quinta-feira, 26 de março de 2020

NOTÍCIA: MENINO-ESCRITOR REJEITA RÓTULO DE GÊNIO - ARMANDO ANTENORE - COM GABARITO

NOTÍCIA: Menino-escritor rejeita rótulo de gênio
          
 O paulistano Gustavo Bolognani Martins, 14, lança nesta semana seu quinto livro infantil
                                                     Armando Antenore

        Ele tem a cara que se espera de um menino prodígio: cabelos desgrenhados, óculos redondos de aro vermelho. Mas é só a cara.
        O tênis de cano alto e a bermuda de skatista não deixam ninguém suspeitar que Gustavo Bolognani Martins, 14, já escreveu cinco livros, todos para crianças.
        Publicou o primeiro aos 9 anos. O quinto, A Arca de Noésio, está lançando no próximo sábado, pela Ateliê Editorial, com tiragem de 3.000 exemplares.
        Desde que descobriu a literatura, perdeu o direito de habitar o “mundo dos normais”. Mal se recorda de quantas vezes jornais e revistas o tomaram por “superdotado” e até por “cê-dê-efe”.
        “Não gosto que me rotulem assim. Sinto-me excluído. Fico parecendo um cara de outro planeta”, confessa – para, em seguida, apontar o paradoxo:
        “Se sou superdotado, preciso estudar menos que a maioria das pessoas, certo? Então, como é que podem me chamar de cê-dê-efe?”
        Gustavo admite que possui, sim, “certa facilidade para a raciocínio lógico”. “Mas, no futebol, não sou nem um pouco brilhante”.
        De fato. Durante o campeonato escolar do ano passado, o são-paulino jogou como goleiro. Engoliu 30 “frangos” em três partidas.
        E “inteligência emocional”, o menino tem? “Já ouvi falar, embora não entenda direito o que é. Se significa arranjar amigos e frequentar festas, posso dizer que quebro um bom galho em inteligência emocional.”
        No amor, entretanto, nem tudo são flores. Gustavo, por ora, está sem namorada. “Atravesso uma fase ruim.”
        Típico adolescente de classe média, o jovem escritor mora numa casa de dois dormitórios em São Caetano do Sul (ABC paulista).
        Costumava partilhar o quarto com Tomás, o irmão mais velho. De repente, “deu vontade de separar”. Levou a cama para o escritório e passou a dormir lá.
        Desejo de ser mais independente? “Não. Nunca tive esses conflitos existenciais. Saí do quarto porque o Tomás roncava.”
        Quem pensa que o garoto reserva muito tempo para escrever se engana. De manhã, vai à escola (cursa a oitava série). Á tarde, estuda inglês e guitarra.
        “Toco há um ano. Estou no estágio ‘dá pra enganar’, conhece?” Traduzindo: já sabe dedilhar “Stairway to Heaven”, o hit de 11 entre 10 guitarristas-mirins.
        Também aprende japonês com a “vódrasta” Mikiko, segunda mulher de seu avô materno.
        Às quartas-feiras, comanda o programa “A Hora do Lanche” na Rádio Vitrola FM, uma emissora comunitária de São Caetano.
        Divide o microfone com o amigo Dennis. O lema da dupla é: “Mais música e menos falação. Até porque a gente não tem nada a dizer”.
        O programa – que ocupa a faixa das 15h às 17h – abre espaço para o rock do Nirvana, Ramones, Deep Purple e Titãs.
        Entre uma “pauleira” e outra, os locutores arriscam “piadas infames”. Exemplo: o que é um ponto amarelo no meio do mar? É um Fandango suicida. E quem vai salvar? Rufles, a batata da onda.
        “Guinness Book”
        A carreira literária de Gustavo começou em 92, quando o garoto fez três redações escolares com temas propostos pela professora.
        O pai – Plínio Martins Filho, diretor editorial da Edusp (Editora da USP) – leu, gostou e resolveu reunir as histórias num livro-xerox, para consumo familiar.
        Outros dois editores se interessaram pelo produto. Nasceu assim, “Gustavo & Marina”, da Ars Poética e Giordano.
        Com a publicação, o menino ganhou espaço na edição nacional do “Guinness Book”, o livro dos recordes, como o autor mais jovem do Brasil.
        Desde então, não parou de escrever, sempre a máquina (só passa o texto para o computador depois que o considera pronto).
        O novo trabalho – uma releitura da história bíblica de Noé – é todo em rima, por influência dos best-sellers de Ziraldo, que Gustavo devorava.
        O próximo, ainda sem data de lançamento, deverá brincar com os Três Porquinhos. “Vou transformá-los em sem-terra. O lobo mau atacará de latifundiário.”
        Por mais que tente, Gustavo não sabe explicar de onde tira inspiração para tantos livros. “Não sei, mas poderia imitar o Carlinhos Brow e dizer que a inspiração vem do nada e que o nada é tudo”.
                       Folha de São Paulo. 18 mar. 1997. Ilustrada.
                                     Fonte: Português – Linguagem & Participação, 5ª Série – MESQUITA, Roberto Melo/Martos, Cloder Rivas – Ed. Saraiva, 1999, p. 226-7.
Entendendo a reportagem:

01 – Cite um trecho do texto em que a fala é do próprio Gustavo.
      Sexto parágrafo: “Se sou superdotado, preciso estudar menos que a maioria das pessoas, certo? Então, como é que podem me chamar de cê-dê-efe?”

02 – Cite um trecho em que a fala é do jornalista.
      “Às quartas-feiras, comanda o programa “A Hora do Lanche” na Rádio Vitrola FM, uma emissora comunitária de São Caetano.”

03 – Que semelhança você vê entre Gustavo e outros adolescentes da mesma idade?
      Não é tão bom nos esportes, cursa a 8ª série, estuda inglês e guitarra.

04 – O que faz dele “notícia”?
      O fato de ter escrito alguns livros nessa idade e tê-los publicado.

05 – Você viu pelas respostas de Gustavo que, embora escreva bem e seja um bom aluno, ele não é o melhor em tudo. Isso é raro, mas em alguma coisa a gente sempre se sai melhor. E você? O que faz bem?
      Resposta pessoal do aluno.
    



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