sábado, 3 de agosto de 2024

CONTO: A ARANHA ASSUSTADORA - FRAGMENTO - DON ROFF - COM GABARITO

 Conto: A aranha assustadora – Fragmento

        Era a maior que ela já tinha visto...

        Enorme.

        Gigantesca.

        E estava bem na sua frente, olhando para ela com seus oito olhos pretos que pareciam de vidro.

        Debbie McClintock não se lembrava de algum dia ter visto uma aranha maior do que aquela que estava sobre o assoalho do seu quarto. [...]

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZKf_tOmn_K-DNoV9X3ONRFYkTdIaVBSUnkiLO9eZ_uoGM5YgEeAT9EihcxFtsSRsYyYcju2O2_BLe4BUURDBV0d9o86PzjcaOhYdFqbbjgQhqjBHrKvnV3K51chOyciZ15f_cPRsHQR2YRuUyqeex0EJK389TUQ4qJMLu5uSiMd6XF4UltmAJRjr1YZw/s320/ARANHA.jpg


        [...] As pessoas riam de Debbie, que tinha o que um médico havia chamado de aracnofobia. Ou medo de aranhas, simplesmente. Aranhas grandes, aranhas pequenas e até fotos de aranhas em livros ou na televisão. Não importava.

        As aranhas a apavoravam. Faziam Debbie suar. Deixavam-na paralisada. Desde quando podia se lembrar, sentia medo de aranhas e de nada mais.

        Cobras? Sem problemas.

        Ratos? Tudo bem.

        Baratas? Que nada! 

        Mas aranhas... ugh!

        Talvez porque seus corpos roliços lembravam frutas peludas. Talvez porque suas pernas longas e finas pareciam espetos mortalmente fincados no corpo. Ou talvez fosse a cor delas que a impressionasse — o preto brilhante da viúva-negra, ou o marrom encardido da caranguejeira. A soma de todas as partes medonhas de uma aranha era um pesadelo para Debbie.

        Ela tentou chamar o pai no quarto ao lado, para que viesse matar a gigantesca aranha, mas sua voz ficou presa na garganta.

        — Ora, Debbie — ele sempre dizia. — É só uma aranhazinha à toa, não precisa ter medo. — Depois pegava a aranha com um pedaço de papel e levava para fora. Nunca a matava. — As aranhas trazem sorte — ele dizia. — Elas matam insetos como moscas e pernilongos, é bom tê-las por perto.

        Será que seu pai — isso é, se ela conseguisse soltar a voz para chamá-lo — entraria em seu quarto, pegaria a aranha e levaria para fora, soltando-a no quintal? Provavelmente.

        Mas este monstro não pode viver, pensou ela. Não pode.

        Ela não queria encontrar a aranha de novo se ela decidisse fazer mais uma visita. E se a aranha entrasse discretamente na cozinha enquanto Debbie estivesse tomando café? E se entrasse no banheiro enquanto ela estivesse tomando banho? E se andasse pela sua cama enquanto ela estivesse dormindo?

        Não, pensou Debbie. Ela não pode continuar viva.

        De algum modo, embora estivesse paralisada de medo, ela alcançou a ponta do pesado livro de ciências que estava em cima de sua cama. Tocar aquela superfície lisa e dura ajudou a trazê-la de volta à realidade. Se conseguisse pegar o livro e jogar em cima da aranha, ela morreria.

        Se...

        Ela tinha que tentar. Mexendo a mão bem devagar, segurou com firmeza a ponta do livro com a mão suada. E agora, com um rápido movimento do pulso... 

        Blam!

        Rapidamente, estava tudo acabado. O monstruoso aracnídeo desapareceu sob o enorme livro de capa dura. Uma sensação de alívio percorreu o corpo de Debbie. Conseguia respirar de novo. De manhã, pediria aos pais que se livrassem dos restos mortais da aranha. Ela, provavelmente, estava reduzida a um emaranhado de pernas pretas e peludas debaixo do livro.

        Debbie ficou satisfeita por ela estar morta.

        No entanto, Debbie teve dificuldade para dormir naquela noite. Um ruído interrompia seu sono. Era um barulho esquisito, como se uma pequenina escova de dentes esfregasse delicadamente o assoalho...

        Ou como se uma aranha estivesse andando pelo chão.

        Chic-chic-chic. Chic-chic-chic. Chic-chic-chic.

        Não era o som de apenas uma aranha rastejando pelo chão, mas de milhares de aranhas!

        Movendo-se como um tapete marrom e preto, as aranhas pulavam, rastejando e subindo umas nas outras, em uma corrida para chegar à cama de Debbie.

        Ela estava cercada.

        A porta do quarto estava tão distante que ela precisaria caminhar sobre aquele tapete com milhões de pernas. As aranhas começaram a escalar suas cobertas como se fossem dez mil alpinistas em miniatura ansiosos para chegar ao destino. Debbie encostou na parede, sem conseguir se afastar do exército de aracnídeos. E imaginou o reflexo de seu rosto aterrorizado nos milhares de olhos pretos e sem vida. 

        Ela puxou as cobertas e se cobriu, mas isso só facilitou o ataque das aranhas. As cobertas esticadas se transformaram numa ponte sobre a qual os implacáveis soldados podiam marchar.

        E então ela sentir algo tocando de leve seu dedão do pé, como se fosse uma pena.

        Não! Não podia ser!

        Debbie olhou debaixo das cobertas. Sua cama estava preta, repleta de aranhas e elas começavam a subir no seu pé, cobrindo-o de pelos escuros e espetados.

        Ela tentou gritar. Seus pais — eles tinham que ajudá-la. Mas quando ela abriu a boca, só conseguiu soltar um gemido de medo.

        As aranhas estavam no seu rosto. Como milhares de pequenas exploradoras, elas percorriam sua face, saltavam sobre seus olhos e exploravam as cavernas de seus ouvidos. Depois rastejaram entre seus dentes e entraram em sua boca aberta como se fossem escovas de dentes vivas.

        — AAAAHHHHHHHHHHHHH! — o grito de Debbie a despertou do sonho. Seus lençóis estavam úmidos de suor. Ela se sentou na cama.

        Tudo bem aí? — sua mãe perguntou do outro quarto.

        — Sim — respondeu ela, olhando para o assoalho, que não estava tomado por milhões de aranhas. — Foi só um pesadelo.

        O livro de ciências ainda estava no chão, onde ela o havia jogado horas antes. E a coisa embaixo dele... estava morta. Sim, estava morta, e suas amigas não estavam indo atrás dela para se vingar.

        Debbie soltou um suspiro de alívio e se acomodou novamente em seus lençóis úmidos. Desejou que amanhecesse logo e que aquela noite terrível terminasse. Precisava dormir.

        Ela fechou os olhos, mas um barulhinho a assustou quando ela estava quase adormecendo. Era um barulho esquisito, como se uma pequenina escova de dentes esfregasse delicadamente o assoalho...

        Ou como se uma aranha estivesse andando pelo chão.

        Chic-chic-chic!

        Debbie olhou para o piso de madeira. Estava repleto de aranhas rastejantes. Mas desta vez não era sonho.  

        Chic-chic-chic. Chic-chic-chic. Chic-chic-chic.

Don Roff. A aranha assustadora. In: Don Roff. Histórias de terror. Tradução de Carolina Caires Coelho. Barueri: Girassol, 2010. p. 54-58. Copyright@2007 becker & mayer! LLC.

Fonte: Encontros – Língua Portuguesa – Isabella Carpaneda – 5º ano – Ensino fundamental anos iniciais. FTD – São Paulo – 1ª edição. 2018. p. 64-67.

Entendendo o conto:

01 – Qual é a principal característica da aranha que Debbie enfrenta no conto?

      A aranha é descrita como enorme e gigantesca, com oito olhos pretos que parecem de vidro.

02 – Qual é o medo específico de Debbie em relação às aranhas?

      Debbie tem aracnofobia, ou seja, um medo intenso e irracional de aranhas, independentemente do tamanho ou da forma.

03 – Como Debbie tenta lidar com a presença da aranha no seu quarto?

      Debbie tenta chamar o pai para ajudar, mas sua voz fica presa na garganta. Então, ela decide usar um livro pesado para esmagar a aranha.

04 – Qual é a reação do pai de Debbie em relação às aranhas?

      O pai de Debbie não leva o medo dela a sério. Ele considera as aranhas como algo inofensivo e até benéfico, pois elas matam insetos como moscas e pernilongos.

05 – O que acontece após Debbie matar a aranha com o livro?

      Debbie sente alívio, mas tem dificuldade para dormir devido a um pesadelo em que está cercada por milhares de aranhas.

06 – Como o pesadelo de Debbie se desenrola?

      No pesadelo, Debbie está cercada por um "tapete" de aranhas que a atacam, rastejam pelo seu corpo e entram em sua boca e ouvidos.

07 – Qual é a reação de Debbie quando acorda do pesadelo?

      Ela acorda suada e assustada, percebe que a aranha está realmente morta sob o livro e que não há aranhas em seu quarto.

08 – O que Debbie faz após acordar do pesadelo?

      Ela solta um suspiro de alívio, tenta se acalmar e deseja que amanheça logo para terminar a noite terrível.

09 – Como termina o conto?

      O conto termina com Debbie ouvindo um barulho estranho, similar ao de uma aranha rastejando, e ao olhar para o piso, vê que está cheio de aranhas, indicando que o pesadelo pode estar se tornando realidade.

10 – Qual é o efeito final do pesadelo no estado mental de Debbie?

      O pesadelo e o barulho final deixam Debbie aterrorizada e indicam que o medo dela pode não ter acabado, mesmo depois de enfrentar a aranha.

 

 

 

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