terça-feira, 9 de março de 2021

TEXTO: AS RELAÇÕES DE TRABALHO - SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA - COM GABARITO

 Texto: As relações de trabalho

            Sérgio Buarque de Holanda

        Quem compare, por exemplo, o regime do trabalho dos antigos artesãos com a “escravidão dos salários” nas usinas modernas, tem um elemento precioso para o julgamento da inquietação social dos nossos dias.

   Nas velhas corporações de artesãos, o mestre e seus aprendizes formavam como uma só família, cujos membros se sujeitavam a uma hierarquia natural, mas que partilhavam das mesmas privações e confortos; as relações de empregador e empregado eram pessoais e diretas, não havia autoridades intermediárias.

        Foi o moderno sistema industrial que, separando os empregadores e empregados nos processos de manufatura e diferenciando cada vez mais suas funções, suprimiu a atmosfera de intimidade que reinava entre uns e outros e estimulou o antagonismos de classe. Nas usinas modernas, entre o trabalhador manual e o derradeiro proprietário – o acionista – existe toda uma hierarquia de funcionários e autoridades representados pelo superintendente da usina, o diretor-geral, o presidente da corporação, a junta executiva do conselho de diretoria e o próprio conselho de diretoria.

        Para o empregador moderno – assinala um sociólogo norte-americano, o empregado transforma-se em um simples número: a relação humana desapareceu.

                           HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 8. Ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1975. P. 102.


Entendendo o texto:

01 – Em outro momento, Sérgio Buarque de Holanda, o autor do texto, faz a seguinte afirmação:

        “O novo regime (referindo-se às usinas modernas) tornava mais fácil explorar o trabalho, a troco de salários íntimos”. Como essa “exploração do trabalho” é chamada no texto aqui apresentado?

      É chamado de “escravidão dos salários”.

02 – “... o mestre e seus aprendizes formavam como uma só família, cujos membros se sujeitam a uma hierarquia natural...”. Considerando a hierarquia natural de uma família, a quem o mestre poderia ser comparado? E os aprendizes?

      O mestre poderia ser comparado ao pai, e os aprendizes, aos filhos.

03 – Qual a principal transformação ocorrida nas relações de trabalho, das velhas corporações de artesãos para a usinas modernas?

      Nas usinas modernas, a relação entre o empregador e o empregado perdeu a “atmosfera de intimidade”, deixou de ser direto e pessoal: a relação humana desapareceu.

04 – Que tipo de relação de trabalho há numa grande fábrica de automóveis?

      Numa grande fábrica de automóveis (bem como em qualquer grande empresa), a relação de trabalho é sempre impessoal (portanto, nada íntima). Realçar o fato de, numa grande empresa, o patrão ser uma figura abstrata, inacessível.

05 – E na pequena loja de roupas lá da esquina?

      Em toda pequena empresa, há uma relação mais pessoal entre empregador e empregado. Nesse caso, o empregado tem acesso ao patrão e o diálogo entre eles é direto, o patrão sabe o nome do empregado, frequentemente conhece pessoas de sua família, etc.

06 – Em que ocasiões você é tratado como um número e não chamado pelo seu nome?

      Resposta pessoal do aluno.

07 – O texto está estruturado em quatro parágrafos. Divida-os em introdução, desenvolvimento e conclusão.

      Introdução: primeiro parágrafo.

      Desenvolvimento: segundo e terceiro parágrafos.

      Conclusão: quarto parágrafo.

08 – Qual a ideia básica apresentada no primeiro parágrafo?

      A causa da inquietação social de nossos dias.

09 – Qual o recurso utilizado pelo autor no desenvolvimento?

      O autor compara as relações de trabalho nas antigas corporações de artesãos com as relações de trabalho nas usinas modernas.

10 – Qual a ideia básica apresentada no último parágrafo?

      Desapareceu o lado humano na relação entre o empregador moderno, capitalista, e seu empregado.

11 – Essa ideia básica apresentada no último parágrafo é coerente com o desenvolvimento e a introdução do texto? Explique sua resposta.

      Sim. Depois de introduzir o tema (a inquietação social) e apontar suas causas (o fim das relações pessoais e diretas entre empregador e empregado; a excessiva hierarquização e impessoalidade das relações trabalhistas), a ideia final (a relação humana desapareceu) é consequência lógica do que foi apresentado.

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