sábado, 26 de outubro de 2024

POEMA: CROMO E NOTA DE PÉ DE PÁGINA - ALÍPIO FREIRE - COM GABARITO

 Poema: Cromo e nota de pé de página

              Alípio Freire

O céu é de um azul tão transparente

e alto e puro e limpo

que os flocos de nuvens

não temem brincar de carneirinhos

travessos e pacíficos

apascentados pela brisa suave

cavalgando os raios

do mais dourado sol de primavera.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdd3EnxX2ONMErkSanPTBAMC-Vvz5DU_4vINB_qRupAkX-HwoLyYN5q2oHsuhomieldpcVi7rR-J-47mTIy4k2Vsu-5O_LsS8LJ4zQ_jFenuw1HO_xJ2dYWFq1HWAsYmHCsGWiosuUX_PPbyC213OMy_2lLUQQGQFgddtaGr3WnqOf5w6JCn7RieVA1ok/s1600/CEU.jpg

Quando este cessa

concluindo o ciclo do dia

é a vez da lua de prata

cheia ou apenas sorridente

reinar entre as estrelas

E a Via Láctea dança para todos nós

sua dança noturna

desvendando seus sete véus

para pasmo do Sete Estrelos

e júbilo da mecânica celeste.

 

Cá em baixo

oceanos de turmalinas

enseadas de águas-marinhas

habitados por todas as espécies do mar

plantas e animais

do tempo em que os bichos falavam

contando estórias de príncipes e princesas

das sereias e da Mãe d’Água.

 

Depois são as areias

brilhando ouro ao sol

brilhando prata à lua.

 

Em seguida

as terras propriamente ditas

jardins das delícias com aleias cravejadas de brilhantes.

 

Há também as florestas com suas feras mansas

corolas de flores beijadas por borboletas

frutas maduras a enternecer pássaros

voos rasantes de libélulas sobre rios e lagos.

 

Por todos os lados

horizontes

amplos, infinitos, apaziguantes.

 

O bicho homem constrói suas casas

suas máquinas, suas vidas

em perfeita harmonia entre si

e com a natureza

Reconciliados.

 

As crianças de todas as raças

são coradas e sadias

todos os adultos são seus pais e mães

e o saber e a inteligência

são repartidos igualmente

como o pão e o vinho

o leite e o mel.

Há sobretudo uma alegria imensa

uma liberdade infinita

e o amor e a paixão são acessíveis a todos

(sem discriminação de raça, sexo, credo ou estado civil).

 

Tem até o trenzinho caipira

e o bonde da nossa infância

transportando todas as possibilidades de sonhos e querenças

transitando por quermesses ingênuas

cujas prendas têm o sabor de doces

que nossas mães prepararam para alimentar nossas alegrias.

 

Ah, meu camarada,

como dói a vida!

FREIRE, Alípio. Estação Paraíso. São Paulo: Expressão Popular, 2007. p. 41-45.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 1. Língua Portuguesa – 7º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 71-72.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal característica do mundo descrito no poema?

      O mundo descrito no poema é idealizado, caracterizado pela perfeição, harmonia e ausência de sofrimento. A natureza é retratada como um paraíso, e a sociedade é justa e igualitária.

02 – Como o poeta contrasta a natureza com a sociedade humana?

      O poeta estabelece uma relação de harmonia entre a natureza e a sociedade humana idealizada. A natureza é vista como um modelo de perfeição, e a sociedade humana busca imitar essa perfeição, vivendo em equilíbrio com o meio ambiente.

03 – Quais são os elementos que compõem a sociedade idealizada no poema?

      A sociedade idealizada é composta por elementos como igualdade, fraternidade, harmonia, ausência de conflitos, acesso igualitário a bens e serviços, e uma profunda conexão com a natureza.

04 – Qual a função da última frase do poema ("Ah, meu camarada, como dói a vida!")?

      A última frase do poema cria um forte contraste entre o mundo idealizado descrito nos versos anteriores e a realidade dolorosa da vida. Ela revela a consciência do poeta da impossibilidade de realizar esse ideal e expressa a dor causada pela distância entre o desejo e a realidade.

05 – Que tipo de crítica social pode ser inferido do poema?

      O poema pode ser interpretado como uma crítica às desigualdades sociais, à violência, à exploração e à alienação presentes na sociedade real. A visão idealizada serve como um contraponto para denunciar as injustiças do mundo real.

06 – Qual o papel da natureza no poema?

      A natureza desempenha um papel fundamental no poema, servindo como metáfora para a perfeição e a harmonia. Ela representa um estado ideal a ser alcançado pela humanidade, e seus elementos são utilizados para simbolizar valores como pureza, beleza e equilíbrio.

07 – Como o poema pode ser interpretado à luz do contexto histórico em que foi escrito?

      A interpretação do poema pode variar dependendo do contexto histórico em que foi escrito. É importante considerar as condições sociais, políticas e econômicas da época para compreender as motivações do poeta e as possíveis críticas sociais implícitas no texto.

 

 

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