domingo, 19 de junho de 2022

PEÇA TEATRAL: O NOVIÇO (FRAGMENTO) - MARTINS PENA - COM GABARITO

 Peça teatral: O noviço (Fragmento)

                     Martins Pena

CENA VII

        Carlos, com hábito de noviço, entra assustado e fecha a porta.

        EMÍLIA, assustando-se — Ah, quem é? Carlos!

        CARLOS — Cala-te

        EMÍLIA — Meu Deus, o que tens, por que estás tão assustado? O que foi?

        CARLOS — Aonde está minha tia, e o teu padrasto?

        EMÍLIA — Lá em cima. Mas o que tens?

        CARLOS — Fugi do convento, e aí vêm eles atrás de mim.

        EMÍLIA — Fugiste? E por que motivo?

        CARLOS — Por que motivo? pois faltam motivos para se fugir de um convento? O último foi o jejum em que vivo há sete dias... Vê como tenho esta barriga, vai a sumir-se. Desde sexta-feira passada que não mastigo pedaço que valha a pena.

        EMÍLIA — Coitado!

        CARLOS — Hoje, já não podendo, questionei com o D. Abade. Palavras puxam palavras; dize tu, direi eu, e por fim de contas arrumei-lhe uma cabeçada, que o atirei por esses ares.

        EMÍLIA — O que fizestes, louco?

        CARLOS — E que culpa tenho eu, se tenho a cabeça esquentada? Para que querem violentar minhas inclinações? Não nasci para frade, não tenho jeito nenhum para estar horas inteiras no coro a rezar com os braços encruzados. Não me vai o gosto para aí... Não posso jejuar; tenho, pelo menos três vezes ao dia, uma fome de todos os diabos. Militar é que eu quisera ser; para aí chama-me a inclinação. Bordoadas, espadeiradas, rusgas é que me regalam; esse é o meu gênio. Gosto de teatro, e de lá ninguém vai ao teatro, à exceção de Frei Maurício, que frequenta a plateia de casaca e cabelereira para esconder a coroa.

        EMÍLIA — Pobre Carlos, como terás passado estes seis meses de noviciado!

        CARLOS — Seis meses de martírio! Não que a vida de frade seja má; boa é ela para quem a sabe gozar e que para ela nasceu; mas eu, priminha, eu que tenho para tal vidinha negação completa, não posso!

        EMÍLIA — E os nossos parentes quando nos obrigam a seguir uma carreira para a qual não temos inclinação alguma, dizem que o tempo acostumar-nos-á.

        CARLOS — O tempo acostumar! Eis aí porque vemos entre nós tantos absurdos e disparates. Este tem jeito para sapateiro: pois vá estudar medicina... Excelente médico! Aquele tem inclinação para cômico: pois não senhor, será político... Ora, ainda isso vá. Esse outro só tem jeito para caiador ou borrador: nada, é ofício que não presta... Seja diplomata, que borra tudo quanto faz. Aqueloutro chama-lhe toda a propensão para a ladroeira; manda o bom senso que se corrija o sujeitinho, mas isso não se faz; seja tesoureiro de repartição fiscal, e lá se vão os cofres da nação à garra... Esse outro tem uma grande carga de preguiça e indolência e só serviria para leigo de convento, no entanto vemos o bom do mandrião empregado público, comendo com as mãos encruzadas sobre a pança o pingue ordenado da nação.

        EMÍLIA — Tens muita razão; assim é.

        CARLOS — Este nasceu para poeta ou escritor, com uma imaginação fogosa e independente, capaz de grandes cousas, mas não pode seguir a sua inclinação, porque poetas e escritores morrem de miséria, no Brasil. E assim o obriga a necessidade a ser o mais somenos amanuense em uma repartição pública e a copiar cinco horas por dia os mais soníferos papéis. O que acontece? Em breve matam-lhe a inteligência e fazem do homem pensante máquina estúpida, e assim se gasta uma vida? É preciso, é já tempo que alguém olhe para isso, e alguém que possa.

        [...]

 PENA, Martins. O noviço. Apresentação, comentários e notas de José de Paula Ramos Jr. São Paulo: Ateliê Editorial, 1996. p. 62-5.

Fonte: Língua portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição – Curitiba – 2010. p. 115-6.

Entendendo a peça teatral:

01 – Quais os motivos alegados por Carlos para ter fugido do convento?

      A obrigação de jejuar, a discussão com o Abade, que terminou em agressão física, o fato de ter a cabeça “esquentada” por não ter nascido para a vida religiosa, querer ser militar e, por fim, o fato de gostar de teatro, divertimento ao qual poucos religiosos se dedicam – o Frei Maurício tem mesmo que se disfarçar para poder frequentar o teatro.

02 – Segundo Carlos, a vida de frade é má ou boa?

      Para ele, a vida de frade é boa para quem tem vocação. No caso dele, que não tem, é um martírio.

03 – Há uma crítica direta, na fala do noviço, contra o costume de os parentes escolherem a carreira dos jovens. Quais seriam os prejuízos desse costume?

      Segundo Carlos, esse costume faria com que se perdessem ótimas vocações e surgissem maus profissionais: um que tem vocação para sapateiro sairia um péssimo médico.

04 – Uma das funções da comédia de costumes é criticar a sociedade por meio do riso. Para tanto, um dos recursos usados por Martins Pena é a ironia. Explique a ironia presente no trecho: “Aquele tem inclinação para cômico: pois não, senhor, será político... Ora, ainda isso vá”.

      A ironia do trecho está no fato de Carlos afirmar que um cômico, ou seja, um comediante que se torne político seria aceitável, o que deixa implícito uma crítica à política, vista como uma farsa, uma comédia, algo a não ser levado a sério, ou seja, uma piada.

05 – A crítica ao patronato – o uso da riqueza, da influência e/ou do poder para favorecimento de um protegido, independentemente do mérito do candidato – é uma das marcas centrais da peça “O noviço”. Localize e explique uma crítica ao patronato presente na fala de Carlos.

      Há o exemplo da pessoa com vocação para caiador que vira diplomata, “borrando”, ou seja, manchando tudo o que faz; o exemplo do ladrão que se torna tesoureiro, que denuncia a propensão à corrupção: em vez de punir os desvios, muitas vezes a sociedade acaba por “premiar” aqueles que demonstram desonestidade, desde que tenham relações de patronato que os favoreça. Por fim, os preguiçosos que viram empregados públicos, engordando às custas da nação, ou seja, pouco trabalhando, mas sendo sustentados com o dinheiro público.

06 – Levando em consideração as críticas propostas por Carlos, você as considera atuais? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Algumas das críticas presentes na peça continuam atuais: muitos pais ainda interferem na escolha profissional de seus filhos, ainda há resquícios de patronato e favorecimento em nossa sociedade, etc.

 

QUADRO: A PÁTRIA - PEDRO BRUNO - COM GABARITO

 Quadro: A pátria

 

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BRUNO, Pedro. A pátria. 1 óleo sobre tela, color; Museu da República, Rio de Janeiro.

Fonte: Língua portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição – Curitiba – 2010. p. 94-5.

Entendendo o quadro:

01 – O que as mulheres estão fazendo?

      Costurando uma enorme bandeira do Brasil.

02 – O que fazem as duas crianças, à esquerda da pintura?

      As crianças estão brincando com a bandeira. A criança maior abraça a bandeira, num gesto afetivo, enquanto o bebê, no canto esquerdo, abaixo, brinca com uma das estrelas que será bordada na bandeira.

03 – Caracterize o ambiente em que se encontram as mulheres e as crianças.

      Trata-se de uma espécie de ateliê, mas que possui algo de doméstico: os quadros na parede, a mesa com uma imagem de santo.

04 – A ausência masculina, aliada à tarefa exercida pelas mulheres, permite uma leitura simbólica da pintura: o papel dos homens e das mulheres, na construção da pátria, seria de natureza diferente. Que papéis é possível inferir que cada um deveria exercer?

      Os homens estão ausente, são os mantenedores do lar, a eles caberia o papel de construir a pátria, agir fora do ambiente doméstico, no espaço público. Já às mulheres caberia o papel de zelar pela imagem da pátria, representada pela bandeira, e cuidar dos futuros cidadãos, ideia simbolizada pelas duas crianças, especialmente pelo bebê que brinca com uma estrela.

 

 

TIRA: GATO E GATA DECLARAÇÃO - LAERTE - COM GABARITO

 Tira: Gato e gata declaração

 

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               LAERTE. Gato e Gata. Disponível em: http://www.uol.com.br/laerte/tiras. Acesso em: 25 fev. 2009.

Fonte: Língua portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição – Curitiba – 2010. p. 53.

Entendendo a tira:

01 – Que elemento representa o sentimento da Gata no primeiro quadrinho? Como ela se sente?

      O formato do balão de fala da Gata – ele parece estar escorrendo, assim como a fala dela, o que revela o seu “derretimento” por Rônei, ou seja, ela se deixa envolver pela conversa do gato marrom.

02 – Como Rônei busca conquistar a Gata?

      Por meio de declarações de amor, frases cheias de ideias amorosas clichês, como uma “avalanche de frisson”, ou seja, uma avalanche de arrepios.

03 – O que o Gato chama de “denúncia”? Como Rônei se defende da denúncia?

      Ele denuncia que as frases que a Gata julga belas são, na verdade, extraídas de um livro. Rônei se defende dizendo que o livro é de autoria dele, ou seja, as frases são clichês, retiradas de um livro, mas quem escreveu foi ele próprio.

04 – Que conceitos românticos podem ser identificados na tira?

      O uso de frases belas e apaixonadas para conquistar o sexo oposto era um recurso presente em muitos dos folhetins românticos. Além disso, a própria ideia de triângulo amoroso é um clichês romântico.

05 – Esses conceitos foram trabalhados na tira com que objetivo: reiterar as ideias românticas ou satiriza-las? Justifique sua resposta.

      O objetivo da tira foi de satirizar o amor romântico, desvendando aos olhos do leitor os artifícios usados para a conquista amorosa: frases feitas consideradas bonitas. Ou seja, dizer o que se sabe que vai agradar e que é considerado bonito somente por se referir ao sentimento amoroso.

06 – Por que, em sua opinião, Laerte escolheu Gato e Gata como “nomes” dos personagens, também representados por esses animais?

      É comum homens e mulheres elogiarem o sexo oposto chamando a pessoa de “gata” e “gato”. O apelido carinhoso, no caso da tira, tornou-se literal, pois eles são mesmo um gato e uma gata, o que ajuda a gerar o humor da tira.

TIRA: GRUMP ORLANDELI - ESCRITA EM INTERNETÊS - COM GABARITO

 Tira: Grump Orlandeli

 

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Grump, Orlandeli.

Fonte: Língua portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição – Curitiba – 2010. p. 61.

Entendendo a tira:

01 – Releia a mensagem escrita em internetês no terceiro quadrinho e localize nela exemplos de:

·        Informalidade: A maneira de se referir ao tio, usando a expressão “falaaaaa tiunnnmm” (fala tio); também a maneira de encerrar a mensagem, sem despedir-se do tio e com uma sequência de hsuahu, usada para indicar risos.

·        Ortografia própria e uso de abreviações: Tiunm: tio; blz: beleza; axo: acho; q: que; naumm: não; dificium: difícil; aki: aqui; ksa: casa; nois: nós; aprendihh: aprende; juntu: junto.

·        Substituição de acentuação gráfica: Em eh, o h substitui o acento agudo de “é”, em difícil, a substituição é pela letra m, enquanto que em nós, optou-se por uma ortografia diferente, que se aproxima da fala e prescinde do acento: nois.

·        Uso de sinais: :-) – esse é o sinal mais conhecido, indica bom humor, alguma gozação. :p – esse sinal indica sarcasmo, indica que o interlocutor está “de língua pra fora”, debochando.

02 – Pesquise o significado dos sinais usados na mensagem do sobrinho e responda: ele levou a sério a pergunta do tio?

      A partir dos significados dos sinais, que indicam gozação, é possível inferir que o sobrinho está rindo do tio, não levou a sério sua pergunta, provavelmente não se interessa pelo assunto.

03 – Uma das marcas linguísticas do internetês é a ausência de pontuação ou um uso minimalista da pontuação. Por que, em sua opinião, o autor optou pelo contrário, pelo uso excessivo da pontuação? Justifique sua resposta.

      O deboche do sobrinho fica mais evidente dessa maneira; evidencia-se a informalidade da mensagem, além de o exagero servir para acentuar o humor da tira.

04 – Com base na sua experiência com as regras do internetês, traduza a mensagem que o sobrinho enviou para o tio.

      O sobrinho responde: Fala, tio! Beleza! (Gozação) Acho que não é difícil não! Passa aqui em casa que nós “aprende” junto. (Gozação) Risadas.

 

ROMANCE: A MORENINHA - CAPÍTULO 23 (FRAGMENTO) - JOAQUIM MANUEL DE MACEDO - COM GABARITO

 Romance: A moreninha – capítulo 23 (fragmento)

                    Joaquim Manuel de Macedo

        [...]

        -- Então... pede-me para sua esposa?...

        -- A senhora o ouviu há pouco.

        -- Pois bem, Sr. Augusto, veja como verificou-se o prognóstico que fiz do seu futuro! Não se lembra que aqui mesmo lhe disse “que não longe estava o dia em que o Sr. havia de esquecer sua mulher”?

        -- Mas eu nunca fui casado... murmurou o estudante!...

        -- Oh! isso é uma recomendação contra a sua constância!...

        -- E quem tem culpa de tudo, senhora?

        -- Muito a tempo ainda me lança em rosto a parte que tenho na sua infidelidade, pois, eu emendarei a mão agora. O senhor há de cumprir a palavra que deu há sete anos!

        Augusto recuou dois passos.

        -- O senhor é um moço honrado, continuou a cruel Moreninha, e, portanto, cumprirá a palavra que deu, e só casará com sua desposada antiga.

        [...]

        D. Carolina deixou cair uma lágrima e falou ainda, mas já com voz fraca e trêmula:

        -- Sim, deve partir... vá... Talvez encontre aquela a quem jurou amor eterno... Ah! senhor! nunca lhe seja perjuro.

        -- Se eu encontrasse!...

        -- Então?... que faria?...

        -- Atirar-me-ia a seus pés, abraçar-me-ia com eles e lhe diria: “Perdoai-me, perdoai-me, senhora, eu já não posso ser vosso esposo! tomai a prenda que me deste...”

        E o infeliz amante arrancou debaixo da camisa um breve, que convulsivamente apertou na mão.

        -- O breve verde!... exclamou D. Carolina, o breve que contém a esmeralda!...

        -- Eu lhe diria, continuou Augusto: “recebei este breve que já não devo conservar, porque eu amo outra que não sois vós, que é mais bela e mais cruel do que vós!...”

        A cena se estava tornando patética; ambos choravam e só passados alguns instantes a inexplicável Moreninha pôde falar e responder ao triste estudante.

        -- Oh! pois bem, disse; vá ter com sua desposada, repita-lhe o que acaba de dizer, e se ela ceder, se perdoar, volte que eu serei sua... esposa.

        -- Sim... eu corro... Mas, meu Deus, onde poderei achar essa moça a quem não tornei a ver, nem poderei conhecer?... onde meu Deus?... onde?...

        E tornou a deixar correr o pranto, por um momento suspendido.

        -- Espere, tornou D. Carolina, escute, senhor. Houve um dia, quando a minha mãe era viva, em que eu também socorri um velho moribundo. Como o senhor e sua camarada, matei a fome de sua família e cobri a nudez de seus filhos; em sinal de reconhecimento também este velho me fez um presente: deu-me uma relíquia milagrosa que, asseverou-me ele, tem o poder uma vez na vida de quem a possui, de dar o que se deseja; eu cosi essa relíquia dentro de um breve; ainda não lhe pedi coisa alguma, mas trago-a sempre comigo; eu lha cedo... tome o breve, descosa-o, tire a relíquia e à mercê dela encontre sua antiga amada. Obtenha o seu perdão e me terá por esposa.

        -- Isto tudo me parece um sonho, respondeu Augusto, porém, dê-me, dê-me esse breve!

        A menina, com efeito, entregou o breve ao estudante, que começou a descosê-lo precipitadamente. Aquela relíquia, que se dizia milagrosa, era sua última esperança; e, semelhante ao náufrago que no derradeiro extremo se agarra à mais leve tábua, ele se abraçava com ela. Só falta a derradeira capa do breve... ei-la que cede e se descose... salta uma pedra... e Augusto, entusiasmado e como delirante, cai aos pés de D. Carolina, exclamando:

        -- O meu camafeu!... o meu camafeu!...

        A senhora D. Ana e o pai de Augusto entram nesse instante na gruta e encontram o feliz e fervoroso amante de joelhos e a dar mil beijos nos pés da linda menina, que também por sua parte chorava de prazer.

        -- Que loucura é esta? perguntou a senhora D. Ana.

        -- Achei minha mulher!... bradava Augusto; encontrei minha mulher!

        -- Que quer dizer isto, Carolina?...

        -- Ah! minha boa avó!... respondeu a travessa Moreninha ingenuamente: nós éramos conhecidos antigos.

        [...].

MACEDO, Joaquim Manuel de. A moreninha. São Paulo: Ática, 1993. p. 132-5.

Fonte: Língua portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição – Curitiba – 2010. p. 98-9.

Entendendo o romance:

01 – Por que Carolina recusa, inicialmente, a proposta de casamento de Augusto?

      Porque ela deseja que ele cumpra a promessa que havia feito no passado: casar-se com a menina com quem trocou objetos simbólicos do amor de ambos: uma esmeralda e um camafeu.

02 – Carolina rebate a argumentação de Augusto, que afirma não ter sido casado de fato afirmando “Oh! Isso é uma recomendação contra a sua constância!...”. Explique o sentido dessa frase e a importância dela no contexto romântico

      Para a jovem, o fato de Augusto se dispor a quebrar uma promessa para ficar com ela prova que ele não seria constante em seu amor, o que seria inconcebível no contexto amoroso romântico, em que os amores deveriam ser eternos. A inconstância de Augusto leva a jovem a questionar se deveria unir-se a ele.

03 – Como o autor resolve o impasse dos amantes?

      Carolina conta que também ela recebera uma relíquia de um velho moribundo e a entrega a Augusto. Ocorre então o reconhecimento dos amantes – eles eram as crianças que haviam prometido se casar no futuro, ou seja, não há impedimento algum quanto à união do casal, pelo contrário, ao ficarem juntos eles estão cumprindo a promessa que fizeram no passado.

04 – Considerando as falas dos personagens de Augusto e Carolina no trecho lido, é possível caracterizá-los como típicos heróis românticos? Comprove seu ponto de vista com elementos retirados do texto.

      Sim, eles são tipicamente românticos. Carolina está disposta a abrir mão de seu amor em nome da honra, dispõe-se a esperar por Augusto o tempo necessário, banha-se em lágrimas quando descobre que Augusto é o seu amado de infância, etc. Augusto, por sua vez, também age de forma sentimental, curvando-se ao desejo da amada, caindo aos seus pés quando a reconhece como a amada da infância, deixando-se levar pelo sentimentos, não pela razão.

05 – Uma das emoções possíveis para o conceito de verossimilhança é o de que a obra literária deve trabalhar coerentemente a partir do que é provável e possível em comparação com o mundo real. Levando em conta essa definição, você diria que o trecho lido é verossímil? Justifique sua resposta.

      Trata-se de uma situação bastante inverossímil, já que seriam pequenas as chances de duas crianças que se encontraram fortuitamente na infância se reencontram na idade adulta e se apaixonarem, tendo como obstáculo ao amor uma promessa feita na infância.

 

ROMANCE: MADAME BOVARY - (FRAGMENTO) - GUSTAVE FLAUBERT - COM GABARITO

 Romance: Madame Bovary – (Fragmento)

                 Gustave Flaubert.

        [Ema] Sentia-se, de resto, cada vez mais irritada. A idade ia-o tornando seu marido pesadão: à sobremesa divertia-se em cortar as rolhas das garrafas vazias, e, depois de comer, passava a língua pelos dentes; ao engolir a sopa fazia um gorgolejo em cada gole e, como começasse a engordar, os olhos, já por si tão pequenos, pareciam ter subido para as fontes, empurrados pelas bochechas.

        [...]

        Bem no íntimo, contudo, [Ema] esperava um acontecimento qualquer. Como os marinheiros em perigo, relanceava olhos desesperados pela solidão da sua vida, procurando, ao longe, alguma vela nas brumas do horizonte. Não sabia qual o acaso, o vento que a impeliria para ela, e qual a praia para onde se sentiria levada; seria chalupa ou nau de três pontes, carregada de angústias ou cheia de felicidade até as bordas? Todas as manhãs, ao acordar, preparava-se para esperar o dia inteiro e aplicava o ouvido a todos os rumores; levantava-se em sobressalto, admirando-se de que tal acaso não surgisse; depois, ao pôr do sol, cada vez mais triste, desejava-se encontrar-se já no dia seguinte.

        A primavera voltou, e Ema sentiu-se afrontada com os primeiros calores, quando as pereiras floriram. Logo no começo de julho, passou a contar nos dedos as semanas que faltavam para chegar o mês de outubro, pensando que o Marquês d'Andervilliers daria outro baile em Vaubyessard; mas todo o mês de setembro decorreu sem cartas nem visitas.

        Após o aborrecimento desta decepção, seu coração ficou de novo vazio, recomeçando a série dos dias monótonos.

        Iam, pois, continuar assim, uns após outros, sempre os mesmos, incontáveis, sem surpresas! As outras existências, por mais insípidas que fossem, tinham, pelo menos, a possibilidade do inesperado. Uma aventura trazia consigo, às vezes, peripécias sem fim, o cenário transformava-se. Mas para ela nada surgia, era a vontade de Deus! O futuro era um corredor escuro, que tinha, no extremo, a porta bem fechada.

FLAUBERT, Gustave. Madame Bovary. São Paulo: Abril Cultural, 1970. p. 52-3.

Fonte: Língua portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição – Curitiba – 2010. p. 146-7.

Entendendo o romance:

01 – Explique por que o narrador afirma que Ema Bovary se sentia cada vez mais irritada depois do casamento.

      Porque, com o envelhecimento do marido, ela observava nele a repetição de modos grosseiros e pouco elegantes, como cortar rolhas de garrafas vazias e engolir sopa com barulho. Também o fato de ele engordar o tornava desinteressante para ela.

02 – No segundo parágrafo do fragmento, o narrador estabelece um paralelo entre a situação vivida por Ema e a situação vivida pelos marinheiros em perigo. Qual é essa comparação?

      Assim como um marinheiro em perigo, Ema procura, em seu horizonte, alguma possibilidade de salvação. Ela desejava outro destino para si, com as inevitáveis surpresas do desconhecido.

03 – “A primavera voltou, e Ema sentiu-se afrontada com os primeiros calores, quando as pereiras floriram”. Em sua opinião, por que Ema sentiu-se afrontada com a chegada da primavera?

      Porque a primavera metaforiza a vida, a renovação e a beleza. E o cotidiano de Ema lhe parecia trazer justamente o contrário disso. Daí ela se sentir insultada ou ofendida ao sentir os calores da primavera ou ver as flores das pereiras.

04 – Retire do texto exemplos que atestam a monotonia da vida da protagonista.

      Todos os dias, Ema esperava um acaso que pudesse mudar os rumos de sua vida e, como nada acontecia, ela se tornava cada vez mais triste; num determinado mês de julho, ela começou a esperar ansiosamente pelo convite a um baile que deveria acontecer apenas em outubro. Como o convite não foi formalizado, ela ficou muito decepcionada.

05 – Você considera o texto detalhista? Justifique sua resposta.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A narrativa é rica em detalhes, pois explicita pormenorizadamente os sentimentos de tédio e desencanto de Ema, por meio da utilização de imagens e da formulação de exemplos.

06 – É possível dizer que Ema Bovary gostaria de viver como uma heroína romântica?

      Sim. Ao demonstrar sede de aventuras e desejo de viver peripécias inesperadas, Ema parece projetar para si o destino dos protagonistas dos romances românticos, que viviam histórias rocambolescas até finalmente alcançarem um “final feliz”.

07 – O texto relata uma das muitas decepções da personagem de Flaubert. Qual foi esta decepção?

      A decepção foi que no mês de setembro não teve cartas e nem visitas.

08 – Qual é a única possibilidade que Ema vê para sair do marasmo em que vive? Essa alternativa é mesmo possível? Explique.

      Única possibilidade: Ema, ter a vida das outras pessoas, que mesmo sendo insípidas, elas tinham ventura, peripécias, e o cenário da vida se transformava. -- Mas esta alternativa não era possível, pois Seu futuro era um corredor escuro, com uma porta fechada no final.

ROMANCE: O BOBO - CAPÍTULO II - D. RIBAS - ALEXANDRE HERCULANO - COM GABARITO

Romance: O bobo capítulo II – D. Ribas

                Alexandre Herculano

        [...]

        “Numa sociedade em que as torpezas humanas assim apareciam sem véu, o julgá-las era fácil. O dificultoso era condená-las. Na extensa escala do privilégio, quando um feito ignóbil ou criminoso se praticava, a sua ação recaía, por via de regra, sobre aqueles que se achavam colocados nos degraus inferiores ao perpetrador do atentado. O sistema das jerarquias mal consentia os gemidos: como seria portanto possível a condenação? As leis civis, na verdade, procuravam anular ou pelo menos modificar esta situação absurda; mas era a sociedade que devorava as instituições, que não a compreendiam a ela, nem ela compreendia. Por que de reinado para reinado, quase de ano para ano, vemos renovar essas leis, que tendiam a substituir pela igualdade da justiça a desigualdade das situações? É porque semelhante legislação era letra morta, protesto inútil de algumas almas formosas e puras, que pretendiam fosse presente o que só podia ser futuro.

        Mas no meio do silêncio tremendo de padecer incrível e de sofrimento forçado, um homem havia que, leve como a própria cabeça, livre como a própria língua, podia descer e subir a íngreme e longa escada do privilégio, soltar em todos os degraus dela uma voz de repreensão, punir todos os crimes com uma injuria amarga e patentear desonras de poderosos, vingando assim, muitas vezes sem o saber, males e opressões de humildes. Esse homem era o truão. O truão foi uma entidade misteriosa da Idade Média. Hoje a sua significação social é desprezível e impalpável; mas então era um espelho que refletia, cruelmente sincero, as feições hediondas da sociedade desordenada e incompleta. O bobo, que habitava nos paços dos reis e dos barões, desempenhava um terrível ministério. Era ao mesmo tempo juiz e algoz; mas julgando, sem processo, no seu foro íntimo, e pregando, não o corpo, mas o espírito do criminoso no potro material do vilipêndio.

        [...]

        Tal era o aspecto grandioso e poético daquela entidade social exclusivamente própria da Idade Média, padrão levantado à memória da liberdade e igualdade, e às tradições da civilização antiga, no meio dos séculos da jerarquia e da gradação infinita entre homens e homens. Quando, porém, chamamos miserável à existência do truão, a esta existência que descrevêramos tão folgada e risonha, tão cheia de orgulho, d’esplendor, de predomínio, era que nesse instante ela nos aparecera sob outro aspecto, contrário ao primeiro, e todavia não menos real. Passadas estas horas de convivência ou de deleite, que eram como uns oásis na vida triste, dura, trabalhosa e arriscada da Idade Média, o bobo perdia o seu valor momentâneo, e voltava à obscuridade, não à obscuridade de um homem, mas à de um animal doméstico. Então os desprezos, as ignomínias, os maus tratos daqueles que em público haviam sido alvos dos ditos agudos do chocarreiro, caíam sobre a sua cabeça humilhada cerrados como granizo, sem piedade, sem resistência, sem limite; era um rei desentronizado; era o tipo e o resumo das mais profundas misérias humanas. [...]”.

HERCULANO, Alexandre. O bobo. Rio de Janeiro: Ediouro, s/d. p. 19-20.

Fonte: Língua portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição – Curitiba – 2010. p. 44-5.

Entendendo o romance:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Torpezas: procedimentos indignos, torpes.

·        Ignóbil: desprezível, vil, adjeto.

·        Perpetrador: aquele que comete ou pratica atos condenáveis.

·        Hierarquias: séries contínuas de graus ou escalões, em ordem crescente ou decrescente; escalas.

·        Truão: bufo, bufão, saltimbanco, palhaço, aquele encarregado de fazer rir o público com mímicas, esgares, etc.

·        Hediondas: repelentes, repulsivas, horrendas.

·        Paços: palácios, edifícios suntuosos ou nobres.

·        Vilipêndio: desprezo, menoscabo, aviltamento.

·        Ignomínias: infâmias, grandes desonras.

·        Chocarreiro: aquele que diz chocarrices, isto é, gracejos atrevidos.

02 – No primeiro parágrafo do texto, o narrador caracteriza de modo crítico a sociedade da Idade Média. Quais seriam as principais marcas dessa sociedade?

      Segundo o narrador, a sociedade da Idade Média era marcada pela torpeza humana, ou seja, pela injustiça e pela crueldade. Havia, de um lado, privilégios e, de outro, crimes dificilmente condenados. A rígida hierarquização social fazia com que os que se encontravam nos degraus mais baixos acabassem sendo punidos. Enquanto os que ocupavam o topo não eram atingidos por punições.

03 – Ao descrever essa sociedade, o narrador usa um adjetivo que denuncia o que ele pensa sobre a situação que expõe. Que adjetivo é esse e o que ele evidencia?

      O adjetivo é “absurda” e seu uso evidencia a discordância total do narrador daquilo que descreve, considerando a situação sem sentido, inaceitável.

04 – Depois de discorrer sobre a sociedade da Idade Média, o narrador inicia o parágrafo seguinte com a conjunção adversativa “mas”, cuja função é a de introduzir uma ideia oposta à que foi apresentada anteriormente. Que ideias o narrador opõe com o uso do “mas”?

      O narrador opõe a ideia de injustiça do parágrafo anterior à ideia de que o bobo da corte seria o responsável por apresentar uma resistência a essa estrutura de privilégios: ele seria capaz de vingar os humildes, por meio das críticas que dirigia aos poderosos, ou seja, ele seria capaz de promover a justiça.

05 – Pela adjetivação dedicada ao bobo, é possível deduzir os valores que o autor busca simbolizar em sua figura. Copie o quadro a seguir no caderno e preencha-o para sintetizar suas conclusões:

Adjetivos    --                            Valores

Leve:          --   Sem peso na consciência, ético em suas ações.

Livre:          --   Sem amarras sociais, com uma conduta que acredita ser justa.

Juiz:           --   Agia com justiça, buscava minimizar as injustiças que uma sociedade regida por privilégios apresentava.

Algoz:        --    Punia aqueles que considerava injustos, mas que não eram punidos pela “justiça oficial”.

06 – No parágrafo final do trecho lido, o narrador coloca ao leitor os dois papéis exercidos pelo bobo da corte: o teatral, sua atuação como bobo da corte, e o social, em que ele é um indivíduo comum. Que diferença havia entre esses dois papéis?

      O papel teatral desempenhado pelo bobo da corte permitia que ele tivesse uma existência risonha, exercesse o seu poder crítico, já quando era apenas um indivíduo, fora de suas atribuições como bobo, ele voltava à obscuridade, voltava a ser alguém pertencente à base da pirâmide social da Idade Média, sem nenhum valor especial, um humilde como tantos outros.

07 – Qual a metáfora usada pelo narrador se referir ao lugar ocupado pelo bobo como indivíduo?

      O bobo seria, nesse caso, um “rei desentronizado”, ou seja, alguém que tinha muito poder e que o perdeu. Com essa metáfora, o narrador mostra que o privilégio do bobo em sua atuação na corte não era mantido quando ele voltava à sua vida cotidiana.

08 – Um dos sinônimos possíveis para bobo da corte é palhaço. Considerando o que você leu no texto, esse sinônimo seria capaz de evidenciar todos os papéis exercidos pelo bobo na sociedade medieval? Justifique sua resposta.

      O esperado é que os alunos respondam que não, pois a palavra “palhaço” relaciona-se mais à ideia de fazer rir, divertir o outro, enquanto, no texto, o bobo tinha não apenas a função de entreter, mas também a de criticar, promover a sátira social, “vingar” os que não tinham voz, fazendo uso dos privilégios que sua atuação teatral favorecia.

 


sábado, 18 de junho de 2022

FILME(ATIVIDADES): CIDADE DE DEUS - FERNANDO MEIRELLES/KÁTIA LUND - COM GABARITO

 FILME(ATIVIDADES): CIDADE DE DEUS

Data de lançamento: 30 de agosto de 2002 (2h 10min)

Direção: Fernando Meirelles , Kátia Lund

Elenco: Alexandre Rodrigues, Leandro Firmino da Hora, Phellipe Haagensen, Alice Braga

Gênero: Drama

Nacionalidade: Brasil

 Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Cidade de Deus é um filme de ação brasileiro de 2002 produzido por O2 FilmesGlobo Filmes e Videofilmes e distribuído por Lumière Brasil. É uma adaptação roteirizada por Bráulio Mantovani a partir do livro de mesmo nome escrito por Paulo Lins. Foi dirigido por Fernando Meirelles, codirigido por Kátia Lund e estrelado por Alexandre RodriguesLeandro Firmino e Alice Braga.

O filme retrata o crescimento do crime organizado na Cidade de Deus, uma favela que começou a ser construída nos anos 1960 e se tornou um dos lugares mais perigosos do Rio de Janeiro no começo dos anos 1980. Para contar a trajetória deste lugar o filme narra a vida de diversos personagens e eventos que se entrelaçam no decorrer da trama. Tudo pelo ponto de vista do Buscapé, o protagonista-narrador que cresceu em um ambiente muito violento. Porém, encontra subsídios para não ser fisgado pela vida do crime.

Entendendo o filme

01.  Quais as temáticas abordadas no filme?

·        Preconceito racial

·        Justiça paralela

·        Favelas brasileiras

02. Em relação as reflexões sociológicas dos personagens no enredo do filme, nota-se o quê?

     O filme mescla elementos de defesa da maldade inata (observe-se no desenvolvimento da personalidade cruel e sádica de Zé Pequeno, desde criança) e na construção social do indivíduo (é perceptível a ausência do Estado político, que só aparece para reprimir ou corromper).

03. O filme “Cidade de Deus”, sob direção de Fernando Meirelles, lançado em 2002, retrata uma realidade brasileira na qual muitos permanecem excluídos. Indicado ao Oscar em quatro categorias em 2004, o filme marcou a história do cinema brasileiro. O tema retratado no filme baseia-se:

       a) Na corrupção da política brasileira nacional.

  b) Na pobreza e na falta de água do sertão nordestino.

  c) Nos problemas sociais vivenciados em uma favela carioca.

       d) Na exploração e no contrabando ilegal de animais da Amazônia.

04.  Leia o texto para responder à questão.
       Releia a seguinte passagem do texto:

       O estudo, no entanto, diz que pode haver falhas nos retratos de pobreza. Rodgers lista dois: a simplificação excessiva e a figura do europeu ou do americano “herói”.
É correto concluir que a simplificação excessiva a que Dennis Rodgers, um dos autores do estudo, en­contra correspondência no fato de o filme Cidade de Deus

      a) ter chamado a atenção apenas nos países do Norte, não conseguindo repetir o sucesso no circuito de cinema dos países ricos.

     b) ser exibido em universidades quase como se fosse um documentário, embora este não seja o caráter, ou o propósito, da obra.

    c) reproduzir a imagem da violência urbana em vez de divulgar outros aspectos, positivos, como o desenvolvimento econômico.

     d) ter características semelhantes às de um documentário, ainda que tenha como única finalidade entreter especta­dores estrangeiros.

   e) banalizar o tema da violência, contribuindo para que essa imagem divulgada no filme seja perpetrada nos países ricos.

 05. O filme ''Cidade de Deus'' , lançado em 2002, dirigido por Fernando Meirelles e Kátia Lund, foi sucesso de público e crítica no Brasil e no exterior. O longa-metragem é baseado no livro homônimo do escritor carioca Paulo Lins. O autor do livro conheceu a antropóloga e socióloga Alba Zaluar quando estudava na UFRJ e a ajudou a fazer entrevistas para pesquisa que antropóloga carioca desenvolvia na comunidade da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Alba Zaluar produziu uma extensa obra, que influencia até hoje, em especial, pesquisadores da antropologia e sociologia urbana. Alba Zaluar foi pioneira em pesquisas antropológicas na área de:

a)   êxodo rural. 

b)   violência urbana.

c)   religiosidades afro-brasileiras. 

d)   juventude e trabalho. 

06. O cinema brasileiro contou, recentemente, com a produção de dois filmes de grande repercussão e aceitação pelo público e pela crítica especializada: "Tropa de Elite" e "Cidade de Deus".
Em conjunto, os filmes mencionados enfocam e explicitam a vinculação entre os seguintes aspectos da realidade brasileira:

a)   cultura popular e tecnologia social.

b)   ecologia urbana e educação pública.

c)   prática religiosa e assistência social.

d)   violência urbana e segurança pública.

07. Comente sobre o final do filme.

      Resposta pessoal.