terça-feira, 11 de junho de 2019

TEXTO: DISCURSO DE NELSON MANDELA - MARIANA KILLNER - COM QUESTÕES GABARITADAS


Texto: Discurso de Nelson Mandela
           
       Discurso de Nelson Mandela na entrega do Prêmio Nobel da Paz

   Eu gostaria de aproveitar a ocasião para parabenizar meu compatriota e companheiro Laureado, o presidente F.W. de Klerk, pela honra recebida.
  Juntos, unimo-nos a dois distintos sul-africanos, o chefe Albert Lutuli e o arcebispo Desmond Tutu, aos quais foram prestadas frutíferas contribuições para a luta pacífica contra o danoso sistema do apartheid, concedendo-lhes, anteriormente, o merecido Prêmio Nobel da Paz.
        Não será presunçoso de nossa parte se nós também acrescentarmos, entre nossos predecessores, o nome de outro extraordinário laureado pelo Prêmio Nobel da Paz, o reverendo Martin Luther King Jr.
        Ele, também, lutou e morreu em busca de uma solução justa para os mesmos grandes problemas pelos quais tivemos que passar como sul-africanos.
        Nós nos referimos aqui sobre o desafio das dicotomias entre guerra e paz, violência e não violência, racismo e dignidade humana, opressão e liberdade, repressão e direitos humanos, pobreza e liberdade de ação.
        Nós estamos aqui hoje como meros representantes de milhões de nossos compatriotas que ousaram opor-se contra um sistema social cuja essência é a guerra, a violência, o racismo, a opressão, a repressão e o empobrecimento de toda uma nação.
        Também represento aqui milhões de pessoas de todo o mundo, o movimento antiapartheid, os governos e as organizações que se juntaram a nós não para lutar contra a África do Sul como um país ou algum de seus povos, mas para opor-se a um sistema desumano e buscar um rápido fim aos crimes do apartheid contra a humanidade.
        Esses incontáveis seres humanos, ambos dentro e fora de nosso país, tiveram a nobreza de espírito de barrar o caminho da tirania e da injustiça, sem almejar proveito próprio. Eles reconheceram que a injúria de um é a de todos e, por isso, agiram juntos na defesa da justiça e da decência humana.
        Devido a sua coragem e persistência durante muitos anos, nós podemos, hoje, até prever o dia em que a humanidade irá se reunir para celebrar uma das mais memoráveis vitórias humanas de nosso século.
        Quando esse momento chegar, nós devemos, juntos, alegrar-nos em uma vitória comum sobre o racismo, o apartheid e as regras impostas pela minoria branca.
        Esse triunfo irá pôr fim a uma história de quinhentos anos de colonização africana que começou com o estabelecimento do império português.
        Assim, ficará estabelecido que um grande passo na história foi dado e também servirá como um compromisso mútuo entre todas as pessoas do mundo para lutarem contra o racismo, onde quer que ocorra e seja qual for sua forma.
        No extremo austral do continente africano, aqueles que sofreram em nome de toda a humanidade quando sacrificaram tudo – por liberdade, paz, dignidade humana e pelo desenvolvimento humano – estão prestes a receber como grande recompensa um presente inestimável.
        Essa recompensa não será medida através do dinheiro. Nem pode ser medida em função do preço de metais raros e pedras preciosas da terra africana que foi trilhada por nossos ancestrais.
        Será e deverá ser avaliada através da felicidade do bem-estar das crianças, os cidadãos mais vulneráveis em qualquer sociedade e, ao mesmo tempo, o maior de nossos tesouros.
        As crianças devem, por fim, brincar livremente nos campos, sem serem torturadas pelas dores da fome, dizimadas pela doença ou ameaçadas pelo tormento da ignorância, da moléstia ou do abuso, nem obrigadas a participar de atos cuja gravidade ultrapassa sua compreensão.
        Diante dessa distinta plateia, nós incumbimos a nova África do Sul à busca implacável das metas definidas na Declaração Mundial sobre a Sobrevivência, a Proteção e o Desenvolvimento das Crianças.
        A recompensa de que falamos será e deverá ser medida em função da felicidade e bem-estar das mães e pais dessas crianças, que devem viver em sua terra sem medo de serem roubadas, mortas por questões políticas ou materiais, ou maltratadas porque são pobres.
        Elas também devem ser libertadas do pesado fardo da desesperança que carregam em seus corações, devido à fome, à falta de moradia e ao desemprego.
        O valor dessa dádiva para todos aqueles que sofrem será e deverá ser medida em função da felicidade e do bem-estar de todas as pessoas de nosso país, que terão derrubado os muros desumanos que as separam.
        Essas grandes massas terão dado as costas ao grave insulto à dignidade humana, que enxergava alguns como senhores e outros como criados, e transformava cada ser em um predador cuja sobrevivência dependia da destruição do outro.
        O valor dessa recompensa partilhada por todos será e deverá ser medida em função da paz jubilosa que triunfará, já que a mesma humanidade que une ambos os negros e os brancos em uma só raça revelará a cada um de nós que todos devemos viver como crianças no paraíso.
        Assim devemos viver, pois nós teremos criado uma sociedade que reconhece que todas as pessoas nascem iguais e têm direito a uma parcela justa de vida, liberdade, prosperidade, direitos humanos e governo igualitário.
        Uma sociedade como a nossa não deverá jamais permitir que haja novamente presos políticos nem que o direito de qualquer cidadão seja violado.
        Assim, não deveria mais acontecer que os caminhos que levam à mudança pacífica sejam bloqueados por usurpadores que estejam sedentos pelo poder, não se importando com seu povo, já que estão em busca de seus próprios e vis objetivos.
        [...]
                                                                                   Texto extraído do site: http://nobelprize.org/nobel_prizes/peace/laureates/1993/mandela-lecture.html.                  Acesso em: 16 nov. 2010. Traduzido por Mariana Killner.
Entendendo o texto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
·        Laureado: homenageado.
·        Usurpadores: que toma posse de algo que não lhe pertence.

02 – Após ler o texto, diga com suas palavras o que significa apartheid.
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Era um regime de segregação da população negra, incentivada pela política oficial de minoria branca da República da África do Sul, entre 1948 e 1990.

03 – Mandela cita algumas pessoas que assim como ele ganharam o Prêmio Nobel da Paz em virtude de suas atitudes altruístas diante da humanidade. Quem são essas pessoas? Você já tinha ouvido falar delas? Comente.
      O presidente F. W. de Klerk, o chefe Albert Luthuli, o arcebispo Desmond Tutu e o pastor Martin Luther King Jr. Resposta pessoal do aluno.

04 – Em sua opinião, por que para Mandela a luta contra o apartheid é a mais memorável de todas?
      Resposta pessoal do aluno.

05 – A quem esse texto é dirigido? Com que finalidade ele foi produzido?
      O texto foi dirigido à plateia que estava presente na cerimônia de entrega do Prêmio Nobel da Paz. Ele foi produzido para agradecer esse prêmio recebido.

06 – O autor do texto expõe uma ideia inicial, ou seja, um ponto de vista que será defendido e discutido ao longo do texto. Que ideia é exposta?
      Mandela discute a importância da luta pela igualdade e pelo respeito às diferenças entre toda a humanidade.

07 – Em seu discurso, Mandela fala sobre a luta estabelecida para solucionar os grandes problemas enfrentados pela população sul-africana. Que problemas eram esses?
      Problemas sociais: guerra, violência, racismo, opressão, repressão e empobrecimento de toda a nação.

08 – Em um dos parágrafos, Mandela inicia a conclusão de seu discurso.
a)   Que palavra ajuda o leitor a identificar que se trata de uma ideia conclusiva?
Assim.

b)   Com base em que documento oficial Mandela desenvolve esse parágrafo?
Com base na Declaração dos Direitos Humanos.

09 – Releia o trecho a seguir:
        “[...] nós podemos, hoje, até prever o dia em que a humanidade irá se reunir para celebrar uma das mais memoráveis vitórias humanas de nosso século.”.
 A que vitória Mandela faz referência?
      A vitória sobre o racismo, o apartheid e as regras impostas pela minoria branca.

10 – A palavra racismo se refere às atitudes de hostilidade em relação a uma etnia diferente. No texto, Mandela deixa claro seu repúdio por toda e qualquer forma de racismo.
a)   Qual tipo de racismo ele combateu na África do Sul?
Ele combateu o racismo dos brancos contra os negros.

b)   Que outros tipos de racismo contra outras etnias você conhece ou já ouviu falar?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O racismo se manifesta de diferentes formas e em diferentes lugares.

c)   Quais são as consequências das práticas racistas para a sociedade?
Quando se intensificam as situações de racismo, há a formação de grupos dominantes que excluem aqueles que não pertencem a ele. Isso gera intolerância e exclusão social.

11 – Ao longo de seu discurso, Mandela utiliza expressões realçadas com o uso de adjetivos, tais como: frutíferas contribuições, danoso sistema, merecido Prêmio Nobel da Paz, solução justa, grandes problemas, memoráveis vitórias, minoria branca, etc.
a)   Qual é o efeito que o uso desses adjetivos dá ao discurso?
Eles intensificam as ideias e impressionam o leitor, tornando o discurso mais eloquente.

b)   Retire do texto outros exemplos, empregados com a mesma intencionalidade.
Grande recompensa, presente inestimável, busca implacável, pesado fardo da desesperança, muros desumanos, grave insulto, mudança pacífica, vis objetivos.

segunda-feira, 10 de junho de 2019

POEMA: SONETO LXII - CLÁUDIO MANUEL DA COSTA - COM GABARITO

Poema: SONETO LXII
         
   Cláudio Manuel da Costa

Torno a ver-vos, ó montes; o destino
Aqui me torna a pôr nestes oiteiros;
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
Pelo traje da Corte rico, e fino.

Aqui estou entre Almendro, entre Corino,
Os meus fiéis, meus doces companheiros,


Vendo correr os míseros vaqueiros
Atrás de seu cansado desatino.

Se o bem desta choupana pode tanto,
Que chega a ter mais preço, e mais valia,
Que da cidade o lisonjeiro encanto;

Aqui descanse a louca fantasia;
E o que te agora se tornava em pranto,
Se converta em afetos de alegria.

                 In: Péricles Eugênio da Silva Ramos, org. Poemas de
Cláudio Manuel da Costa. São Paulo: Cultrix, 1976. p. 63.
Entendendo o poema:
01 – O eu lírico do poema, no 1° verso, em “Torno a ver-vos, ó montes”, menciona um regresso.

a)   De onde vem o eu lírico e onde ele se encontra de volta?
O eu lírico vem dos campos, onde ele afirma ter deixado os “gabões grosseiros” para as cidades, onde passou a usar o “Traje da corte rico e fino”. Ele se encontra novamente na área rural, nos campos, pois percebeu que ali ele poderia descansar e livrar-se das correrias e dos problemas das cidades.

b)   Logo, o eu lírico é um homem urbano ou rural?
Portanto, o eu lírico é um homem rural. Porém, ele só permanece rural atualmente porque já experimentou ser urbano, o que o corrompeu e o fez voltar à vida nos campos que tinha.

c)   Como o eu lírico se sentia antes e como se sente agora? Justifique sua resposta com palavras ou expressões do texto.
Ao citar: “... chega a ter mais preço e mais valia, que da cidade o lisonjeiro encanto” e “E o que até agora se tornaria em pranto, se converta em afetos de alegria”, o eu lírico demonstra como era sua situação nas cidades e como ela é, atualmente, nos campos.

02 – De acordo com a visão expressa pelo eu lírico, faça uma contraposição entre os dois espaços mencionados no poema:
a)   Quanto ao aspecto material.
Material refere-se ao espaço urbano, apesar da riqueza material, há pobreza em relação aos aspectos espirituais. Existe uma grande quantidade de riquezas, mas é isso que corrompe o homem.

b)   Quanto ao aspecto espiritual.
Já no espaço rural, há pobreza em relação aos aspectos materiais, mas é isso que faz com que as pessoas sejam ricas no espírito, isto é, sejam felizes, humildes, caridosas, bondosas...

03 – O poema apresenta como temática:
a) o encanto que a vida na cidade produz.
b) a vida sofrida e cansativa no meio rural.
c) a superioridade do ambiente rural em relação ao urbano.
d) a superioridade do ambiente urbano em relação ao rural.

04 – O interlocutor do eu lírico é:
a) os montes       
b) Corino         
c) Almendro      
d) os vaqueiros

05 – “Torno a ver-vos, ó montes; o destino/Aqui me torna a pôr nestes oiteiros;” os versos destacados revelam
a) saudade       
b) regresso         
c) arrependimento      
d) decepção.

06 – De acordo com os versos do poema, o eu lírico:
a) lamenta sua saída da Corte.
b) expressa desprezo pela choupana.
c) planeja retornar a Corte.
d) valoriza a vida simples e natural.

07 – Segundo o texto, a vida na Corte para o eu lírico:
a) tem mais valia.
b) gerava infelicidade.
c) tinha mais afeto.
d) era cheia de alegria.



FÁBULA: AS RÃS QUE QUERIAM TER UM REI - ESOPO - COM QUESTÕES GABARITADAS

Fábula: As rãs que queriam ter um rei            

                 ESOPO

        Em tempos que já lá vão, quando as rãs viviam à solta nos lagos, elas cansaram-se de não terem governo e pediram a Júpiter que lhes desse um rei que pudesse dizer-lhes o que estava certo e o que estava errado, fazer leis e decretar recompensas e castigos.
        Desdenhando a loucura delas, Júpiter atirou-lhes um pau, dizendo com a voz trovejante:
        -- “Eis o vosso rei!”
        O pau causou um tal reboliço ao cair na água que as rãs entraram em pânico e dirigiram-se para o lodo, a fim de se esconderem. Passado um momento, uma rã, mais destemida do que as outras, levantou a cabeça, à procura do novo rei.
        Até subiu para cima do pau… e as outras seguiram-na. Em breve tinham perdido o medo e isto levou-as a desprezar o seu novo “rei”.
        -- “Este rei”, disseram elas a Júpiter, “é muito frouxo. Por favor, manda-nos um que tenha autoridade.”
        Então, Júpiter mandou-lhe uma cegonha e, durante muito tempo, as rãs, vendo o seu longo pescoço, ficaram sem saber se seria uma serpente ou uma cegonha. Então, a cegonha começou a comer as rãs, que fugiram e foram queixar-se a Júpiter, pedindo-lhe que a levasse e lhes desse outro rei.
        -- “Se não estão contentes quando as coisas correm bem”, disse Júpiter, “têm de ter paciência quando as coisas correm mal.”
        Moral da história: Satisfaz-te com a tua situação atual, mesmo que seja má, porque uma mudança pode piorar as coisas ainda mais.

                  Fábulas de ESOPO. Coleção Recontar. Ed. Escala, 2004.
Entendendo a fábula:

01 – Quais são os personagens dessa fábula?
      As rãs, Júpiter, o pau e a cegonha.

02 – Quando se passa a história?
      Não há um tempo determinado, como vimos no início da fábula: “Em tempos que já lá vão...”.

03 – Para que as rãs queriam um rei?
      Para dizer a elas o que estava certo ou errado, pois andavam as soltas nos lagos.

04 – Quem foi o primeiro rei que Júpiter enviou, e o que fizeram com ele?
      Foi o pau, a princípio entraram em pânico, depois uma mais destemida já subiu para cima do pau... e as outras seguiram-na.

05 – O que as rãs disseram a Júpiter sobre o primeiro rei?
      “-- “Este rei”, disseram elas a Júpiter, “é muito frouxo. Por favor, manda-nos um que tenha autoridade.”

06 – Júpiter mandou a cegonha. O que ela fez com as rãs?
      A cegonha começou a comer as rãs, que fugiram, e foram se queixar a Júpiter, pedindo outro rei.

07 – Que respondeu Júpiter as rãs?
      “-- “Se não estão contentes quando as coisas correm bem”, disse Júpiter, “têm de ter paciência quando as coisas correm mal.”

08 – Que outra moral você daria para esta fábula?
      Resposta pessoal do aluno.

09 – A moral desta fábula apresenta uma reflexão sobre o comportamento humano. Você acredita que existem pessoas que agem assim? Justifique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.

10 – Numa fábula há sempre uma crítica a determinado tipo de comportamento, que se deveria evitar. Nessa fábula a crítica refere-se a que tipo de atitude?
      De pessoas que nunca estão satisfeitas com o que têm. Vivem reclamando de tudo.
     


TEXTO: GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA - NELSON VITIELLO - COM QUESTÕES GABARITADAS

Texto: Gravidez na adolescência
            
         Nelson Vitiello

        A gravidez da mulher jovem não é um problema exclusivo de nossos dias. Nossas avós casavam-se aos 15 ou 16 anos e começavam a procriar, nunca ocorrendo a ninguém daquela época que isso pudesse ser um problema, pois essas gestações eram desejadas. O que se tem constituído em preocupação, nos dias atuais, é o crescente número de gestações indesejáveis e indesejadas na adolescência. Surgem como um “efeito colateral” do exercício da sexualidade entre os jovens – às vezes muito jovens – que, pela própria imaturidade, nem sempre são capazes de avaliar e de assumir os riscos e as consequências dessa vida sexual.
        O problema da gestação indesejada entre adolescentes passou a se tornar importante a partir da década de 60. A revolução de costumes, a onda de contestação juvenil, o advento de anticoncepção eficaz e a afirmação dos direitos da mulher marcaram a época, resultando em maior liberalização do exercício da sexualidade, iniciação sexual mais precoce e aumento dos índices de doenças sexualmente transmissíveis e de gravidez indesejada.
        Dentre os inúmeros fatores que contribuíram para essa situação, há de se destacar o uso e abuso da sensualidade nos meios de comunicação de massa. A urbanização acelerada também contribuiu para a mudança nos hábitos e na estrutura e dinâmica das famílias. Afrouxaram-se, nas grandes cidades, os tradicionais meios sociais e familiares de controle sobre a sexualidade dos jovens.
        Tivemos, assim, nas últimas décadas, importantes mudanças sociais e culturais que acabaram estimulando os jovens – especialmente as mulheres adolescentes – ao início da vida sexual ativa. Sem, no entanto, prepará-los para o exercício consciente dessa sexualidade. Como seria de se esperar, essa situação resultou num grande aumento da frequência de doenças sexualmente transmissíveis e de gestações indesejadas.
        No Brasil, embora não existam estatísticas globais, dados do IBGE nos dão conta de que ocorrem cerca de 600 mil partos adolescentes por ano, aos quais devemos acrescentar no mínimo outras 500 mil gestações que terminam em abortamento provocado.
        Outra cruel faceta do problema é a do filho socialmente indesejado. A inadequação social dessas crianças, muitas vezes abandonadas e mal-amadas, é importante causa da mortalidade infantil e de delinquência juvenil.
        Do ponto de vista orgânico, as pesquisas mais recentes vêm mostrando que as complicações médicas da gravidez precoce não são importantes. Os maiores riscos, na verdade, são psicológicos e sociais. Tanto é assim que a gestação transcorre praticamente sem problemas, quando desejada e acolhida por um ambiente socialmente favorável.
        Lembremos que, uma vez instalada uma gestação indesejada, a adolescente só tem três soluções possíveis, nenhuma delas satisfatória em todos os sentidos: abortamento, casamento de conveniência ou, se as anteriores não forem as eleitas, ser mãe solteira adolescente.
        O abortamento provocado, pelos riscos que traz, não é evidentemente uma opção recomendável. Casamentos por conveniência frequentemente acabam em separação e, quando não, levam a um convívio infeliz. Finalmente, num meio preconceituoso como é o nosso, ser mãe solteira adolescente é uma condição extremamente penosa. Assim, nenhuma dessas três soluções é a ideal, cada uma delas criando novos problemas.
        A solução, evidentemente, não está em reprimir a sexualidade dos adolescentes, mas sim em prepara-los para o seu exercício. Em outras palavras, a solução só será possível com a instalação de programas coerentes e duradouros de educação sexual.

                Nelson Vitiello, Pais &Teens, ano 2, nº 3.
Entendendo o texto:
01 – O autor do texto é ginecologista e presidente da Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana. Na condição de médico, discute a questão da gravidez na adolescência, defendendo o ponto de vista de que, fisicamente, a gravidez da mulher jovem não é problema, mas é preocupante o grande número de gestações indesejadas de adolescentes imaturas. Para comprovar esse ponto de vista, o autor lança mão de diferentes recursos, como comparação, relações de causa e efeito e alusão histórica, entre outros.

a)   Identifique o trecho em que o autor compara a gravidez da adolescente de hoje e a gravidez da adolescente de gerações passadas.
No 1° parágrafo.

b)   Identifique os parágrafos em que o autor expõe as causas do aumento no número de gestações entre adolescentes hoje e indique quais são elas.
1°, 2° e 3° parágrafos. O exercício da sexualidade – motivado pela revolução de costumes, a invenção da pílula anticoncepcional, o feminismo, a sensualidade nos meios de comunicação, etc. – e a falta de preparo para o exercício consciente da sexualidade. 

02 – Outro tipo de argumento utilizado no texto é aquele baseado em provas concretas, que consiste na apresentação de dados objetivos, tais como exemplos representativos, pesquisas, dados estatísticos, fatos históricos de conhecimento público, etc. Qual desses recursos foi utilizado no 5° parágrafo?
      Foram utilizados dados estatísticos do IBGE.

03 – No 8° e no 9° parágrafos, o autor aponta três soluções possíveis para a gestação indesejada na adolescência: abortamento, casamento por conveniência, ser mãe solteira. Para desenvolver seu ponto de vista sobre essas saídas, o autor se vale de argumentos construídos a partir da experiência.
a)   Qual é a opinião do autor a respeito dessas três saídas? Por quê?
Na opinião do autor, nenhuma das três saídas é favorável à adolescente, pois a prejudicam, acarretam riscos à saúde, infelicidade no casamento, discriminação.

b)   Os argumentos apresentados contrariam o que pensa a maioria das pessoas ou fazem parte de um consenso?
Não, coincidem com as opiniões das pessoas em geral.

04 – No último parágrafo, o autor finaliza o texto com uma conclusão do tipo sugestão. Qual é a sugestão feita por ele para solucionar o problema da gestação indesejada na adolescência?
      A conscientização de jovens por meio de programas de educação sexual.

05 – Assinale a alternativa que apresenta o ponto de vista do autor em relação à gravidez na adolescência:
a)   A gestação na adolescência é um problema sem solução, pois condena qualquer tipo de planejamento futuro.
b)   A gravidez precoce não é na maioria das vezes planejada, porém é desejada.
c)   A gravidez da mulher jovem é um problema que surge nos dias atuais em função da falta de orientação sobre o assunto.
d)   A gravidez na adolescência, fisicamente, não é problema, mas é preocupante o grande número de gestações indesejadas de adolescentes imaturas.
e)   Os maiores problemas acarretados pela gestação precoce são físicos, psicológicos e sociais.

06 – De acordo com as informações contidas no texto, marque “V” para Verdadeiro ou “F” para Falso em cada alternativa:
(F) O autor afirma que não há solução para o problema da gestação indesejada na adolescência.
(V) No quinto parágrafo, o autor cita uma prova concreta baseada em dados estatísticos.
(F) O autor compara a sociedade atual e a de antigamente, enfatizando que hoje há maior preconceito contra mães solteiras adolescentes.

Assinale a sequência que completa as alternativas acima corretamente.
a)   V – F – F
b)   F – F – V
c)   F – V – F
d)   V – V – F
e)   V – F – V

07 – O objetivo principal do texto é:
a)     Informar o leitor sobre dados estatísticos da gestação precoce.
b)     Divulgar pesquisas sobre a vida das mães solteiras adolescentes.
c)     Relatar as causas que levam a uma gravidez precoce.
d)     Apresentar orientações a fim de preparar as jovens para o exercício da sexualidade.
e)     Manifestar um ponto de vista sobre a gravidez na adolescência.

08 – Na frase: “A solução, evidentemente, não está em reprimir a sexualidade dos adolescentes, mas sim em prepará-los para o seu exercício” (último parágrafo), o pronome em destaque se refere a:
a)   Adolescentes.
b)   Sexualidade.
c)   Solução.
d)   Exercício.
e)   Sexualidade dos adolescentes.

09 – O termo sublinhado na frase “Nossas avós casavam-se aos 15 ou 16 anos e começavam a procriar, nunca ocorrendo a ninguém daquela época que isso pudesse ser um problema, pois essas gestações eram desejadas” pode ser substituído, sem alterar o sentido, por:
a)   Mas.
b)   Embora.
c)   Se.
d)   Porque.
e)   Como.

10 – No quarto parágrafo, o termo “nas últimas décadas” está entre vírgulas porque é:
a)   Aposto.
b)   Adjunto adverbial deslocado.
c)   Expressão de lugar.
d)   Complemento nominal deslocado.
e)   Expressão que denota causa.

11 – Observe as palavras destacadas na frase: “A urbanização acelerada também contribuiu para a mudança nos hábitos e na estrutura e dinâmica das famílias”. As palavras em destaque são acentuadas pela mesma razão que:
a)   Décadas, possível e estatísticas.
b)   Época, índices e psicológicas.
c)   Prepará-los, delinquência e dinâmica.
d)   Recomendável, início e inúmeros.
e)   Contribuíram, também e médicas.

12 – Em: “gestações indesejáveis”, o prefixo – in tem sentido de:
a)   Contrariedade.
b)   Igualdade.
c)   Negação.
d)   Aproximação.
e)   Posição ao lado.

TEXTO: BRUXA ONILDA VAI À FESTA - E.LARREULA - COM GABARITO

Texto: Bruxa Onilda vai à festa
                 
                            E. Larreula

        Dizem que as festas de hoje são muito animadas... Que nada! As do meu tempo, sim, é que eram festas...
        Um dia, minha prima, a Bruxa Malvada, me mandou, por um morcego-correio, o programa da grande festa que havia todo ano na cidade onde ela morava. E, por coincidência, pela primeira vez na história, tudo estava sendo organizado por uma comissão de bruxas.
        A festa ia dar o que falar: a fina flor dos bruxos do país tinha prometido comparecer. Eu fui! Claro que fui!
        Quando a gente é jovem, gosta de curtir essas coisas. E eu estava louca pra conhecer outras pessoas e viver novas aventuras.
        Ao me ver, minha prima ficou muito contente.
        Fazia tanto tempo que não nos víamos, que passamos horas e horas relembrando nossas bruxarias. À noite, vaidosas como éramos, nos arrumamos todos e lá fomos nós!

Entendendo o texto:

01 – Numere os fatos na ordem em que eles aparecem no texto.
(3) As duas bruxas se encontram e batem papo.
(2) A bruxa Onilda viaja para a casa das primas.
(4) As duas bruxas se enfeitam e vão para a festa.
(1) O morcego-correio leva o convite para a festa.

02 – Como você acha que a bruxa Onilda viajou para a casa da prima?
      Resposta pessoal do aluno.

03 – Quais são os personagens que aparecem na história?
      A Bruxa Malvada, morcego-correio e a Bruxa Onilda.

04 – Qual o assunto do texto?
      Uma grande festa na cidade da prima da Bruna Onilda.

05 – Que tipo de narrador é a Bruxa Onilda?
      Narrador-personagem, pois conta a história em 1ª pessoa.