terça-feira, 12 de dezembro de 2023

ARTIGO DE OPINIÃO: O ACORDO ORTOGRÁFICO EM PORTUGAL - LUIZ CARLOS AMORIM - COM GABARITO

 ARTIGO DE OPINIÃO: O acordo ortográfico em Portugal

Escrevi e publiquei este texto em 2014, mas volto a publicá-lo porque chego, mais uma vez, a Portugal, esta terra fantástica, e encontro manifestações do povo contra o Acordo Ortográfico de 1990, adotado no Brasil a partir de 2016. Em Portugal, ele teria sido adotado em 2009, mas há polêmica quanto a essa data, em razão da não publicação em tempo hábil do Diário Oficial de Portugal. Porém, a verdade é que o acordo nunca foi totalmente assimilado no país, pois a maioria não quer mudar a maneira de falar nem de escrever. E os portugueses pedem para revogar o documento, com a Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico, tendo conseguido já o número de assinaturas necessárias para encaminhá-la.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgy-TtAaBFpv9JIHpzva92_pWsIHSNfp_i1twtJtqQdKSvYcwFM8ewZKMpX3SmiavM2HxcqQkfQ5WeL73FvSrdgEpx5CMQfTAsnNXjgSiwUQo31kOO5V-hKGWxYPCNpoVPo-uQshk5v4WtcZA1lwx8fZU6vpfDBQQqhjSfeLHr0p7xjJG-ySR-fKBxc4nU/s320/ACORDO.jpg


Então, bem antes disso, um artigo, muito interessante, sobre o fato de o Acordo Ortográfico e a Unificação da Língua Portuguesa – essa pretendida “unificação” não tem como ser levada a efeito – não ter melhorado o acesso do livro português no mercado brasileiro me chama muito a atenção: “Ao estabelecer uma ortografia unificada, o acordo ortográfico facilitaria a circulação do livro português no Brasil. E a circulação de livros de um país lusófono nos outros. Este foi, entre muitos outros, um dos argumentos brandidos em favor da sua aplicação. Agora que tanto em Portugal como no Brasil boa parte das editoras adotaram o acordo, essa promessa começa já a se concretizar? A resposta parece ser negativa”. O texto é de origem portuguesa, está num apanhado de clipes sobre livro e literatura, mas não identifica o órgão publicador.

Uma afirmação de Pedro Benard da Costa, da legendadora portuguesa Cinemateca, fecha o texto – que não é pequeno – com depoimentos de editores e livreiros portugueses: “A construção gramatical é completamente diferente e há muitas palavras que não têm o mesmo sentido cá e lá”.

 

Pois venho escrevendo sobre isso há anos, ponderando que o Acordo Ortográfico não significa que haverá, automaticamente, uma unificação da língua portuguesa em todos os países onde ela é falada. Existem muitas palavras que têm significado diferente aqui e em Portugal, por exemplo, mas é possível que isso aconteça na comparação com outros países, como Cabo Verde, Angola etc. Lá fora existem muitas palavras que são não usadas aqui e vice-versa. Uma alteração quase que exclusivamente de acentuação não resolveria as diferenças de significação, o que não inviabiliza a leitura dos livros portugueses no Brasil. O que incomoda é a pretensão de alguns dos promotores do acordo em querer que o português seja exatamente o mesmo, independentemente do país onde ele é falado. Se até dentro do mesmo país há diferenças na maneira de falar o português – isso acontece no Brasil –, como esperar que a língua seja a mesma em vários países onde ela é a língua oficial, tão distantes uns dos outros? A linguística existe e vai continuar existindo sempre, não há como ser diferente.


Tenho lido vários autores portugueses, como José Luís Peixoto, Gonçalo M. Tavares, Miguel Torga, Saramago e o angolano Valter Hugo Mãe, angolano que vive em Portugal, e não tenho tido dificuldade na compreensão dos textos, apesar de serem livros publicados em Portugal e, por isso, conter palavras desconhecidas. O contexto permite que se entenda perfeitamente o assunto. Não tenho dicionário português que não seja o nosso, aqui do Brasil, mas posso pesquisar na internet, se for o caso.

Aliás, como já sabemos por meio dos clássicos portugueses mais conhecidos no Brasil, Pessoa e Camões, a literatura portuguesa é rica e de qualidade. Quem conhece os autores contemporâneos citados acima sabe do que estou falando, pois são autores consagrados em Portugal, com obra extensa e largamente premiada. Vale a pena conhecer. O português não é exatamente o mesmo que o nosso, há diferenças, sim, mas não há necessidade de tradução para publicação da obra de autores portugueses aqui, porque a compreensão é completamente possível.

 AMORIM, Luiz Carlos. O acordo ortográfico em Portugal. Correio do Estado. Disponível em: <https://www.correio doestado.com.br/opiniao/luiz-carlos-amorim-o-acordo-ortografico-em-portugal/345803/>. Acesso em: 14 fev. 2020.

Entendendo o texto

01. Em que veículo o artigo de opinião lido foi publicado?

  Na versão on-line de um jornal.

 

02. A que público o texto se destina?

  Ao público em geral, especialmente adultos que se interessem pela língua portuguesa.

03. Qual é a tese defendida pelo autor do artigo de opinião?

  Luiz Carlos Amorim defende que o acordo nunca foi totalmente assimilado em Portugal, pois a maioria dos portugueses não quer mudar a maneira de falar nem de escrever.

04. Que acontecimento foi citado para comprovar a veracidade dessa tese?

  O autor cita o fato de os portugueses terem pedido para revogar o documento, tendo conseguido o número de assinaturas necessárias para encaminhá-lo.

05. Segundo o autor, o Acordo Ortográfico não pressupõe unificação da língua portuguesa em todos os países onde é falada. Que argumentos ele usa para defender essa ideia?

O autor argumenta que existem muitas palavras que têm significado diferente aqui e em Portugal. Além disso, uma alteração quase exclusivamente de acentuação não resolveria as diferenças de significação.

06. A respeito da leitura de livros escritos em português de Portugal, qual é a opinião de Luiz Carlos Amorim?

Luiz Carlos Amorim alega que já leu muitos livros escritos por autores portugueses e que não encontrou dificuldade em lê-los, pois o contexto permite que se entenda perfeitamente o assunto.


 Marque (x) na alternativa correta

01. Qual é a principal razão apresentada no artigo para a resistência ao Acordo Ortográfico em Portugal?

a) Dificuldade de implementação técnica.
b) Atraso na publicação do Diário Oficial de Portugal.
c) Falta de apoio popular para a mudança na maneira de falar e escrever.
d) Incompatibilidade gramatical entre o português do Brasil e de Portugal.

    08. De acordo com o artigo, qual é a principal crítica feita por   Pedro Benard da Costa, da Cinemateca, em relação ao Acordo Ortográfico?

       a) Falta de apoio das editoras e livreiros portugueses.
       b) A dificuldade na circulação de livros portugueses no Brasil.
       c) A diferença gramatical e de sentido entre palavras em Portugal e no Brasil.
      d) A ausência de benefícios para o mercado editorial brasileiro.

   09. Qual é o argumento indicado no texto em favor do Acordo Ortográfico em relação à circulação de livros portugueses no Brasil?

     a) A unificação da língua portuguesa.
     b) A facilitação na gramática portuguesa.
     c) A adoção pelas editoras e livresiros brasileiros.
     d) A eliminação de diferenças de significado.

 10. O que o autor destaca como um dos problemas principais na pretensão de unificação da língua portuguesa?

     a) A falta de acessibilidade do Acordo Ortográfico.
     b) A diversidade linguística dentro do Brasil.
     c) A existência de diferenças de significado entre palavras.
     d) A resistência dos autores contemporâneos à unificação.

11.  Como o autor argumenta em relação à compreensão da literatura portuguesa no Brasil, mesmo com as diferenças ortográficas?

     a) Defenda a necessidade de tradução para uma compreensão completa.
     b) Destaca a riqueza e qualidade da literatura portuguesa.
     c) Sugerindo a adição de um dicionário português.
     d) Desencoraja a leitura de autores portugueses contemporâneos.

 

 

 

 

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