sexta-feira, 31 de março de 2017

CRÔNICA: PEIXE NA CAMA - LUIZ FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

CRÔNICA: PEIXE NA CAMA – ENEM (2010)
                    Luiz Fernando Veríssimo

         O “politicamente correto” tem seus exageros, como chamar baixinho de “verticalmente prejudicado”, mas, no fundo, vem de uma louvável preocupação em não ofender os diferentes. É muito mais gentil chamar estrabismo de “idiossincrasia ótica” do que de vesguice.
         O linguajar brasileiro está cheio de expressões racistas e preconceituosas que precisam de uma correção, e até as várias denominações para bêbado (pinguço, bebo, pé de cana) poderiam ser substituídas por algo como “contumaz etílico”, para lhe poupar os sentimentos.
         O tratamento verbal dado aos negros é o melhor exemplo da condescendência que passa por tolerância racial no Brasil. Temos como “crioulo”, “negão”, etc. são até considerados carinhosos, do tipo de carinho que se dá a inferiores, e, felizmente, cada vez menos ouvidos. “Negro” também não é mais correto. Foi substituído por afrodescendente, por influência dos afro-americanas, num caso de colonialismo cultural positivo. Está certo. Enquanto o racismo que não quer dizer seu nome continua no Brasil, uma integração real pode começar pela linguagem.

          VERISSIMO, Luiz Fernando. Peixe na cama. Diário de Pernambuco.
Entendendo o texto                                                                                          10 jun. 2006 (adaptado).

01.Ao comparar a linguagem cotidiana utilizada no Brasil e as exigências do comportamento “politicamente correto”, o autor tem a intenção de:

a) Criticar o racismo declarado do brasileiro, que convive com a discriminação camuflada em certas expressões linguísticas.
b)    Defender o uso de termos que revelam a despreocupação do brasileiro quanto ao preconceito racial, que inexiste no Brasil.
c)     Mostrar que os problemas de intolerância racial, no Brasil, já estão superados, o que se evidencia na linguagem cotidiana.
d) Questionar a condenação de certas expressões consideradas “politicamente incorretas”, o que impede os falantes de usarem a linguagem espontaneamente.
e)     Sugerir que o país adote, além de uma postura linguística “politicamente correta”, uma política de convivência sem preconceito racial.




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