sexta-feira, 25 de março de 2022

NOTÍCIA: TÚNEL DO TEMPO, O SONHO SECRETO DOS FÍSICOS - REVISTA SUPERINTERESSANTE - COM GABARITO

 Notícia: Túnel do tempo, o sonho secreto dos físicos

            Eles não contam para ninguém e não gostam de comentar o assunto em público. Mas muita gente de primeiro time anda atrás da resposta: como é que se faz para viajar no tempo?

Por Flávio Dieguez e Carlos Eduardo Lins da Silva, de Washington, com Cássio Leite Vieira

        Não existe sonho mais fantástico do que viajar através do tempo, voltar ao passado ou avançar pelas décadas à frente. O problema é que, além de fantástico, esse é um sonho comprometedor. Nenhum cientista pode sonhá-lo em público sem correr o risco sério de dar uma de maluco. Mas agora, para surpresa dos próprios físicos, a possibilidade de atravessar os séculos para a frente e para trás não pode ser de forma alguma descartada. Desde o final da década passada o físico americano Kip Thorne, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, trouxe à tona um objeto simplesmente estupendo: o wormhole, que, em inglês, quer dizer buraco de minhoca. Com esse nome nada futurista, até meio invertebrado, o wormhole pode ser a peça-chave de um futuro ônibus do tempo.

        E o que é esse bicho? É uma espécie de túnel que, segundo a teoria, pode existir no Universo. Como se fosse um atalho cósmico, ele ligaria pontos superdistantes de um modo tal que, se alguém pudesse caminhar por ele, chegaria rapidamente à outra extremidade. Ou seja, ganharia um tempo enorme. A ideia de Thorne, então, seria aproveitar esses túneis, deslocando suas extremidades para os pontos desejados e conseguir, com idas e voltas por dentro deles, saltos não apenas no espaço, mas também no tempo.

        Por enquanto, essa máquina do tempo só existe na teoria. Mas, exatamente porque só existe na teoria, tem aquele fascínio dos aviões e helicópteros esboçados nas pranchetas do século XV pelo italiano Leonardo da Vinci. Como o velho gênio italiano, Kip Thorne foi além dos limites do que é possível em sua era. (...)

      Ir para a frente é fácil. Duro é andar para trás

        Você pode não levar a sério, mas viajar no tempo não é apenas possível. É até inevitável, em certas circunstâncias. A ciência sabe disso desde 1905, data em que o alemão Albert Einstein formulou a Teoria da Relatividade. “O princípio é muito simples”, disse à SUPER o americano Michael Morris, da Butler University, em Indianápolis, pesquisador vital nos mais importantes avanços da atualidade. “Basta embarcar numa nave que alcance velocidade bem próxima à da luz, de 300.000 quilômetros por segundo”, explica Morris. “Automaticamente o tempo na nave vai começar a passar mais devagar do que na Terra.” Na volta, portanto, o viajante estará mais jovem do que os que não voaram. Em números, se o relógio da nave, nessa velocidade, marca a passagem de 12 horas, os da Terra marcam muito mais: uma década. Ou seja, em relação a quem ficou aqui, o viajante terá feito uma travessia de dez anos para o futuro.

        Já não há dúvida alguma sobre esse efeito, que foi testado e comprovado exaustivamente nos últimos trinta anos. A precisão dos resultados só não é maior porque, como as velocidades usadas são muito inferiores à da luz, o ritmo do tempo também não se altera muito. Assim, as viagens já feitas ao futuro geralmente são curtas, da ordem de frações de segundo. Mas a possibilidade, hoje, é um consenso tranquilo entre todos os físicos, diz Morris.

        Em 1985, ele embarcou numa investigação muito mais complicada: era a possibilidade de viajar para o passado. (...)

        Como tirar as dúvidas?

        Antes de começar a falar em passeios ao passado, duas coisas precisam ficar claras. Primeiro, a possibilidade é real, existe mesmo. Não é mágica, não é bruxaria. Segundo, essa possibilidade está sendo estudada com extrema cautela, pois os conhecimentos atuais da Física podem não ser suficientes para resolver as dúvidas que ainda existem. Enfim, os meios materiais para construir uma máquina do tempo como a que a teoria sugere estão muito além da tecnologia disponível. Muito, muito além. Como escreveu Thorne em seu livro: “Mesmo se as máquinas do tempo fossem possíveis pelas leis da Física ainda estaríamos mais longe delas do que o homem das cavernas estava das viagens ao espaço”.

        Como cavar um buraco de metrô no espaço vazio

        Para viajar no tempo da maneira como o teórico americano Kip Thorne visualizou é preciso embarcar num paradoxo: abrir um buraco no espaço vazio, bem do tipo que liga nada a lugar nenhum. Para entender melhor, pense por um momento nos buracos negros. Eles nascem quando uma estrela superpesada (pelo menos três vezes e meia maior do que o Sol) se apaga e fica sem energia luminosa. A estrela escurecida desaba sobre si mesma, produzindo uma esfera absolutamente preta, ultracompacta, com uma força gravitacional apavorante. Traga até mesmo os raios de luz. Dentro dela, ninguém sabe direito o que existe. Certamente não é o espaço comum. Será que, entrando lá, alguém iria sair em outro lugar do Universo?

        Passeio num wormhole

        Em 1986, Thorne já sabia que não. Tudo o que cai num buraco negro é esmagado. Propôs então viajar dentro de wormholes, os tais “buracos de minhoca” que já eram descritos em outros estudos de Cosmologia. A grande vantagem dos wormholes (que são conhecidos apenas em teoria) sobre os buracos negros é que, apesar de também ter densidade altíssima, eles não trituram ninguém.

        Mais do que isso: como os wormholes têm duas bocas, situadas em locais diferentes do Universo, seriam os túneis ideais. Só faltava direcioná-los. A partir da Teoria da Relatividade – que ensina que um relógio em movimento marca o tempo mais devagar em relação a um relógio que está imóvel –, Thorne imaginou pôr uma das bocas de um wormhole dentro de uma nave, mandando-a para uma velocíssima viagem. A outra boca ficaria na Terra. Na volta, uma das bocas, a que viajou, estaria atrasada no tempo. É claro! Se essa viagem acontecesse hoje, numa velocidade bem próxima à da luz, bastariam 12 horas de passeio para conseguir um intervalo de dez anos na Terra. Pronto! Sai um túnel do tempo para viagem: uma das bocas estaria em 2006; a outra, em 1996. E quanto tempo levaria para atravessar o túnel do tempo depois de pronto? Menos de 1 segundo! (...).

Revista Superinteressante, set. 1996. p. 46-53.

Fonte: Português – Linguagem & Participação, 6ª Série – MESQUITA, Roberto Melo/Martos, Cloder Rivas – Ed. Saraiva, 1ª edição – 1998, p. 136-140.

Entendendo a notícia:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Décadas: espaço de dez anos.

·        Comprometedor: prejudicial, que causa problemas.

·        Físicos: aqueles que estudam Física.

·        Trazer à tona: mencionar, lembrar, trazer ao debate.

·        Estupendo: formidável.

·        Fascínio: encanto.

·        Inevitável: que não pode ser evitado.

·        Consenso: unidade de pensamento.

·        Plausível: em que se pode acreditar.

·        Conclusão: ideia final.

·        Paradoxo: afirmação que parece impossível, contrária ao senso comum.

·        Gravitacional: da gravidade; força que atrai os corpos para o centro do planeta.

·        Zeloso: cuidadoso.

·        Temer: ter medo.

·        Estigma: marca, sinal.

02 – Copie a frase em que a palavra em destaque tenha o mesmo sentido do que no texto.´

a)   Chuva, frio e vento, que tempo horrível.

b)   Vivi num tempo difícil, tempo de trabalho e carestia.

c)   Geralmente as crianças pequenas adoram ouvir histórias.

d)   Getúlio Vargas é um vulto importante da nossa história.

e)   Quem pratica esportes geralmente tem um belo físico.

f)    Albert Einstein foi o físico mais importante deste século.

03 – Dê o substantivos correspondentes a estes verbos:

a)   Sonhar – sonho.

b)   Cruzar – cruzamento.

c)   Caminhar – caminhada.

d)   Correr – corrida.

e)   Existir – existência.

f)    Virar – virada.

04 – Qual é o assunto deste texto?

      O texto trata da viagem através do tempo.

05 – Por que os cientistas têm medo de se comprometer com a máquina do tempo?

      Eles sentem medo de serem chamados de malucos.

06 – Qual foi a contribuição do físico Kip Thorne para o assunto máquina do tempo?

      O físico Kip Thorne esboçou a teoria do wormhole (“buraco de minhoca”), uma espécie de túnel que pode existir no Universo.

07 – Como seria possível viajar no tempo?

      Só seria possível com um veículo que estivesse a velocidade da luz.

08 – Por onde seria possível viajar no espaço?

      Seria possível viajar através do wormhole, deslocando-se para os pontos desejados como se fizéssemos uma velocíssima viagem num gigantesco túnel no espaço vazio.

09 – Por que a máquina do tempo ainda não é possível nos dias de hoje?

     Porque não existe tecnologia disponível nem conhecimento teórico suficiente para tal empreitada.

10 – Numere as frases segundo a ordem em que aparecem no texto:

(5) Viagens ao futuro são possíveis.

(2) A explicação do buraco negro.

(8) Viajar nos wormholes – buracos de minhoca.

(1) Um sonho fantástico.

(7) O buraco negro.

(4) Albert Einstein criou a Teoria da Relatividade.

(9) A duração da viagem.

(6) Estamos muito longe da máquina do tempo.

(3) Uma máquina que só existe na teoria.

 

NOTÍCIA: COMO NOS TORNAMOS VICIADOS EM REPASSAR NOTÍCIAS SEM LER - EMILIANO URBIM E JAN NIKLAS - O GLOBO - COM GABARITO

 Notícia: Como nos tornamos viciados em repassar notícias sem ler

Emiliano Urbim e Jan Niklas

 Ânsia por recompensa, falta de atenção e outros maus hábitos contemporâneos fazem qualquer informação ser compartilhada sem critério

        Rio – A notícia cai no seu colo, e é tão espantosa, atraente ou revoltante que não dá para ficar indiferente. Se a história chega por alguém “confiável”, aí não tem jeito mesmo. Curtir e compartilhar, é só começar. Tente imaginar, porém, que aquilo pode ser mentira. Fake news, fofoca, futrica, manipulação, equívoco. No trânsito livre da internet, ninguém mais duvida do perigo que isso representa. A mentira — é preciso reconhecer — agora tem perna longa. E você pode ser um dos responsáveis por aumentar ou reduzir o alcance dela.

        Ano passado, numa pequena cidade mexicana, histórias sobre crianças sequestradas começaram a se espalhar rapidamente por WhatsApp. Quem lia passava adiante. Indignada, uma multidão saiu em busca dos culpados. Dois homens inocentes acabaram queimados vivos. A informação era fácil de checar — não havia queixas formais contra eles nem registros de crianças sequestradas. Ainda assim, os linchadores não se deram ao trabalho de buscar a verdade.

        O exemplo acima é extremo, claro. Nem toda mentira que se ajuda a espalhar com um simples clique vai resultar na morte de alguém. Algumas podem “apenas” revelar intimidades que os envolvidos queriam preservar. Ou queimar o filme de empresas e pessoas, acusando-as de erros que elas não cometeram e intenções que não tiveram.

        [...]

        De onde vem isso, afinal?

        Graças a um coquetel de maus hábitos, que vão de falta de foco a carência crônica, passar conteúdo adiante sem critérios tornou-se comum. Tão comum que virou objeto de estudo de comunicação, psicologia e neurociência.

        Para o coordenador do Grupo de Pesquisa em Comunicação, Internet e Política da PUC-Rio, Arthur Ituassu, a polarização dos tempos atuais intensifica essa afobação. Para o pesquisador, um tipo de compartilhamento bastante comum hoje em dia é o que ele chama de “compartilhamento político”.

        Para Ituassu, no plano da ação (e não da discussão) política, não importa o quanto a informação é falsa ou verdadeira, mas sim o quanto ela reforça “minha” posição. É um comportamento que, nos anos 1960, pesquisadores americanos batizaram de “confirmation bias”, o chamado “viés de confirmação”.

        “Para compartilhar, preciso que a informação esteja em concordância com minha posição política. Canso de avisar pessoas que estão compartilhando algo que não é verdadeiro, mas isso não faz diferença. Elas continuam compartilhando informações falsas.”, diz Arthur Ituassu, professor da PUC-Rio.

        Segundo o pesquisador, quanto mais aguerridos somos em uma posição política, maior a chance de compartilharmos notícias falsas. Dessa forma, torna-se cada vez mais importante pensar em medidas de educação em mídias digitais:

        — Isso aumenta a possibilidade de se conter a disseminação de notícias falsas, mas também de termos cidadãos melhores.

        Outra explicação para a ânsia de compartilhar está na própria dinâmica do universo digital. Segundo o psicanalista e professor titular do Instituto de Psicologia da USP, Christian Dunker, nas redes há um valor pressuposto de participação. Estar on-line é uma experiência em que qualquer gesto, seja curtir, opinar ou encaminhar, adquire uma dimensão valorativa.

        — Há uma gratificação narcísica, quando recebemos de volta uma confirmação da identidade que almejamos reproduzir, em gosto musical, culinário, político, ético. As redes aumentam nosso “eu”.

        Isso leva a outro fator decisivo para entender nosso comportamento nas redes: desde Freud, analisa-se a psicologia das massas. A diferença é que agora se analisa uma massa digital.

        Ao compartilhar, tornamo-nos mais impulsivos porque o conteúdo perde a importância. Não interessa produzir uma reflexão, mas aumentar a coesão do “nós” — uma certa identidade coletiva da qual fazemos parte.

        — Isso gera uma degradação da comunicação, favorável à veiculação de preconceitos. Vou sempre procurar confirmar o que sinto e penso — diz Dunker, citando o tal viés de confirmação. — O que nunca diria solitariamente, mas no estado de massa digital me autorizo. Fico valente.

        [...]

        Ano passado, uma pesquisa da BBC chamada “Beyond fake news” apontou traços por trás do ato de encaminhar notícias. Segundo o estudo, muita gente superestima sua capacidade de filtrar papo furado. Ler é difícil, repassar é fácil: além do incentivo para ser o primeiro a enviar (qualquer) informação, se a notícia for tocante, a emoção supera a razão e lá vem mensagem.

        No Departamento de Cérebro e Ciências Cognitivas do Massachusetts, Institute of Technology (MIT), Earl Miller também estuda o popular “dedo nervoso” — e culpa as redes sociais. Segundo o neurocientista, elas nos deixam viciados em recompensas, reduzem nossa capacidade de atenção e ativam nosso instinto de manada — o efeito “Maria vai com as outras”.

        — Some tudo isso e você tem 2,5 bilhões de encaminhadores crônicos em potencial — resume Miller.

        Atualizando a antiga placa de trânsito, fica a dica: na dúvida, não repasse.

URBIM, Emiliano; NIKLAS, Jan. Como nos tornamos viciados em repassar notícias sem ler.  O Globo, 6 abr. 2019. Disponível em: https://oglobo.globo.com/cultura/como-nos-tornamos-viciados-em-repassar-noticias-sem-ler-23578257. Acesso em: 3 nov. 2019.

Fonte: Da escola para o mundo – Projetos Integradores – volume único – Ensino médio – 1ª Edição, São Paulo, 2020, editora Ática. p. 86-8.

Entendendo a notícia:

01 – Por que, segundo o texto, a tentação de compartilhar seria tão grande que não conseguiria ser detida mesmo em meio a desconfianças a respeito da veracidade do fato?

      Como as notícias chegam rapidamente, muitas vezes vindas de conhecidos, pessoas em que se confia, e o fato noticiado se revela espantoso, atraente ou revoltante, o leitor não consegue ficr indiferente e acaba cedendo à tentação e à facilidade de compartilhá-lo rapidamente, sem checar sua veracidade.

02 – Por que, segundo o texto, a mentira agora teria “perna longa”?

      Há um ditado que diz que “mentira tem perna curta”, pois poderia ser desmascarada antes de alcançar um grande número de pessoas. Hoje, entretanto, com a velocidade de circulação de informação nas mídias digitais, mesmo que a mentira possa ser desmascarada com facilidade, ela ainda assim tende a alcançar um público enorme em razão da ânsia pelo compartilhamento imediato; portanto, teria “perna longa”.     

03 – Em que consistiria o “compartilhamento político”, segundo o pesquisador Arthur Ituassu? Converse com os colegas: Vocês já fizeram esse tipo de compartilhamento? Já pensaram nas consequências que ele pode ter?

      No compartilhamento político, não importaria quanto a informação é falsa ou verdadeira, mas sim quanto ela reforça a posição política assumida por quem a compartilha. É fundamental que os estudantes reconheçam e repensem suas próprias praticas ao longo deste projeto, que prevê a educação midiática e navegação pela rede de modo cidadão e responsável.

04 – Converse com os colegas: A quem interessa o compartilhamento de notícias falsas? Registre no caderno algumas das ideias que surgirem.

      O esperado é que os estudantes indiquem que grupos políticos, pessoas interessadas em difamar inimigos, pessoas que possam lucrar com a desinformação, por exemplo, são alguns dos grupos interessados na divulgação das chamadas fake News.

05 – Por que medidas educativas seriam necessárias para refrear o compartilhamento de notícias falsas? Converse com um colega.

      Com posicionamentos cada vez mais aguerridos e polarizados, torna-se necessário educar para estimular a reflexão crítica sobre posturas pessoais e a consequente transformação de atitudes, o que pode contribuir para a formação de cidadãos mais responsáveis e de uma sociedade com menos desinformação.

06 – Você consegue algumas atitudes que pode ter para combater as chamadas fake News? Leia um pouco sobre elas na sequência e, depois, escolha um dessas ações para pesquisar. 

      Incentive os estudantes a discutir o tema e se aprofundar nele. Medidas educativas como essas fazem toda a diferença para instrumentalizar os estudantes no uso responsável das redes. Chame a atenção deles tanto para o perigo das fake News, como apontado no texto apresentado, quanto para o risco de serem manipulados por sites de buscas e redes sociais.

 

NOTÍCIA: CASO DE IANOMÂMI LEVA A REAÇÃO INTERNACIONAL - O ESTADO DE S.PAULO - COM GABARITO

 Notícia: Caso de Ianomâmi leva a reação internacional

           Índia Paulina faz ritual para filha morta por infecção e aguarda cura de segundo filho

        Boa Vista – O filho morto embrulhado, outro enfrentando a infecção hospitalar numa incubadora do Hospital-Materno, a índia Paulina voltou para o país ianomâmi, no Parafuri, deixando alguns políticos brancos muito preocupados.

        “Estão chegando a Boa Vista os enviados de organizações internacionais de direitos humanos, alarmados pelo noticiário da morte do bebê Ianomâmi”, diz o deputado estadual e médico Lúcio Távora. “Vai recomeçar a campanha pela autonomia Ianomâmi”.

        São 2 mil índios e 9 milhões de hectares que contêm as maiores jazidas de ouro e de minério. Os políticos de Roraima defendem a demarcação das áreas onde estão hoje os Ianomâmis. Mas setores da igreja e organizações internacionais de proteção a índios e direitos humanos querem a demarcação contínua, costurando numa linha só todas as aldeias Ianomâmis do Brasil e da Venezuela.

        Morte ritual – Paulina salvou os filhos gêmeos do sacrifício. Pelos mandamentos dos Ianomâmis, deveriam ser mortos. Ela lhes daria uma folhinha que os sufocaria, ou prenderia seus lábios e nariz até mata-los. Depois os penduraria como frutos numa árvore. Tinha um motivo a mais para o infanticídio: com um filho de 3 anos, não poderia sequer engravidar. A sobrevivência dos gêmeos foi comemorada como “vitória total” pela madre Florença, uma mulata alta, de hábito branco, filha de guianês com brasileira, a “noviça rebelde” de Boa Vista, que percorre com sua moto Honda 70.

        Na aldeia do Parafuri, a uma hora e meia de voo de Boa Vista, Paulina vai cremar a filha morta. Das cinzas fará um mingau. E oferecerá porções aos parentes mais próximos. O ritual foi antecipado pelo antropólogo Edgard Dias Magalhães, na Casa do Índio. E contou que os Ianomâmis só não matam gêmeos se a mãe encontrar mulheres que os queiram, separados, como filhos. Mas é difícil encontra-las, porque há uma condição: não podem ter crianças de até 3 anos, nem poderão tê-las nos próximos três anos.

        “As tarefas destinadas às mulheres permitem que elas cuidem de uma criança por vez”, dia Magalhães. Paulina voltará para o filho que ficou no Hospital-Materno após o ritual na aldeia, que levará alguns dias. Irmã Florença prometeu cuidar dele como mãe. As crianças Ianomâmis chamam de mãe diversa mulheres, como as avós e as tias.

        “Na visão de mundo dos Ianomâmis, alguns rituais são necessários para a alma sair do corpo”, acrescenta Magalhães. A cremação “lança a alma para um outro nível”. Se ficar presa aos ossos, a alma e todos os parentes sofrerão muito. Nenhum índio esquece do doente que partiu para tratamento. Esperam vê-lo de novo, vivo ou morto. Paulina exigiu a promessa de que o sobrevivente dos gêmeos lhe seja enviado, caso morra. Ela os teve no mato, sobre cinzas de uma fogueira ou dentro de um igarapé, na água, como se fosse um sofisticado parto Leboyer. E cortou o cordão umbilical com uma taquara. (M.R.).

O Estado de S. Paulo, 4 nov. 1996.

Fonte: Português – Linguagem & Participação, 6ª Série – MESQUITA, Roberto Melo/Martos, Cloder Rivas – Ed. Saraiva, 1ª edição – 1998, p. 32-3.

Entendendo a notícia:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Incubadora: aparelho para crianças nascidas antes do tempo.

·        Autonomia: independência.

·        Igarapé: estreito canal natural entre duas ilhas, ou entre uma ilha e terra firme.

02 – Qual é o tipo deste texto?

      É um texto informativo, publicado num jornal sobre um fato real.

03 – Qual o assunto do texto?

      Fala sobre o caso de uma índia Ianomâmi que, mesmo tendo resolvido não sacrificar os filhos gêmeos – conforme pregam os costumes da tribo –, perdeu um deles por infecção hospitalar.

04 – Qual é o destino dos gêmeos na cultura dos Ianomâmis? Por quê?

      É a morte, pois, segundo eles, a mãe não pode cuidar de dois filhos aos mesmo tempo.

05 – Qual é a única salvação possível para os gêmeos Ianomâmis?

      É a “adoção” por outras mulheres que possam cria-los separados.

06 – Como é o ritual funerário desses índios? Por que os rituais são necessários?

      Os índios queimam o cadáver e, com as cinzas, fazem um mingau que será oferecido aos parentes mais próximos. Os rituais são necessários para a alma sair do corpo: se ficar presa aos ossos, a alma e s parentes sofrerão muito.

07 – Onde vivem esses índios?

      A tribo da índia Ianomâmi Paulina vive na aldeia do Parafuri, a uma hora e meia de voo de Boa Vista.

08 – Pela leitura do texto, os casais Ianomâmis podem ter filhos livremente? Justifique sua resposta.

      Não. Como a mãe tem muitas responsabilidades só pode cuidar de um novo filho quando o anterior tiver 3 anos.

NOTÍCIA: ALUNO ACUSADO DE FURTAR CADERNO É DETIDO - DA AGÊNCIA FOLHA NO VALE DO PARAÍBA - COM GABARITO

 Notícia: Aluno acusado de furtar caderno é detido

          Prisão gera protesto em frente à delegacia; estudante diz que foi agredido na cadeia e vítima de brincadeira

Da agência Folha no Vale do Paraíba

        O estudante Wilson da Silva, 19, foi preso anteontem acusado de furtar o caderno de uma colega de classe, em Campos do Jordão (175 km de São Paulo). Ele foi solto ontem e disse ter sido espancado na delegacia. À tarde, fez exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal de Taubaté. A polícia abriu inquérito para apurar a denúncia. O delegado Adib Jorge Filho, 28, acha “estranha” a versão da agressão.

        A prisão do estudante provocou uma manifestação em frente à delegacia de Campos. O advogado do estudante, José Carlos de Carvalho Santos, 37, disse que ele foi vítima da brincadeira de outros alunos. “Alguém colocou o caderno na mochila dele.”

        Silva foi preso às 10h30 em frente à estação de trem da Vila Abernéssia, no centro. A estudante Amanda Pereira da Silva, 15, dona dos cadernos furtados, disse que o rapaz começou a correr quando a viu. Ele foi preso por um policial de folga quando Amanda gritava “pega ladrão”.

        Segundo a polícia, os cadernos estavam na mochila do rapaz. Ele disse não saber como o material foi parar lá.

        Segundo o delegado, o estudante foi colocado em uma cela, separado de outros presos. O delegado Adib Jorge disse estranhar a história do espancamento. O rapaz teria sido agredido às 12h30 de anteontem por dois policiais, mas só contou ao pai depois das 19h30. Antes disso, ele conversou com seu advogado, mas não falou nada sobre a agressão. “Não posso confirmar nem afastar a hipótese da agressão”, disse o delegado.

        O advogado de Silva disse que ele deve fazer o reconhecimento de seus supostos agressores amanhã. Segundo o advogado, o estudante tem hematomas nas pernas e dores no estômago.

        A mãe de Amanda, Aracy Pereira da Silva, 51, disse que não esperava uma repercussão tão grande. “Está virando uma revolução social.” Aracy afirmou que sua filha está sendo discriminada na escola. Segundo ela, a menina tem recebido telefonemas anônimos dizendo que “vai haver troco”. Silva cursa o primeiro ano do segundo grau na escola estadual Theodoro Corrêa Cintra, no centro. Segundo a diretora, Shirley Cintra, 53, “furtos na escola são normais”.

Frederico Rozario. Folha de São Paulo, São Paulo, 14 de maio 1992.

Fonte: Português – Linguagem & Participação, 6ª Série – MESQUITA, Roberto Melo/Martos, Cloder Rivas – Ed. Saraiva, 1ª edição – 1998, p. 123-4.

Entendendo a notícia:

01 – D acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Furtar: roubar sem usar violência.

·        Hipótese: possibilidade, suposição.

·        Exame de corpo de delito: exame para determinar ferimento produzido por agressão.

·        Supostas: possíveis, hipotéticas.

·        Hematomas: marcas no corpo produzidas por golpes.

·        Inquérito: processo policial, sindicância.

·        Repercussão: consequência, divulgação.

·        Apurar: descobrir a verdade, averiguar.

·        Discriminada: rejeitada.

·        Cela: dependência de prisão, quarto.

·        Anônimos: sem identificação.

02 – O texto apresenta um fato principal. Qual é a causa desse fato?

      É a prisão do estudante Wilson da Silva, causada pela acusação de furto do material de uma colega.

03 – Onde aconteceu esse fato?

      Em Campos de Jordão, na escola estadual Theodoro Corrêa Cintra.

04 – A prisão de Wilson da Silva provocou que reação?

      Uma manifestação pública em frente à delegacia.

05 – Quem vai defender Wilson?

      Seu advogado. José Carlos de Carvalho Santos.

06 – Wilson diz ter sido espancado na delegacia. Na sua opinião é possível ter ocorrido a agressão?

      Resposta pessoal do aluno.

07 – Por que o delegado acha “estranha” a versão da agressão?

      Porque o Wilson conversou com o advogado e não lhe contou nada.

08 – Explique a afirmação do delegado: “Não posso confirmar nem afastar a hipótese da agressão”.

      Ele não quer se comprometer: vai abrir um inquérito para apurar. É comum o espancamento nas prisões.

09 – Para a menina Amanda, quais foram as consequências do caso?

      Passou a receber telefonemas anônimos e a ser discriminada na escola.

10 – Por que a notícia de um simples furto em escola foi publicada por um importante jornal brasileiro?

      Porque o acusado foi preso por algo muito banal, havendo inclusive suspeita de espancamento.

11 – Reescreva a frase abaixo, completando-a com a alternativa correta: O jornalista Frederico Rozario, ao apresentar os fatos dá razão ao delegado.

a)   Dá razão a Amanda.

b)   Dá razão a Wilson.

c)   Dá razão ao delegado.

d)   Procura ser imparcial.

 

NOTÍCIA: CRESCE NÚMERO DE MULHERES CHEFES DE FAMÍLIA - PAULO SOTERO - O ESTADO DE S.PAULO - COM GABARITO

 Notícia: Cresce número de mulheres chefes de família

 Fonte da imagem -https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEJaZtH_L3gUx2n5PkYcpgPp9FZzRLQMDVwPe-4b-dnvfa_W0L9ruHQx-66Ic3W93skISl5Kc9eEbe1NgOtwtXIWQInuoqrWyVD_HT9g1i8Ea1iliJfbH29stAyiGwF7X470rbMvx9mh7RsBPTNVB_eRhl4_jfddeqhSEwJBsSMxzKUVTsOKiVZN-M/s739/CHEFE.png

Paulo Sotero – Correspondente

   Segundo pesquisa de ONG internacional, no Brasil pelo menos 20% dos lares vivem essa situação

        Washington – A proporção de lares brasileiros chefiados por mulheres saltou de 14,4% para 20,1% entre 1980 e 1989. Esses números não refletem toda a realidade do papel da mulher como ganha-pão da família. Eles incluem apenas os casos em que a mulher vive sozinha com os filhos e é, legalmente, a chefe da casa. Não incorporam os das famílias nas quais o homem está presente mas a mulher é a principal provedora.

        A crescente responsabilidade econômica das mulheres por seus filhos não é um fenômeno brasileiro, mas mundial. Um dos reflexos mais evidentes da transformação da estrutura da família tradicional que está ocorrendo em todas as latitudes, ela ocorre em países ricos e pobres e confrontará governos e sociedades cada vez mais com um novo e delicado tipo de questão social.

        Esta é uma das principais conclusões do relatório Famílias em Foco, divulgado ontem pelo Population Council, uma ONG internacional com sede em Nova York que se especializa em pesquisas sobre saúde reprodutiva. Há outras importantes constatações no estudo, que ganhou espaço da grande imprensa americana e enriquecerá o debate preparatório da conferência internacional das Nações Unidas sobre a Mulher, que ocorrerá na China, em setembro.

        Os níveis globais de dissolução de casamentos são muito maiores do que se imagina. Seja por abandono, divórcio ou morte de um dos cônjuges, as separações estão em alta em todo o mundo. Nos EUA, os campeões mundiais da modalidade, 55 de cada 100 uniões terminam em divórcio. Entre 1970 e 1990, os casamentos desfeitos mais do que dobraram no Canadá, França, Grécia, Holanda, Inglaterra e na antiga Alemanha Ocidental.

        Para Douglas Besherov, especialista em política familiar do American Entreprise Institute, a entrada maciça das mulheres no mercado de trabalho e seu novo status econômico explica essa e outras transformações que estão ocorrendo na estrutura familiar.

O Estado de S. Paulo, 31 maio 1995.

Fonte: Português – Linguagem & Participação, 6ª Série – MESQUITA, Roberto Melo/Martos, Cloder Rivas – Ed. Saraiva, 1ª edição – 1998, p. 57-8.

Entendendo a notícia:

01 – Como aparece a família no texto? Qual é o elemento que a estrutura?

      No texto fala-se numa modificação em relação à estrutura familiar tradicional: a mulher aparece, em grande número de famílias, como a chefe da família. O pai está ausente.

02 – Onde está acontecendo o fenômeno descrito no texto? Como é a situação no Brasil?

      Está acontecendo no mundo inteiro, em países ricos e em países pobres, inclusive no Brasil, onde a proporção de lares chefiados pela mulher chegou a 20,1% em 1989.

03 – Qual é o outro dado importante apontado no relatório sobre a situação das famílias?

      O nível de dissolução do casamento (seja por abandono, divórcio ou morte de um dos cônjuges) é muito maior do que se imagina, no mundo todo.

04 – O estudo cita uma das causas para as grandes transformações que estão ocorrendo na estrutura familiar. Qual é?

      A entrada maciça das mulheres no mercado de trabalho.

05 – Como você acha que se sentem as crianças nessa nova estrutura familiar? Justifique sua resposta.

      Resposta pessoal do aluno.

 

 

NOTÍCIA: O FUTURO DOS E-SPORTS NO BRASIL - EMANUEL NEGROMONTE - COM GABARITO

 Notícia: O futuro dos e-Sports no Brasil

       Muitas mudanças estão chegando ao Brasil nos últimos tempos. Uma dessas novidades é o projeto de lei que propõe o reconhecimento dos esportes eletrônicos no país. O projeto, atualmente, está tramitando no Senado, e pode fazer com que haja maior regulamentação e fomento para os conhecidos e-Sports. Esse tipo de ação é muito importante, já que o Brasil é o terceiro maior público do mundo a acompanhar a modalidade – e ainda assim, ainda não tem relevância para o governo.

        O peso do e-Sports

        É considerado um e-Sports a atividade competitiva envolvendo jogos de videogame, computador ou celular. Isso não significa que todos os jogos de vídeo game podem ser considerados um e-Sports. Na verdade, para se enquadrar na modalidade, é necessário que haja práticas de competição nas partidas, como o que acontece no Dota, CS:GO, Overwatch, leovegas entre outros.

        Para o autor do projeto de lei, o senador Roberto Rocha (PSDB-MA), os e-Sports oferecem as mesmas características do esportes tradicionais, como a socialização, diversão e aprendizagem. Por isso mesmo, ao reconhecer o esporte eletrônico, os times brasileiros profissionais poderão seguir regras nacionais e internacionais aceitas pelas entidades que administram a modalidade.

        O e-Sports no mundo

        Se por aqui ainda é necessário um projeto de lei para que o e-Sports seja reconhecido como uma categoria esportiva, ao redor do mundo a modalidade já arrasta verdadeiras multidões por onde passa. São fãs que torcem pelos times de vários países que competem entre si em estádios e arenas. O Brasil já foi palco de algumas dessas etapas, e em 2019 será sede do DreamHack Open de Counter-Strike: Global Offensive, no Rio de Janeiro. Já existem alguns times profissionais brasileiros, como é o caso do “KaBuM! e-Sports”, vencedor como Melhor Equipe de e-Sports do Brasil no Brazil Game Awards.

        Além disso, o que não faltam são entusiastas que praticam de forma amadora um e-Sports. Funciona como qualquer outra atividade esportiva, como o futebol por exemplo. Conta com equipes profissionais, torcedores e até é possível apostar no seu time preferido em sites de apostas online. É claro que o ideal é escolher um site seguro, como é o caso do Betboo. O Betboo é confiável e possui uma área dedicada à apostas de e-Sports. O usuário pode apostar no resultado final, no resultado por etapa, na conquista de mapas, entre outros. Quem gosta da modalidade deve conferir esse tipo de plataforma.

        Outro indício da importância dos e-Sports no mundo é a discussão que já está acontecendo para incluir o esporte como uma modalidade Olímpica. Para os jogos de Tóquio, cinco novos esportes foram incluídos, como o caratê, o surfe e o skate. Por isso, muitos jogadores tem esperança que a edição de 2024 conte com algum e-Sports na sua lista. Entretanto, em entrevista recente, o presidente do Comitê Olímpico Internacional Thomas Bach afirmou que a modalidade só entra para as Olimpíadas quando remover qualquer sinal de violência. Segundo ele, jogos de assassinato são “contraditórios aos valores olímpicos, e portanto, não podem ser aceitos”.

        O que o futuro reserva

        Enquanto no Brasil o projeto de lei ainda está em andamento, o futuro do e-Sports tende a ser de maior crescimento. Nos últimos anos, o aumento de consumidores da modalidade, seja enquanto torcedores ou praticantes, teve uma curva acentuada, o que demonstra que o público tem um claro interesse pelo esporte. Além disso, é inegável que não é qualquer modalidade que lota estádios nos dias de hoje – na verdade, são poucas aquelas que conseguem esse feito. Por isso, não é de se surpreender que o futuro dos e-Sports seja muito bom e alcance cada vez mais pessoas. E, quem sabe, vire mesmo modalidade Olímpica.

                            NEGROMONTE; Emanuel. O futuro dos e-Sports no Brasil. SempreUpdate, 25 jan. 2019. Disponível em: https://sempreupdate.com.br/0-futuro-ddos-e-sports-no-brasil. Acesso em: 11 jan. 2020.

Fonte: Da escola para o mundo – Projetos Integradores – volume único – Ensino médio – 1ª Edição, São Paulo, 2020, editora Ática. p. 98-9.

Entendendo a notícia:

01 – O texto trata dos e-Sports. Você conhece essa modalidade esportiva? Já jogou algum e-Sports?

      Resposta pessoal do aluno.

02 – Por que, de acordo com o texto, seria importante a lei brasileira reconhecer os e-Sports como esporte?

      É muito importante a regulamentação, o Brasil é o terceiro maior público do mundo a acompanhar a modalidade.

03 – Que critérios justificam a classificação dos e-Sports como esporte, segundo o texto?

      É necessário que haja práticas de competição nas partidas, como o que acontece no Dota, CS:GO. Overwatch, entre outros.

04 – Qual seria a condição para que os e-Sports se tornassem esportes olímpicos?

      O presidente do Comitê Olímpico Internacional Thomas Bach afirmou que a modalidade só entra para as Olimpíadas quando remover qualquer sinal de violência. Segundo ele, jogos de assassinato são “contraditórios aos valores olímpicos, e portanto, não podem ser aceitos”.

05 – E você? Acredita que os e-Sports devam ser considerados esportes? Converse com um colega sobre o tema e levantem argumentos sobre a posição de vocês.

      Resposta pessoal do aluno.

06 – A mundialização dos jogos eletrônicos e o fato de, geralmente, eles serem produzidos em inglês traz o desafio de praticar esse idioma não apenas para entender o jogo, mas também para se comunicar com os adversários on-line. Você joga esses jogos on-line? Sente que aprendeu inglês jogando? Sente falta de aprender mais? Que estratégias usa para se comunicar enquanto joga? Troque ideias com os colegas.

      Resposta pessoal do aluno.

07 – Muitos praticantes de e-Sports costumam também assistir a vídeos de jogos on-line. E você? Assiste? Acredita que essa prática é semelhante à das pessoas que assistem a jogos de futebol e outros esportes pela TV ou é diferente? Registre suas ideias no caderno.

      Resposta pessoal do aluno.

 

NOTÍCIA: CRESCE NÚMERO DE BRASILEIROS QUE DENUNCIAM TER SOFRIDO DISCRIMINAÇÃO EM PORTUGAL - O GLOBO - COM GABARITO

 Notícia: Cresce número de brasileiros que denunciam ter sofrido discriminação em Portugal

Falta de informação e medo de prestar queixa ainda inibem vítimas no país

Gian Amato, especial para O Globo

28/05/2019 - 09:50 / Atualizado em 29/05/2019 - 04:59

       Em abril de 2019, estudantes portugueses colocaram caixa com pedras e paus para atirar nos "zucas" (ou seja, brasileiros) na faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Foto: Reprodução

        LISBOA — As denúncias de xenofobia feitas por brasileiros em Portugal aumentaram 150% em 2018. Em 2017, apenas 18 brasileiros fizeram queixas à Comissão para a Igualdade e contra a Discriminação Racial (CICDR). Já no último ano, 45 procuraram o órgão, que é subordinado ao Alto Comissariado para as Migrações (ACM) do governo português.

        Os dados constam no Relatório Anual sobre Situação da Igualdade e Não Discriminação Racial e Étnica em Portugal. O documento revela que o total das reclamações aumentou 93%, passando de 179 para 346. Os brasileiros ocupam a terceira posição no ranking das queixas recebidas, com 13%, atrás dos denunciantes negros que se consideram discriminados pela cor da pele (17%, que podem incluir brasileiros) e ciganos, com 21%.

        Diante de uma colônia imigrante que é a maior do país — hoje com mais de 85 mil residentes oficiais, podendo ultrapassar os 100 mil ainda neste ano, segundo estimativas —,  o número de reclamantes é pequeno. No entanto, muito brasileiros não prestam queixa porque têm vergonha ou temem perder o emprego, sofrer represálias do empregador e também dos vizinhos. Ou simplesmente não acreditam que haverá punição.

        — Além da falta de informação e do medo de dar queixa, há o sentimento de ineficácia, porque as pessoas não encontram resposta se fizerem queixa. Então, para que, se não vai resolver nada? Desmotiva se não há condenação. E as pessoas têm medo. Os brasileiros estão em situação de precariedade trabalhista aguda e têm medo de retaliação. Há chantagens e falta fiscalização das entidades. Isso não facilita a vida de quem é vítima, seja por fator de origem nacional ou racial. No caso dos brasileiros, as duas coisas podem se combinar — diz Mamadou Ba, dirigente da ONG SOS Racismo.

        Com a mais recente leva de imigração brasileira em Portugal, iniciada em 2017 após três anos de estagnação, aumentaram nas redes os relatos de discriminação sofrida por brasileiros. As queixas envolvem o aluguel de imóveis — portugueses teriam preferência — e o uso do sistema público de saúde português, no qual brasileiros dizem ter tido dificuldade de marcar consulta ou conseguir o médico de família.

        Um casal de português e brasileira, que pediu para não ser identificado, contou que a mulher não conseguiu atendimento no sistema público desde que soube que está grávida, em janeiro deste ano. Nascida em Salvador, mas com visto de residência europeu obtido na Espanha, ela procurou o centro de saúde, mas não conseguiu atendimento porque ainda depende de uma entrevista no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) para regularizar sua documentação em Portugal. Ela e o marido, que é português, já pagaram mais de €400 em consultas em um hospital particular e dizem não ter dinheiro para o parto de €3 mil.

        No fim de 2018, Sophia Velho, de 26 anos, contou que foi agredida por quatro portugueses. A confusão começou quando portuguesas em um bar começaram a chamar as brasileiras de “vadias” que vão a Portugal para “roubar os homens”. Na época, a gaúcha contou ao Extra que “a sensação que passa de um episódio como esse é de impunidade total”.

        Em agosto de 2017, foi publicada a Lei de Combate à Discriminação, que estipula multas de até €8420 e enquadra como crime de discriminação casos como recusa de aluguel de casa ou proibição de entrada em estabelecimentos em razão da origem nacional e racial.

        No fim de abril, um grupo de estudantes da Universidade de Lisboa pôs pedras dentro de uma caixa para serem atiradas nos brasileiros, ou “zucas”, “que passaram à frente no mestrado”. O episódio aconteceu na Faculdade de Direito. Dias depois, os brasileiros fizeram manifestações em universidades, onde distribuíram poesias e flores contra a xenofobia.

                         AMATO, Gian. Cresce número de brasileiros que denunciam ter sofrido discriminação em Portugal. O Globo, 28 maio 2019. Disponível em: https://oglobo.com/mundo/crece-numero-de-brasileiros-que-denunciam-ter-sofrido-descriminacao-em-portugal-23698853. Acesso em: 23 jan. 2020.

Fonte: Da escola para o mundo – Projetos Integradores – volume único – Ensino médio – 1ª Edição, São Paulo, 2020, editora Ática. p. 177-8.

Entendendo a notícia:

01 – De acordo com a matéria, o que motivou o aumento da xenofobia contra brasileiros em Portugal?

      Fatores como o aumento crescente da imigração brasileira no país e o fato de os portugueses se sentirem “roubados” em seus direitos pelos imigrantes.

02 – Além dos ataques dirigidos a brasileiros em geral, há um ataque específico às mulheres brasileiras. Que outro tipo de preconceito esse ataque revela?

      O esperado é que os estudantes percebam que, além da xenofobia direcionada aos brasileiros, as mulheres brasileiras enfrentam o preconceito de gênero, já que são consideradas “vadias” e acusadas de irem para lá roubar os homens.

03 – De que forma o governo português tem buscado combater ações de xenofobia no país?

      Por meio da criação da Lei de Combate à discriminação, que estipula multas e enquadra como crime de discriminação casos como recusa de aluguel de casa ou proibição de entrada em estabelecimentos em razão da origem nacional e racial.

04 – Com base nos dados relatados na notícia, que outras ações vocês acreditam que poderiam ajudar a superar enfrentamentos e preconceitos?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Incentive os estudantes a discutir alternativas para a superação da xenofobia, como atividades que desenvolvam a empatia e o olhar respeitoso para com o outro.

05 – A reação dos brasileiros à violência de um grupo de estudantes da Universidade de Lisboa foi criativa e pacífica. Você já enfrentou episódios de preconceito contra você ou alguém que conheça? Como reagiu? Discuta a questão com os colegas e pensem alternativas pacíficas de resistência ao problema.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Incentive a troca de ideias entre os estudantes partindo da perspectiva da cultura de paz. A denúncia aos órgãos oficiais e a busca por direitos, aliada a ações que promovam convivência e trocas culturais, podem ser boas formas de superar conflitos.