domingo, 20 de setembro de 2020

POEMA: JARDINEIRA - ROSEANA MURRAY - COM GABARITO

 POEMA: JARDINEIRA

  Roseana Murray

 A avó é jardineira                                                      

tem o dedo verde

e não só o dedo,

mas as mãos e os pés.

Hoje é dia de plantar flores,

e os netos, as netas

são seus aprendizes.

Com pás e terra boa,

sementes e regador,

todos cavam

feito uma orquestra

e afofam, aconchegam,

fazem para as futuras flores

caminhas macias.

Logo ali, no futuro,

girassóis, sempre-vivas

e margaridas dançarão ao som

do vento.

 

MURRAY, Roseana. Colo de avó. Rio de Janeiro: Manati, 2015.

ENTENDENDO O TEXTO

1)   Que texto é esse?

       É um poema.

 

2)   Quantos versos e quantas estrofes possui esse poema?

         O poema possui 18 versos e 4 estrofes.

 

3)   Quando se lê “A avó é jardineira / tem o dedo verde”, o que se pode esperar dela?

       Que ela tem o dedo verde, tem boa mão para a jardinagem, lida bem com as plantas.

 

4)   E se essa vovó tem “não só o dedo,/ mas as mãos e os pés”, o que fica diferente?

      Significa que ela é ainda melhor ao lidar com o jardim do que as pessoas que têm, simplesmente, um dedo verde. Ela ama o que faz e se dedica àquela tarefa.

5)   Você sabe o que é uma orquestra, não é mesmo? É um conjunto de músicos que tocam seus instrumentos. Um maestro rege a orquestra, para que os músicos saibam os momentos em que devem entrar em cena os instrumentos tocados harmoniosamente.

       Agora releia: “Com pás e terra boa,/ sementes e regador,/todos cavam / feito uma orquestra /e afofam, aconchegam, / fazem para as futuras flores/ caminhas macias.”

a)   Que ideia expressa a palavra destacada?

A palavra “feito” expressa uma comparação e pode ser substituída por “como”.

 

b)   O que há em comum entre uma orquestra e o ato de cavar?

Uma orquestra, para funcionar bem, precisa tocar de forma equilibrada, harmoniosa. E “cavar”, no poema, transmite a noção de trabalho em equipe, ao transformar a terra em camas macias para as flores.

 

c)   Que sentimento nos traz a ideia de “caminhas macias” para flores?

A ideia das caminhas macias sugere afeto, cuidado, proteção, conforto, no preparo da terra para plantar as flores.

LIVRO(FRAGMENTO): O MENINO DO DEDO VERDE - CAPÍTULO SEIS - MAURICE DRUON - COM GABARITO

 LIVRO(FRAGMENTO): O MENINO DO DEDO VERDE - CAPÍTULO SEIS

                                      Maurice Druon

  Onde Tistu recebe uma lição de jardim e descobre, ao mesmo tempo, que possui polegar verde.

         Tistu pôs chapéu de palha para ir à aula de jardim.

        Era a primeira experiência do novo sistema. O Sr. Papai havia julgado melhor começar por aí. Uma lição de jardim, afinal de contas, é uma lição de terra, essa terra em que caminhamos, que produz os legumes que comemos e o capim com que os animais se alimentam, até ficarem bastante gordos para serem comidos...

       A terra, tinha declarado o Sr. Papai, está na origem de tudo.

      "Tomara que o sono não venha!" — dizia Tistu consigo mesmo, a caminho da aula.

      O jardineiro Bigode, prevenido pelo Sr. Papai, já esperava o aluno na estufa.

      O jardineiro Bigode era um velho macambúzio, de pouca conversa, e não lá muito amável. Uma extraordinária floresta, cor de neve, brotava-lhe entre o nariz e a boca.

     Como descrever os bigodes de Bigode? Uma das maravilhas da natureza. Nos dias de vento, quando o jardineiro passava de pá ao ombro, era um verdadeiro espetáculo: pareciam duas chamas que lhe saíssem do nariz para queimar-lhe as orelhas.

     Tistu bem que gostava do velho jardineiro, mas tinha um pouco de medo.

     — Bom dia, Sr. Bigode — disse Tistu, tirando o chapéu.

     — Ah! Você já chegou... Vamos ver do que é capaz. Está vendo este monte de terra e estes vasos? Você vai encher os vasos de terra e enfiar o polegar bem no meio, para fazer um buraco. Depois ponha tudo em fila, ao longo do muro. Então a gente coloca nos buracos as sementes que quiser.

       As estufas do Sr. Papai eram admiráveis e dignas, em tudo, do resto da casa. Sob a proteção dos vidros cintilantes, mantinha-se, graças a um aquecedor, um ar úmido e quente. Ali mimosas 27 floresciam em pleno inverno, cresciam palmeiras importadas da África, e cultivavam-se lírios pela sua beleza e jasmins pelo seu perfume. E até orquídeas, que não são belas nem cheiram, por um motivo inteiramente inútil para uma flor: a raridade.

        Bigode era o senhor daquele recinto. Quando Dona Mamãe, aos domingos, trazia as amigas para ver a estufa, ele postava-se à porta, de avental novo, tão amável e falante quanto um cabo de enxada.

        À menor tentativa de acender um cigarro ou tocarem numa flor, Bigode saltava sobre a imprudente:

          — Era o que faltava! Será que as senhoras querem sufocar e estrangular minhas flores?

          Tistu, ao realizar o trabalho que Bigode lhe confiara, teve uma agradável surpresa: esse trabalho não lhe dava sono. Ao contrário, dava-lhe um grande prazer. Ele achava que a terra tinha um cheiro gostoso. Um vaso vazio, uma pá de terra, um buraco com o dedo, e o serviço estava pronto. Passava-se logo ao seguinte. Os vasos iam-se alinhando rente ao muro.

          Enquanto Tistu prosseguia o trabalho com afinco, Bigode dava lentamente uma volta pelo jardim. E Tistu descobriu aquele dia por que é que o velho jardineiro falava tão pouco com as pessoas: ele conversava com as flores.

          Vocês compreendem facilmente que depois de cumprimentar cada rosa de um ramo, cada cravo de uma touceira, já não há voz que chegue para distribuir "Boa noite, meu senhor!" ou "Bom apetite, minha senhora!" ou "Saúde!" quando alguém espirra, — todas essas coisas, enfim, que fazem os outros dizerem: "Como ele é bem educado!"

          Bigode ia de uma flor a outra, preocupando-se com a saúde de 28 cada uma.

         — Então, rosa-chá, sempre fazendo das suas! Guarda os botões escondido para fazê-los abrir quando ninguém espera... E você, trepadeira, está pensando que é a rainha da montanha, querendo fugir pelo alto dos caixilhos... Veja se isso são modos!

         Em seguida, virou-se para Tistu e gritou-lhe de longe:

         — Então, é para hoje ou para amanhã?

         — Um pouco de paciência, professor! Só faltam três vasos — respondeu Tistu.

         Apressou-se em terminar e foi ao encontro de Bigode, na outra ponta do jardim.

        — Pronto, acabei.

        — Bom, vamos ver — resmungou o jardineiro.

        Voltaram devagarinho, porque Bigode aproveitava, ora para cumprimentar uma grande peônia pelo seu belo aspecto, ora para encorajar uma hortênsia a se tornar mais azul... De repente, eles pararam imóveis, boquiabertos, estupefatos, fora de si.

        — Será que eu estou sonhando? — disse Bigode, esfregando os olhos. — Você está vendo o mesmo que eu?

        — Estou, Sr. Bigode.

        Ao longo do muro, ali mesmo, a poucos passos, todos os vasos que Tistu enchera haviam florescido em menos de cinco minutos!

        Mas é preciso explicar: não se tratava de uma tímida floração, hastes pálidas e hesitantes. Nada disso! Em cada vaso se avolumavam as mais soberbas begônias. E todas formavam, alinhadas, uma espessa sebe vermelha.

      — É inacreditável! — dizia Bigode. — É preciso pelo menos dois meses para begônias assim!

       Um prodígio é um prodígio. Primeiro, a gente o constata. Depois, procura explicá-lo. Tistu perguntou:

      — Mas, se não se havia posto semente, Sr. Bigode, de onde é que saíram estas flores?

     — Mistério, mistério... — respondeu Bigode.

     Em seguida, tomou bruscamente nas suas mãos calejadas a mãozinha de Tistu.

      — Deixe ver o polegar!

      Examinou atentamente o dedo do menino, em cima e embaixo, na sombra e na luz.

      — Meu filho — disse enfim, após madura reflexão — ocorre com você uma coisa extraordinária, surpreendente! Você tem polegar verde...

      — Verde! — exclamou Tistu muito espantado. — Acho que é cor-de-rosa, e até que está bem sujo! Verde coisa alguma!

      Olhou seu polegar, muito normal.

      — É claro, é claro que você não pode ver — replicou Bigode,.

      — O polegar verde é invisível. A coisa se passa por dentro da pele: é o que se chama um talento oculto. Só um especialista é que descobre. Ora, eu sou um especialista. Garanto que você tem polegar verde.

     — E para que serve isto de polegar verde?

    — Ah! é uma qualidade maravilhosa — respondeu o jardineiro. — Um verdadeiro dom do céu! Você sabe: há sementes por toda parte. Não só no chão, mas nos telhados das casas, no parapeito das janelas, nas calçadas das ruas, nas cercas e nos muros. Milhares e milhares de sementes que não servem para nada. Estão ali esperando que um vento as carregue para um jardim ou para um campo. Muitas vezes elas morrem entre duas 30 pedras, sem ter podido transformar-se em flor. Mas, se um polegar verde encosta numa, esteja onde estiver, a flor brota no mesmo instante. Aliás, a prova está aí, diante de você! Seu polegar encontrou na terra sementes de begônia, e olhe o resultado! Que inveja que eu tenho! Como seria bom para mim, jardineiro de profissão, um polegar verde como o seu!

        Tistu não pareceu muito entusiasmado com a descoberta.

        — Já vão dizer de novo que eu não sou como todo mundo — resmungou.

        — O melhor — replicou-lhe Bigode — é não falar nada com ninguém. Que adianta despertar curiosidade ou inveja? Os talentos ocultos, em geral, trazem aborrecimentos. Você tem o polegar verde, está acabado. Mas guarde para você, e fique em segredo entre nós.

         E no caderninho de notas, entregue pelo Sr. Papai e que Tistu devia fazer assinar no fim de cada aula, o jardineiro Bigode escreveu apenas:

         "Este menino revela boas disposições para a jardinagem."

 DRUON, Maurice. O menino do dedo verde. tradução de D. Marcos Barbosa 35.ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1989.

ENTENDENDO O TEXTO

 1)   Sobre os bigodes do jardineiro...

a)   No trecho “Como descrever os bigodes de Bigode?”, temos uma mesma palavra escrita de dois modos diferentes. Por quê?

Porque a grafia do nome próprio (Bigode) e o bigode se refere a um substantivo, ou seja, ao vistoso bigode que o jardineiro tem.

 b)   A que o autor comparou os bigodes do Sr. Bigode? Copie do texto.

“Uma extraordinária floresta, cor de neve, brotava-lhe entre o nariz e a boca.”

“...pareciam duas chamas que lhe saíssem do nariz...”.

 2)   Releia com os seus colegas: “Bigode era o senhor daquele recinto. Quando Dona Mamãe aos domingos, trazia as amigas para ver a estufa, ele postava-se à porta, de avental novo, tão amável e falante quanto um cabo de enxada.”

a) Que recinto é esse?

O recinto é a estufa, um local que absorve o calor do sol e protege as plantas.

 b)   Que elementos estão sendo comparados em “tão amável e falante quanto um cabo de enxada”?

Compara-se aqui o jardineiro Bigode ao cabo de uma enxada.

 c)   Um cabo de enxada pode ser amável e falante? O que significa, então, essa comparação?

Foi levada em conta a característica de Bigode: ser pouco comunicativo, assim como um cabo de enxada ou qualquer outro objeto inanimado.

 d)   Talvez você, agora, possa deduzir o significado da palavra destacada em “O jardineiro Bigode era um velho macambúzio, de pouca conversa, e não lá muito amável.”

Resposta pessoal.

Macambúzio significa “tristonho, mal-humorado”.

 3)   O jardineiro Bigode é um adulto que conversa com as flores, mas é carrancudo com as pessoas. Que sentimento você percebe na relação desse adulto com suas plantas?

Ele demonstrava amor e interesse por elas, preocupava-se com a saúde delas, animava-se com seus progressos. Seus comentários podem ser comparados aos de responsáveis por

Crianças pequenas sobre suas travessuras.

 4)   Releia: “Tistu, ao realizar o trabalho que Bigode lhe confiara, teve uma agradável surpresa: esse trabalho não lhe dava sono. Ao contrário, dava-lhe um grande prazer. Ele achava que a terra tinha um cheiro gostoso.”

Que opinião o menino tinha sobre sua atividade com Bigode?

Ele gostava do trabalho e achava que a terra tinha um cheiro bom.

5)   O que significa ter um polegar verde? Que consequências isso traria para um jardineiro?

Ter polegar verde significa ter uma ótima capacidade para lidar com as plantas, cultivá-las, cuidar delas. Um jardineiro com esse dom produziria linda flores, que cresceriam muito mais rápido, além de seu cultivo dar menos trabalho.

 6)   “De repente, eles pararam imóveis, boquiabertos, estupefatos, fora de si.” Observe que Tistu e Bigode tiveram as mesmas reações e suas emoções foram aumentando de intensidade. Que fato desencadeou essas reações?

Todos os vasos que Tistu havia enchido de terra haviam florescido em menos de cinco minutos, e as flores eram lindas!

 7)   Tistu não ficou nem um pouco animado com a novidade. Que fala do menino expressa seu descontentamento?

“Já vão dizer de novo que eu não sou como todo mundo”.

 

8)   O que a expressão de novo, na resposta anterior, revela?

A expressão revela que ele já havia ouvido alguém dizer que ele não era como todo mundo.

 

9)   No trecho “Tistu, ao realizar o trabalho que Bigode lhe confiara teve uma agradável surpresa: esse trabalho não lhe dava sono.” O fato de não ficar com sono, durante o trabalho solicitado por Bigode, foi uma surpresa para o menino. O que essa surpresa indica?

Indica que, em outras situações, Tistu teria ficado com sono, já que as atividades realizadas não lhe teriam dado prazer.

 

10)              Que atitude de Bigode demonstra um profundo respeito pelo talento oculto de Tistu?

O fato de manter segredo.

POEMA: O CARVALHO E O JUNCO - PEDRO BANDEIRA - SME RIO - COM GABARITO

 POEMA: O CARVALHO E O JUNCO

                    Pedro Bandeira

Na beira da de um riacho, espalhava-se um carvalho.

Forte, belo, majestoso, da raiz até o galho.

 

Bem pertinho ali crescia um caniço, um mato à-toa

Era um junco muito fino, a fraqueza era em pessoa.

 

Lá na sombra do carvalho, pobre junco assim vivia.

Nada tinha pra fazer e era isso que fazia.

 

“Que matinho mais sem jeito!”, disse orgulho só o carvalho.

“Não tem flor e nem tem fruto, não tem folhas, nem tem galho!”

 

“Mil perdões se eu lhe incomodo e perturbo sua altivez.

Não sou mato, sou um junco...”,respondeu com timidez.

 

“Isso pra mim é o mesmo, se é capim, se é junco ou grama.

Pois eu vivo aqui em cima, você não: vive na lama!”

 

“Eu lhe peço mil desculpas por ser tão inferior.

Nem prato dos é possível nascer tão grande senhor...”

 

“Olhe, eu digo que dá pena ver um junco fraco assim.

Tão feioso, tão pelado, tão estranho isso é pra mim!”

O matinho ficou triste, até mesmo se ofendeu,

e, olhando para cima, decidido respondeu:

 

“Não estranhe a natureza, que não faz nada por mal.

Nela tudo tem valor, mas nem sempre é tudo igual...”

 

Foi aí que uma aragem, um ventinho passageiro,

soprou leve pelos campos, bem fresquinho, bem ligeiro.

 

O carvalho, lá em cima, nem prestou muita atenção,

mas o junco, coitadinho, viu-se em má situação.

 

Fraco e fino como era, pelo vento era dobrado,

arrastava-se no chão e tombava para o lado.

 

“Ui, carvalho, me acuda, se não for muito trabalho!”

Lá do alto só se ouvia a risada do carvalho:

 

“Ah, ah, ah! E a natureza? Fez o vento para quê?

Ah, pois se ela nunca erra, errou quando fez você!”

 

Muito triste estava o junco quando a tal brisa passou

e ficou bem caladinho depois que se endireitou.

 

E o tempo foi passando lá na beira do riacho,

com o junco e o carvalho, um por cima, outro por baixo.

Mas um dia, de repente, veio um vento furioso.

Um tufão logo seguido de um barulho pavoroso!

 

Todo bicho correu logo, percebendo o perigo.

Qualquer canto protegido serviria como abrigo.

 

Lá na copa do carvalho, até mesmo os passarinhos

resolveram ir embora e deixaram os seus ninhos.

 

Vai que o junco, tão fraquinho, contra a força do tufão

resistir não poderia e dobrou-se rente ao chão.

 

O carvalho, no entanto, não poderia se dobrar.

Resistiu com toda a força, agarrando-se ao lugar.

 

Mas o vento era  demais e ele não aguentou.

O tufão forçou sua copa e na terra o derrubou!

 

Quando tudo se acalmou, foi a vez de o junco ver

que o enorme do carvalho nunca mais ia se erguer.

 

“Ainda bem que sou fraquinho!”, disse o junco, aliviado.

Se eu fosse como ele, já estaria derrubado!”

 

BANDEIRA, Pedro. Fábulas palpitadas. São Paulo: Moderna, 2007.

SME Rio - LP5 4BIM ALUNO 2013 - Else Lopes Emrich Portilho - Elaboração.

ENTENDENDO O POEMA

1)   Você consegue deduzir o significado de majestoso? Essa palavra se parece com uma outra que você conhece...

Resposta pessoal.

Sugestão: A palavra lembra majestade. Majestoso significa “que tem porte, imponente, grandioso”.

2)   O Junco “Nada tinha pra fazer e era isso que fazia. ”A que se refere a palavra em negrito? Que sentido tem essa palavra no verso?

Refere-se à falta do que fazer do junco. O sentido é o de que o junco tinha uma existência praticamente inútil.

 3)   Na fala do carvalho “Pois eu vivo aqui em cima, você não: vive na lama!”, qual a função dos dois pontos?

Os dois pontos indicam que haverá uma explicação, um complemento.

 4)   Agora, experimente substituir os dois pontos por uma vírgula e, depois, por um ponto. Leia com os seus colegas e observe se mudou o sentido. Tente também um ponto de exclamação.

Resposta pessoal.

Atividades de leitura dramatizada auxiliam na compreensão do uso dos sinais de pontuação e, como consequência direta, na compreensão e interpretação dos textos.

         5)             Vamos mexer mais uma vez na pontuação do trecho anterior! Veja o que acontece se você ler o trecho ignorando os dois pontos. Escreva o que você descobriu.

Resposta pessoal.

POEMA: DOIS IRMÃOS - LÚCIA ROMEU - COM GABARITO

 POEMA:DOIS IRMÃOS

                                                 Lúcia Romeu

A árvore grande

tinha um galho especial

que era o balanço mais gostoso daquele quintal...

O menino queria pra

sempre, viver ali, naquela

árvore,

e convenceu a sua mãe,

que ele, menino,

era uma árvore também...

Olha só o que ele tem:

Ele tem raiz, dos cabelos...

Ele tem maçãs, do rosto...

E os olhos?

Duas jabuticabas...

Ah! Tem planta, do pé...

E tem batata da perna...

Menino engraçado esse...

Fruto criança que amadurece,

E que renova a natureza,

Enquanto cresce, cresce,

Cresce

Menino!

BEDRAN, Bia. Quintal. Niterói Discos, 1992.

ENTENDENDO O POEMA

1)   Que tema é abordado nesse texto?

É um poema sobre um menino que tem muito em comum com uma árvore.

 

2)   No texto, a quem o narrador se dirige em “Olha só o que ele tem:”?

O narrador se dirige ao leitor.

 

3-O menino do texto queria muito viver naquela árvore.

a)   Que motivo havia para esse desejo tão grande?

A árvore tinha um galho especial que era o balanço mais gostoso daquele quintal.

 

b)   E como o menino consegue convencer sua mãe? 

Ele se compara a uma árvore: tem raiz dos cabelos, maçãs do rosto, tem olhos como duas jabuticabas, tem planta do pé e batata da perna.

  

4)   Que efeito de sentido tema repetição nos versos

 “Ele tem raiz, dos cabelos.../

Ele tem maçãs, do rosto.../Ah! Tem planta, do pé.../E tem batata da perna...”?

A repetição reforça a quantidade de partes do corpo que o menino tem comum com a árvore.

 

POEMA: AS ÁRVORES - ARNALDO ANTUNES - COM GABARITO

 POEMA: AS ÁRVORES

                   Arnaldo Antunes

 As árvores são fáceis de achar

Ficam plantadas no chão

Mamam do sol pelas folhas

E pela terra

Também bebem água

Cantam no vento

E recebem a chuva de galhos abertos

Há as que dão frutas

E as que dão frutos

As de copa larga

E as que habitam esquilos

As que chovem depois da chuva

As cabeludas, as mais jovens mudas

As árvores ficam paradas

Uma a uma enfileiradas

Na alameda

Crescem pra cima como as pessoas

Mas nunca se deitam

O céu aceitam

Crescem como as pessoas

Mas não são soltas nos passos

São maiores, mas

Ocupam menos espaço

Árvore da vida

Árvore querida

Perdão pelo coração

Que eu desenhei em você

Com o nome do meu amor.

ANTUNES, Arnaldo. As coisas. Editora Iluminuras: São Paulo, 2000

  ENTENDENDO O POEMA

 1)   O poeta usa uma linguagem divertida para falar sobre a árvore. Copie, do poema, os versos que a comparam, claramente, aos seres humanos.

Crescem pra cima como as pessoas.

Crescem como as pessoas.

 2)   A que parte do corpo humano se relacionam os “galhos abertos”?

Os galhos abertos têm relação com os braços abertos.

  3)   Agora, veja se você consegue descobrir, no texto, outras características e ações próprias de seres humanos:

Ações: mamam, bebem água, cantam, choram.

Características: cabeludas, mudas.

 4)   Releia: “Mamam do sol pelas folhas / E pela terra / Também bebem água”. Como é possível isso? Parece até uma aula de Ciências!

As árvores recebem a energia do sol pelas folhas e retiram a água do solo pelas raízes.

5)   O que o poeta quis dizer com “Crescem como as pessoas / Mas não são soltas nos passos”?

As árvores crescem como as pessoas, mas não andam, não saem do lugar.

       6)   Em “As cabeludas, as mais jovens mudas”, como podemos entender a palavra em destaque?

“Mudas” têm o sentido de “caladas, sem falar” e também significam “plantas ainda jovens”.

 7)   Copie, os versos em que o eu do texto se dirige, com carinho, à árvore.

          “Árvore da vida

           Árvore querida”.

sábado, 19 de setembro de 2020

VIDEOCLIPE DA CANÇÃO: CRUEL - NINA FERNANDES - COM GABARITO

 Videoclipe Canção: Cruel

              


                                               Nina Fernandes

Puxa que eu vou indo junto
Quem fala primeiro?
Fecha esse olho
Pra sentir.

Anda que eu vou indo atrás
Quem ama primeiro?
Nesse sufoco
De não dizer.

Tem prazo, selo, validade
Limite, tem fronteira
Audácia contra desafio
Vaidade, busco uma maneira.

Cama, foto rasgada
Volta esse filme, amor
Eu quero ver você.

Fala que é de verdade, que a realidade
Poderia ser
Menos cruel
Comigo e com você.

Nina Fernandes.

Entendendo a canção:

01 – “Cruel” é uma canção de amor. No videoclipe, a protagonista aparece segurando uma casinha. Que outros objetos apresentados ao longo do clipe lembram o amor da protagonista?

      O cachorro, a flor, os abajures, a máquina fotográfica, o telefone, o disco de vinil e o gramofone.

02 – O que as diretoras do clipe fazem para mostrar que a protagonista está se sentindo sozinha?

      Elas mostram a cantora pequena diante de objetos como uma flor imensa. Além disso, ela é filmada de cima para baixo e a distância (ampliando a sensação de solidão), toca piano sozinha em meio a uma grande paisagem; e surge isolada em um arrozal, um milharal e uma praia deserto.

03 – Que objetos sugerem o contato que a protagonista da história narrada no videoclipe tem com o universo da música?

      Um piano, um gramofone e um disco de vinil.

 

CONTO: PIRATAS SEM PIEDADE - SUELY MENDES BRAZÃO - COM GABARITO

 Conto: Piratas sem piedade


Suely Mendes Brazão

        Voltando das ilhas do Caribe, o pirata francês Jean-Thomas Dulaien comandava seus dois navios, que se chamavam Sem rumo e Sem piedade.

        Na altura da linha do Equador, desviou-se rapidamente da rota programada e veio dar nas costas do Maranhão.

        -- Que sorte! – exclamou de repente. – [...]. Não acredito no que estou vendo. Vou procurar imediatamente um bom local para lançar âncora. Esta era a grande oportunidade que eu esperava na vida....

        O que tanto encantava Dulaien era, na verdade, uma visão macabra. A poucas milhas do litoral, mas fora do alcance da vista de quem estivesse em terra, uma nau portuguesa, com a cruz de malta estampada em suas velas, estava adernada a estibordo. Com certeza, tinha sido atingida à noite por forte tempestade: seus mastros estava partidos, o velame rasgado, o timão quebrado e, boiando no mar, nas proximidades do barco, havia corpos de marinheiros mortos.

        Tudo isso, porém, não estava interessando a Dulaien: seus olhos brilhavam porque, do alto da gávea de seu barco, onde estava pendurado, ele já a imaginava com o carregamento da nau: sacos e arcas abarrotados, de moedas e lingotes de ouro, dos quais poderia se apossar.

        Tudo seria seu! Bastava chegar à nau antes que afundasse de vez e ordenar a seus homens que, cuidadosamente, a saqueassem.

        E Dulaien estava certo. O feixe de luz que se espalhou ao se abrirem as portas dos porões do navio fez refulgir o ouro, que transbordava de sacos e mais sacos e se espalhava pelo chão.

        – Vamos, molengas, vamos ao saque! – gritou, animando seus homens. – O lucro é bom. Mas façam depressa, antes que esta banheira afunde!

        Muito experientes em pilhagens, os piratas de Dulaien esvaziaram a nau em menos de uma hora. Quando a embarcação afundou, o Sem piedade já estava cheio de ouro, conforme as ordens do capitão.

        – E agora, meus caros, vamos festejar! Tragam para este navio toda a comida e toda a bebida que houver no Sem rumo. A festa hoje vai ser aqui, ao lado de nossas riquezas.

        – Mas é mesmo para levar tudo, capitão? Temos suprimentos para toda a viagem de volta à França. É muita coisa, senhor.

        – Não ouse contrariar minhas ordens, se não quiser ser trancado no porão a pão e água!

        Os homens fizeram o que Dulaien mandou e, logo em seguida, os dois navios piratas rumaram para as proximidades de uma ilha. Ao cair da noite, os festejos a bordo: mais beberam do que comeram, fazendo tinir as moedas de ouro sobre a tosca madeira da grande mesa improvisada no convés.

        Alta hora da madrugada, Dulaien sugeriu:

        – Vamos todos para a terra! Quero que meus homens descansem ao ar livre... [...]

        Sem condições de discutir nada, os homens saíram nos botes, remando lentamente. O capitão pirata ia à frente: ao contrário de seus comandados, parecia sóbrio, forte, sem sono.

        Duas horas depois, quando todos já dormiam, cobertos pelas estrelas e embalados pelo vinho, um barquinho afastou-se sorrateiramente da ilha, rumo ao Sem piedade: era Dulaien, que só, com todo o ouro, bem escondido nos porões, fugia para a Europa. [...]

        No dia seguinte, por volta do meio-dia, ao acordar, os marinheiros não tiveram outra opção.

        Voltaram ao Sem rumo e procuraram o porto brasileiro mais próximo. Para não morrer de fome e para poder voltar à Europa, tentaram saquear a cidade, mas foram presos imediatamente e trancafiados na mais subterrânea e escura masmorra.

        E é bem provável que tenham morrido lá, pois quem iria salvá-los?

Suely Mendes Brazão. Contos de piratas, corsários e bandidos. São Paulo: Ática, 1992.

Fonte: Língua Portuguesa. Entre palavras – Edição renovada. Mauro Ferreira. 5ª série. Ed. FTD – São Paulo – 1ª edição – 2002. P. 29-32.

 

Entendendo o conto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Adernado: inclinado, tombado.

·        Convés: piso ou pavimento de um navio, especialmente aquele em céu aberto.

·        Cruz de malta: símbolo do cristianismo, utilizado em navios portugueses.

·        Estibordo: lado direito de uma embarcação.

·        Gávea: plataforma semelhante a um cesto entalada no alto do mastro.

·        Lingote: metal fundido em forma de barra.

·        Macabro: relativo à morte; sinistro.

·        Masmorra: prisão.

·        Nau: navio de grande porte.

·        Pilhagem: roubo praticado por um grupo de pessoas.

·        Refulgir: brilhar com intensidade.

·        Saquear: roubar, apossar-se com violência.

·        Suprimento: mantimento, estoque de alimentos.

·        Timão: volante com que se manobra a embarcação.

·        Tosco: rústico, grosseiro.

·        Velame: conjunto das velas de uma embarcação.

02 – Piratas eram aventureiros que navegavam pelos mares para atacar navios e roubar suas cargas. Os nomes dos dois navios fazem referência ao modo de viver e de agir dos piratas? Justifique.

      Sim. Sem rumo indica que os piratas, procurando navios para atacar, viajavam sem destino certo. Sem piedade indica o modo cruel como eles agiam: matavam as pessoas, punham fogo nos navios, etc.

03 – O que havia acontecido com o navio português que os piratas encontraram?

      Ele havia sido destruído por uma tempestade e as pessoas que estavam nele haviam se afogado.

04 – Releia a primeira fala do capitão dos piratas.

a)   O que Dulaien quer dizer com “o diabo me ajudou”?

Ele quer dizer que o diabo é que tinha provocado o naufrágio. O fato de o navio estar destruído facilitaria o trabalho dos piratas de roubar o que havia nele.

b)   Quando encontrou o navio português, Dulaien já era um pirata realizado em sua profissão? Justifique, baseando-se na fala do próprio pirata.

Não. Ele afirma: “Esta era a grande oportunidade que eu esperava na vida...”, o que permite concluir que ele ainda não havia tido a oportunidade de saquear um navio com tantas riquezas.

05 – O que o chefe dos piratas pretendeu:

a)   Quando ordenou que toda comida fosse levada para o Sem piedade?

Ele quis deixar o Sem rumo sem nada para os outros piratas comerem. Assim, eles não poderiam perseguir o Sem piedade até a Europa. Se tentassem, morreriam de fome.

b)   Com a festa?

A festa serviu para Dulaien embebedar os piratas. Se eles não estivessem bêbados, talvez desconfiassem dos planos dele e não aceitariam ir para a ilha.

c)   Quando propôs aos piratas que todos fossem para a ilha?

Ele fez isso para que os piratas, já bêbados, dormissem na ilha e ele pudesse fugir sozinho.

06 – Resuma o que aconteceu com os piratas assim que eles acordaram.

      Eles voltaram ao Sem rumo e, como não tinham comida, procuraram um porto brasileiro e atacaram a cidade. Foram presos e provavelmente morreram na prisão.

07 – Responda.

a)   O que você achou do plano de Dulaien?

Resposta pessoal do aluno.

b)   Se você fosse um dos piratas, como se sentiria ao perceber o que Dulaien havia feito?

Resposta pessoal do aluno.

08 – O texto que estudamos é uma narrativa de aventura. Você acha que os fatos narrados são apenas uma história de ficção (isto é, uma história inventada) ou podem ter acontecido no mundo real?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: No texto não tem nenhuma indicação de que se trata de um texto impossível de ter acontecido na realidade.