terça-feira, 24 de março de 2020

TEXTO: OS FILHOS DA BOLHA - ÂNGELA KLINKE - COM GABARITO

TEXTO: Os filhos da bolha

Superprotegidos, jovens dos condomínios fechados mostram despreparo para o mundo real

     Quando os primeiros condomínios fechados surgiram, na década de 70, muitos pais de classe média de São Paulo e do Rio de Janeiro viram nesses empreendimentos uma ótima chance de proporcionar a seus filhos uma infância e juventude livres da poluição e da violência. Nada mais legítimo. Em São Paulo, o fenômeno concretizou-se na forma de bairros afastados, cheios de casas bacanas, que oferecem todos os tipos de serviço e tentam reproduzir o estilo de vida dos pacatos subúrbios americanos que se veem nos filmes. No Rio, os condomínios fechados assumiram a forma de conjuntos de edifícios de alto padrão, localizados na Barra da Tijuca e circundados também por uma rede de lojas e escolas exclusivas para seus moradores. Nessas verdadeiras bolhas sócio-econômicas, crianças e jovens crescem despreocupados. Como nem tudo é perfeito, eles também acabam isolados da realidade complexa das grandes metrópoles brasileiras. Não é apenas o apartheid  social que revela seus efeitos – afinal ele é produto da diferenciação de classes, e não da localização geográfica. Esse é um problema de toda a sociedade brasileira. Os jovens “filhos da bolha” tendem a mostrar também despreparo para as tarefas mais simples da vida na cidade. E aí há motivos para os pais ficarem preocupados e pensarem se não está na hora de aproximar suas crianças do mundo real.
       A maioria dos jovens do topo da pirâmide social que vivem em bairros não isolados também mal conhece o mapa da sua cidade – em geral, saem pouco do percurso escola – clube – shopping center. Mas não se pode dizer que entrariam em pânico ao enfrentar situações corriqueiras, como pegar um ônibus ou metrô. Num caso imprevisto, dificilmente passariam horas perdidos se fossem deixados no centro ou em qualquer outro lugar distante de casa. Para os adolescentes de condomínios, os desafios são maiores. Muitos deles confessam que ficariam perto do desespero na hipótese de ser obrigados a se virar sozinhos.
                                                    Ângela Klinke, in revista Veja, 21 jun. 1995.
Fonte: Livro- Oficina de Redação – Leila Lauar Sarmento, 7ª Série. Editora Moderna, 1ªedição,1998.p.14/15
Entendendo o texto
1)   Qual a intenção dos pais, ao criar seus filhos em condomínios fechados? Por quê?
Tentam proteger seus filhos dos perigos e da violência urbana. O índice de violência vem aumentando nos grandes centros, o que assusta muito as famílias.

2)   Que consequências essa atitude traz para a vida dos adolescentes?
Eles ficam isolados de outros jovens e do mundo real, que existem fora do restrito espaço em que vivem.

3)   Explique o sentido da expressão “bolhas sócio-econômicas”.
Representam os espaços fechados que surgem em função do nível social e econômico das pessoas, que precisam se proteger da violência em virtude de seu padrão de vida mais elevado.

4)   Que diferenças de comportamento existem entre os jovens de classe alta, de acordo com o texto?
Os que vivem em condomínios isolados, os “filhos da bolha”, não sabem como agir fora de seu mundo, e os jovens também ricos, moradores de bairros mais centrais, mas presos à rotina, não conhecem a cidade apesar de terem mais traquejo que os outros.

5)   Em sua opinião, que outras opções teriam os pais, para dar maior segurança a seus filhos?
Resposta pessoal. Sugestão: Morar em cidades menores, com menos violência, para deixá-los viver mais livremente ou educa-los para se defender do mundo real.

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