quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

CRÔNICA: NOTÍCIA DE JORNAL - FERNANDO SABINO - COM GABARITO

 Crônica: Notícia de Jornal

              Fernando Sabino

        Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem de cor branca, trinta anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem socorros, em pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada durante setenta e duas horas, para finalmente morrer de fome.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8EvbercfLXZZogrdQEWgpPxOpNSQXbK0HtaV2krSewN3KEU5zGXyzlG8KeskDUXI4uo5werUoJAEoRXjBBP6GTERi4dAnJR6QXyuZe2VnHLWM0i7TVV-hvpoK7r8kFi5aXxvVlicVFbsdyd34prcW-Y-PbLuPshTKBe-goZu6J5aBrIqnz6uEqd5T9YI/s320/JORNAL.jpg


        Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos de comerciantes, uma ambulância do Pronto Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem prestar auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome.

        Um homem que morreu de fome. O comissário de plantão (um homem) afirmou que o caso (morrer de fome) era alçada da Delegacia de Mendicância, especialista em homens que morrem de fome. E o homem morreu de fome.

        O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto Médico Legal sem ser identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de fome. Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa – não é homem. E os outros homens cumprem deu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão.

        Não é de alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha, por que haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o homem morrer de fome.

        E o homem morre de fome. De trinta anos presumíveis. Pobremente vestido. Morreu de fome, diz o jornal. Louve-se a insistência dos comerciantes, que jamais morrerão de fome, pedindo providências às autoridades. As autoridades nada mais puderam fazer senão remover o corpo do homem. Deviam deixar que apodrecesse, para escarmento dos outros homens. Nada mais puderam fazer senão esperar que morresse de fome.

        E ontem, depois de setenta e duas horas de inanição em plena rua, no centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro, um homem morreu de fome.

        Morreu de fome.

Fernando Sabino, A Mulher do Vizinho, 1997.

Entendendo a crônica:

01 – Qual a principal crítica social presente na crônica?

      A principal crítica social presente na crônica é a indiferença da sociedade diante da morte de um homem por fome em plena cidade. Sabino denuncia a desumanização e a falta de empatia das pessoas, que preferem ignorar o sofrimento alheio. A crônica questiona os valores da sociedade e a ausência de solidariedade.

02 – Como a repetição da frase "morreu de fome" contribui para o efeito da crônica?

      A repetição da frase "morreu de fome" reforça a ideia da morte como um fato banal e corriqueiro, desumanizando a vítima. A repetição cria um efeito de choque e indignação, denunciando a crueldade da situação.

03 – Qual o papel dos personagens secundários (comerciantes, autoridades, passantes) na história?

      Os personagens secundários representam a sociedade como um todo, com suas diferentes reações diante da morte do homem. Os comerciantes simbolizam a preocupação com o próprio bem-estar e a busca por soluções práticas para problemas que os incomodam. As autoridades representam a burocracia e a falta de responsabilidade, enquanto os passantes simbolizam a indiferença e a apatia da maioria.

04 – Qual a importância da caracterização física do homem que morreu de fome?

      A caracterização física do homem é intencionalmente vaga, destacando sua condição de ser humano anônimo e descartável. A falta de detalhes sobre sua identidade reforça a ideia de que ele representa todos os marginalizados e excluídos da sociedade.

05 – Qual a relação entre o título da crônica e seu conteúdo?

      O título "Notícia de Jornal" é irônico, pois a morte por fome é apresentada como uma notícia comum, sem a devida importância e comoção. A crônica denuncia a banalização da morte e a insensibilidade da sociedade diante do sofrimento humano.

06 – Qual o efeito da linguagem utilizada por Fernando Sabino na crônica?

      A linguagem utilizada por Sabino é direta, objetiva e impactante. A repetição de frases e a ausência de adjetivos emotivos reforçam o caráter denunciatório da crônica. A linguagem clara e concisa contribui para a compreensão do leitor e o choca com a realidade apresentada.

07 – Qual a mensagem principal que a crônica transmite?

      A mensagem principal da crônica é um chamado à reflexão sobre a condição humana e a importância da solidariedade. Sabino nos convida a questionar nossos valores e atitudes, denunciando a indiferença e a desumanização presentes na sociedade. A crônica nos lembra que cada vida tem valor e que somos responsáveis pelo bem-estar do próximo.

 

POEMA: O DOMADOR - MÁRIO DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poema: O Domador

             Mário de Andrade

Alturas da Avenida. Bonde 3.
Asfaltos. Vastos, altos repuxos de poeira
sob o arlequinal do céu oiro-rosa-verde…
As sujidades implexas do urbanismo.
Filés de manuelino. Calvícies de Pensilvânia.
Gritos de goticismo.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkQq-7nOjZhII5j6J9FECgR-pvtVa_yMTBHipQtfGlyGK1FIbaW3VOj6s64c2KKlTX6YX0xWEx1ZIlcwWA9GU3ZVZVTA4URmhw85scbFOmkmpnJLKEJyl1ZYBRV7D7iIT2RBGDrZucljjIDSwGcMtRLKbp9G8yOlhV4mvxqT1LQ53xNgr05UUy4QGQ5nk/s320/Bonde_destino_Meyer.jpg


Na frente o tram da irrigação,
onde um Sol bruxo se dispersa
num triunfo persa de esmeraldas, topázios e rubis…
Lânguidos boticellis a ler Henry Bordeaux
nas clausuras sem dragões dos torreões…

Mário, paga os duzentos réis.
São cinco no banco: um branco,
uma noite, um oiro,
um cinzento de tísica e Mário…
Solicitudes! Solicitudes!

Mas… olhai, oh meus olhos saudosos dos ontens
esse espetáculo encantado da Avenida!
Revivei, oh gaúchos paulistas ancestremente!
e oh cavalos de cólera sanguínea!

Laranja da China, laranja da China, laranja da China!
Abacate, cambucá e tangerina!
Guarda-te! Aos aplausos do esfuziante clown,
heroico sucessor da raça heril dos bandeirantes,
loiramente domando um automóvel!

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal imagem que o poema "O Domador" evoca sobre a cidade?

      O poema evoca uma imagem da cidade como um espaço caótico e contrastante, repleto de movimento, cores vibrantes e elementos que representam a modernidade e a tradição. A Avenida, com seus bondes, asfaltos e multidão, é descrita como um palco onde se misturam o novo e o antigo, o belo e o feio.

02 – Que relação o poema estabelece entre o passado e o presente?

      "O Domador" estabelece uma relação tensa entre o passado e o presente. O eu lírico invoca os "gaúchos paulistas ancestremente" e seus "cavalos de cólera sanguínea" para contrastar com a figura do "esfuziante clown" que "loiramente domando um automóvel". Essa oposição revela uma nostalgia pelo passado e uma crítica à modernidade, que é vista como uma força que transforma e descaracteriza a identidade.

03 – Quais as principais características do Modernismo presentes no poema?

      "O Domador" é um poema marcadamente modernista por:

      Linguagem coloquial e experimental: O poema utiliza uma linguagem simples e direta, com neologismos e expressões coloquiais, rompendo com a tradição poética.

      Temática urbana: A cidade, com suas contradições e modernidade, é o centro do poema, refletindo a preocupação dos modernistas com a realidade brasileira.

      Valorização da identidade nacional: O poema faz referência à história brasileira, buscando construir uma identidade nacional a partir da mistura de elementos diversos.

      Visão crítica da modernidade: O poema apresenta uma visão crítica da modernização, que é vista como uma força que descaracteriza a identidade e aliena o indivíduo.

04 – Qual o significado da figura do "esfuziante clown" no contexto do poema?

      O "esfuziante clown" representa a figura do homem moderno, que se adapta às novas tecnologias e à vida urbana. Ele é um sucessor dos bandeirantes, mas domina um automóvel em vez de um cavalo. Essa figura simboliza a perda da identidade e a alienação do indivíduo diante das transformações da sociedade.

05 – Qual a importância da cor na construção do poema?

      A cor desempenha um papel fundamental na construção do poema, criando uma atmosfera vibrante e intensa. As cores vivas e contrastantes, como o "ouro-rosa-verde" do céu e as "esmeraldas, topázios e rubis" do sol, reforçam a ideia de uma cidade caótica e em constante movimento. As cores também são utilizadas para simbolizar diferentes aspectos da realidade, como a riqueza, a pobreza e a beleza.

 

MÚSICA(ATIVIDADES): WAVE - TOM JOBIM - COM GABARITO

 Música(Atividades): Wave

                Tom Jobim

Vou te contar
Que os olhos já nem podem ver
Coisas que só o coração pode entender
Fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho

 
Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_zKaRpON7GpQ0Rw5Y1FbRSPmTw3Vmf_g4yM4qNX-j5tDa1C6icfuFylk8uzacWXPDXL4K5mpfb12vuI346A5EUpn2LyLK-xWTFnX_7AOxVC_PhOSi3M_Zz6vvA9Q5gueK0dZ4qwGaAm3X2DrmaC2j5pCDKTQmexUOTCTrAcJrYG8voxAKgOzbIEV1aDM/s1600/WAVE.jpg

O resto é mar
É tudo que não sei contar
São coisas lindas que eu tenho pra te dar
Fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho

Da primeira vez, era a cidade
Da segunda, o cais, a eternidade

Agora eu já sei
Da onda que se ergueu no mar
E das estrelas que esquecemos de contar
O amor se deixa surpreender
Enquanto a noite vem nos envolver

Composição: Tom Jobim.

Entendendo a música:

01 – Qual a principal mensagem da música "Wave"?

      A principal mensagem da música "Wave" é a importância do amor para a felicidade humana. Tom Jobim enfatiza que o amor é fundamental e que a felicidade plena só pode ser alcançada em companhia, pois "é impossível ser feliz sozinho".

02 – Quais as principais metáforas utilizadas na música?

      A música "Wave" utiliza diversas metáforas para expressar a complexidade dos sentimentos amorosos. As principais são:

      O mar: Representa a vastidão e a profundidade dos sentimentos, assim como as incertezas e os mistérios da vida.

      As estrelas: Simbolizam as infinitas possibilidades e belezas do amor, que muitas vezes passam despercebidas.

      A onda: Representa a força e a renovação que o amor traz, bem como os altos e baixos de um relacionamento.

03 – Qual a importância do tempo na construção da canção?

      O tempo é um elemento fundamental na construção da canção. A letra faz referência a diferentes momentos da experiência amorosa, como "a primeira vez" e "a segunda", sugerindo uma evolução e uma profundidade nos sentimentos. A passagem do tempo é representada pela metáfora da onda que se ergue no mar, simbolizando a dinâmica e a transformação do amor.

04 – Como a música "Wave" se relaciona com a Bossa Nova?

      "Wave" é um clássico da Bossa Nova, um gênero musical brasileiro que se caracteriza pela suavidade, melodias simples e letras poéticas. A canção de Tom Jobim incorpora elementos típicos da Bossa Nova, como a utilização de harmonias sofisticadas, a melodia suave e a letra que explora temas universais como o amor e a vida.

05 – Qual a importância da música "Wave" para a música brasileira?

      "Wave" é considerada uma das mais belas e importantes canções da música brasileira. A obra de Tom Jobim se tornou um ícone da Bossa Nova e é reconhecida mundialmente por sua beleza e profundidade. A canção continua a ser interpretada e apreciada por gerações, consolidando seu lugar como um clássico da música popular brasileira.

 

 

 

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

POEMA: AS JANELAS - GUILLAUME APOLLINAIRE - COM GABARITO

 POEMA: AS JANELAS


Todo o amarelo morre do vermelho ao verde
Quando as araras cantam nas florestas nativas

Miúdos de pir-rís
É preciso escrever um poema sobre o pássaro de uma asa só

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEin2h-D0l93RzK2ZJiHoHVe0eatWOp2EeXDZ0FoWLpfAM6i-VqocCPMiAD2NJWVf4wGPMW48DS0rZdOyUaul2kJXhtTGDkZ1jQoaO-g86KPF66C6y4zxgx6Q_D25DdmJLZ0KEW6ND9VWJ7kODSIY4EbxmjQQnkuHO6tFzSssCuWJkQjsv9dwTamWJGPwrg/s320/jANELAS.jpg



Vamos enviar por telefone
Traumatismo gigante
Faz os olhos correrem
Repare naquela moça bonita que passa entre as mulheres de Turim

O pobre rapaz assoa o nariz na sua gravata branca
Você vai erguer a cortina
E eis que a janela se abre
Aranhas quando minhas mãos teciam a luz

Beleza palidez insondáveis violetas
Em vão tentaremos um cochilo
Começaremos à meia-noite
Onde se tem o tempo tem a liberdade

Mexilhões Bacalhau múltiplos Sóis o Ouriço do poente
Um par de velhas botas amarelas na janela
Torres
Torres são ruas

Poços
Poços são praças
Poços
Árvores ocas abrigando mestiços vagabundos

Mulatos cantam cantigas que matam
Mulatos barulhentos
E o ganso trompeteia seu ruá-ruá rumo ao norte
Onde caçadores de guaxinim

Raspam as peles da caça
Vancouver

Diamante brilhante
Onde o trem branco de neve e seus fogos noturnos fogem do inverno

Ô Paris
Todo o amarelo morre do vermelho ao verde
Paris Vancouver Hyères Maintenon New-York Antilhas
A janela se abre como laranja

Bonito fruto da luz


                                                                              GUILLAUME APOLLINAIRE

Entendendo o texto

01. Qual característica modernista mais evidente em "As Janelas"?

      a) A valorização da tradição e dos temas clássicos.

      b) A exploração de temas cotidianos e da linguagem coloquial.

      c) A busca por uma métrica regular e rimas perfeitas.

      d) A idealização da natureza e do homem.

02. Qual a principal função do eu lírico em "As Janelas"?

      a) Narrar uma história de forma objetiva e imparcial.

      b) Expressar seus sentimentos e reflexões de forma subjetiva.

      c) Criar um retrato idealizado do mundo.

      d) Defender uma ideologia política específica.

03. A frase "Todo o amarelo morre do vermelho ao verde" é um exemplo de:

      a) Metáfora

      b) Comparação

      c) Sinestesia

      d) Hipérbole

04. Qual a principal crítica social presente no poema?

      a) A violência contra os animais.

      b) A desigualdade social e a miséria.

      c) A superficialidade da vida moderna.

      d) A alienação causada pela tecnologia.

05. O uso de diversas cidades (Paris, Vancouver, Hyères, Maintenon, New-York, Antilhas) no poema sugere:

     a) Uma nostalgia pelo passado.

     b) Uma crítica à globalização.

     c) Uma sensação de deslocamento e nomadismo.

      d) Uma idealização da vida urbana.

06. A imagem das "aranhas quando minhas mãos teciam a luz" é um exemplo de:

     a) Personificação.

     b) Metáfora.

     c) Comparação.

     d) Sinestesia.

07. Qual o efeito geral produzido pela justaposição de imagens tão diversas no poema?

     a) Uma sensação de harmonia e equilíbrio.

     b) Uma atmosfera de sonho e irrealidade.

     c) Uma crítica à arte tradicional.

     d) Um retrato fragmentado e caótico da realidade.

 

NOTÍCA: LITERATURA DE CORDEL - PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL BRASILEIRO - IPHAN - COM GABARITO

 Notícia: Literatura de Cordel – Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro

        Nossas Analistas de Cultura (Eliana Costa, Iara Souto Costa e Marcelle Pontes) falam sobre a importância da Literatura de Cordel no cenário da cultura nacional. 

        A Literatura de Cordel – gênero literário que recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, no ano de 2018 – teve sua origem por aqui nas regiões Nordeste e Norte, mas hoje já é difundida em todo território nacional, atestando sua relevância cultural para nós brasileiros.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHLlIeB77WsSFJ4rGdw-iHiOwItOUL-fPnI8Ts6wMChFoBhOT4ddMNilWeHu8POKsSBMuT8JObeK021DQlA-aveDeZ9NuyG64H8-bwdI6Tv3_aPeIxophfTUdnbXlbgzxXNgBHe-DIGl5lLmrwoPnqVdlv8aYCd-rOliqDn-7myGhp1k4a6Do7sYQ4nLA/s1600/IPHAN.jpg
 

        Além de gênero literário, o cordel era veículo de comunicação e ofício, garantindo a sobrevivência de muitos cordelistas. Inserido em nossa cultura, no século XIX, tornou-se uma forma de expressão da cultura brasileira, trazendo contribuições da cultura africana, indígena, europeia e árabe, entoando as tradições orais, a prosa e a poesia. O termo “cordel” era principalmente associado à forma editorial dos textos, veiculados em pequenas brochuras impressas em papel barato, vendidas suspensas em cordões de lojas de feiras e mercados.

        Os poetas cordelistas modernos definem o cordel como gênero literário constituído obrigatoriamente de três elementos principais: a métrica, a rima e a oração. Esses elementos associados às xilogravuras, que são as ilustrações das histórias estampadas nas capas dos livretos, formam o Cordel, ou melhor, a Literatura de Cordel, uma fonte de informação da cultura de um povo, de um determinado período e a expressão das próprias histórias criadas pelos cordelistas.

        Ao contrário do que muitos pensam o Cordel não foi criado no Brasil; já existia no período dos povos conquistadores greco-romanos, fenícios, cartagineses, saxões e chegou na Península Ibérica – Portugal e Espanha – por volta do século XVI.

        Por aqui, chegou no balaio dos nossos colonizadores, instalando-se na Bahia, mais precisamente em Salvador, que à época era a capital brasileira. De Salvador, a Literatura de Cordel se difundiu para os outros estados nordestinos, e pouco depois, conquistou todo Brasil.

        Dado seu valor cultural e histórico, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), concedeu à Literatura de Cordel, em setembro de 2018, o título de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, sendo alçada a bem cultural de natureza imaterial, patrimonializada pelo valor simbólico e sua representatividade na Cultura Popular Brasileira.

LITERATURA de Cordel – Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. Sesc Rio, set. 2020. Disponível em: www.sescrio.org.br/noticias/cultura/literatura-de-cordel-patrimonio-cultural-imaterial-brasileiro. Acesso em: 31 jan. 2022.

Fonte: Língua Portuguesa. Linguagens – Séries finais, caderno 1. 8º ano – Larissa G. Paris & Maria C. Pina – 1ª ed. 2ª impressão – FGV – MAXI – São Paulo, 2023. p. 07.

Entendendo a notícia:

01 – Qual a principal característica que distingue a Literatura de Cordel de outros gêneros literários?

a) A ausência de rimas e métricas.

b) A origem exclusivamente brasileira.

c) A combinação de texto e xilogravura.

d) A temática exclusivamente religiosa.

02 – Qual foi o principal meio de divulgação da Literatura de Cordel em seus primórdios?

a) Livrarias e bibliotecas.

b) Jornais e revistas.

c) Pequenas brochuras vendidas em cordões.

d) Transmissões radiofônicas.

03 – Qual o papel das xilogravuras na Literatura de Cordel?

a) Apenas ilustrar as capas dos livretos.

b) Complementar o texto, contando outra história.

c) Servir como assinatura dos cordelistas.

d) Ilustrar e enriquecer a narrativa, complementando o texto.

04 – De onde se originou a Literatura de Cordel?

a) Do Brasil, mais precisamente da região Nordeste.

b) Dos povos greco-romanos, fenícios, cartagineses e saxões.

c) Da cultura indígena brasileira.

d) Da cultura africana trazida pelos escravizados.

05 – Qual a importância da Literatura de Cordel para a cultura brasileira, segundo o texto?

a) Preservar a cultura dos povos indígenas.

b) Difundir a religião católica.

c) Expressar a cultura popular brasileira, mesclando diversas influências.

d) Documentar a história da colonização portuguesa no Brasil.

06 – De acordo com o texto, qual o significado da palavra xilogravura?

      Técnica em que se entalha na madeira, com ajuda de um instrumento cortante, a figura ou forma que se pretende imprimir. Após o procedimento, usa-se um rolo de borracha embebida em tinta, tocando só as partes elevadas do entalhe

ARTIGO DE OPINIÃO: TRÂNSITO: UMA QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA - LUCINÉIA M. S. GOMES E ANDRÉA Y.S.KANIKADAN - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Trânsito: Uma questão de saúde pública

Lucinéia Maria dos Santos Gomes e Andréa Yumi Sugishita Kanikadan

        A violência no trânsito cresceu significativamente e, atualmente, é a segunda maior causa de mortes no Brasil. Acidentes de trânsito estão ocorrendo com maior frequência e, infelizmente, estão se tornando parte do nosso dia a dia, seja por meio de notícias no jornal, na televisão, seja, muitas vezes, ocorrendo na nossa rua, no nosso bairro, no nosso caminho para o trabalho. Segundo dados do DPVAT, o seguro obrigatório pago aos acidentados, mais de 50 mil pessoas morrem anualmente no país, vítimas de acidentes de trânsito. Isso significa 136 mortes todos os dias ou ainda 5 a cada hora. Os acidentes de trânsito tornaram-se, pois, um grave problema de saúde pública no país.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlhd8kI4rwNPCgmntqPHZBI0ptLRtArzt7bvmDnNq9P9Nr5FnpwRDwLJR8q_uJc7hoQ-qiN-8Fn7KGykw-WjcuCEzxCulLcOfkg6HDavZDB7g8EX64UFKjlwJLcA1XRDfIBIfMt0egDz2rANSwx86yASLUe0kTDA0sJfDeB80sEE_Gfz4fTCKweHaOkew/s1600/dpvat.jpg


        Esses números, que envolvem os diversos tipos de acidentes, mostram que até mesmo os menores deslizes podem resultar em um desastre. Dentre as principais causas dos acidentes, provocadas por negligência ou erro humano, estão a distração decorrente do uso de celular ao volante, seguida pelas ocorrências de dirigir embriagado e ter atitudes imprudentes, como não usar o cinto de segurança e dirigir acima da velocidade permitida.

        Somadas a esse contexto, não podemos deixar de citar as péssimas condições das rodovias brasileiras, como também a falha ou a falta de sinalização, fatores que muito colaboram com o índice de acidentes. Muitas rodovias têm problemas estruturais que prejudicam e comprometem a logística no país e, sobretudo, a segurança de motoristas, passageiros e pedestres.

        Os gastos públicos com acidentes de trânsito envolvem desde a ocupação de leitos hospitalares até internações hospitalares e cirurgias. Esses custos, quando pagos com recursos provenientes dos cofres públicos, poderiam ser aplicados em medidas preventivas, como métodos de educação de condutores e reestruturação de rodovias, que venham a representar melhores condições para o trânsito do país.

        Esse aumento do número de acidentes remete-nos a uma reflexão e questionamento: Isso é consequência do crescimento da frota de veículos nas ruas, da nossa pressa cotidiana ou do processo natural de desenvolvimento?

        Qualquer que seja a resposta, até que ponto é aceitável ou justificável termos danos materiais e até perdermos vidas em troca de uma rotina agitada, de um trânsito caótico ou de uma estrada sem condições adequadas?

        Estamos vivendo um período em que muitas pessoas não respeitam o próximo, não se preocupam com quem está no veículo ao lado ou atravessando a faixa de pedestres. Nota-se falta de sensibilidade e sobra de egoísmo. Infelizmente, uma parte dos números dos acidentes nas estradas e rodovias não retrata fatalidades, mas sim a falta de educação, conscientização e respeito por meio de atitudes irresponsáveis, que colocam vidas em risco.

        O trânsito deve ser um ambiente harmonioso, seguro, de cooperação e colaboração entre as pessoas, onde todos têm os mesmos direitos e deveres e, portanto, todos correm o mesmo risco. Não podemos aceitar tudo isso como algo inevitável, tão pouco natural. Isso é consequência de atitudes muitas vezes irresponsáveis e da falta de práticas essenciais, que deveriam proporcionar o desenvolvimento e a evolução da sociedade brasileira.

Lucinéia Maria dos Santos Gomes e Andréa Yumi Sugishita Kanikadan. Trânsito: uma questão de saúde pública. Correio do Estado, 28 abr. 2015. Disponível em: www.correiodoestado.com.br//opiniao/transito-uma-questao-de-saude-publica/245230. Acesso em: 30 abr. 2022.

Fonte: Língua Portuguesa. Linguagens – Séries finais, caderno 1. 8º ano – Larissa G. Paris & Maria C. Pina – 1ª ed. 2ª impressão – FGV – MAXI – São Paulo, 2023. p. 48-49.

Entendendo o artigo:

01 – Qual é o principal problema abordado no artigo?

      O artigo aborda a crescente violência no trânsito e como ela se tornou um grave problema de saúde pública no Brasil, com um número alarmante de mortes e acidentes.

02 – Quais são as principais causas dos acidentes de trânsito mencionados no texto?

      As principais causas dos acidentes de trânsito, segundo o texto, são: distração ao volante (uso de celular), dirigir embriagado, imprudências como não usar cinto de segurança e excesso de velocidade, além das péssimas condições das rodovias e da falta de sinalização.

03 – Qual o impacto dos acidentes de trânsito na saúde pública e na economia?

      Os acidentes de trânsito geram um grande impacto na saúde pública, resultando em mortes, ferimentos, incapacidades e custos elevados para o sistema de saúde. Além disso, causam um impacto econômico significativo, com gastos em tratamentos, perdas de produtividade e prejuízos para a sociedade.

04 – Qual a relação entre as condições das rodovias e a ocorrência de acidentes?

      As péssimas condições das rodovias brasileiras, como buracos, falta de sinalização e problemas estruturais, contribuem significativamente para o aumento do número de acidentes. Essas condições comprometem a segurança dos motoristas, passageiros e pedestres.

05 – Quais as consequências da falta de educação e conscientização no trânsito?

      A falta de educação e conscientização no trânsito resulta em atitudes irresponsáveis, como dirigir embriagado, não usar cinto de segurança e ultrapassar em locais proibidos. Essas atitudes colocam em risco a vida das pessoas e contribuem para o aumento do número de acidentes.

06 – Qual a proposta do texto para solucionar o problema da violência no trânsito?

      O texto sugere que a solução para o problema da violência no trânsito passa por medidas preventivas, como a educação para o trânsito, a melhoria das condições das rodovias, a fiscalização mais rigorosa e a conscientização da população sobre a importância de seguir as regras de trânsito.

07 – Qual a importância de tratar o trânsito como uma questão de saúde pública?

      Tratar o trânsito como uma questão de saúde pública permite que sejam adotadas medidas mais eficazes para prevenir acidentes e salvar vidas. Ao reconhecer a gravidade do problema, é possível mobilizar recursos e implementar políticas públicas voltadas para a segurança no trânsito.

 

 

 

ARTIGO DE OPINIÃO: O AMANHÃ DOS LIVROS - GABRIEL BOCORNY GUIDOTTI - COM GABARITO

 Artigo de Opinião: O amanhã dos livros

Gabriel Bocorny Guidotti – Jornalista e escritor

        Sou um “livrólatra”. Tenho vício em livros. Começo um, devoro e parto para outros. Não posso evitar. Devo admitir que o momento de pós-leitura é melhor do que a leitura em si, pois passo a diagnosticar os motivos pelos quais o enredo chegou ao clímax. Refletir faz parte dessa arte léxica. Assim posto, meu gostar de livros é condicionado: jamais cederei à literatura digital. A experiência não tem a mesma tenacidade, em minha opinião.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRQQXu9puqDz8tVCv7H35mignjvE2ngm5FurzRad08q3BEJJM0hMlHg42X-oYrZjgfflqE_uJ0dcEqAXHSkvsPIpSxmv31lMlxY466xzYHkvrRFYcP6EsPBb4F23kqwuVb1ym3Y9zOP249tPPqHS5yG9SHfuVVBGzsPKEG-xc3obDw0JJqoImdbE3LVmU/s1600/livro.jpg


        Durante a semana observei, dentro de um ônibus, alguns jovens usando aparelhos de e-books. Sem temer olhares paralelos, eles liam arquivos que outrora eram impressos e colocados com orgulho na estante. Parei para pensar. Será que os livros eletrônicos vão acabar com o bom e velho livro em sua forma ortodoxa? Será que todo papel, por uma questão de praticidade, será substituído por um link dentro de computadores?

        Desde Gutenberg, fundador da prensa gráfica – que permitiu a propagação de um imenso universo literário – o homem deu asas à criação. A comunicação escrita, restrita então às classes dominantes, viu na impressão uma expansão por todos os cantos da Europa e do mundo. E tal evolução permanece em constante movimento, pois os impressos, tidos como grande referência de conhecimento, tiveram de se adaptar às novas tendências, ganhando outros formatos e se propagando pelo meio digital.

        E-books, desse modo, são a prensa gráfica do século XXI. Se eles vão amealhar corações e acabar com a forma tradicional de leitura? Bem, o futuro dirá. Jamais se pode condenar a tecnologia, pois ela surge para nos auxiliar. A inovação sempre será uma opção. Você pode utilizá-la ou não. Eu optei. Tocar o papel, sentir o cheiro de um livro novo, manusear as páginas do conhecimento… o livro impresso é mais do que mera circunstância de leitura.

        Um livro digital pode ser carregado em um mínimo pen drive. Mais do que isso, dentro de leitores digitais é possível armazenar milhares de títulos e explorar universos que vão muito além da tela de cristal líquido. Os impressos, entretanto, são cult  e carregam as memórias de um passado brilhante. Observar suas capas, escolher entre um e outro num jogo de encontros e desencontros são fatores diferenciais para leitores assíduos como eu. Um caso de amor, diga-se de passagem, para a vida inteira.

GUIDOTTI, Gabriel Bocorny. O amanhã dos livros. Gazeta do Triângulo. Disponível em: www.gazetadotriangulo.com.br/tmp/noticias/artigo-de-opiniao-o-amanh-a-dos-livros. Acesso em: 30 abr. 2022.

Fonte: Língua Portuguesa. Linguagens – Séries finais, caderno 1. 8º ano – Larissa G. Paris & Maria C. Pina – 1ª ed. 2ª impressão – FGV – MAXI – São Paulo, 2023. p. 45.

Entendendo o artigo:

01 – Qual a principal tese defendida pelo autor sobre a leitura de livros físicos e digitais?

      O autor defende a superioridade da experiência de leitura em livros físicos, valorizando o contato com o papel, o cheiro da tinta e a sensação de manusear um objeto físico. Apesar de reconhecer as vantagens dos livros digitais, como a praticidade e a capacidade de armazenamento, ele argumenta que a experiência de leitura em um livro físico é única e irreprodutível.

02 – Qual a importância histórica da invenção da prensa móvel para a disseminação da leitura?

      A invenção da prensa móvel por Gutenberg revolucionou a forma como as informações eram disseminadas, permitindo a produção em massa de livros e democratizando o acesso à leitura. Antes da prensa, os livros eram copiados à mão, o que limitava sua produção e os tornava inacessíveis à maioria da população.

03 – Como o autor compara os livros digitais com a prensa móvel?

      O autor compara os livros digitais com a prensa móvel, argumentando que ambos representam revoluções na forma como lemos e acessamos informações. Assim como a prensa móvel democratizou o acesso à leitura no passado, os livros digitais têm o potencial de transformar a forma como lemos no presente.

04 – Quais são os principais argumentos do autor em defesa da leitura em livros físicos?

      O autor argumenta que a leitura em livros físicos proporciona uma experiência mais rica e completa, envolvendo os sentidos da visão, do tato e do olfato. Ele destaca a importância do contato físico com o livro, da possibilidade de marcar as páginas e de construir uma biblioteca pessoal.

05 – Qual a sua opinião sobre a coexistência de livros físicos e digitais?

      Essa pergunta não possui uma resposta única e correta, pois é uma questão de opinião. No entanto, a partir da leitura do texto, é possível inferir que o autor acredita na coexistência de ambas as formas de leitura, cada uma com suas próprias vantagens e desvantagens. Ele valoriza a experiência da leitura em livros físicos, mas reconhece a importância dos livros digitais como ferramentas complementares.