segunda-feira, 8 de novembro de 2021

A CRÔNICA - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 A CRÔNICA 

            Carlos Drummond de Andrade

“Crônica tem esta vantagem: não obriga ao paletó-e-gravata do editorialista, forçado a definir uma posição correta diante dos grandes problemas; não exige, de quem a faz, o nervosismo saltitante do repórter, responsável pela apuração do fato na hora mesma em que ele acontece; dispensa a especialização suada em economia, finanças, política nacional e internacional, esporte, religião e o mais que imaginar se possa. Sei bem que existem o cronista político, o esportivo, o religioso, o econômico, etc., mas a crônica de que estou falando é aquela que não precisa entender de nada ao falar de tudo. Não se exige do cronista geral a informação ou o comentário precisos que cobramos dos outros. O que lhe pedimos é uma espécie de loucura mansa, que desenvolva determinado ponto de vista não ortodoxo e não trivial, e desperte em nós a inclinação para o jogo da fantasia, o absurdo e a vadiação de espírito. Claro que ele deve ser um cara confiável, ainda na divagação. Não se compreende, ou não compreendo, cronista faccioso, que sirva a interesse pessoal ou de grupo, porque a crônica é território livre da imaginação, empenhada em circular entre os acontecimentos do dia, sem procurar influir neles. Fazer mais que isto seria pretensão descabida de sua parte. Ele sabe que seu prazo de atuação é limitado: minutos no café da manhã ou à espera do coletivo.

Entendendo o texto

Com base no texto, assinale a única alternativa correta.
1. Segundo o que se depreende do texto, para Drummond, a crônica poderia ser caracterizada como:
a. uma atividade literária em prosa, veículo de notícias sobre fatos da atualidade.
b. uma atividade jornalística, isto é, noticiário científico ou literário, apresentado em linguagem simples e agradável.
c. uma atividade literária que visa menos à especificidade e profundidade do assunto e mais ao entretenimento do leitor.
d. uma reportagem disfarçada, pois nela não se percebe “o nervosismo saltitante do repórter”.
e. uma reportagem, embora camuflada em atividade literária, na qual o jornalista não deve ser faccioso.


2. Segundo Drummond, não é exato afirmar que:
a. a crônica (geral) deve ser fruto da fantasia e da vadiagem de espírito do cronista, embora não deva tratar de trivialidades.
b. o cronista geral não é obrigado a posicionar-se corretamente diante dos grandes problemas.
c. embora haja cronistas especializados em economia, finanças, etc., o cronista geral não é obrigado a ser especialista em determinado assunto.
d. o cronista geral não pode ser confundido com repórter, porque este visa à apuração de fatos, enquanto aquele deve “circular entre os acontecimentos do dia”.
e. o cronista geral deve ser confiável, embora não precise entender de nada, ao falar de tudo.

3. Assinale a alternativa em que as duas expressões dadas, não se relacionam com o modelo de crônica apresentada por Drummond:
a. paletó-e-gravata; ponto de vista não ortodoxo.
b. nervosismo saltitante; território livre da imaginação.
c. prazo de atuação limitado; ponto de vista não trivial.
d. informação ou comentário preciso; apuração imediata do fato.
e. inclinação para o jogo da fantasia; especialização suada.

 

 

 

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