sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

CRÔNICA: EM CÓDIGO- FERNANDO SABINO - COM GABARITO

CRÔNICA: EM CÓDIGO
 Fernando Sabino

 Fui chamado ao telefone. Era o chefe de escritório de meu irmão:
 – Recebi, de Belo Horizonte, um recado dele para o senhor. E uma mensagem meio esquisita, com vários itens, convém tomar nota. O senhor tem um lápis aí?
Tenho. Pode começar.
Então lá vai. Primeiro: minha mãe precisa de uma nora.
Precisa de quê?
De uma nora.
Que história é essa?
Eu estou dizendo ao senhor que é um recado meio esquisito. Posso continuar?
Continue.
Segundo: pobre vive de teimoso. Terceiro: não chora, morena, que eu volto.
Isso é alguma brincadeira.
Não é não. Estou repetindo o que ele escreveu. Tem mais. Quarto: sou amarelo, mas não opilado. Tomou nota?
Mas não poliado – releti, tomando nota. – Que diabo ele pretende com isso?
Não o sei não senhor. Mandou transmitir o recado, estou transmitindo.
Mas você há de concordar comigo que é um recado meio esquisito.
Foi o que eu preveni ao senhor. E tem mais. Quinto: não sou colgate,mas ando na boca de muita gente. Sexto: poeira é a minha penicilina. Sétimo: carona, só de saia. Oitavo...
Chega! – protestei estupefato. – Não vou ficar aqui tomando nota disso, feito idiota.
Deve ser carta em código, ou coisa parecida – e ele vacilou: Estou dizendo ao senhor que também não entendi, mas enfim... Posso continuar?
Continua. Falta muito?
Não, está acabando: são doze. Oitavo: vou, mas volto. Nono: chega à janela, morena. Décimo: quem fala de mim tem mágoa. Décimo primeiro: não sou pipoca, mas dou meus pulinhos.
Não tem dúvida, ficou maluco.
Maluco não digo, mas como o senhor mesmo disse, a gente até fica com ar meio idiota...Está acabando, só falta um. Décimo segundo: Deus, eu e o Rocha.
Que Rocha?
Não sei. É capaz de ser a assinatura.
Meu irmão não se chama Rocha, essa é boa!
E, mas que foi ele que mandou, isso foi.
Desliguei, atônito, fui até refrescar o rosto com água, para poder pensar melhor. Só então me lembrei. Haviam-me encomendado uma crônica sobre essas frases que os motoristas costumam pintar, como lema, à frente dos caminhões. Meu irmão, que é engenheiro e viaja sempre pelo interior fiscalizando obras, prometera ajudar-me, recolhendo em suas andanças farto e variado material. E ele viajou, o tempo passou, acabei esquecendo completamente do trato, na suposição de que o mesmo lhe acontecera.
Agora, o material ali estava. Era só fazer a crônica. Deus, eu e o Rocha! Tudo explicado! Rocha era o motorista, Deus era Deus mesmo, e eu, o caminhão.

I – Marque com um X o sinônimo da palavra ou expressão destacada.
1. Em: “É uma mensagem meio esquisita, com vários itens, convém tomar nota...” . A expressão em negrito pode ser substituída por:
a) (     ) assinalar       b) (     ) observar      c) (  X  ) escrever     d) (    ) guardar

2. Na frase: “Que história é essa?”, a palavra em negrito significa:
a) ( X ) fato                b) (     ) complicação   c) (    ) chateação  d) (    ) anedota

3) Em:”...pobre vive de teimoso”, a expressão em negrito pode ser substituída por:
a) ( X ) porque é persistente          b) (     ) porque é desobediente
c) (    ) porque é rebelde                d) (     ) porque é corajoso

4) Em: “Isso é alguma brincadeira.” a palavra em negrito significa:
a) ( X ) piada       b) (    ) passatempo   c) (    ) jogo    d) (    ) divertimento

5) Em: “Foi o que eu preveni ao senhor”, a palavra em negrito significa:
a) (    ) chegar antes de
b) ( X ) avisar com antecedência
c) (    ) impedir que se realize
d) (    ) aconselhar com consideração

II – RESPONDA:
6) Após receber o recado, como se sentiu o narrador, o que fez e para que o fez?
     Atônito. Foi lavar o rosto, para poder pensar melhor.

7) O narrador queria pensar melhor sobre o quê e para quê?
     Sobre as frases. Para poder entender o significado.

8) Ao dizer, no final do texto, que seu irmão havia prometido conseguir “farto e variado material”, a que material se refere o narrador e a que se destinava esse material?
     Frases. Para fazer uma crônica.

9) A que se refere o narrador ao dizer “Tudo explicado” e o que lhe foi explicado?
     Ao lembrar da sua solicitação ao irmão. Que o material estava ali, era só fazer a crônica.



13 comentários:

  1. Porque voce acha que o título da croncrô e em codicó?

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  2. Segundo o autor, o destinatário entenderia a mensagem.

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  3. Por que a mensagem recebida pelo narrador foi caracterizada como "carta em código".

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  4. Respostas
    1. 5. Justifique o título da crônica.
      6. Você acha que há intimidade entre o cronista e o chefe
      de escritório doirmão? Justifique.
      7. Qual o sentido de “estupefato”, “opilado”? Me ajudem

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  5. Sou amarelo, mas não opilado pode ser entender essa afirmação

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  6. Me ajuda por favor qual e a resposta

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