Texto: Você só se diverte bebendo?
Capricho, 8/11/1998.
P. 85.
Fonte: Práticas de
Linguagem. Leitura & Produção de Textos. Volume 4. Ernani & Nicola.
Editora Scipione. P. 26-9.
Entendendo o texto:
01 – No texto que você
acabou de ler, não há indicação dos parágrafos. Como você justificaria esse
fato?
Resposta pessoal
do aluno. Sugestão: A não indicação gráfica dos parágrafos foi intencional.
Para mostra-lo sob a forma de uma garrafa, foi preciso abrir mão da indicação
gráfica dos parágrafos. Ressaltar ainda que, além de não afetar a
inteligibilidade do texto, esse recurso visual reforça o seu conteúdo.
02 – Poderíamos dividir o
texto em duas partes, a primeira indo até “O problema é passar dos limites” e a
segunda começando em “Agora, puxe uma cadeira”. Como você caracterizaria cada
uma dessas partes?
Na primeira
parte, temos um texto mais objetivo, uma dissertação na qual predomina a função
referencial da linguagem, em que se procura mostrar os malefícios do álcool. Na
segunda parte, o texto assume um caráter mais pessoal, a linguagem torna-se
mais coloquial e predomina a função conativa da linguagem (até se fazem
concessões para o uso do álcool; o centro da discussão passa a ser o limite no
consumo).
03 – A mensagem da segunda
parte do texto (a partir de “Agora, puxe uma cadeira”) é dirigida especialmente
a que público? Ao elaborar sua resposta, considere o tipo de revista em que foi
publicada a reportagem.
Algumas passagens
permitem concluir que a intenção do(a) autor(a) é chamar a atenção sobretudo
das meninas. Essa reportagem foi
publicada na revista Capricho, um veículo de comunicação voltado para o público
feminino. Há, assim, uma perfeita adequação entre matéria, linguagem, forma e
público-alvo.
04 – Embora seja um texto
escrito, algumas de suas passagens apresentam características de oralidade,
isto é, parece que o(a) autor(a) está conversando com você.
a) Indique alguns trechos em que isso ocorre.
“Agora, puxe uma cadeira”; “Você sabe”; “Sabia que as meninas ficam
bêbadas mais rápido do que os meninos?”; “Pois é, é preciso ficar de olho”; “E
aí, o que era só para descontrair, pode dar uma enorme dor de cabeça”.
b) Qual seria a intenção do(a) autor(a) do texto ao fazer uso dessas marcas de oralidade?
Ressaltar que as marcas de oralidade estão presentes exatamente no
fragmento final do texto, caracterizada pelo tom de conversa informal. Essa
parte apresenta uma linguagem muito próxima da linguagem do grupo a que o texto
se dirige. Destacar que a adaptação da linguagem para o universo do
interlocutor é um recurso de persuasão.
05 – Qual o principal
recurso de persuasão que o(a) autor(a) utiliza nos três primeiros períodos?
O principal
recurso é o da afirmação categórica, taxativa, incontestável, autoritária. Os
dois primeiros períodos eliminam qualquer possibilidade de o interlocutor
utilizar um contra-argumento: não há o que discutir; o álcool é uma droga, e
ponto final. O terceiro período faz duas concessões (é uma droga legalizada, é
socialmente aceita) para, logo em seguida, reforçar a afirmação categórica que
se opõe a essas concessões: mas é uma droga.
06 – No trecho que vai de
“Tecnicamente...” até “... estágio final do alcoolismo”, qual o principal recurso
de persuasão?
Nessa passagem,
o(a) autor(a) faz uso do conhecimento científico (inclusive usando termos como etanol e sistema nervoso central) para tentar persuadir o leitor(a) de que o
álcool é uma droga.
07 – Releia o texto e
explique a relação que se estabelece entre as seguintes frases: “Não há o que discutir” e “Mas também não há como discordar”.
Excetuada a
locução “mas também”, as duas frases apresentam a mesma estrutura. A
adversativa, no entanto, estabelece um contraponto: Não há o que discutir (o
álcool é uma droga), mas, por outro lado, não há como discordar: bebericar e
conversar com amigos é um bom programa. As duas faces da questão ficam bem
colocadas. Realçar que, a partir dessa constatação, o centro da discussão passa
a ser o limite de cada um.
08 – Adilson Citelli, em seu
livro Linguagem e Persuasão, comenta que um dos recursos persuasivos é o apelo à autoridade, ou seja, o apoio de
alguém que valide o que está sendo afirmado.
a) O texto em questão faz uso desse recurso?
Sim, nas duas afirmações da psicóloga IIana Pinsky. Destacar que,
além de psicóloga, a pessoa citada é co-autora de um livro, o que reforça o seu
caráter de autoridade.
b) Em caso afirmativo, qual a força do argumento da “autoridade” no conjunto do texto?
As falas da psicóloga reafirmam o centro da discussão: Beber não é
errado, desde que se beba com moderação, dentro dos limites.
09 – Qual é o último recurso
de persuasão utilizado pelo(a) autor(a)? Comente-o.
O texto se
encerra com um verbo no imperativo: acredite. Ao usar o imperativo, o(a)
autor(a) tenta passar ao(à) leitor(a) a certeza de que pode confiar nas
informações do texto: o que foi dito é a pura verdade.
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