Texto: Campanha
não reduz violência
O banditismo e a criminalidade
saíram da periferia das grandes cidades e atingiram a classe média. Em função
disso, abriu-se o debate. O Congresso apresentou a votação do projeto que
desarma a população, os parentes das vítimas se reuniram em protestos contra os
assaltos e candidatos pedem mais polícia nas ruas. Isso tudo é importante, mas
insuficiente. Não dá para abandonar populações inteiras e achar que tudo ficará
bem desde que haja mais polícia.
A desestruturação das famílias e das
comunidades causada pela miséria é fator de geração de criminalidade. É
necessário atuar na valorização do meio ambiente onde vivem as populações mais
carentes. São necessárias obras de saneamento, urbanização, conservação e
limpeza de favelas e praças, com a participação dos moradores e dos órgãos
públicos, para que eles se sintam bem onde vivem. A comunidade social, com
jornais, rádios comunitários, teatro e vídeos que discutam os problemas comuns,
cria novo tipo de relacionamento entre indivíduos. Num terceiro nível, é
preciso criar atividades para geração de renda que envolvam de crianças a
adultos sem profissão ou sem emprego.
É o que temos feito na Comunidade São
Francisco de Assis, no Jardim Guarani, em São Paulo. Plantamos 3.000 árvores,
urbanizamos duas praças e fizemos obras de esgoto. Temos uma rádio comunitária,
produzimos vídeos, atividades culturais e de lazer. Criamos cursos de
alfabetização de adultos e profissionalizantes de corte e costura, computação,
marcenaria, confeitaria, cozinha alternativa, bordado, pintura em tecido,
cabeleireiro, violão, artes gráficas, vídeo e rádio. Atuamos como uma
microempresa na produção de artesanato de gesso, madeira e serigrafia.
Ao comprar nosso produtos, a classe
média está fazendo muito mais pelo futuro de nossas relações humanas do que
realizando protestos.
Isso tem propiciado um novo tipo de
relacionamento entre as pessoas, além de formar mão-de-obra e gerar recursos.
Enquanto nos bairros limítrofes a violência aumenta, não temos lembrança de
quando se deu o último homicídio em nosso bairro. Os assaltos são raros. As
atividades noturnas se dão normalmente, num lugar onde as escadas de acesso aos
morros eram conhecidas como “escadões da morte”. É um caminho para tirar a
criança da rua, alimentá-la, educa-la para a vida, resgatando-lhe a dignidade e
criando um vínculo comunitário. A caridade que humilha, que trata o povo como
cotidiano, só beneficia os caridosos, que fazem da miséria um espetáculo, que
instrumentalizam os miseráveis em causa própria.
Mário
Celli, in revista Veja, 2 out. 1996.
Fonte:
Livro – Oficina de Redação – Leila Lauar Sarmento, 7ª Série. Editora Moderna, 1ª
edição,1998. p. 46-8.
Entendendo o texto:
01 – Segundo o texto,
somente após o crescimento da violência contra a classe média, resolveu-se
buscar soluções para esse mal. Por que se esperou tanto?
A violência
existia, em maior índice, na periferia; com o tempo foi atingindo também a
classe média, que, por possuir mais influência social e econômica, fez com que
o assunto fosse debatido.
02 – Das medidas tomadas
contra a violência, mencionadas no primeiro parágrafo, qual lhe parece de maior
efeito? Justifique a sua resposta.
Resposta pessoal
do aluno. Sugestão: Mais polícia nas ruas, para que as pessoas sintam maior
segurança, e para inibir a ação dos criminosos.
03 – O que você pensa sobre
a permissão para porte de arma ao cidadão comum? Por quê?
Resposta pessoal
do aluno.
04 – A seu ver, quais são os
principais fatores que contribuem para a escalada da violência? Por quê?
Resposta pessoal
do aluno. Sugestão: Desemprego, fome, falta de escolas, desestruturação das
famílias, má remuneração dos profissionais, política corrupta, etc. As pessoas
não têm outra perspectiva para conseguir uma vida melhor.
05 – Quais são as três
propostas sugeridas pelo autor no combate à violência?
·
Melhorar o meio ambiente onde vivem
pessoas carentes.
·
Criar meios de comunicação entre
elas, para a resolução dos problemas comuns.
·
Criar condições de trabalho para a
sobrevivência de crianças e adultos.
06 – Você concorda com as
ideias expostas no texto? Esclareça a sua resposta.
Resposta pessoal
do aluno.
07 – De que forma o
relacionamento social pode se tornar mais humano, sem lançarmos mão da
caridade?
Dando às pessoas
oportunidade de trabalhar e ter uma vida digna, gerando seus próprios recursos.
08 – De acordo com o texto,
certas pessoas se utilizam da caridade para se promover. Você concorda com essa
afirmação?
Resposta pessoal
do aluno.
09 – Que tipo de violência
você considera mais grave? Por quê?
Resposta pessoal
do aluno. Sugestão: Sequestrar uma pessoa e matar, por dinheiro.
10 – A violência é uma
questão a ser resolvida unicamente pelo governo? Esclareça sua resposta.
Resposta pessoal
do aluno. Sugestão: Não. Toda a população deve participar do problema, buscando
soluções que visem ao bem comum.
Conteúdo fantástico, cada post um novo aprendizado. Muito sucesso
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