sábado, 5 de novembro de 2022

INFOGRÁFICO: COMO FUNCIONA O BASQUETE EM CADEIRA DE RODAS - COM GABARITO

 Infográfico: Como funciona o basquete em cadeira de rodas


Basquete em Cadeira de Rodas: história, regras e curiosidades

        Um dos esportes mais populares do mundo, o basquete tem sua versão para pessoas com algum comprometimento físico-motor: o basquete em cadeira de rodas.

        A modalidade é uma das mais tradicionais na história do movimento paraolímpico, tendo sido disputada em todos os Jogos Paraolímpicos. No Brasil, ainda estamos em busca das nossas primeiras medalhas.

        Quer saber quais são as diferenças nas regras do basquete em cadeira de rodas para o basquetebol que estamos acostumados a ver na NBA ou no NBB? Nós vamos te contar!

        Fique com a gente e saiba também todos os detalhes da história do basquete em cadeira de rodas!

        Quando surgiu o basquete em cadeira de rodas?

        O basquete em cadeira de rodas surgiu como alternativa para reintegração dos soldados norte-americanos que haviam se ferido durante a Segunda Guerra Mundial. Assim, o esporte foi um importante caminho para ajudá-los em sua reabilitação.

        No Brasil, o basquete em cadeira de rodas ganhou projeção a partir de 1958, com a introdução do esporte no movimento paraolímpico por Sérgio Del Grande e Robson Sampaio.

        A modalidade foi disputada nos Jogos Paraolímpicos desde sua primeira edição, em 1960, em Roma. A primeira participação da versão feminina aconteceu pela primeira vez em 1968, em Tel Aviv.

        As regras do basquete em cadeira de rodas são padronizadas pela Federação Internacional de Basquete em Cadeira de Rodas (IWBF). 

Infográfico elaborado com base em: BRASIL. Rede Nacional do Esporte. Basquete em cadeira de rodas. Disponível em: http://rededoesporte.gov.br/pt-br/megaeventos/paraolimpiadas/modalidades/basquete-em-cadeira-de-rodas. Acesso em: 9 jun. 2020.

Fonte: Língua Portuguesa – Se liga nas linguagens – Área do conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias – Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2020 – Moderna – p. 142-4.

Entendendo o infográfico:

01 – O basquetebol em cadeira de rodas possui algumas adaptações em relação ao basquetebol convencional. Em sua opinião, isso o torna menos competitivo?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Apesar de alguns parâmetros serem alterados em razão das deficiências dos atletas, as exigências competitivas são intensas.

02 – Qual é o principal objetivo do sistema de classificação funcional?

      Possibilitar que atletas com diferentes tipos e graus de deficiência possam jogar juntos.

03 – A participação de atletas com diferentes graus de deficiência em um mesmo jogo é compatível com o princípio da excelência do esporte, que pressupõe a seletividade dos melhores atletas? Justifique sua resposta.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A participação, em um mesmo jogo, de atletas classificados em categorias associadas ao grau de comprometimento motor não ameaça o princípio de excelência do esporte, apenas o adéqua à realidade motora de cada grupo de atletas.

04 – Em sua opinião, é acertada a classificação de atletas por pontos de acordo com o grau de comprometimento motor relacionado à sua deficiência? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A complexidade de se classificar as pessoas: por um lado, pode causar uma série de constrangimentos e dificuldades; por outro, abre possibilidades de participação democrática de pessoas com maior comprometimento físico-motor.

 

NOTÍCIA: FREVO: DANÇA E CULTURA PERNAMBUCANA - PAULA RONDINELLI - COM GABARITO

 Notícia: Frevo: dança e cultura pernambucana

Por: Paula Rondinelli – Brasil Escola

        Com origens no final do século XIX, o frevo é uma manifestação da cultura corporal tipicamente pernambucana. Não é novidade afirmar que o termo frevo se deve a uma alteração popular da palavra ferver. Segundo informações disponíveis no site do “Galo da Madrugada”, um dos blocos mais tradicionais de carnaval do Recife, como o ritmo era bastante acelerado, “com o passar dos anos, o termo usado pelas pessoas para o ritmo era ‘frervendo’ e assim ficou conhecido como frevo”.

        [...]

        Inicialmente, o termo frevo designava uma folia de rua marcada pela música intensa. Relatos de jornais da época, anteriores ao acontecimento anual, são indicativos para mostrar que essa festa realmente ganhava as ruas da cidade de Recife. Para conter o “frervor” dos foliões, os organizadores passaram a contratar grupos de capoeira que se apresentavam à frente dos blocos, com o intuito de controlar os comportamentos violentos que por vezes surgiam. Além disso, o uso do guarda-chuva – ou sombrinha, dependendo da região – na dança também tem a mesma origem: os grupos de capoeira usavam também esse artefato para controlar a população.

        Se observarmos de perto, hoje, os movimentos corporais do frevo, podemos identificar claramente a influência da capoeira na sua composição, especialmente movimentos baixos, que requerem máximas flexões dos joelhos. Atualmente há, em média, 120 passos catalogados para o frevo. Em geral, os passos mais complexos, que incluem habilidades acrobáticas, são realizados apenas por passistas dos blocos, a grande massa de foliões mantém a sua diversão com passos mais simples e populares.

        Alguns blocos são tão importantes que ajudam a perpetuar o frevo como patrimônio cultural do Recife, como é o caso do já citado “Galo da Madrugada”, do Recife, e o “Clube de Vassourinhas”, de Olinda. [...]

Frevo: dança e cultura pernambucana. Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/educacao-fisicafrevo-dança-cultura-pernambucana.htm. Acesso em: 11 jul. 2020.

Fonte: Língua Portuguesa – Se liga nas linguagens – Área do conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias – Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2020 – Moderna – p. 70.

Entendendo a notícia:

01 – Quando e em que cidade foi criado o frevo?

      No final do século XIX, na cidade de Recife.

02 – Segundo o texto, qual a origem do termo “frevo”, que acabou se tornando o nome dessa dança popular pernambucana?

      Segundo o texto, se deve a uma alteração popular da palavra ferver. O “Galo da madrugada”, um bloco de frevo bastante conhecido, diz que como o ritmo era bastante acelerado, “com o passar dos anos, o termo usado pelas pessoas para o ritmo era ‘frervendo’ e assim ficou conhecido coo frevo”.

03 – De acordo com o texto, qual é o artefato utilizado no frevo?

      O guarda-chuva ou sombrinha.

04 – Qual prática da cultura corporal teve uma participação importante na criação do frevo? Quais referências aos movimentos podemos identificar no texto?

      A capoeira, uma vez que alguns grupos começaram a ser contratados para se apresentarem à frente dos blocos, com o intuito de controlar possíveis comportamentos violentos que surgiam na multidão de foliões. Com isso, alguns movimentos da capoeira passaram ser incorporados pelo frevo, como, por exemplo, aqueles mais baixos e que requerem máximas flexões dos joelhos.

05 – Pensando no conceito de dança popular tratado anteriormente, como você identificaria o frevo dentro dessa categoria?

      Trata-se de uma manifestação que surge da expressão popular de Pernambuco, reunindo grupos sociais com características específicas, que, a partir de diversas referências e costumes locais, foram construindo uma nova prática corporal muito significativa para a comunidade. Com o tempo, a dança passa a traduzir diferentes significados e uma relação com a construção da identidade daquele povo.

 

ARTIGO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA: MICRORGANISMOS: NOSSAS FÁBRICAS MICROSCÓPICAS - COM GABARITO

 Artigo de divulgação científica: MICRORGANISMOS: NOSSAS FÁBRICAS MICROSCÓPICAS

9 DE JUNHO DE 2018 COMCIENCIA

Danielle Biscaro Pedrolli e Patrick Neves Squizato

          Biologistas sintéticos já vislumbram, inclusive, a construção de microfábricas completamente sintéticas, ou seja, formadas por moléculas de DNA sintéticas contendo um código sintético responsável por dirigir a síntese de proteínas sintéticas.

        Apesar de não os vermos, os microrganismos estão em todos os ambientes: quentes, frios, expostos, protegidos, terrestres, aquáticos, extremos e amenos. Eles habitam nossas casas, nossos alimentos e até nossos corpos. São trilhões (4 x 1013) de bactérias habitando nosso corpo. Contando apenas estas, temos cerca de 30% mais células de bactérias em nosso corpo do que nossas próprias células (Sender et al., 2016). Mas o que chamamos de microrganismos ainda inclui os fungos (popularmente conhecidos como mofo ou bolor), as leveduras (como as do fermento biológico do pão), e os vírus. Do ponto de vista biológico, somos menos humanos do que aparentamos.

        Nossos vizinhos e hóspedes microscópicos, apesar de invisíveis, não passam despercebidos. Alguns deles são velhos conhecidos por causarem gripes, micoses, diarreia, tuberculose. Apesar do grande incômodo, apenas uma pequena fração desses seres microscópios são agentes causadores de doenças. A grande maioria nos auxilia em tarefas corpóreas essenciais, como digerir os alimentos que consumimos e nos defender de patógenos. Outros são responsáveis pelas valiosas tarefas de decompor matéria orgânica e promover o crescimento de plantas. Utilizamos os microrganismos há mais de seis mil anos para preparar leites fermentados, iogurtes, queijos, cervejas, vinhos e pães. E na vida moderna, consumimos desde etanol combustível a medicamentos produzidos por microrganismos. Podemos dizer, portanto, que os microrganismos são nossas fábricas microscópicas ou microfábricas.

        Apesar de consumirmos bebidas e alimentos fermentados há milhares de anos e possuirmos mais células microbianas do que células humanas em nosso corpo, o mundo microbiano só foi descoberto em 1665, por Robert Hooke. E a partir de 1880, as pesquisas de um outro Robert, o Koch, nos permitiram isolar e estudar individualmente as diferentes espécies de microrganismos. Mas a primeira revolução das microfábricas começou em 1942, quando a penicilina produzida por um fungo foi usada para curar uma pessoa com infecção bacteriana severa. Os trabalhos de Alexander Fleming, Ernst Chain, Howard Florey e Norman Heatley, entre 1928 e 1942, permitiram a produção e purificação massiva de penicilina em escala industrial. O feito alcançado é surpreendente até para os parâmetros atuais: aumento de 50 mil vezes na produção de penicilina em relação às primeiras tentativas realizadas por Fleming. Fato curioso nessa história foi que um dos pontos chave para o desenvolvimento do processo produtivo ocorreu quando a assistente do laboratório, incumbida de comprar frutas emboloradas no mercado local em Peoria (Illinois, Estados Unidos), voltou ao laboratório com um melão recoberto por um belo mofo dourado. Por acaso, esse bolor dourado acabou sendo o fungo Penicillium chrysogeum, capaz de produzir 200 vezes mais penicilina do que a espécie descrita por Fleming (Markel, 2013).

        A partir daí, iniciaram-se as buscas por novos microrganismos e novas capacidades. Enzimas para processamento de sucos, ração animal e papel, uma gama de antibióticos, goma xantana, enzimas para tratamento de tecidos e limpeza de roupas, citrato, lactato, aminoácidos, vitaminas… muitos produtos de origem microbiana foram descobertos e passaram a ser produzidos em escala industrial.

        Mas a gama de produtos naturalmente produzidos por microrganismos é limitada, e a busca intensiva por moléculas novas ou mais eficientes, e processos mais viáveis industrialmente, muitas vezes não resultou em sucesso. Esse problema começou a ser solucionado nos anos 1970, quando adquirimos a capacidade de modificar geneticamente os microrganismos. Bactérias geneticamente modificadas são usadas desde 1982 para produzir a insulina usada no tratamento de pessoas portadoras de diabetes. Antes disso, a insulina era extraída e purificada a partir do pâncreas de animais, principalmente porcos. Mas o tratamento com insulina animal frequentemente causava reações alérgicas. Além disso, o processo de extração apresentava baixo rendimento.

        O DNA de uma célula funciona como um conjunto de softwares (os genes se enquadram aqui) dentro de um hardware chamado célula. Isso significa que as funções executadas pela célula estão codificadas no DNA. Para converter a informação codificada em função, a célula usa uma linguagem de programação universal, ou seja, células de espécies diferentes possuem softwares diferentes, mas a linguagem de programação usada é a mesma. Assim, modificar geneticamente um microrganismo significa dar a ele a informação necessária para realizar uma tarefa nova ou excluir a informação necessária para a realização de uma tarefa indesejada. Pode-se, por exemplo, excluir do DNA a informação sobre como sintetizar uma toxina, eliminando-se assim a capacidade do microrganismo em produzir essa toxina. Ou pode-se inserir no DNA a informação necessária para a síntese de uma substância, a insulina por exemplo, conferindo-se assim ao microrganismo a capacidade para a produção da insulina. Essa substância passa então a ser diferenciada da molécula produzida naturalmente pelo termo “recombinante”. E assim se faz um microrganismo geneticamente modificado por engenharia genética. Com a engenharia genética, veio a segunda revolução das microfábricas, que nos converteu de prospectadores a construtores. Vacinas recombinantes, enzimas recombinantes, hormônios recombinantes… nossas microfábricas foram ampliadas em variedade de produtos e eficiência de produção.

        A engenharia genética nos permitiu copiar capacidades de um organismo e transferi-las a outro, ou eliminar capacidades indesejadas, o que só é possível pelo fato dos organismos usarem todos a mesma “linguagem de programação”. Mas, mesmo assim, as capacidades naturalmente disponíveis para serem copiadas são limitadas. Era necessária uma nova revolução, a terceira revolução, que chegou no início dos anos 2000, com o desenvolvimento e barateamento da síntese de DNA, nos convertendo de construtores a projetistas. Assim, a manipulação genética deixou de ser limitada pela existência de moldes que podiam ser copiados e passou a permitir também a criação de novas capacidades para as microfábricas (e para qualquer outro organismo). A capacidade de projetar e construir sistemas biológicos abriu terreno para o surgimento de uma abordagem nova dentro das ciências da vida, a biologia sintética.

        Em essência, a biologia sintética visa à concepção de fábricas biológicas, microscópicas ou macroscópicas (por exemplo uma planta), de uma forma racional e sistemática. A biologia sintética propõe, portanto, a criação de células feitas de matéria biológica com funções não naturais, dentro de uma proposta de integração entre a biologia e a engenharia, para tornar o processo de desenvolvimento mais confiável, eficiente e previsível. Resgatando a analogia com a computação, seria como desenvolver softwares novos para comandar os hardwares existentes.

        Um dos marcos dessa nova era das microfábricas foi a construção de um microrganismo capaz de produzir o ácido artemisínico, que é usado na síntese de uma potente droga antimalárica, a artemisinina. A obtenção da artemisinina natural ocorre a partir de extratos da planta artemísia em um processo de baixo rendimento incapaz de suprir a demanda pelo medicamento (Paddon e Keasling, 2014).

        Cientistas ainda mais ambiciosos criaram microrganismos capazes de diagnosticar doenças, produzir matérias-primas em substituição a derivados do petróleo, produzir novos biocombustíveis, produzir células-combustível microbianas que geram eletricidade a partir de bactérias geneticamente modificadas, produzir bio-borracha, bio-acrílico, e até processar informação através de portas lógicas como as usadas em circuitos eletrônicos (ver “Current uses of synthetic biology for renewable chemicals, pharmaceuticals, and biofuels”). Alguns vão além, propondo uso das microfábricas diretamente dentro do corpo, ou seja, ao invés de produzir um fármaco industrialmente e depois administrá-lo ao paciente, a microfábrica poderia ser diretamente administrada à pessoa. Uma vez dentro do organismo humano, a microfábrica iniciaria sua produção do medicamento, liberando-se, em seguida, diretamente ao paciente.

        Biologistas sintéticos já vislumbram, inclusive, a construção de microfábricas completamente sintéticas, ou seja, formadas por moléculas de DNA sintéticas contendo um código sintético responsável por dirigir a síntese de proteínas sintéticas. A primeira etapa desse processo já foi concluída quando microrganismos naturais tiveram seus cromossomos substituídos por versões sintéticas da molécula. O cromossomo sintético foi capaz de instruir a célula a desempenhar todas as suas funções básicas corretamente (Hutchison et al., 2016). Um passo mais complexo será o desenvolvimento de uma linguagem sintética para a célula. O desenvolvimento de células sintéticas, potencialmente, criará um isolamento dos microrganismos geneticamente modificados em relação aos naturais, impedindo qualquer tipo de disseminação de DNA modificado entre a microbiota natural.

        As microfábricas são opções atrativas para substituir tanto o modelo de produção baseado na extração de compostos vegetais quanto na química industrial. Dentre as vantagens estão um processo produtivo livre da sazonalidade do cultivo vegetal, uma produtividade que pode ser manipulada para aumentar o rendimento do processo, a utilização de matérias-primas renováveis, podendo até ser adaptado para uso de resíduos agroindustriais, não gerar resíduos tóxicos ou poluentes, ter potencial para produção de moléculas complexas e não demandar condições extremas como alta temperatura e/ou pressão. E talvez o aspecto mais intrigante de todos, são as únicas fábricas que se reproduzem autonomamente.

        Mas nem tudo são flores. O tema levanta importantes questões sobre regulação e segurança em relação ao uso massivo de organismos geneticamente modificados. Essas questões são especialmente relevantes quando se trata de microrganismos, pois estes podem ser extremante eficientes em se espalhar e colonizar ambientes por possuírem alta capacidade de adaptação, e ainda possuem a capacidade de transferir moléculas de DNA não só às células filhas, mas também aos microrganismos vizinhos. Por esse motivo, cientistas têm trabalhado na construção de sistemas de contenção biológica, capazes de induzir a morte das microfábricas e a destruição de seus DNAs sempre que necessário.

        Além disso, ainda existem questões sociais e éticas que devem ser abordadas antes que as microfábricas sejam massivamente empregadas, principalmente em ambientes não controlados.

Danielle Biscaro Pedrolli é professora do Departamento de Bioprocessos e Biotecnologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, na Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara.

Patrick Neves Squizato é aluno de graduação em engenharia de bioprocessos e biotecnologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, na Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara.

Referências

“Current uses of synthetic biology for renewable chemicals, pharmaceuticals, and biofuels”. Biotechnology Industry Organization, 2013. Disponível em: https://www.bio.org/sites/default/files/files/2013-03-03-Synthetic-Biology-Products.pdf
Hutchison, C.A.; Chuang, R.Y; Noskov, V.N.; et al. “Design and synthesis of a minimal bacterial genome”. Science, vol. 351, n. 6280, aad6253 (p. 0-12), 2016.
Markel, H. “The real story behind penicillin”. PBS NewsHour, 2013. Disponível em: https://www.pbs.org/newshour/health/the-real-story-behind-the-worlds-first-antibiotic
Paddon, C.J.; Keasling, J.D. “Semi-synthetic artemisinin: a model for the use of synthetic biology in pharmaceutical development”. Nature Reviews Microbiology, vol. 12, p. 355–367, 2014.
Sender, R.; Fuchs, S.; Milo, R. “Are we really vastly outnumbered? Revisiting the ratio of bacterial to host cells in humans”. Cell, vol. 164, p. 337-340, 2016.

PEDROLLI, D. B.; SQUIZATO, P. N. Microrganismos: Nossas Fábricas Microscópicas. ComCiência, jun. 2018. Dossiês. Disponível em: http://www.comciencia.br/microrganismos-nossas-fabricas-microscopicas/. Acesso em: 3 mar. 2020.

Fonte: Língua Portuguesa – Se liga nas linguagens – Área do conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias – Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2020 – Moderna – p. 85-88.

Entendendo o artigo de divulgação científica:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Vislumbram: preveem, imaginam.

·        Patógenos: agentes causadores de doença.

·        Microbianas: de micróbios.

·        Gama: série.

·        Goma xantana: tipo de açúcar produzido por fermentação pela bactéria Xanthomonas campestres.

·        Citrato: designação genética dos sais do ácido cítrico.

·        Lactato: sal do ácido láctico.

·        Toxina: substância tóxica capaz de provocar a formação de anticorpos ou antitoxinas.

·        Insulina: hormônio secretado pelo pâncreas responsável pelo metabolismo dos carboidratos no sangue.

·        Prospectadores: pesquisadores; investigadores.

·        Antimalárica: que combate ou previne a malária.

·        Fármaco: produto farmacêutico; substância química usada como remédio.

·        Microbiota: grupo de microrganismos que vive em determinado ambiente.

·        Sazonalidade: qualidade do que é sazonal, que varia conforme a estação/época do ano.

02 – A qual área da Ciência está relacionado esse artigo?

      À Biologia.

03 – O artigo de divulgação científica é um texto destinado a um público amplo, que tem interesse em um assunto, mas não é especializado. Você achou fácil entender esse artigo? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.

04 – Em quais passagens você nota que o texto não se destina a um cientista?

      Na introdução, por exemplo, há uma explicação sobre a presença de vírus no ambiente e no próprio corpo humano, que seria dispensável na interlocução com um cientista.

05 – Ao longo do texto, foram citados vários estudos. O que isso nos diz sobre a forma como se faz ciência?

      Os estudos científicos ocorrem por complementação, e não isolados. O trabalho de um cientista é aproveitado por outros, que desenvolvem novas linhas de pesquisa.

06 – Veja, agora, as referências. Qual conhecimento parece ser importante na formação de um cientista?

      O conhecimento da língua inglesa, já que muitos artigos são escritos nessa língua.

07 – O artigo foi assinado por duas pessoas. Que relação existe entre elas? Como deve ter sido a produção do texto?

      Provavelmente Patrick é aluno de Danielle ou realiza alguma pesquisa sob sua orientação. O artigo deve ter sido escrito por ele com a supervisão dela. 

08 – Por que é importante que o leitor conheça a função social dos autores de um artigo de divulgação científica?

      Essa informação contribui para a credibilidade do artigo. O fato de ter sido escrito por um estudante da área junto de uma professora universitária especializada indica que as informações muito provavelmente estão corretas e embasadas em estudos confiáveis.

CRÔNICA: O NASCIMENTO DA CRÔNICA - MACHADO DE ASSIS - COM GABARITO

 Crônica: O nascimento da crônica

               Machado de Assis

        Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. É dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando as pontas do lenço, bufando como um touro, ou simplesmente sacudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos atmosféricos, fazem-se algumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras sobre a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e La glace est rompue; está começada a crônica.

        Mas, leitor amigo, esse meio é mais velho ainda do que as crônicas, que apenas datam de Esdras. Antes de Esdras, antes de Moisés, antes de Abraão, Isaque e Jacó, antes mesmo de Noé, houve calor e crônicas. No paraíso é provável, é certo que o calor era mediano, e não é prova do contrário o fato de Adão andar nu. Adão andava nu por duas razões, uma capital e outra provincial. A primeira é que não havia alfaiates, não havia sequer casimiras; a segunda é que, ainda havendo-os, Adão andava baldo ao naipe. Digo que esta razão é provincial, porque as nossas províncias estão nas circunstâncias do primeiro homem.

        Quando a fatal curiosidade de Eva fez-lhes perder o paraíso, cessou, com essa degradação, a vantagem de uma temperatura igual e agradável. Nasceu o calor e o inverno; vieram as neves, os tufões, as secas, todo o cortejo de males, distribuídos pelos doze meses do ano.

        Não posso dizer positivamente em que ano nasceu a crônica; mas há toda a probabilidade de crer que foi coetânea das primeiras duas vizinhas. Essas vizinhas, entre o jantar e a merenda, sentaram-se à porta, para debicar os sucessos do dia. Provavelmente começaram a lastimar-se do calor. Uma dia que não pudera comer ao jantar, outra que tinha a camisa mais ensopando que as ervas que comera. Passar das ervas às plantações do morador fronteiro, e logo às tropelias amatórias do dito morador, e ao resto, era a coisa mais fácil, natural e possível do mundo. Eis a origem da crônica.

        Que eu, sabedor ou conjeturador de tão alta prosápia, queira repetir o meio de que lançaram mãos as duas avós do cronista, é realmente cometer uma trivialidade; e contudo, leitor, seria difícil falar desta quinzena sem dar à canícula o lugar de honra que lhe compete. Seria; mas eu dispensarei esse meio quase tão velho como o mundo, para somente dizer que a verdade mais incontestável que achei debaixo do sol é que ninguém se deve queixar, porque cada pessoa é sempre mais feliz do que outra.

        Não afirmo sem prova.

        Fui há dias a um cemitério, a um enterro, logo de manhã, num dia ardente como todos os diabos e suas respectivas habitações. Em volta de mim ouvia o estribilho geral: que calor! Que sol! É de rachar passarinho! É de fazer um homem doido!

        Íamos em carros! Apeamo-nos à porta do cemitério e caminhamos um longo pedaço. O sol das onze horas batia de chapa em todos nós; mas sem tirarmos os chapéus, abríamos os de sol e seguíamos a suar até o lugar onde devia verificar-se o enterramento. Naquele lugar esbarramos com seis ou oito homens ocupados em abrir covas: estavam de cabeça descoberta, a erguer e fazer cair a enxada. Nós enterramos o morto, voltamos nos carros, c dar às nossas casas ou repartições. E eles? Lá os achamos, lá os deixamos, ao sol, de cabeça descoberta, a trabalhar com a enxada. Se o sol nos fazia mal, que não faria àqueles pobres-diabos, durante todas as horas quentes do dia?

SANTOS, Joaquim Ferreira dos (Org.). As cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. p. 27.

Fonte: Língua Portuguesa – Ensino Médio – 2° ano. Caderno 4 – 1ª edição – 1ª impressão – Maxiprint Editora – São Paulo, 2018. p. 40-2.

Entendendo a crônica:

01 – O eu da crônica afirma que há uma forma correta para se começar uma crônica: por meio de uma trivialidade. Em seguida, ele cita alguns exemplos que confirmam o seu ponto de vista. Analise o que foi dito e os exemplos apontados e explique o que ele quis dizer.

      Ao afirmar que uma crônica nasce da trivialidade, o eu cronista afirma que esse gênero nasce a partir de temas simples, de situações cotidianas, corriqueiras, como uma conversa sobre o clima, por exemplo, que é o que ele cita.

02 – Apesar de ser um texto escrito com uma linguagem mais aprimorada, própria da época e do estilo do autor, há a intenção, por parte do eu do cronista, de estabelecer uma aproximação com o leitor. Como isso acontece? Explique.

      De fato, trata-se de um texto escrito por um autor que perpassou o século XIX e o início do século XX, com uma escrita rebuscada e um vocabulário mais erudito. Entretanto, há a tentativa de aproximação com o leitor, especialmente por meio dos vocativos estabelecidos ao longo do texto, com o intuito de colocar esse leitor no meio das discussões, como por exemplo quando se observa o seguinte trecho: “Mas, leitor amigo”.

03 – Na tentativa de estabelecer a origem da crônica, o eu do cronista passa por algumas épocas distintas, apontando o calor como o assunto central para o nascimento desse gênero. Aponte as personagens destacadas, ao longo do texto, que confirmam essa ideia, apresentando a associação feita entre as personagens e o calor.

      Primeiro, o eu do cronista cita Adão e Eva, alegando que, quando Eva nos fez perder o paraíso, veio o calor e tudo mais que norteia o nosso cotidiano, como tufões, seca, etc. Depois, foi a vez das duas primeiras vizinhas que, ao iniciarem uma conversa trivial, após uma refeição, certamente, falaram do calor. Por fim, o eu do cronista vai a um cemitério, onde todos reclamam do calor, menos os coveiros responsáveis por abrir e por fechar as covas, debaixo de chuva ou de sol, e que não reclamam do sol escaldante naquele dia.

04 – Justifique o uso da pontuação destacada nos exemplos a seguir:

a)   “[...] fazem-se algumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras sobre a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e ‘La glace est rompue’ [...]” (reticências dentro dos colchetes e aspas simples)

As reticências dentro dos colchetes indicam que alguma informação foi suprimida antes e depois do trecho citado. As aspas simples indicam uma expressão em língua estrangeira e, ainda, um trecho dentro de outro trecho citado.

b)   “Mas, leitor amigo, esse meio é mais velho ainda do que as crônicas, que apenas datam de Esdras.” (Vírgulas)

As duas primeiras vírgulas estão isolando um vocativo, uma expressão de chamamento. A última vírgula isola uma oração subordinada adjetiva explicativa.

c)   “[...] que calor! Que sol! É de rachar passarinho! É de fazer um homem doido!” (Pontos de exclamação)

Todos os pontos de exclamação, no trecho transcrito, indicam a expressão enfática de um sentimento, de uma sensação, no caso, o incômodo diante do calor excessivo.

d)   “E eles?” (Ponto de interrogação)

O ponto de interrogação foi usado para indicar uma pergunta direta.

05 – Por fim, observe que todos os excertos apresentados no exercício 4 figuram entre aspas. Explique o porquê dessa condição.

      Todos os trechos foram colocados entre aspas, pois foram retirados do texto “O nascimento da crônica”. Trata-se, portanto, de uma citação textual.

 

TEXTO: A EXPERIÊNCIA COM O GRUPO DE ADOLESCENTES - INGRID DORMIEN KOUDELA - COM GABARITO

 Texto: A experiência com o grupo de adolescentes

           Ingrid Dormien Koudela

        O adolescente é um marginalizado do teatro brasileiro. Raras são as peças dirigidas especialmente a essa faixa etária. Os espetáculos infantis lhes são monótonos e carentes de significado, e o teatro “adulto”, que poderia propiciar uma experiência mais rica, torna-se inacessível, pela presença da censura. A maior parte da população disponível para o teatro está deliberadamente fora de seu alcance.

        Muitos jovens vivem de dez a vinte e cinco horas por semana a relação palco/plateia, seja diante da televisão, ouvindo rádio ou assistindo filmes – mais tempo do que passam na escola, em determinados casos. Perplexos com o impacto da televisão, nos perguntamos como agir diante dessa realidade. Sem formular uma compreensão e análise daquilo que vê, o público identifica no gesto pasteurizado seus modelos. Uma análise da interferência negativa dos conteúdos dos programas para a formação do jovem não esgota ainda o problema, que reside na atitude passiva que a audiência durante horas a fio gera no indivíduo.

        O teatro, enquanto proposta de educação, trabalha com o potencial que todas as pessoas possuem, transformando esse recurso natural em um processo consciente de expressão e comunicação. A representação ativa e integra processos individuais, possibilitando a ampliação do conhecimento da realidade.

        Ao organizar o curso para o grupo de adolescentes, o objetivo que nos colocamos foi o desenvolvimento de uma linguagem, potencialmente inata em todos os indivíduos, mas marginalizada. Nesse contexto, a função da representação era a elaboração da realidade observada e a reflexão sobre o significado da ação de representar.

        O objetivo de observação mais próximo para avaliar a estrutura do gesto era o reconhecimento do próprio corpo. Através do jogo de improvisação, trabalhamos com a resistência característica dessa faixa etária em utilizar o próprio corpo e ocupar o espaço físico.

KOUDELA, Ingrid Dormien. Jogos teatrais. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 2004. p. 78.

Fonte: Língua Portuguesa – Se liga nas linguagens – Área do conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias – Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2020 – Moderna – p. 66.

Entendendo o texto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Deliberadamente: decididamente.

·        Pasteurizado: sem originalidade, empobrecido de qualidades artísticas, para agradar ao grande público.

·        Inata: natural, que pertence ao ser desde o seu nascimento.

02 – O que permite ao leitor reconhecer que o texto foi escrito há bastante tempo?

      O texto discute o impacto da televisão sobre o jovem e não menciona o uso de computadores e celulares. Há também referência à censura.

03 – A existência de várias reedições mostra que a obra não está obsoleta, isto é, superada. Relacione as informações ainda válidas para quem deseja refletir sobre a experiência teatral.

      A autora menciona que o teatro proporciona a superação da passividade e da tendência a repetir “gestos pasteurizados”, isto é, de pouco significado; permite conhecer melhor a realidade por meio de processos individuais; e favorece a superação da resistência ao uso corpo, que marca a adolescência.

04 – Considerando as respostas aos itens anteriores, o que você pode concluir sobre como proceder ao usar como fonte de pesquisa estudos acadêmicos mais antigos?

      Resposta pessoal do aluno.

05 – Este texto é destinado a um público específico: estudiosos da área do teatro e professores interessados na técnica dos “jogos teatrais”. Que aspectos revelam esse direcionamento?

      Além da maior complexidade da abordagem, o texto está focado na relação do adolescente com o teatro, considerando o potencial deste na formação daquele, algo que interessa, predominantemente, a educadores e especialistas.

TEXTO: O ATOR E A REPRESENTAÇÃO - (FRAGMENTO SOBRE ARTES CÊNICAS) - COM GABARITO

 Texto: O ator e a representação

            Fragmento sobre Artes Cênicas

        O ator é, antes de tudo, um privilegiado. Pode ser qualquer um, incorporar outra persona de corpo e alma para em seguida voltar a ser ele mesmo. Para isso, vale-se de exercícios de preparação e conscientização corporal de modo que seu eu se torne invisível. Aos olhos encantados da sua audiência, só o personagem existe.

        Ao emprestar seu corpo, o ator torna-se veículo da arte. E tudo acontece ao vivo, diferentemente de outras artes – escultura, pintura, escrita –, cujo fazer não é mostrado ao público no momento em que acontece.

        Por isso o ator necessita tanto do ensaio, porque aos outros artistas basta o livre fazer e desfazer, para só depois apresentar o resultado à sua audiência. Já o ator precisa elaborar seu trabalho tendo em conta que o apresentará por uma quantidade determinada de vezes e nenhuma apresentação será exatamente igual a outra. Sua habilidade está em superar essa contingência sem desfigurar a obra, e isso somente é possível pela construção sólida do personagem e por ensaios exaustivos.

        Ser alguém por um momento e voltar a ser você mesmo em outro, aliar a vida imaginada e a vivida não é tarefa simples, exige técnica, imaginação criadora e livre trânsito pelo espaço cênico. Uma linha tênue, sutil separa o convencimento da incredulidade. Uma atuação convincente alcança certo grau de veracidade que desprende o espectador do real para o lúdico sem que essa transição seja percebida. Por meio de diferentes técnicas, modelos e sistemas, de Stanislavski, passando por Anton Tchekhov (1860-1904), Bertold Brecht (1898-1956). Antonin Artaud (1896-1948), Jerzy Grotowshi (1933-1999), Peter Brook (1925-) e tantos outros, o ator busca abrir a janela para o infinito interior e, a partir de poucos elementos simbólicos, retratar a alma humana.  

Caderno de Artes Cênicas. São Paulo: Sesi-SP, 2012. v. 1, p. 54.

Fonte: Língua Portuguesa – Se liga nas linguagens – Área do conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias – Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2020 – Moderna – p. 63-4.

Entendendo o texto:

01 – Releia o primeiro parágrafo.

a)   No contexto da representação, o que significa “se tornar invisível”?

“Tornar-se invisível” significa incorporar integralmente o personagem.

b)   Na sua opinião, a ideia de “invisibilidade” invalida a opção da diretora Duda Maia para a encenação das atrizes de Elza? Justifique.

Resposta pessoal do aluno.

02 – Ao mostrar certas particularidades da representação diante de outros fazeres artísticos, o produtor do texto afirma: “Sua habilidade está em superar essa contingência sem desfigurar a obra”.

a)   A que ele se refere com o termo contingência?

No contexto, contingência refere-se às particularidades ou eventualidades de cada apresentação.

b)   Qual é a “desfiguração” que o ator precisa evitar?

A desfiguração da obra, já que as representações são diferentes a cada vez, inclusive devido às particularidades de recepção do público.

03 – A peça Romeu e Julieta teve inúmeras montagens, produzidas tanto por profissionais quanto por amadores, em situações despretensiosas. Considere o que foi dito sobre a representação e a relação com o público e responda: quais são os prováveis limites de uma peça não profissional?

      Segundo o texto, a representação pressupõe “exercícios de preparação e conscientização corporal” e muitos ensaios para uma “construção sólida do personagem”. Sem isso, torna-se difícil conseguir uma “atuação convincente”.

04 – A proposta do Caderno de artes cênicas é, segundo os produtores da coleção em que se insere, contribuir para que o público entenda melhor a expressão artística teatral. O trecho lido acrescentou algo ao seu conhecimento sobre a arte da representação?

      Resposta pessoal do aluno.

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

A XÍCARA E O BULE: UM APÓLOGO - EDUARDO CÂNDIDO - COM GABARITO

 A XÍCARA E O BULE: UM APÓLOGO

                 Eduardo Cândido

 

Após o café da tarde, sobre a mesa da varanda, a Xícara disse para o velho Bule:

– Ah… eu sou a mais bela peça da copa!

A qual respondeu o Bule:

– Tu? Ora essa!

– Sim! Sou a mais bela peça, e a mais importante também! – retrucou a xícara indignada.

– É mesmo? – perguntou o Bule, com ironia.

– Podes rir bule velho! – disse a Xícara, fechando a cara.

– Ora, não me leve a mal. Tu sabes que eu gosto muito de ti – disse amigavelmente o Bule cheio de chá.

Mas dona Xícara, ignorando o senhor Bule, continuou a discorrer amorosamente sobre as suas qualidades admiráveis:

– Pois então. É a mim que os senhores levam à boca, todos os dias, e me cobrem de beijos enquanto bebem o chá. Sou feita de porcelana delicada, com belas florzinhas pintadas de dourado, que refletem a luz e brilham como num sonho. Não é qualquer um da casa que pode me tocar.

O Bule, muito sensato, tentou transmitir uma lição:

– Mas, minha amiga, o que realmente importa é o nosso destino. O que disseste sobre tuas florzinhas é somente vaidade, mas ir à boca dos senhores é o teu dever. E sou eu que fervo a água e preparo o chá no meu interior, o qual é servido por ti. Tal é o meu destino. Tu percebes que nós dois, juntos, temos um sentido na vida?

Dona Xícara riu-se, e disse com desprezo:

– Oh, sim! Então não sou diferente dos copos de vidro grosseiro que as crianças usam para beber? Escuta, filósofo, serei franca contigo: tu tens inveja…

– Inveja? – perguntou o Bule.

– Sim! – respondeu a Xícara – pois eu estou sempre cheirosa e doce, e tu tens cheiro de bule velho e borra de chá. Lavam-me cuidadosamente, e guardam-me no armário de vidro, junto com as louças finas e os cristais, para embelezar a casa; enquanto tu és lavado com palha de aço e te escondem dentro da pia, para que não te vejam. Sou estimada, e quanto mais velha eu me torno, mais valiosa fico. E tu? És velho, manchado, cheio de amassadinhos, e és feito de metal ordinário…

O Bule ia responder alguma coisa, porém desistiu. Como poderia argumentar com uma xícara vaidosa e cabeçuda?

Nesse momento o gato da casa, inesperadamente, pulou em cima da mesa da varanda tentando caçar um besouro. O gato foi tão rápido e desastrado que nem escutou os gritos do senhor Bule e da dona Xícara:

– Cuidado!

Mas era tarde demais, e os dois caíram no chão. O velho Bule, que tinha uma base pesada, caiu e rodou como um pião, ficando em pé quando parou. E a bela Xícara, pobrezinha, espatifou-se nas lajes da varanda.

Uma lágrima de chá deslizou suavemente pela fronte do senhor Bule, enquanto observava a pequena luz de vida que aos poucos desaparecia dos caquinhos de porcelana.

– Minha amiga – disse o Bule, entristecido – escarneceste dos meus amassadinhos. Pois são as marcas da experiência, dos muitos tombos que levei na vida…

E a Xícara, definhando, respondeu num fio de voz:

– Sem essa, convencido! Se não fosse eu, tu não terias a oportunidade de ficar aí, fazendo pose de sábio!…

 Fonte: Maxi: ensino fundamental 2:multidisciplinar:6 º ao 9º ano/obra coletiva: Thais Ginicolo Cabral. 1.ed. São Paulo: Maxiprint,2019.7º ano Caderno 4 p.14-17.

Entendendo o texto

01. O texto “A Xícara e o Bule: um apólogo” é um texto tipo narrativo. Aponte os elementos da narrativa presentes nele.

Como todo texto narrativo literário, esse apólogo tem um narrador, que é narrador-observador, com foco narrativo em 3ª pessoa; personagens: a Xícara e o bule (personagens principais), o gato e o besouro (personagens secundários); tempo: após o café da tarde; espaço: sobre a mesa da varanda; e enredo: discussão dos personagens sobre vaidade e humildade.

02. Esse texto é um apólogo. Quais as principais características desse gênero presentes no texto?

Os personagens principais, a xícara e o bule, que são objetos inanimados, ganham vida, a fim de transmitir um ensinamento: a vaidade destrói a inteligência.

03. Que comportamento humano é analisado e discutido no apólogo de Eduardo Cândido? Explique-o.

O comportamento analisado e discutido nesse apólogo é a vaidade. A Xícara considera-se a peça mais bela e a mais importante da copa.

04. Em um apólogo, os personagens representam traços positivos e negativos do caráter humano, ilustrando suas virtudes e seus vícios. De que forma essa característica do gênero é apresentada no texto?

De modo amigável e sensato, o Bule tenta fazer a Xícara perceber que cada um tem a sua importância e o seu dever, e que, juntos, eles têm um sentido na vida, mas, por conta de sua vaidade, a Xícara é incapaz de perceber isso.

05. Em uma narrativa, chamamos de desfecho a solução do conflito vivido pelos personagens. Comente o desfecho desse apólogo.

A vaidade da Xícara é mantida mesmo após o Bule ter explicado e ela que as marcas que carregava eram sinais de suas experiências, ao que ela atribui ser uma oportunidade de o Bule se fazer de sábio graças a ela.