P A R Ó D I A
CANÇÃO DO EXÍLIO CANTO DE REGRESSO
À PÁTRIA
Minha terra tem palmeiras,
Minha terra tem palmares
Onde canta o Sabiá;
Onde gorjeia o mar
As aves, que aqui gorjeiam,
Os passarinhos daqui
Não gorjeiam como lá.
Não cantam como os de lá
Nosso céu tem mais estrelas, Minha terra tem mais rosas
Nossas várzeas têm mais
flores,
E quase que mais amores
Nossos bosques têm mais
vida,
Minha terra tem mais ouro
Nossa vida mais amores. Minha
terra tem mais terra
Em cismar, sozinho, à noite,
Ouro terra amor e rosas
Mais prazer encontro eu lá;
Eu quero tudo de lá
Minha terra tem palmeiras,
Não permita Deus que eu morra
Onde canta o sabiá.
Sem que volte para lá
Minha terra tem primores, Não permita Deus que eu
morra
Que tais não encontro eu cá; Sem
que volte pra São Paulo
Em cismar sozinho à noite,
Sem que veja a Rua 15
Mais prazer encontro eu lá; E
o progresso de São Paulo.
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá. OSWALD DE ANDRADE, A LITERATURA
Não permita Deus que eu morra, BRASILEIRA
ATRAVÉS DE TEXTOS,
Sem que eu volte para lá;
Massaud Moisés, Cultrix, São Paulo, 1969.
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem que inda aviste as palmeiras
Onde canta o Sabiá.
Coimbra, julho de 1843, Gonçalves
Dias,
OBRAS COMPLETAS, edições cultura,
São Paulo.
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