segunda-feira, 21 de outubro de 2024

NOTÍCIA: RIR, O MELHOR REMÉDIO - FRAGMENTO - LEANDRO SARMATZ - COM GABARITO

 Notícia: Rir, o melhor remédio – Fragmento

        Gargalhadas são contagiosas. Mulheres riem mais que homens. Chimpanzés adoram cócegas. Com você, a divertida história do riso.

        Em janeiro de 1962, um surto de riso num internato para garotas de Kahasha, um pequeno vilarejo na Tanzânia, obrigou o fechamento temporário da escola. A “epidemia” começara da maneira mais simples do mundo. Três alunas desataram a rir – sim, apenas “rá! rá! rá!” – e logo as gargalhadas tomaram conta de outras 95 das 159 meninas do internato. Eram ataques que podiam durar poucos minutos, um par de horas – mas também vários dias. A escola reabriu suas portas quatro meses depois, porém teve que fechá-las novamente em poucas semanas. Tudo porque outras 57 meninas haviam sido contaminadas pelo surto de hilaridade.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjE_9XDEGnBFLOWhwxm9jQZsRPOm2pMIxOyAwEls_bdwzp8oZ8P6_SdDkw2rxiW4ETnE6oHP0q6E2J28_KbxiiIbmOW2mhV8x9Yc1yOluHawoMJWm-4DzT54qKEIUJJMeBavS_w70Xu-EkPe5EEsYnjC32OwrLmuzSBFLFwgSbkCNSFywtw9qAKlv9_Oco/s320/rir.jpg


        As risadas não se restringiram aos corredores da escola. Tal como uma versão cômica (e benigna) do vírus ebola, a epidemia espalhou-se rapidamente por alguns grotões do país africano. Como relata Robert R. Provine, professor de Psicologia e Neurociências na Universidade de Maryland, Estados Unidos, e autor de Laughter: A Scientific Investigation (Risada: uma investigação científica), ainda sem tradução no Brasil), logo outras regiões da Tanzânia estavam sofrendo com o surto de gargalhadas espalhado pelas alunas do internato.

        As risadas foram parar em Nshamba, cidade natal de várias garotas. Mais ou menos 200 dos 10 000 habitantes – ou 2% da população – contraíram um riso incontrolável, torrencial. (Imagine apenas por um segundo uma coisa dessas numa cidade como São Paulo, que conta com mais de 12 milhões de habitantes. Nada menos que 240 000 paulistanos estariam se contraindo de tanto rir.) Pelos registros apresentados por Provine, tratava-se de uma epidemia eminentemente feminina: começava com as adolescentes das escolas, depois passava para suas mães e, em seguida, a parentada de saias (tias e primas) também ria à larga. Nenhum homem foi contaminado.

        A epidemia só entregou os pontos dois anos depois, em junho de 1964, deixando um saldo de 1 000 pessoas contaminadas. E só foi possível debelá-la porque as autoridades locais submeteram as cidades a quarentena. Sim: quarentena. Ninguém podia entrar ou sair das regiões atingidas enquanto houvesse alguém gargalhando. Sem achar a menor graça naquilo tudo, investigou-se a possibilidade de um surto de encefalite ou mesmo alguma reação tóxica, sabe-se lá. Todos os resultados foram negativos. A conclusão apelou para a boa e velha psicologia: presumivelmente, o que houve entre as meninas de Kahasha foi um surto de histeria.

        “O riso coletivo desafia a velha hipótese de que somos criaturas racionais, com pleno controle sobre o nosso comportamento”, explica Robert R. Provine. Ele compara a reação das meninas da Tanzânia ao latido dos cães e ao piar dos pássaros, duas reações coletivas incontroláveis no reino animal. O ataque geral de riso até pode ser um traço de união com o resto da natureza, mas o riso – a gargalha, o humor, a graça – é um poderoso fenômeno de socialização entre seres humanos.

        [...]

SARMATZ, Leandro. Rir, o melhor remédio. Superinteressante, 13 nov. 2016. Disponível em: https://super.abril.com.br/ciencia/rir-o-melhor-remedio/. Acesso em: 27 abr. 2021.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 1. Língua Portuguesa – 7º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 03-04.

Entendendo a notícia:

01 – Qual foi a principal característica da epidemia de riso em Kahasha?

      A principal característica foi a sua natureza contagiosa e incontrolável. O riso se espalhou rapidamente entre as meninas do internato e, posteriormente, pela comunidade, causando um verdadeiro surto de hilaridade.

02 – Por que a epidemia afetou principalmente mulheres?

      A razão exata ainda não é totalmente compreendida, mas algumas teorias sugerem que fatores socioculturais, como a maior expressividade emocional atribuída às mulheres em algumas culturas, podem ter contribuído para a maior susceptibilidade delas ao riso contagioso.

03 – Quais foram as implicações sociais da epidemia?

      A epidemia causou grande perturbação na vida da comunidade, levando ao fechamento temporário da escola e à imposição de quarentenas. Além disso, gerou curiosidade e preocupação entre as autoridades locais e a comunidade científica.

04 – Qual foi a explicação mais aceita para a epidemia?

      A explicação mais aceita foi a de que se tratou de um caso de histeria coletiva, um fenômeno psicológico em que um grupo de pessoas experimenta sintomas físicos ou emocionais semelhantes sem causa médica aparente.

05 – Como o riso pode ser considerado um fenômeno social?

      O riso é um fenômeno social porque ele conecta as pessoas, fortalece laços e cria um senso de comunidade. O caso da Tanzânia demonstra como o riso pode se espalhar rapidamente entre um grupo e unir as pessoas em uma experiência compartilhada.

06 – Qual a importância do estudo do riso contagioso?

      O estudo do riso contagioso pode nos ajudar a entender melhor a natureza da comunicação humana, a importância das emoções em nossas vidas sociais e os mecanismos que subjazem a fenômenos como a histeria coletiva.

07 – Quais são as possíveis implicações do estudo do riso contagioso para outras áreas do conhecimento?

      O estudo do riso contagioso pode ter implicações para diversas áreas, como a psicologia, a sociologia, a antropologia e a neurociência. Por exemplo, pode ajudar a desenvolver novas abordagens para o tratamento de doenças mentais, como a depressão, e para a promoção do bem-estar social.

 

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