terça-feira, 7 de maio de 2019

ROMANCE: TIETA DO AGRESTE -(FRAGMENTO) - JORGE AMADO - COM GABARITO

Romance: Tieta do Agreste - Fragmento
      

Minuciosa descrição do confuso desembarque de Tieta, a filha pródiga ou Antonieta Esteves Cantarelli, a viúva alegre
                                Jorge Amado

        Na primeira fila, a família, tristeza expressa nos olhares, nas lágrimas, nos trajes. Um passo à frente dos demais, o velho Zé Esteves, mascando fumo. Em seguida aos enlutados parentes, o reverendo, os meninos do catecismo, as pessoas gradas, dona Carmosina, buquê em punho, o colorido alegre das flores destoando do crepe e do choro – essa criatura para aparecer passa por cima dos sentimentos mais sagrados, indigna-se Perpétua, por baixo do véu preso ao coque, a lhe cobrir o rosto. Depois, as beatas e o resto da população.
        A marinete se aproxima, Jairo ao volante, poucos passageiros. Para Jairo dia magro, para Agreste dia gordo, dia de matar o carneiro pascoal, de foguetório e festa em honra da filha pródiga, não fosse ela viúva em nojo e dor. Cabem somente luto e lágrimas, cantoria de igreja.
        As conversas cessam, Peto se alteia na ponta dos pés, assim a tia desembarque ele cairá fora, arrancará os sapatos. A marinete estanca num rumor cansado de juntas e molas.
        Peto conta os passageiros que descem: seu Cunha, um, o casal de roceiros, dois, três, dona Carmelita, quatro, a criada, cinco, esse eu nunca vi, seis, nem esse, sete, seu Agostinho da padaria, oito, a mulher dele, nove, a filha, dez, a tia Antonieta e a moça vão ser os últimos. Mesmo Jairo salta antes, carregado de maletas e bolsas das esperadas viajantes. Com Jairo fazem onze, agora doze, é ela, por fim.
        Será ela? Peto fica em dúvida. Não pode ser, a tia deve estar de luto, véu fúnebre tapando o rosto, igual à mãe, não pode ser de maneira alguma essa artista de cinema, Gina Lollobrigida. Na porta, sobre o degrau, majestosa, Antonieta Esteves – Antonieta Esteves Cantarelli, faça o favor, exige Perpétua. Deslumbrante. Alta, fornida de carnes, a longa cabeleira loira sobrando do turbante vermelho. Vermelho, sim, vermelho igual à blusa esporte, de malha, simples e elegante, marcando a firmeza dos seios volumosos dos quais se vê apreciável amostra através da gola de botões abertos. A calça Lee azul colada às coxas e à bunda, valorizando volumes e reentrâncias, que volumes! que reentrâncias! Os pés calçados com finos mocassins havana. O único detalhe escuro em todo o traje da viúva são os óculos esfumaçados, lentes e armação quadradas, o podre do chique, assinados por Christian Dior. O espanto dura uma fração mínima de tempo, um tempo imenso, uma eternidade.
        Peto, vitorioso, exclama:
        -- A tia não está de luto, Mãe. Posso tirar os sapatos e a gravata?
        Antonieta, paralisada sobre o degrau, na porta do ônibus: diante dela a família de luto pela morte de Felipe, o inolvidável esposo, e ela em tecnicolor, em azul e vermelho, blusa aberta, esportivas calças Lee, ai, meu Deus, como não pensara em luto? Estudara cada pormenor e os discutira com Leonora, meticulosamente. Esquecera o mais importante. Mas já Zé Esteves cospe o pedaço de fumo e estende os braços para a filha pródiga:
        -- Minha filha! Pensei que não ia mais te ver mas Deus quis me dar essa consolação antes da morte.
        De cima do degrau da marinete, Antonieta reconhece o pai. O pai e o bordão. É o mesmo, o mesmíssimo cajado que cantou em suas costas naquela noite de fim do mundo. Um frouxo de riso sobe dentro dela, não consegue contê-lo, estremece, incontrolável som a romper-lhe a boca, apenas tem tempo de encobrir o rosto com as mãos, antes de saltar. Acorrem todos a consolar a viúva em pranto, filha pródiga afogando os soluços nos braços do pai, comovente instante. Nem Perpétua se deu conta. Elisa chora e ri, de repente desafogada, a irmã sendo como imaginara, sem tirar nem pôr. Única a estranhar o curioso som inicial, dona Carmosina aproxima-se com as flores tão de acordo com o traje de viagem de Tieta.
        Enquanto Tieta vai de abraço em abraço, disputada pelas irmãs, pelo cunhado, pelos sobrinhos – tire os sapatos, meu lindo, fique à vontade –, presa aos beijos sem conta, às lágrimas de Elisa, na porta da marinete de Jairo aparece a mais formosa, a mais doce e sedutora donzela, esbelta juventude, uma sílfide como logo reconheceu e proclamou o vate De Matos Barbosa. Parada, a contemplar a emocionante cena, emocionada ela também. Encantadora no slaque delavê, boné da mesma fazenda rodeado de cabelos loiros, acinzentados pela poeira, Peto reconhece a própria mocinha dos filmes de caubói. Um murmúrio de admiração percorre a rua, Tieta, desprendendo-se dos beijos de Elisa, apresenta:
        -- Leonora Cantarelli, minha enteada, minha filha, não tem diferença.
        Dona Carmosina volta-se para Ascânio Trindade e o surpreende embevecido. E agora, amigo? Leonora amplia o meigo sorriso, abarcando a todos, detendo-se em Ascânio a fixá-la, atoleimado.
        -- Feche a boca, Ascânio, e vá ajudar a moça a descer – ordena dona Carmosina.
        Adianta-se Ascânio, oferece a mão à paulista: seja bem-vinda às terras de Agreste, pobres, sadias e belas, perdoe o atraso e o desconforto. Ricardo põe o joelho em terra para pedir a bênção à tia mas ela o ergue e o toma nos braços, beija-lhe as faces: meu padreco mais garboso!
        Após compreensível indecisão, o padre Mariano resolve, não vai perder, por uma questão de protocolo, o difícil trabalho de adaptação da letra de uma ladainha e de quinze dias de ensaios.
        Faz um sinal, os meninos do catecismo cantam:
        “Vestida de negro
         Ela apareceu
         Trazendo nos olhos
         As cores do luto.
         Ave! Ave!
         Ave Antonieta!”
        [...]
        Ei-la em Sant’Ana do Agreste, em meio à família em luto, a ouvir os meninos do catecismo; obrigada, Padre. De todo o coração. Do mar, chega a brisa da tarde, vem saudá-la. Com ajuda de Sabino, Jairo desembarca as malas, a bagagem viaja no teto da marineti, coberta com lona grossa como se alguma cobertura adiantasse contra a poeira do caminho.
        -- Vamos minha filha. – Convida Zé Esteves oferecendo o braço, apoiando-se no bastão.
        -- Para minha casa. – Tenta comandar Perpétua em meio aos destroços da violada compunção.
        Cabe-lhe a culpa, a mais ninguém. Como pudera imaginar Tieta vestindo luto por marido? Fizera da irmã a sua igual, como se dinheiro, alta sociedade, casamento com paulista rico e comendador do Papa pudessem consertar quem nasceu torta, rebelde a códigos, leis e respeito humano, sem régua nem compasso.
                                      Rio de Janeiro. Record. 1977. p. 92-5.
Entendendo o romance:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
·        Grado: graúdo, importante.
·        Nojo: luto.
·        Inolvidável: inesquecível.
·        Sílfide: feminino de silfo, o mesmo que gênio do ar; figura vaporosa.
·        Marineti: ônibus.

02 – Seguindo a tradição da literatura oral nordestina, o texto é apresentado pelo narrador. A apresentação, em destaque, é feita de modo imparcial ou deixa transparecer opiniões do narrador? Justifique.
      A apresentação evidencia as opiniões do narrador, como se nota nas expressões “confuso desembarque” e “viúva alegre”.

03 – Sant’Ana do Agreste é uma cidade pequena, de hábitos provincianos. Quando deixou a cidade, Tieta era apenas uma moça simples e namoradeira.
a)   Que fato ligado à chegada de Tieta demonstra o provincianismo da cidade?
A recepção preparada para Tieta, uma pessoa “importante”: com a presença de todos os “grados” da cidade, honrarias, flores, ladainha ensaiada; o pai à frente, depois os familiares, depois, as demais pessoas do povo.

b)   Levante hipóteses: Se Tieta era uma pessoa comum antes de partir da cidade, por qual razão ela tem uma recepção tão especial na sua volta?
Porque todos pensam que ela se tornou milionária ao se casar com um industrial paulista.

04 – Por influência de Perpétua, todos da família esperam Tieta de luto pesado. Até o Padre, com uma ladainha adaptada, preparara uma homenagem para a viúva em nojo e dor. Entretanto, Tieta não aparece em trajes de luto.
a)   De acordo com o texto, por que isso ocorreu?
Tieta se esquecera desse “detalhe”.

b)   Como as pessoas reagem a esse fato? Justifique com um exemplo.
As pessoas se espantam, e o Padre fica confuso, não sabendo se dá ou não o sinal para os meninos cantarem a ladainha.

c)   Que significado tem esse fato para Perpétua, considerando-se o juízo que vinha fazendo da irmã distante?
Perpétua percebe que a irmã não mudara seu jeito de ser.

05 – Releia estes dois fragmentos:
        “Um frouxo de riso sobe dentro dela, não consegue contê-lo, estremece, incontrolável som a romper-lhe a boca, apenas tem tempo de encobrir o rosto com as mãos, antes de saltar.”
        “Será ela? Peto fica em dúvida. Não pode ser, a tia deve estar de luto, véu fúnebre tapando o rosto, igual à mãe, não pode ser de maneira alguma essa artista de cinema, Gina Lollobrigida. Na porta, sobre o degrau, majestosa, Antonieta Esteves – Antonieta Esteves Cantarelli, faça o favor, exige Perpétua.”

a)   O primeiro fragmento, o que se depreende da personalidade de Tieta?
Tieta é irreverente e livre; não se prende às normas sociais.

b)   De acordo com o segundo fragmento, Perpétua insiste em acrescentar ao nome da irmã o sobrenome do falecido: Cantarelli. O que esse fato possibilita depreender a respeito da personalidade dessa personagem?
Perpétua é interesseira; faz questão de vincular o nome da irmã ao de um suposto industrial rico.

06 – Como se caracteriza a linguagem empregada no texto?
      É simples e direta, com palavras e expressões populares, como “dia gordo”; “foguetório”; “cantou em suas costas”; etc.



POEMA: POESIA - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

PoemaPoesia
          Carlos Drummond de Andrade

Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.

Carlos Drummond de Andrade. ANDRADE, C. D. Alguma Poesia,
Belo Horizonte, Edições Pindorama, 1930.
Entendendo a poema:

01 – O que o eu lírico nos confessa ou revela nesses versos?
      Ele revela sua luta com as palavras, a obsessão de achar o termo exato para expressar seus sentimentos, termo que, muitas vezes, persiste em não surgir, foge do pensamento ou da ideia que não se forma, apesar de estar tão próximo.

02 – Por que aquele momento é de tão forte presença poética para o eu lírico?
      Apesar de não conseguir dar forma aos seus sentimentos, esses estão tão presentes e intensos que preenchem seu mundo interior completamente.

03 – Retire do texto versos que formam um período composto por coordenação.
      Ele está cá dentro; e não quer sair.

04 – Quais são as orações coordenadas que possuem conjunções coordenativas, no poema?
      “No entanto ele está cá dentro / Inquieto, vivo. / E não quer sair. / Mas a poesia deste momento / Inunda minha vida inteira.”


POEMA: BALADA DO AMOR ATRAVÉS DAS IDADES - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO


Poema: Balada do Amor através das Idades
              Carlos Drummond de Andrade

Eu te gosto, você me gosta
desde tempos imemoriais.
Eu era grego, você troiana,
troiana mas não Helena.
Saí do cavalo de pau
para matar seu irmão.
Matei, brigámos, morremos.

Virei soldado romano,
perseguidor de cristãos. 


Na porta da catacumba
encontrei-te novamente.
Mas quando vi você nua
caída na areia do circo
e o leão que vinha vindo,
dei um pulo desesperado
e o leão comeu nós dois.

Depois fui pirata mouro,
flagelo da Tripolitânia.
Toquei fogo na fragata
onde você se escondia
da fúria de meu bergantim.
Mas quando ia te pegar
e te fazer minha escrava,
você fez o sinal-da-cruz
e rasgou o peito a punhal...
Me suicidei também.

Depois (tempos mais amenos)
fui cortesão de Versailles,
espirituoso e devasso.
Você cismou de ser freira...
Pulei muro de convento
mas complicações políticas
nos levaram à guilhotina.

Hoje sou moço moderno,
remo, pulo, danço, boxo,
tenho dinheiro no banco.
Você é uma loura notável,
boxa, dança, pula, rema.
Seu pai é que não faz gosto.
Mas depois de mil peripécias,
eu, herói da Paramount,
te abraço, beijo e casamos. 

Carlos Drummond de Andrade, in 'Alguma Poesia' . Rio de Janeiro, Record.
Entendendo o poema:

01 – A norma culta não prevê o emprego dos pronomes tal como aparecem no Texto. Levando em consideração a proposta de linguagem do movimento literário em que o poema se insere, justifique o uso dos pronomes no primeiro verso.
      O uso de pronomes não corresponde à norma culta, porque o poema em questão pertence ao Movimento Modernista, que se propôs a romper com os padrões tradicionais.

02 – Identifique e explicite, no Texto, 2 (dois) usos linguísticos que caracterizem a evolução cronológica ocorrida da primeira para a última estrofe do poema.
      Tempos imemoriais / hoje eu era grego / hoje sou moço moderno tempos modernos / heróis da Paramount. Pretérito / presente.

03 – A balada pode ser descrita como um poema de cunho narrativo, isto é, que conta uma pequena história em seu desenvolvimento temporal. Que elemento do título sugere esse caráter narrativo do poema de Drummond?
      A expressão “através das idades”.

04 – O poema inicia-se no presente do indicativo – “Eu te gosto, você me gosta” – para nos remeter, em seguida, aos “tempos imemoriais”, com os pretéritos imperfeito e perfeito simples. O autor volta, na última estrofe, ao presente. Verifique o emprego de cada tempo verbal e justifique a escolha do autor.
      No primeiro verso, ao utilizar o presente do indicativo, o autor atribui a sua afirmação um valor de verdade universal, além de indicar que a ação começou no passado e perdura. Já na última estrofe, o presente também é empregado para as ações habituais, ou como no último verso para dar valor histórico ao fato narrado. O pretérito perfeito simples, para fatos passados concluídos; o imperfeito, para os não concluídos, habituais ou vagamente mencionados. Quando o autor se refere a ações concomitantes no passado, o pretérito imperfeito registra as ações mais prolongadas do que as momentâneas expressas pelo pretérito perfeito.

05 – Cada estrofe é uma pequena história ou uma aventura dos amantes, com começo, meio e fim. Identifique o lugar e a época em que se desenrola cada uma dessas histórias: 1ª estrofe; 2ª estrofe; 3ª estrofe; 4ª estrofe; 5ª estrofe.
      1ª estrofe: Grécia, no tempo mítico da Guerra de Tróia.
      2ª estrofe: Roma, no início da era Cristã.
      3ª estrofe: África, Mediterrâneo, época da pirataria moura do século XVIII.
      4ª estrofe: França, final do século XVIII, Revolução Francesa.
      5ª estrofe: século XX.

06 – Compare as histórias das cinco estrofes quanto ao seu desenlace.
      As quatro primeiras terminam tragicamente, com a morte dos namorados; apenas a última tem um final feliz, com o casamento dos namorados.

07 – Escreva uma interpretação do poema, tomando como ponto de partida a última estrofe e a expressão “herói da Paramount”.
      Resposta pessoal do aluno.


TEXTO: O TRENZINHO DO NICOLAU - RUTH ROCHA - COM GABARITO

Texto: O trenzinho do Nicolau                       

           Ruth Rocha

        Um dia Nicolau foi espiar a velha estação. Ai que tristeza no coração!
        O velho trenzinho, seu companheiro, ia ser vendido pro ferro velho. E Nicolau resolveu: comprou o trenzinho e nunca mais ficou sozinho.
        A criançada vive brincando no seu quintal.
        O dia inteiro se ouve dizer:
        -- Posso brincar no seu trenzinho, seu Nicolau?
        E, de tardinha, de brincadeira só pra lembrar os velhos tempos, Nicolau acende a caldeira e apita:
        -- Piuiiiiii...
        E, na caldeira, meio amassada, ele faz pipoca pra criançada.

                           Ruth Rocha. O Trenzinho do Nicolau. Editora Ática, São Paulo.
Entendendo o texto:
01 – Qual é o título da história?
      É “O trenzinho do Nicolau”.

02 – O que ia acontecer com o trenzinho do Nicolau?
      Iria ser vendido para o ferro velho.

03 – O que Nicolau resolveu fazer com o trenzinho?
      Ele comprou e transformou em um brinquedo para as criançadas no fundo do quintal.

04 – Onde Nicolau fazia pipocas para a criançada?
      Na caldeira, meio amassada.

05 – Numere, na ordem dos acontecimentos:
(3) A criançada vivia brincando no seu quintal.
(1) O trenzinho ia ser vendido para o ferro velho.
(4) Nicolau fazia pipocas para a criançada.
(2) Nicolau comprou o trenzinho e nunca mais ficou sozinho.

06 – Quantos parágrafos há no texto?
      Possui 08 parágrafos.

07 – Quem é o autor do texto?
      Foi escrito por Ruth Rocha.


MENSAGEM: CARIDADE, A META - DIVALDO FRANCO PELO ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS - PARA REFLEXÃO


Mensagem: CARIDADE, A META
DIVALDO FRANCO PELO ESPÍRITO JOANNA DE ANGELIS

        Guarda, na mente, que a caridade em teus atos deve ser a luz que vence a sombra.

        Enquanto não compreendas que a caridade é sempre a bênção maior para quem a realiza, ligando o benfeitor ao necessitado, estarás na fase primária da virtude por excelência.
        Poderás repartir moedas, a mãos-cheias; todavia, se não mantiveres o sentimento da amizade em relação ao carente, não terás logrado alcançar a essência da caridade.
        Repartirás tecidos e agasalhos com os desnudos; no entanto, se lhes não ofertares compreensão e afabilidade, permanecerás na filantropia.
        Atenderás aos enfermos com medicação valiosa; entretanto, se não adicionares ao gesto a gentileza fraternal, estarás apenas desincumbindo-te de um mister de pequena monta.
        Ofertarás o pão aos esfaimados; contudo, se os não ergueres com palavras de bondade, não alcançaste o sentido real da caridade.
        Distribuirás haveres e coisas com os desafortunados do caminho; não obstante, sem o calor do teu envolvimento emocional em relação a eles, não atingiste o fulcro da virtude superior.
        A caridade é algo maior do que o simples ato de dar.
        Certamente, a doação de qualquer natureza sempre beneficia aquele que lhe sofre a falta. Todavia, para que a caridade seja alcançada, é necessário que o amor se faça presente, qual combustível que permite o brilho da fé, na ação beneficente.
        A caridade material preenche os espaços abertos pela miséria sócio econômica, visíveis em toda parte.
        Além deles, há todo um universo de necessidades em outros indivíduos que renteiam contigo e esperam pela luz libertadora do teu gesto.

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Vigilância.
Ditado pelo Espírito Joanna de Angelis

TEXTO: A INVASÃO DOS INSETOS - GRAÇA BATITUCI - COM QUESTÕES GABARITADAS

Texto: A invasão dos insetos

        Havia chovido muito na floresta, naquela manhã. A terra estava molhada e as folhas ainda conservavam os respingos. O cheiro de terra úmida purificava o ar. o sol voltava a brilhar, deixando a mata com um clima de alegria. Os pássaros voavam felizes e os bichos saiam de suas tocas.
        O macaco Zimba passeava sobre as árvores, olhando de um lado para o outro, cumprimentando cada bicho que via.
        De repente, um barulho vindo dos ares aumentava gradativamente: zuuuuuuuuuummmmmmmmmmmmmm…
        Todos ficaram em suspense, pois ninguém sabia o que era.
        – São as abelhas vindo recolher o néctar das flores! – disse a coruja.
        – Não! As abelhas, nesta hora, estão trabalhando em suas colmeias. Elas costumam sair mais tarde – disse o gambá.
        O macaco Zimba, que estava num galho mais alto, viu aquela nuvem se aproximando e falou:
        – chi! É uma invasão perigosa! É uma grande nuvem escura de insetos que se aproxima!
        Os bichos, amedrontados, tomaram cada um o seu rumo. Esconderam-se o mais depressa possível. O jacaré mergulhou nas águas do riacho; a tartaruga escondeu-se em seu casco; a capivara saiu de fininho, dizendo que tinha de cuidar dos seus filhotes; a girafa, com seu pescoço comprido, tentava ver o que se aproximava e, ao mesmo tempo, corria para se esconder entre os arbustos.
        Só Zimba, o macaco, não se assustou. Ficou ali parado no galho alto, vendo quilo se aproximando. O barulho ia aumentando cada vez mais, até que surgiu uma nuvem de formigas tanajuras, que deu várias voltas ao redor de Zimba e voou para o outro lado. Parecia que estavam felizes com o aparecimento do sol, que clareou a floresta.
        Após cessar o barulho, cada bicho saiu de seu esconderijo, com grande desapontamento, olhando para Zimba. Ele se manteve quieto e calado, deixando todos curiosos em saber do que se passava ali, minutos atrás.
                                                                           Graça Batituci
Entendendo o texto:

01 – Qual é o título do texto?
      O título é “A invasão dos insetos”.

02 – Quem é o autor do texto?
      Foi escrito pela Graça Batituci.

03 – Quantos parágrafos há no texto?
      Possui 11 parágrafos.

04 – Onde se passa a história?
      Passa na floresta.

05 – Descreva o local onde se passa a história.
      Resposta pessoal do aluno.

06 – Quem é o personagem principal?
      O macaco Zimba. 

07 – Por que os bichos ficaram com medo?
      – Chi! É uma invasão perigosa! É uma grande nuvem escura de insetos que se aproxima!       

08 – O que aconteceu depois que os bichos se esconderam?
      Depois que os bichos se esconderam, surgiu uma nuvem de formigas tanajuras, que deram várias voltas ao redor de Zimba, depois foram embora. As formigas estavam felizes com o aparecimento do sol. 

09 – Em sua opinião por que o macaco não contou o que houve?
      Resposta pessoal do aluno.


segunda-feira, 6 de maio de 2019

MÚSICA(ATIVIDADES): SÓ SEI DANÇAR COM VOCÊ - TULIPA RUIZ - COM QUESTÕES GABARITADAS

Música(Atividades): Só Sei Dançar Com Você

                                            Tulipa Ruiz

Você me chamou pra dançar aquele dia
Mas eu nunca sei rodar
Cada vez que eu girava parecia
Que a minha perna sucumbia de agonia
E cada passo que eu dava nessa dança
Ia perdendo a esperança
Você sacou a minha esquizofrenia
E maneirou na condução
Toda vez que eu errava cê dizia
Pra eu me soltar porque você me conduzia
Mesmo sem jeito eu fui topando essa parada
E no final achei tranquilo

Só sei dançar com você
Isso é o que o amor faz
Só sei dançar com você
Isso é o que o amor faz.
                                                      Composição: Tulipa Ruiz.
Entendendo a canção:

01 – A música acima é uma representação artística dos sentimentos do eu lírico, e estes são revelados através de uma dança. Estes passos de dança na verdade representam uma metáfora para o real sentimento do eu lírico. 
Assinale a opção que caracteriza os sentimentos vistos na letra da música.
a)   É visto através da letra da música o sentimento de dependência do eu lírico, que só consegue “dançar” com uma pessoa.
b)   Através da letra da música é visto o sentimento de estar apaixonado(a), pois quando o eu lírico diz “só sei dançar com você” ele metaforiza o sentimento de só “encaixar-se” com a pessoa amada.
c)   O eu lírico está aprendendo a dançar e nada mais.
d)   O eu lírico está contando a história de como se apaixonou por sua parceira de dança.

02 – Quando o eu lírico diz “Toda vez que eu errava "cê" dizia pra eu me soltar porque você me conduzia, mesmo sem jeito eu fui topando essa parada e no final achei tranquilo...”, ele está querendo dizer que:
a)   O eu lírico está querendo dizer que o processo de aprender a amar, a deixar-se ser amado, foi difícil, mas ao ser ajudado pelo parceiro(a) ele pode “aprender” a se permitir.
b)   Ele está afirmando que cometeu vários erros com o parceiro(a), mas mesmo assim continuou o relacionamento.
c)   Ele fala do processo que é se relacionar com alguém e que você deve deixar o outro conduzir para as coisas funcionarem.
d)   O eu lírico está contando como aprendeu a dançar e ser conduzido pelo parceiro(a).

03 – Marque a alternativa que explica o porquê do eu lírico afirmar “Só sei dançar com você / Isso é o que o amor faz”.
a)   O eu lírico afirma claramente o quanto é dependente da pessoa amada.
b)   O eu lírico mostra que não sabe dançar com ninguém mais além da sua parceira de dança.
c)   O porquê dessa afirmação é a paixão fazer com que o eu lírico só consiga enxergar o parceiro(a) e ninguém mais devido o amor.
d)   O eu lírico mostra o quanto sofreu por causa do parceiro(a).

04 – De maneira geral, o que retrata esta canção?
      Retrata situações características de um relacionamento amoroso.

05 – O eu lírico ao descrever o movimento da dança, isto é, a movimentação do corpo obedecendo a um determinado ritmo musical, o que ele infere?
      Que há uma personagem recordando um acontecimento marcante em sua vida.

06 – De que se trata estes versos: “Toda vez que eu errava ‘cê’ dizia / Pra eu me soltar porque você me conduzia”?
      Nestes versos, o eu lírico fala da aceitação e da paciência que seu interlocutor teve perante a sua situação de fragilidade. É como se ele explicasse que a sensatez para enxergar as dificuldades, trouxe segurança para que o romance continuasse.

CRÔNICA: O MÉDICO E SEU PACIENTE - OLAVO ROMANO - COM GABARITO

CRÔNICA: O médico e seu paciente
      
         Olavo Romano

        O médico chama:
        --- O próximo!
        O atendente indica:
        --- É sua vez, pode entrar.
        Ele pega o chapéu debaixo do banco (...).
        Depois entra.
        O médico preenche a ficha com as informações do cliente. Então começa o exame: olhos, garganta, pulso, pressão, temperatura. Manda o moço deitar e apalpa: o estômago, intestinos, fígado, baço. Pergunta:
        --- Como é que vai o apetite?
        --- Mais ou menos.
        --- E a disposição?
        --- Duns tempos pra cá, pouca. Ando num desacorçoo que só vendo, Doutor...
        --- E a evacuação?
        --- O quê?
        --- A barriga!
        --- Quê que tem a barriga?
        --- Como é que ela está?
        --- Vai indo, regular.
        --- Regular, como? Presa ou solta?
        --- Presa.
        --- Quantas vezes por dia?
        --- Uma, mesmo assim é uma campanha.
        --- Você costuma nadar?
        --- De vez em quando.
        --- Rio, córrego ou lagoa?
        --- Nenhum.
        --- Água corrente ou parada?
        --- Parada, quase.
        --- Como assim?
        --- Quer dizer, Doutor, que é água mais pra parada, mas sempre tem algum movimento, mesmo pequeno, né?
        --- E que lugar é esse?
        --- É um tanque lá perto de casa, a gente chama ele de tancão. É onde o povo da redondeza usa tomar banho.
        O médico rabisca qualquer coisa num bloco. Vira-se para o cliente e diz:
        --- Se for o que parece, é bom cuidar logo, cura mais fácil.
        Preocupado, o moço pergunta:
        --- É sério, Doutor?
        --- Certeza, mesmo, só com o exame de laboratório que estou pedindo. Mas parece xistose. Tratando, não tem problema. Falar nisso, você notou uns caramujos lá nesse tancão?
        --- Ih, Doutor, demais! Um despotismo!
        [...]
Olavo Romano. No posto de saúde. In:_____. Prosa de mineiro.
Belo Horizonte: Lê, 1986. P.50-1.
Entendendo o texto:

01 – Lendo o diálogo entre um médico e seu paciente, você observou que há diferença em relação ao registro de linguagem empregado por eles. Desse modo assinale a correta.
a)   Linguagem interativa;
b)   Linguagem verbal e não verbal;
c)   Linguagem arcaica;
d)   Linguagem formal e informal.

02 – No último trecho é possível observar a palavra despotismo, com relação a ela, assinale a opção correta:
a)   Deportação;
b)   Autoridade;
c)   Autoritarismo;
d)   Alto índice.

03 – O que está sendo apresentado neste trecho?
      Uma conversa entre um médico e seu paciente.

04 – Em sua opinião, por que há essa diferença de registro na fala desses personagens?
      Resposta pessoal do aluno.

05 –Caso o médico e o paciente fossem amigos e estivessem fora do consultório, o registro empregado pelo médico seria o mesmo? Explique.
      Não, pois o registro empregado varia de acordo com a situação comunicativa e a proximidade entre os interlocutores.

POEMA: CANTIGA - D.AFONSO SANCHES - COM QUESTÕES GABARITADAS


Poema: Cantiga
         
     D. Afonso Sanches

Dizia la fremozinha:
— Ai Deus, val!
Como estou d’amor ferida!
— Ai Deus, val!
Como estou d’amor ferida!

Dizia la ben talhada:
— Ai Deus, val!
Como estou d’amor coitada!
— Ai Deus, val!
Como estou d’amor ferida!

— Como estou d’amor ferida!
— Ai Deus, val!
Não vem o que ben queria!
— Ai Deus, val!
Como estou d’amor ferida!

— Como estou d’amor coitada!
— Ai Deus, val!
Não vem o que muit’amava!
— Ai Deus, val!
Como estou d’amor ferida!
        In: Elsa Gonçalves. A lírica galego-portuguesa.
Lisboa, Editorial Comunicação, 1983.
Entendendo o poema:

01 – A repetição é um dos procedimentos expressivos da poesia e da música popular. Copie os versos repetidos, indicando quantas vezes aparecem no texto.
      “Como estou d’amor ferida! (Seis vezes); “Ai, Deus, val!” (Oito vezes); “Como estou d’amor coitada!” (Duas vezes).

02 – Observe também o uso do refrão (“Ai, Deus, val!”), comum nas cantigas populares. Procure lembrar-se de uma cantiga folclórica ou de uma música popular brasileira feita com repetições e refrão. Anote-a em seu caderno.
      Resposta pessoal do aluno.

03 – Há duas vozes na cantiga. Explique essa afirmação.
      Resposta pessoal do aluno.

04 – No primeiro verso da cantiga, a moça é caracterizada com o adjetivo diminutivo “fremosinha”. Comente o uso desse diminutivo.
      Resposta pessoal do aluno.

05 – Por que a moça se sente “coitada” e “d’amor ferida”?
      A moça sente-se “coitada” e “d’amor ferida” porque o namorado, que ela tanto espera, não vem ao seu encontro.

06 – Comente a razão de tão grande sofrimento: é um fato banal, corriqueiro, ou é um grande drama de amor?
     A razão de tão grande sofrimento parece ser um fato corriqueiro: apenas a ansiedade por um atraso, ou a frustação de um desencontro, tão comuns entre namorados.