idioma que raramente lembramos de sua origem: "chute" (versão de "shoot"), "beque" (de "back"), "pênalti" (de "penalty") etc., sem falar no próprio "futebol" ("football").

        Há ainda as palavras inglesas que mantiveram uma vigência praticamente apenas regional, como "corner", ainda muito usada no Rio de Janeiro, mas substituída no resto do país por "escanteio", "tiro de canto" ou somente "canto".

        Rosa, se acompanhasse o futebol, se deliciaria com a variedade de metáforas produzidas para dar conta do que acontece dentro das quatro linhas.

        Há, por exemplo, o recurso a uma infinidade de objetos cujo formato ou movimento lembra o de certas jogadas: carrinho, chapéu, bicicleta, janelinha (expressão gaúcha para bola entre as pernas), ponte.

        Mas o ramo mais bonito, do ponto de vista de um escritor, deve ser o das metáforas extraídas da natureza: meia-lua, frango, peixinho, folha seca.

        Ao criar uma jogada dessas – como Didi, que "inventou" a folha seca –, ou executá-la com perfeição, um craque faz poesia pura, rivalizando com Deus e nomeando as coisas como se estivesse no primeiro dia da Criação.

        Guimarães Rosa, infelizmente, não produziu seu sonhado dicionário.

        Nunca saberemos, portanto, se o homem que criou a saga fantástica de Riobaldo e Diadorim sabia o significado, dentro do campo de futebol, de uma chaleira, um lençol, um chuveirinho ou um corta-luz.

        [...]

Folha de São Paulo, 17/7/02.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 274-275.

Entendendo o artigo:

01 – Qual era o sonho de Guimarães Rosa, segundo o artigo?

      O sonho de Guimarães Rosa era escrever um dicionário.

02 – Qual a opinião do autor sobre a relação de Guimarães Rosa com o futebol?

      O autor desconhece se Guimarães Rosa gostava de futebol, mas acredita que ele se encantaria com a riqueza vocabular associada ao esporte.

03 – Que tipo de palavras do futebol o autor menciona como sendo de origem inglesa?

      O autor menciona palavras como "offside", "hands", "center forward", "chute", "beque", "pênalti" e "futebol" como sendo de origem inglesa.

04 – O que o autor destaca sobre a variedade de metáforas no futebol?

      O autor destaca a variedade de metáforas no futebol, tanto aquelas que se referem a objetos (carrinho, chapéu, bicicleta, janelinha, ponte) quanto aquelas que se referem à natureza (meia-lua, frango, peixinho, folha seca).

05 – Qual a comparação que o autor faz entre um craque de futebol e um escritor?

      O autor compara um craque de futebol que cria uma jogada nova ou executa uma jogada com perfeição a um escritor, afirmando que ambos fazem poesia pura e rivalizam com Deus ao nomear as coisas.

06 – O que o autor lamenta no final do artigo?

      O autor lamenta que Guimarães Rosa não tenha produzido seu sonhado dicionário, pois nunca saberão se ele conhecia o significado de certas expressões do futebol.

07 – Qual a principal ideia que o autor explora no artigo?

      O autor explora a riqueza da linguagem do futebol, mostrando como ela se apropria de palavras de origem inglesa, cria metáforas originais e expressa a beleza e a imprevisibilidade do esporte.

 

 

 

 

POESIA: INVENTÁRIO - FRANCISCO ALVIM - COM GABARITO

 Poesia: INVENTÁRIO

              Francisco Alvim

Povoam o escritório

vários utensílios

uns bastante sóbrios

outros indiscretos.

 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgc0fTlQwlsAFJMrC3dM-LjB1CYHb-OpuqI_xZyvFnYiEC5OMQ5LfTerwro0KGqpza92Xbxh6xbWV6xP-9asllKR5mx-F2205xK7Pj0l1cGqIyfa0KErnWNI-5ZKaXTZapCa4MJ69dDQR-khw84yZZlP8D-kOpDTouFX7E9wLVGHx2lW_OzE1zweF97hC0/s320/inventario.jpg 

Por exemplo: a mesa

é sóbria: Rumina

todos os papéis 

no oco de gavetas.

 

O que a mesa expele

para a superfície 

é simples dejeto

livre de mistério.

 

O arquivo também

é móvel discreto

e diz muito pouco

de interesse humano.

 

A caneta, o lápis 

o papel, o cesto

são só instrumentos

sem vontade própria.

 

Dois os indiscretos:

minhas duas mãos –

úlcera no estômago

da repartição.

 

Aparentemente

peças quase iguais 

às demais: os mesmos

modos funcionais.

 

Contudo é preciso

vê-las em sua marca:

no rastro dos dedos

no selo do gesto.

 

Ali onde transgridem

a ética da classe

que proíbe os objetos  

de serem pessoais.

 

Onde desconhecem

o acordo em vigor

que as coisas transforma

em armas submissas.

 

Não pactuam – hostis

minhas duas mãos

acidulam o ar

da repartição.

ALVIM, Francisco. Amostra grátis. In: Poesias reunidas (1968-1988). São Paulo: Duas Cidades, 1988.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 295.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema central do poema "Inventário"?

      O poema "Inventário" explora a relação entre os objetos do escritório e o trabalho do poeta, contrapondo a aparente sobriedade e falta de vontade própria dos objetos com a ação transgressora e criativa das mãos do poeta.

02 – Que objetos do escritório são mencionados no poema e como são caracterizados?

      O poema menciona a mesa, o arquivo, a caneta, o lápis e o cesto. A mesa é caracterizada como sóbria e ruminante de papéis, o arquivo como discreto e pouco interessante, e os demais objetos como instrumentos sem vontade própria.

03 – Qual a diferença entre os objetos "sóbrios" e as mãos do poeta no poema?

      Os objetos "sóbrios" são apresentados como neutros, funcionais e submissos à ordem do escritório, enquanto as mãos do poeta são descritas como "indiscretas", "úlcera no estômago da repartição", "transgressoras" e "hostis", por desafiarem a ética e a ordem estabelecida.

04 – O que significa a expressão "úlcera no estômago da repartição" referida às mãos do poeta?

      A expressão "úlcera no estômago da repartição" significa que as mãos do poeta são um elemento perturbador e incômodo no ambiente do escritório, representando a transgressão e a criatividade em um espaço de ordem e submissão.

05 – Qual a crítica presente no poema "Inventário"?

      O poema "Inventário" critica a burocracia, a rigidez e a falta de individualidade no ambiente de trabalho, representadas pelos objetos "sóbrios" e pela ética da classe que proíbe os objetos de serem pessoais. Ao mesmo tempo, exalta a força da criatividade e da transgressão, representadas pelas mãos do poeta, que desafiam a ordem estabelecida e expressam a individualidade.

 

CONTO: DOMINGO EM PORTO ALEGRE - SÉRGIO FARACO - COM GABARITO

 Conto: Domingo em Porto Alegre

            Sérgio Faraco

        Enquanto Luíza termina de pôr a criançada a jeito, ele confere o dinheiro que separou e o prende num clipe. Tudo em ordem para o grande dia. Passa a mão na bolsa das merendas e se apresenta na porta do quarto.

        — Tá na hora, pessoal.

        — Já vai, já vai, - diz a mulher.

        Mariana quer levar o bruxo de pano. Marta não consegue afivelar a sandalinha, Marietinha quer fazer xixi e Luiza se multiplica em torno delas.

        — Espero vocês lá em baixo.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNjT4LksUfvdYncwt2n7KWsSCTVHm_Rq-DWBDLslFtu3Yi4bc_e3v1Rn5ti9MBkuXQA8fu45aMnvcMQ1M_ero6yVqZCIjzAhrUPNvylfP_DOyAL7_zqOYQva-7gvmwDo7cc9OKKGIppG4yf3G0KTpKFwygAEveOxEM6fgYQQ6M-N7-gTWYO927YlzXaVo/s320/VOLTA.jpg

        Luiza se volta.

        — Por favor, vamos descer todos juntos.

        Todos juntos, como uma família, papai e mamãe de braços dados à frente do pequeno cortejo de meninas de tranças.

        Chama um carro – o passeio de táxi também faz parte do domingo. As meninas vão com a mãe no banco de trás. Na frente, ele espicha as pernas, recosta a nuca. Que conforto um automóvel! E o chofer não é como o do ônibus, mudo e mal-humorado, e até puxa conversa.

        — Dia bonito, não?

        — Pelo menos isso.

        — É, a vida tá dureza...

        Dureza é apelido. E do Alto Petrópolis ao Bom Fim viajam nesse tom, tom de domingo. E na sua opinião não é verdade que esse país já tá com a vela?

        Na calçada, Luíza lhe passa o braço e comenta que o choferzinho era meio corredor. Ele concorda e acha também que era meio comunista.

        E caminham.

        Nas vitrinas do Bom Fim vão olhando os ternos da sala, as mesinhas de centro, os quartos que sonham comprar um dia. Luiza se encanta num abajur dourado, que lindo, ficaria tão bem ao lado da poltrona azul. E caminham. As garotinhas de mãos dadas e o pai e a mãe troteando atrás, contentes, como se as semanas vencidas e as vincendas não passassem de um sonho mau e cada coisa de suas vidas estivesse em seu lugar, bem ajustada, bem sentada, como aquele abajur ao lado da poltrona azul.

        Atravessam a avenida e ali está, verde e cheiroso, o Parque da Redenção. As garotinhas correm e já vão brincando de pegar, buliçosas, risonhas, e até Luíza, na Redenção, fica um pouco bonita. Os olhos dela se movem mais rapidamente, as mãos se umedecem e as faces recobram nuanças juvenis.

        Papai compra passes para o carrossel e acomoda a meninada. Fora do cercado uns quantos casais admiram seus filhos, como se agarram, não caem, como são lindos e gorduchinhos e a vovó ia gostar tanto de ver. Os recém-chegados se orgulham também dos seus, como rodam e rodam, dão gritinhos de prazer e nervosas risadinhas. Luíza se ergue na ponta dos pés, saltita, ele vislumbra o peito no decote e gaba suas estremeções de gelatina. Encosta-se nela com súbita volúpia, mas o carrossel dá a última volta e Luíza precisa correr, Marietinha já vem pendurada no pescoço do cavalinho.

        Hora da merenda.

        Mamãe faz uma distribuição criteriosa de sanduíches, copinhos, guardanapos. Comem. Conversam sobre as maravilhas do parque e viste como estão caros os churros uruguaios? Mariana vai pegar o último sanduíche e Marta avança.

        É meu.

        — Não, é meu.

        E se empurram e já choramingam, mas Luíza fala na roda-gigante, ficam todas louquinhas e lá se vão mastigando mortadela e interjeições.

        Das alturas, entre as copas das grandes árvores, Luíza chama:

        — Meu bem, aqui!

        Ele abana. E as meninas chamam:

        — Pai, pai!

        Abana também, e se finge que se assusta à passagem de seus bancos voadores, quase se finam de tanto rir.

        Comem pipocas, amendoim torrado, percorrem alamedas de arbustos e namorados, brincam de esconde-esconde no Recanto Chinês e andam todos no trenzinho — é uma pintura quando ele vai costeando o lago, vendo-se de cima os barquinhos de pedal.

        Começa a escurecer e eles vão retornando pelos caminhos da Redenção, vão chegando perto da avenida e do corredor dos ônibus. E vão ficando sérios, intimidados sem saber por quê.

        Na parada, agrupam-se e pouco ou nada falam, até que veem assomar no corredor, roncando, soltando fumaça negra, o dragão de lata.

        — Qual é aquele — pergunta Luíza. — Alto Petrópolis?

        Ele aperta os olhos.

        — Acho que é.

        Mas não é. E por instantes eles ficam se olhando, sorrindo, querendo acreditar que o domingo ainda não terminou.

FARACO, Sérgio. Majestic hotel. Porto Alegre: L&PM, 1991, p.47-50.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 370-371.

Entendendo o conto:

01 – Qual é o tema central do conto "Domingo em Porto Alegre"?

      O conto retrata um dia de lazer de uma família em Porto Alegre, destacando a alegria e a união familiar em contraste com as dificuldades da vida cotidiana.

02 – Descreva a atmosfera do domingo da família no início do conto.

      No início do conto, a família se prepara para sair. Há uma certa agitação, com as filhas demorando para se arrumar e a mãe, Luíza, tentando organizar tudo. O pai, por sua vez, está ansioso para o passeio e conferindo o dinheiro. Apesar da correria, há um clima de expectativa e felicidade no ar.

03 – Qual é a importância do passeio de táxi no contexto do conto?

      O passeio de táxi é um elemento importante do domingo da família, representando um momento de conforto e descontração. O pai se sente aliviado por não precisar pegar ônibus e aprecia a conversa com o motorista, que compartilha suas opiniões sobre a situação do país.

04 – Como o Parque da Redenção transforma a família?

      O Parque da Redenção tem um efeito positivo sobre a família. As meninas correm e brincam livremente, demonstrando alegria e entusiasmo. Luíza, por sua vez, se torna mais bonita e jovial, com os olhos brilhando e as faces coradas. O parque proporciona um ambiente de leveza e descontração, onde a família pode se conectar e aproveitar o momento presente.

05 – Quais são as atividades que a família realiza no Parque da Redenção?

      No Parque da Redenção, a família anda de carrossel, faz um piquenique, anda na roda-gigante, come pipoca e amendoim, brinca de esconde-esconde e anda de trenzinho. São atividades simples, mas que proporcionam momentos de alegria e união para a família.

06 – O que acontece no final do dia que muda a atmosfera do conto?

      No final do dia, a família se prepara para voltar para casa e enfrenta a realidade do dia a dia. A alegria e a descontração do passeio dão lugar à seriedade e à preocupação. A espera pelo ônibus e a incerteza sobre qual linha pegar refletem as dificuldades da vida na cidade.

07 – Qual a mensagem principal do conto "Domingo em Porto Alegre"?

      O conto "Domingo em Porto Alegre" nos convida a refletir sobre a importância dos momentos de lazer e união familiar, mesmo diante das dificuldades da vida. O dia de descanso no parque representa uma pausa na rotina e uma oportunidade para a família se conectar e celebrar a alegria de estar junto.

 

NOTÍCIA: OS PERIGOS DO MAR - CARLOS NOBRE - COM GABARITO

 Notícia: Os perigos do mar

             Carlos Nobre

        Claro que eu não sou nenhum Dorival Caymmi, mas de mar – não é pra me gambá – eu manjo. E posso dizer uma coisa procês: por ser traiçoeiro às pampas, é o negócio mais fio da mãe do mundo. Portanto, muito cuidado com ele.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0geoNrJfQAbhS2NfRVj33IExbIhHgFlV89vOK20X5_ZHU1KUsmLKVaHiO4FD0cONyOHQUkOYLM9HsRH439SsFJ2R-TvR3BFZe3lt-zVQ71miJsUmmA40FwIexoaDh0KjXVEiF-nzujTByztzsCzOTUtODqaieUGbBmPeQJFMcfEEF4eRNdiRWIxVPgrs/s320/mar.jpg

        Recomendo aos banhistas acreditar nas bandeiras hasteadas nos postos. Se for branca, tudo legal, sinal que o mar tá de bom humor, hospitaleiro, numa boa. Agora, meu camaradinha, se o que tremula é a bandeira vermelha, não te besteia e não entra além do tornozelo, que o repuxo te engole. Vá prum bar, prum joguinho de cartas com os amigos. Enfim, vá pro raio que o parta, menos pro mar, porque voltar pra casa morto por afogamento esculhamba qualquer veraneio. E se o distinto morrer, passa pelo vexame de voltar recambiado pra areia firme nos braços de dois salva-vidas e ainda por cima levar um chupão na boca dado por um baita sujeito com boca em forma de frô. Apesar de tudo, encare o sujeitão e não ligue pro vexame. Portanto, não se vexe: se a barra estiver pesada pro teu lado nas funduras, levante o braço que a moçada vai te pegar.

        Sobretudo, não brinque com o mar, principalmente com esse nosso, que é todo abertão. O desgranido pode tá com a cara calma, cochilando, se fazendo de morto, de repente te apronta uma de lascar que pode ser um valão, uma mãe-d’água, uma caibra, uma corrente traiçoeira que quietinha vai levando a vítima lá pra arrebentação. Pra quem não tá acostumado, a arrebentação – que é a linha onde as ondas se quebram – é desesperadora, porque não dá aparentemente chance de sair. Se você, entretanto, conseguir por graça de Iemanjá, te manda rápido, porque o mar já encheu o peito pra te jogar mais uma porção de bombas que só alegram surfistas. Falar em surfistas, jamais fique perto deles que você pode levar uma pranchada na boca e se transformar num 1001.

        Bão, pra encerrar estas recomendações, melhor seguir a do João Miranguaia, velho pescador de Tramandaí, que chama o mar de Tinhoso, com o maior respeito:

        -- O Tinhoso só tem três perigo: quando tá quieto, quando tá arreliado e quando tá com a cachorra.

        Mas não é só na água que tá o perigo, não. Também tá no sol, principalmente aquele solão forte perto do meio-dia. Evite de se expor de peito aberto que você acaba se ralando todo. Como um amigo nosso que se expôs tanto que teve de dormir uma semana pendurado pela língua!

Zero Hora. Porto Alegre, 18/1/85, p. 39.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 346-347.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é o principal alerta dado pelo autor sobre o mar?

      O autor alerta que o mar é traiçoeiro e perigoso, e que os banhistas devem ter muito cuidado. Ele enfatiza que o mar pode parecer calmo e inofensivo, mas pode surpreender com valões, mães-d'água, caibras e correntes traiçoeiras.

02 – Qual a importância de seguir as indicações das bandeiras nos postos de salva-vidas?

      As bandeiras nos postos de salva-vidas indicam as condições do mar. A bandeira branca significa que o mar está seguro para banho, enquanto a bandeira vermelha indica perigo e que não se deve entrar na água. O autor recomenda seguir rigorosamente essas indicações para evitar acidentes.

03 – O que é a "arrebentação" e qual o perigo que ela representa?

      A arrebentação é a área onde as ondas quebram. Para quem não está acostumado, essa área pode ser desesperadora, pois aparentemente não oferece chances de sair. O autor alerta que o mar joga várias ondas seguidas nessa área, dificultando ainda mais a saída.

04 – Qual a recomendação do autor em relação aos surfistas?

      O autor recomenda que os banhistas jamais fiquem perto dos surfistas, pois podem ser atingidos por uma prancha e sofrerem ferimentos.

05 – Qual a principal recomendação do pescador João Miranguaia sobre o mar?

      O pescador João Miranguaia, de Tramandaí, chama o mar de Tinhoso e diz que ele tem três perigos: quando está quieto, quando está agitado e quando está com a "cachorra" (maré de enchente). Essa recomendação reforça a ideia de que o mar é sempre perigoso, independentemente de sua aparência.

 

CRÔNICA: A CIDADE TRAÇADA - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 Crônica: A cidade traçada

              Luís Fernando Veríssimo

        Toda a cidade que tem um rio é bela. Porto Alegre exagera, esparrama-se ao longo de vários que, de lambuja, se transformam num lago imenso. Com toda essa lindeza, gosto de tomar nossa cidade como modelo e temática. Tenho desenhado como ela era, como ela é e como a desejo.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjj-ryHhYm5mTC5cGtIpfkMRTD-tqTO_cOb5YEspgAG09B0Dqk5FjwKm6aSmpZeBTgzypdtu9A3sEYhdwI7rkBnYPQa3Yv3QZrIlPI9gj6gu1c1VOj1dUoExsKVPPOG4HTC9TMCKMGu7XCn1LhcXwVPJVPcCt1KCcV-mxPjUJ8yC8EyTX3542PrRpCKrP4/s320/PORTO%20ALEGRE.jpg


        Pode parecer estranho atribuir sexo a uma cidade. Porto Alegre, que tem alma, eu vejo feminina. Caprichosa e temperamental, é a um só tempo provinciana e avançadinha, mantendo hábitos recatados, porém sem nunca perder o compasso com o nosso tempo. Metrópole, é neurótica, opiniática e exigente. Também aldeia, é pudica, singela e dócil.

        Sensualmente lânguida, se deita estirada no seu sinuoso contorno fluvial. Dominadora e envolvente, avança voraz sobre os morros, pelos vales e pelas planuras. Impetuosa, lança-se ao alto em pontas de concreto. Fogosa, vibra entrelaçada por artérias dinâmicas e congestionadas. Carola, reza com fé na Festa dos Navegantes. Peleadora, trabalha feito louca nas oficinas do quarto distrito. Ciumenta, esconde com o muro seu perfil mais lindo.

        É faceira quando se veste com as flores do jacarandá, anunciando a primavera, e é manhosa ao se derreter nos dias tórridos de verão. Romântica, se pinta toda nos fins de tarde, no outono. Malvada, venta fria e cinzenta nas noites de inverno.

        Quando aqui cheguei, nos tempos do bonde, do rolo compressor e das balas esportivas, Porto Alegre ainda mantinha, ao menos no centro, um certo ar tradicional que lembrava Buenos Aires. Com o tempo, foi se tornando mais interesseira, substituindo seus cafés de esquina pelas agências financeiras. Além da inocência, perdeu nos últimos anos muito de sua identidade original. As matinês e as anedotas de rua, por exemplo, foram sumindo, dando lugar aos cômicos da tevê. Mas foi ganhando outras coisas que a fazem moderna, adulta e madura, como a Feira do Livro, espaços de cultura, museus, teatros, galerias de arte.

        Tanto o LFV [Luís Fernando Veríssimo] como eu conhecemos outras, é verdade. mas cada um na sua, elegemos este porto como nosso ponto de referência. Traça-la, para nós, é literalmente e graficamente um ato de amor.

VERÍSSIMO, Luís Fernando; FONSECA, Joaquim da. Traçando Porto Alegre. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1994, p. 7-8.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 366-367.

Entendendo a crônica:

01 – Qual a principal característica da cidade de Porto Alegre, segundo o autor?

      O autor destaca a beleza da cidade, com seus rios que se transformam em um lago imenso. Além disso, ele a descreve como feminina, caprichosa, temperamental, provinciana e avançadinha, capaz de ser metrópole e aldeia ao mesmo tempo.

02 – Que tipo de comparações e personificações o autor utiliza para descrever Porto Alegre?

      O autor utiliza diversas comparações e personificações para descrever a cidade. Ele a compara a uma mulher sensual e lânguida, que se deita em seu contorno fluvial, e a descreve como dominadora, envolvente, impetuosa, fogosa, carola, peleadora e ciumenta.

03 – Como Porto Alegre se transformou ao longo do tempo, de acordo com o autor?

      O autor relata que, quando chegou à cidade, ela ainda mantinha um ar tradicional que lembrava Buenos Aires. Com o tempo, Porto Alegre se tornou mais interesseira, substituindo seus cafés por agências financeiras e perdendo parte de sua identidade original, como as matinês e as anedotas de rua.

04 – O que a cidade ganhou com essa transformação, segundo o autor?

      Apesar de perder elementos de sua identidade original, Porto Alegre ganhou outras coisas que a tornaram moderna, adulta e madura, como a Feira do Livro, espaços de cultura, museus, teatros e galerias de arte.

05 – Qual o significado da expressão "traçá-la" no contexto da crônica?

      No contexto da crônica, "traçá-la" significa desenhar a cidade, tanto no sentido literal quanto no sentido figurado. Para o autor e o LFV, traçar Porto Alegre é um ato de amor, uma forma de expressar seu carinho e sua conexão com a cidade.

 

ARTIGO DE OPINIÃO: A FALTA QUE UMA PRAÇA FAZ - PETER BURKE - COM GABARITO

 Artigo de opinião: A falta que uma praça faz

                             PETER BURKE – ESPECIAL PARA A FOLHA

        Acabei de voltar de uma visita a Roma, impressionado (como sempre) não só com as igrejas e palácios magníficos, mas também com as praças públicas. Algumas delas são esplêndidas e famosas, como a Piazza San Pietro, a Piazza Navona e a Piazza del Popolo; outras, menos conhecidas, são igualmente encantadoras, como a Piazza Pasquino, a Piazza Farnese ou a Piazza Santa Maria in Trastevere. Entretanto todas elas dão a impressão de terem sido desenhadas – e sabemos que boa dose de planejamento meticuloso precedeu sua construção ou reconstrução (como no caso da Piazza San Marco, na Veneza do século XVI). As praças barrocas em especial – notadamente a Piazza San Pietro de Bernini- testemunham uma concepção dramática: entrada em cena, peripécia e clímax, para não falar do "cenário" urbano de estátuas e obeliscos.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjv3KWLZwpBRuK5BuAvC4bwOAzH2wYOuaHuHL2kVHU8mh8609pagwO3KqelUNI63FUjyQ5MpUSqQG432GShfhKpt-fU2MJdCbOqtwqQR_8nIQ68lO4OPEicDUx9yXviBEBQCaCdQHBqpFRnhAIp_EQKM2SSbGP665XfO2V5NdZR_Y9et_0GkzR1fer73uc/s1600/PIAZZA.jpg

        Praças assim desempenhavam várias funções. Eram ponto de encontro, espaço para estátuas e espetáculos, rota de procissões, lugar onde assistir a execuções, ouvir sermões, canções e discursos, admirar os edifícios da cidade. Eram parte importante do que Habermas chama de "esfera pública", uma esfera que já existia nas cidades-repúblicas da Itália renascentista. Em Florença, a Piazza della Signoria era vital para o funcionamento do sistema político, enquanto a Piazza Santa Croce era palco de partidas rituais de futebol durante o Carnaval. Em Veneza, a Piazza San Marco era igualmente central por ocasião do Carnaval: funcionava como um teatro ao ar livre, onde as multidões podiam assistir a acrobatas, comediantes e "execuções" de touros e porcos. Em Roma, a Piazza San Pietro funcionava como verdadeiro container de multidões, lugar de conclave para os fiéis que aguardavam a benção papal a cada Páscoa. Em italiano, expressões como "mettere una cosa in piazza" (pôr algo em discussão), "fare ou sfidare la piazza" (desafiar a opinião pública) dão prova, ainda hoje, da importância de tais espaços para a vida social cotidiana.

        Uma cadeira num café da Piazza del Popolo ou da Piazza Navona é um lugar ideal para se especular sobre a história, a geografia e a sociologia das praças públicas. Por que a praça tem lugar tão importante na vida social e arquitetônica da Itália e, em geral, da Europa mediterrânea? Por que tem menos importância alhures?

        A questão pode soar estranha, ainda mais na boca de um inglês; também Londres é cheia de praças: Trafalgar Square, Leicester Square, Russell Square, Berkeley Square e assim por diante. Mas a "Square" londrina é um espaço completamente diverso da "piazza" italiana. Exceção feita a Trafalgar Square, projetada no século 19 para servir de moldura à Coluna de Nelson, as praças londrinas são ilhas verdes cercadas de residências particulares. O gramado é muitas vezes cercado de grades, de modo a torná-lo privilégio dos moradores locais, que detêm as chaves dos portões.

        A praça londrina não é uma instituição pública, como é o caso na Itália. Não é um lugar em que se pode passear, tomar café, encontrar amigos ou apresentar-se ao público ("fare bella figura" e coisas assim). A chuva e o vento tornam tudo isso virtualmente impossível – com alguma ajuda do amor inglês à privacidade, tão diferente da concepção italiana da vida como teatro. V.S. Naipaul, autor indiano de Trinidad, escreve vívida e nostalgicamente a respeito:

        "É uma questão de clima. Num país quente, a vida é levada fora de casa. Janelas e portas ficam abertas. Você sabe o que o seu vizinho anda fazendo, e vice-versa. O visitante não encontra dificuldade em conhecer o país; ele está sempre a encontrar as pessoas fora de situações profissionais ou oficiais. Na Inglaterra, tudo acontece atrás de portas fechadas". Quer expliquemos a diferença em termos de clima ou de cultura, o contraste entre a Inglaterra e a Itália é por si só evidente.

        Seja como for, há períodos e regiões do mundo em que as praças são raridade. As cidades da Europa medieval, até mesmo no mundo mediterrâneo, não conheciam algo de equivalente à ágora ateniense ou ao fórum romano. Havia mercados ao ar livre, de formato irregular e com pouco espaço livre – mesmo quando em frente da catedral. Só com o Renascimento (no caso da Itália) ou com o século XVII (no caso de Paris e Londres) surgem esses oásis em meio ao deserto urbano.

        Antes do século XIX, as cidades do mundo islâmico em geral não tinham praças, ainda que pudessem usufruir de um "majdan", um grande espaço livre à beira da cidade. As grandes cidades da China e do Japão antigos também não tinham praças públicas. A célebre T'ien-An-Men de Pequim é uma criação recente: o espaço em frente ao Portão da Paz Celestial foi aberto para a passagem de desfiles, antes de ser tomado por estudantes que se manifestavam contra o governo.

        No Novo Mundo, há um contraste óbvio entre as áreas ocupadas por colonos espanhóis e ingleses. As cidades da América hispânica convergem para a Plaza de Armas, enquanto o espaço das cidades norte-americanas organiza-se de modo diferente. Em Nova York, por exemplo, lugares como Washington Square ou Madison Square são menos importantes para a vida social do que, por exemplo, a Quinta avenida ou o Central Park.

        Como São Paulo se encaixa nesse esquema geral? Quando visitei a cidade pela primeira vez – e conhecendo as tradições urbanas da Itália e de Portugal –, surpreendeu-me a virtual ausência de praças públicas e o descaso com as poucas existentes. Tal como a Quinta avenida, a avenida Paulista parece incumbir-se de algumas das funções da praça mediterrânea. Ainda assim, o resultado não é o mesmo – nem para mim, nem (suspeito eu) para os paulistanos. As mesas de café nas calçadas, que parecem estar se multiplicando, são uma boa ideia, mas seria melhor ainda poder desfrutar da comida, da bebida e da conversa a uma distância um pouquinho maior do barulho e dos gases do trânsito.

        Para um estrangeiro foi interessante ver o grande papel que uma pracinha (irrealmente livre de carros) teve na recente novela "A Próxima Vítima", na qual simbolizava a vida de uma comunidade em que todos conhecem todos (ideia certamente tão anacrônica nos anos 90 quanto o português italianizado de alguns personagens). Fiquei fascinado ao ler num jornal que a praça fora construída nos estúdios da TV segundo o modelo de uma praça napolitana. Em outras palavras, parece que não sou o único a sonhar com uma piazza para São Paulo. Quem fará do sonho realidade?

BURKE, Peter. A falta que uma praça faz. Folha São Paulo, São Paulo, 27 abr. 1997. Caderno Mais! p. 3.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 372-373.

Entendendo o artigo:

01 – Qual a principal impressão que Peter Burke teve de Roma?

      Peter Burke ficou impressionado com as igrejas, palácios e, principalmente, com as praças públicas de Roma. Ele destaca tanto as praças mais famosas quanto as menos conhecidas, ressaltando a beleza e a importância delas para a vida na cidade.

02 – O que diferencia as "squares" londrinas das "piazzas" italianas?

      A principal diferença está na função e no acesso. As "squares" londrinas são espaços verdes privados, cercados por grades e acessíveis apenas aos moradores locais. Já as "piazzas" italianas são espaços públicos, abertos a todos, com diversas funções sociais e culturais.

03 – Qual a relação entre o clima e a importância das praças, segundo o autor?

      O autor sugere que o clima influencia na importância das praças. Em países mais quentes, como a Itália, a vida social se desenvolve mais ao ar livre, o que valoriza os espaços públicos como as praças. Em países mais frios, como a Inglaterra, a vida social tende a se concentrar em espaços fechados.

04 – O que são os "majdans" e qual a sua relação com as praças?

      Os "majdans" são grandes espaços livres encontrados em cidades do mundo islâmico, que podem ser comparados às praças em alguns aspectos. No entanto, eles geralmente se localizam à beira da cidade e não possuem a mesma centralidade e importância social das praças europeias.

05 – Como as cidades da América hispânica se organizam em relação às praças?

      As cidades da América hispânica são planejadas com a Plaza de Armas como ponto central, onde se concentram os principais edifícios e atividades da cidade. Essa organização reflete a influência da cultura espanhola, que valoriza os espaços públicos como locais de encontro e convívio social.

06 – Qual a impressão de Peter Burke sobre São Paulo em relação às praças?

      Peter Burke se surpreendeu com a falta de praças públicas em São Paulo e com o descaso com as poucas existentes. Ele compara a avenida Paulista a uma praça mediterrânea, mas observa que ela não cumpre as mesmas funções sociais e culturais.

07 – O que o autor destaca sobre a novela "A Próxima Vítima"?

      O autor menciona a novela "A Próxima Vítima" como um exemplo de como as praças são importantes para a vida em comunidade, mesmo que de forma idealizada. Ele destaca que a praça da novela foi construída em estúdio, o que reforça a carência de espaços públicos adequados em São Paulo.

08 – Por que o autor sonha com uma "piazza" para São Paulo?

      O autor sonha com uma "piazza" para São Paulo porque ele acredita que a cidade carece de espaços públicos de qualidade, onde as pessoas possam se encontrar, conviver e desfrutar do espaço urbano. Ele vê a "piazza" como um lugar que promove a vida social e cultural da cidade.

09 – O que significa a expressão "mettere una cosa in piazza" em italiano?

      A expressão "mettere una cosa in piazza" significa "pôr algo em discussão", o que demonstra a importância das praças como espaços de debate e opinião pública na cultura italiana.

10 – Quem o autor convida a realizar o sonho de uma "piazza" para São Paulo?

      O autor faz um apelo para que alguém realize o sonho de construir uma "piazza" para São Paulo, deixando em aberto quem seria o responsável por transformar esse desejo em realidade.