sábado, 4 de março de 2017

POEMA: ESTE INFERNO DE AMAR - ALMEIDA GARRETT - COM GABARITO

       POEMA:  ESTE INFERNO DE AMAR
ALMEIDA GARRETT

Este inferno d amar – como eu amo!
Quem mo pôs aqui n´alma... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida – e que a vida destrói –
Como é que se veio a atear,
Quando – ai quando se há de ela apagar?
                                                                                   Versos de Almeida Garrett.

 01-    Nos versos acima de Garrett, como em toda poesia, predomina a função poética da linguagem. Ao lado dela, destaca-se a função:

a)     Metalinguística da linguagem, com extrema valorização da subjetividade no jogo entre o espiritual e o profano.
b)    Apelativa da linguagem, num jogo de sentido pelo qual o poeta transmite uma forma idealizada de amor.
c)     Referencial da linguagem, privilegiando-se a expressão de forma nacional.
d)    Emotiva da linguagem, marcada pela não contenção dos sentimentos e pelo subjetivismo.
e)     Fática da linguagem, utilizada para expressar as ideias de forma evasiva, como sugestões.


RESOLUÇÃO: O eu lírico extravasa seus sentimentos e emoções, representados graficamente pela exclamação, as reticências e a interjeição “ai” no último verso. O subjetivismo também é marcado pela escolha lexical – “inferno de amar”, “que a vida destrói”, “atear” -, que denota descomedimento na expressão do sofrimento amoroso. Resposta: D

02 – Qual é o tempo verbal predominante na primeira estrofe e o que ele caracteriza? Justifique com exemplos do texto.
     É o presente, caracterizando um tempo de sofrimento: “inferno”, “consome”, “destrói”.

03 – Aos poucos, o poeta volta ao passado e o relembra. Descreva esse tempo. Em que contrasta com o presente?
     O passado era um tempo de sonho, de paz, de serenidade. Contrasta com o presente tormentoso, em que falta harmonia.

04 – Apesar de o passado ser pacífico e o presente tormentoso, qual dos dois tempos é mais sedutor? Por quê?
     O presente, porque o amor é a vida.

05 – A atmosfera do poema baseia-se na situação amorosa “que alenta e consome”. Explique essa situação e relacione-a ao título do texto.
     Na verdade, o par “amor / sofrimento” é a base do Romantismo. Em Este inferno de amar faz-se menção ao sofrimento causado pelo amor, que é, porém, razão de viver.

06 – A que episódio da biografia de Garrett parece estar associado o poema?
      O poema parece estar ligado ao caso amoroso de Garrett com a Viscondessa da Luz.

07 – A qual característica romântica corresponde a associação entre biografia e obra?
      Corresponde ao confessionalismo, à preocupação em produzir uma obra lírica que seja a expressão sincera dos sentimentos do autor.

08 – O poema exprime a confusão dos sentimentos do amante.
a)   Comente, a este respeito, o título do poema.
O título já exprime as contradições do sentimento, que é o tema do poema: O amor, condição de felicidade, é causa de sofrimentos, é um verdadeiro inferno para o sujeito lírico.

b)   Localize na primeira estrofe dois oximoros (paradoxos) que exprimem a confusão dos sentimentos.
“Esta chama que alenta e consome” e “Que é a vida – e que a vida destrói –”.

09 – O tom emotivo – como se o sujeito lírico não se contivesse e explodisse em confidências confusas, ou como se falasse sozinho, procurando entender seus sentimentos – motivou a pontuação excessiva do texto. Localize e transcreva:
a)   Uma frase exclamativa que exprime constatação perplexa de um sentimento.
“Como eu amo!”

b)   Uma frase interrogativa que exprime essa mesma perplexidade.
“Quem mo pôs aqui n’alma... quem foi?”

c)   Uma frase reticente que exprime a dúvida.
“Era um sonho talvez... – foi um sonho –”.

10 – O sujeito lírico evoca o tempo em que o amor era apenas um sonho. Os olhos de uma mulher despertaram-no, tornando o sonho realidade.
a)   Qual a diferença entre o sonho e a realidade do amor?
O sonho era doce e nele havia a paz; a realidade é o sofrimento, o “inferno”.

b)   Apesar dessa diferença, o poema termina com uma defesa do amor. Explique.
Apesar dos sofrimentos que causa, o amor é a condição da vida; o sujeito lírico afirma que só começou a viver quando o amor o despertou.





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