sexta-feira, 6 de março de 2020

POEMA: O JOVEM FRANK - CARLOS QUEIROZ TELLES - COM GABARITO

POEMA: O JOVEM FRANK
                 Carlos Queiroz Telles

Às vezes eu me pergunto
que diabo de papel
estou fazendo aqui.

Não pedi para nascer,
não escolhi o meu nome,
e tenho um corpo montado
com pedaços de avós,
fatias de pai
e amostras de mãe.

Nas reuniões de família
o esporte predileto
é dissecar Frankenstein:

“Os olhos são dos Arruda...”
“Os pés lembram os Botelho...”
“Tem as mãos do velho Braga!”
“...e o nariz é dos Fonseca!”

Certamente o resultado
de um tal esquartejamento
não pode ser coisa boa,
pois tantos retalhos colados
não inteiram uma pessoa.
Sendo assim... eu não sou eu.
Sou outra coisa qualquer:
um personagem perfeito
para filme de terror,
um androide, um mutante,
um bicho extraterrestre,
um berro de puro pavor!

Graças a Deus meu espelho
não é daqueles que falam...
Diante dele, com cuidado,
posso até reconhecer
este rosto que é só meu
e sorrir aliviado:

Cheio de cravos e espinhas,
pode não ser um modelo
de perfeição ou beleza,
mas com certeza é alguém
e esse alguém... sou eu, sou eu!
(Sementes de sol. São Paulo, Moderna, 1992.Coleção Veredas.)
Fonte: Português – Linguagem & Participação, 5ª Série- MESQUITA, Roberto Melo/Martos, Cloder Rivas – Ed. Saraiva, 1999, p.129,130.

Entendendo o poema

1)   Identifique o eu-poético no poema.
É um menino que detesta quando o “dissecam” nas reuniões de família, atribuindo a ele certas características de parentes.

2)   Que sentimentos do jovem Frank o eu-poético revela?
O eu-poético revela certo descontentamento por ter sido feito com “pedaços de avós, fatias de pai, amostras de mãe”, revela também uma afirmação da própria identidade.

3)   O que o eu-poético quis dizer com esquartejamento?
Porque seu corpo tinha várias partes de outros corpos, segundo sua família.

4) Quantos versos e estrofes há  no poema?

Há trinta e nove versos e oito estrofes.






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