terça-feira, 30 de janeiro de 2018

ARTIGO DE OPINIÃO: O "IDION" E O "IDIOTES" - LEONARDO KONDER - COM GABARITO

ARTIGO DE OPINIÃO: O “IDION” E O “IDIOTES”
                                         Leonardo Konder


       Quando duas pessoas querem dialogar, duas condições prévias são imprescindíveis:
 1) que elas sejam indivíduos diferentes;
 2) que elas tenham alguma coisa em comum.
        Se não houver nenhuma diferença significativa, se as duas disserem exatamente a mesma coisa, cada uma delas repetindo o que a outra acabou de dizer, teremos não um diálogo, mas um monólogo a duas vozes.
         Por outro lado, se os dois parceiros do diálogo forem tão completamente diferentes que não tenham sequer um ponto de encontro e nem mesmo consigam falar a mesma língua, o diálogo se torna inviável.
        O indivíduo é o ser singular, tem uma identidade que o distingue de todos os outros, uma personalidade própria (é o que os antigos gregos chamavam de “idion”). No entanto, esse “idion” existe em um constante intercâmbio com os outros, é formado pela sociedade, depende do grupo. Leva um tempão para aprender a andar, a falar; e muito mais tempo ainda para aprender a lutar pela vida, a sobreviver por conta própria. Existe, portanto, em comunidade (o que os antigos gregos chamavam de “Koinomia”).
        Nas atuais condições históricas, a importância da autonomia individual é sublinhada pela onda de individualismo que se nota na cultura dita “pós-moderna”. Com boas razões, as pessoas repelem a pressão que as tenta anexar a coletividades estruturadas de forma sufocante.
        Querendo ou não, pertencemos todos a uma vasta comunidade: o gênero humano. Mas a humanidade é grande demais, não conseguimos enxergá-la. Recorremos, então a comunidades menores, que substituem a espécie humana. Uns se integram em (ou se entregam a?) partidos políticos, outros a organizações religiosas, muitos se contentam em pertencer a um clube de futebol ou a uma escola de samba, alguns se definem como sócios de um clube ou membros de uma corporação profissional. Isso pode ser bom ou pode ser ruim, dependendo do espírito com que o sujeito vive sua pertinência à “pequena comunidade”:  com espaço para a tolerância, o diálogo e o humor.
        Mas há gente que se recusa a participar de qualquer “koinonia” e insiste em ser apenas um indivíduo isolado. O preço pago por essa opção individualista drástica costuma ser alto. O sujeito posto em estado de solidão pode pensar que está desenvolvendo uma reflexão original, profunda, enriquecedora, no entanto pode estar somente emburrecendo, por falta de interlocutores. Vale a pena lembrarmos que os antigos gregos já alertavam para esse risco: no idioma deles, o superlativo de “idion” (singular) era “idiotes”.
        O indivíduo singular é formado socialmente, ele se individualiza na relação com os outros. Sua singularidade (originalidade?) se desenvolve com base na incorporação crítica das experiências alheias, num movimento incessante de ir ao outro para crescer. O “idiotes” é o sujeito que, instalado em si mesmo, se sente dispensado de qualquer esforço de auto superação.
        A rigor, se trata de alguém que não suporta o diálogo com o outro, já que o outro, o interlocutor que pensa diferente, lhe parecerá sempre o agente de um desacato, a encarnação de um desaforo, um delinquente, que merece sofrer medidas policiais.
        Dispor-se ao diálogo, tentar falar para o outro, já é uma opção promissora, que pode ter preciosas implicações humanistas e democráticas. Para prosseguir no caminho dialógico, o sujeito precisa aprimorar sua capacidade de argumentar ad hominem, quer dizer, sua capacidade de falar de modo razoável, em termos que seu interlocutor – com base no que já sabe – possa entender.
        Debruçando-se autocriticamente sobre si mesmo, o sujeito que se dispõe a trilhar o caminho do diálogo precisa tentar reexaminar sua inserção em grupos, coletividades, comunidades que eventualmente lhe servem como substitutas da espécie humana (dentro de certos limites, é claro).
        Precisa verificar, no diálogo, se tem sido e continua a ser um bom companheiro de partido, um correligionário maduro e consciencioso, um parceiro leal e correto, um colega bem-educado e cordial, ou se às vezes tropeça em atitudes intolerantes e fanáticas, em azedumes ou mesquinharias, cultivando mal-entendidos em vez de contribuir para proporcionar esclarecimentos.
       Precisa, também, de tempos em tempos, observar criticamente a coletividade em que está inserido, para ver se ela está proporcionando aos seus integrantes possibilidades concretas de eles combinarem suas respectivas singularidades com meios concretos de uma inserção mais efetiva – mais universal! – no movimento social.
        Essa inserção é fundamental. Depois de ter sido formado pela sociedade, o indivíduo passa a se orientar livremente, a fazer escolhas pelas quais é responsável, e é desafiado a participar ativamente da transformação da sociedade que o formou. As associações que até certo ponto funcionam como substitutas do gênero humano devem oferecer a seus membros possibilidades concretas de pensarem e agirem sem estreitezas ideológicas, na condição de cidadãos do mundo, de representantes da humanidade.
        Se não fazem isso, essas associações podem atrapalhar a formação de uma consciência humanista e democrática. Se, contudo, se abrem para o convívio jovial com a ampla diversidade da condição humana, elas ajudam muito a fortalecer o espírito da democracia. E mantêm vivo o espírito do humanismo.

      KONDER, Leonardo. O “idion” e o “idiotes”, 7 set. 2002. Disponível em:
                  http://www.jbonline.terra.com.br/jb/papel/colunas/Konder.
                                                                     Acesso em: 31 jul. 2009.
Entendendo o texto:

01 – Qual é a tese principal do texto de Leandro Konder?
       Sua tese principal é o que está resumido no título: a questão do indivíduo (“idion”) e a crítica da pessoa excessivamente individualista (“idiotes”).

02 – Segundo o autor, para duas pessoas dialogarem efetivamente, há duas condições. Quais são elas? Por que elas são necessárias?
       As duas condições para duas pessoas dialogarem são: a) que elas sejam indivíduos diferentes; e b) que elas tenham algo em comum. Se não tiverem nada de diferente, uma será apenas a repetição da outra; se não tiverem nada em comum, não há como aproximá-las – 1º, 2º e 3º parágrafos.

03 – Ele afirma que somos seres que se agregam em comunidades. Isso pode ser bom ou ruim. Quando é bom? Por quê?
       É bom quando a pessoa se relaciona na comunidade com uma atitude de tolerância, diálogo e humor. Só assim haverá espaço de convívio democrático – 6º parágrafo.

04 – Por que o autor afirma que é alto o preço de uma opção individualista drástica de vida?
       Porque a falta de interlocução nos emburrece – 7º parágrafo.

05 – Como podemos interpretar a afirmação de que o indivíduo se individualiza na relação com os outros?
       É no contato com os outros que nos desenvolvemos porque podemos incorporar criticamente as experiências alheias – 8º parágrafos.

06 – Você certamente conhece pessoas que “não suportam o diálogo” no sentido apresentado no texto. O que leva uma pessoa a ter essa atitude?

       A não percepção da importância do outro para nosso próprio desenvolvimento e o desprezo pelos que pensam diferente – 8º e 9º parágrafos.

EDITORIAL: ENTRE CÃES E HOMENS - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO


EDITORIAL: ENTRE CÃES E HOMENS

     O tema é menor, mas não os princípios que existem por trás dele. A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou projeto de lei que proíbe comercialização, reprodução e importação em todo o Estado de cães das raças pitbull, rottweiler e mastim napolitano, tidas como especialmente agressivas. Para entrar em vigor, o texto precisa da sanção do governador Geraldo Alckmin.
        A proposta dos deputados estaduais parece excessiva. É verdade que, no caso dos cães, a raça surge como fator determinante para sua aparência e também para seus comportamentos. Ainda assim, como os humanos, cachorros tem a sua individualidade. Dois cães da mesma raça, da mesma ninhada até, podem apresentar personalidades distintas.
        Como os humanos, as características de um cachorro são o produto da interação entre o potencial genético do animal e o meio em que ele vive. Embora pitbull tendam a ser agressivos, não há lei natural que impeça a existência de um pitbull dócil ou de um lulu-da-pomerânia agressivo. O caráter de cada animal depende também da educação que recebe.
        A Assembleia Legislativa paulista, ao optar por solução radical e terminativa, trilha o caminho da intolerância. Ninguém discorda de que a prioridade é proteger a vida e a integridade de seres humanos, mas a melhor forma de fazê-lo não é condenando essas três raças ao desaparecimento.
        O melhor caminho para evitar ataques caninos é responsabilizar os donos pelos atos de seus animais, para o que já existem os instrumentos jurídicos. Cabe fazer cumpri-los.

                           Folha de São Paulo, 19 set. 2002. Caderno A, p. 2.

Entendendo o texto:

01 – Vamos analisar, de saída, a opinião expressa no texto e os argumentos que a sustentam:
a)   O jornal é favorável ou contrário ao projeto dos deputados paulistas?
           O jornal é contrário ao projeto. – 4º e 5º parágrafos.

b)   Que argumentos o jornal apresenta para sustentar sua opinião?
           O argumento principal é o de que os cães de uma determinada raça não são todos necessariamente agressivos: as características de um cachorro são o produto da interação entre o potencial genético do animal e o meio em que vive.

02 – Vamos, agora, confrontar o texto que lemos com as recomendações do Manual:
a)   O editorial apresenta com concisão a questão de que vai tratar? Em que ponto do texto?
            Sim, o jornal apresenta, no 1º parágrafo, seu tema com concisão.

b)   O editorial é enfático e equilibrado? Demonstre o sim ou o não com exemplos do texto.
            É enfático (no 4º parágrafo, por exemplo, afirma que a Assembleia Legislativa paulista, ao optar por solução radical e terminativa, trilha o caminho da intolerância; e, no 5º parágrafo, afirma que o melhor caminho para evitar ataques caninos é responsabilizar os donos pelos atos de seus animais). É também equilibrado quando, por exemplo, no 2º parágrafo diz que a proposta dos deputados estaduais parece excessiva.

c)   O editorial refuta as opiniões opostas? Aponte exemplos no texto.
            Sim. No 2º parágrafo, por exemplo, o texto concorda que, nos cães, a raça é fator determinante para sua aparência e comportamento. No entanto, contra argumenta que, apesar disso, cachorros tem sua individualidade. No 4º parágrafo, afirma que ninguém discorda de que a prioridade é proteger a vida e a integridade dos seres humanos, mas discorda de que o melhor caminho para resolver o problema seja condenar as três raças caninas ao desaparecimento.

d)   O editorial evita o sarcasmo, a interrogação e a exclamação?
            Sim.

e)   O editorial conclui condensando a posição adotada pelo jornal? Para verificar isso, responda à pergunta: qual é a posição do jornal sobre o caso?
            Sim. No último parágrafo, está sintetizada a opinião do jornal sobre a proposta dos deputados – o melhor caminho é responsabilizar os donos pelos atos de seus animais e, para isso, já existem os instrumentos jurídicos. Basta cumpri-los.


sábado, 27 de janeiro de 2018

FÁBULA: DOIS LEÕES - STANISLAW PONTE PRETA - COM GABARITO

FÁBULA: DOIS LEÕES
                    STANISLAW PONTE PRETA

  Diz que eram dois leões que fugiram do jardim zoológico. Na hora da fuga cada um tomou um rumo, para despistar os perseguidores. Um dos leões foi para as matas da Tijuca e outro foi para o centro da cidade. Procuraram os leões de todo jeito mas ninguém encontrou.
    Vai daí, depois de uma semana, para surpresa geral, o leão que voltou foi justamente o que fugira para as matas da Tijuca. Voltou magro, faminto e alquebrado. Foi preciso pedir a um deputado que arranjasse vaga para ele no jardim zoológico outra vez, porque ninguém via vantagem em reintegrar um leão tão carcomido assim. E, como deputado arranja sempre colocação para quem não interessa colocar, o leão foi reconduzido à sua jaula.
        Passaram-se oito meses e ninguém mais se lembrava do leão que fugira para o centro da cidade quando, lá um dia, o bruto foi recapturado. Voltou para o jardim zoológico gordo, sadio, vendendo saúde.
        Mal ficaram juntos de novo, o leão que fugira para as florestas da Tijuca disse para o coleguinha: - Puxa, rapaz, como é que você conseguiu ficar na cidade esse tempo todo e ainda voltar com essa saúde? Eu, que fugi para as matas da Tijuca, tive que pedir arrego, porque quase não encontrava o que comer, como é então que você... vá, diz como foi.
        O outro leão então explicou:- Eu meti os peitos e fui me esconder numa repartição pública. Cada dia eu comia um funcionário e ninguém dava por falta dele.
        --- E por que voltou pra cá? Tinham acabado os funcionários?
        --- Nada disso. O que não acaba no Brasil é funcionário público. É que eu cometi um erro gravíssimo. Comi o diretor, idem um chefe de seção, funcionários diversos, ninguém dava por falta. No dia em que eu comi o cara que servia o cafezinho... me apanharam.

      PONTE PRETA, S. Gol de padre e outras crônicas. São Paulo: Ática, 2007.

Entendendo a fábula:

01 – Sobre as críticas inferidas da fábula, marque V para as verdadeiras e F para as falsas.
(  ) A enorme quantidade de funcionários públicos.
(  ) A força do imposto de renda representado pela figura do leão.
(  ) A importância do cafezinho em repartição pública.
Assinale a sequência correta.
[A] V, V, V
[B] F, V, F
[C] F, F, F
[D] V, F, V
[E] F, V, V

02 – No texto, a figura pública de deputado é vista como a que:
[A] oferece trabalho a correligionários por quem ele se interessa.
[B] trabalha como funcionário público representando pessoas que o elegeram.
[C] emprega pessoas em repartição pública mesmo que não seja necessário.
[D] divide com seus assessores o ganho relativo a projetos da área social.
[E] todas as respostas.



CRÔNICA: VIDA EM FAMÍLIA - CARLOS EDUARDO NOVAES - COM GABARITO

CRÔNICA: Vida em família
                Carlos Eduardo Novaes
        [...]

  Julinho provoca o pai que mal desviou o olhar do prato à sua chegada.
   A provocação dissimulada era uma das táticas preferidas de guerrilha familiar no confronto não-declarado com Alberto, em constante desacordo sobre sua forma de viver e pensar o mundo.
    O garoto permanecia ali, imóvel, expondo-se como um manequim de vitrine e nem Vera nem Alberto percebiam seus pés descalços.
    Entre dentadas e comentários tão triviais quanto o repasto, a mãe anunciou uma surpresa, mas antes que pudesse dizê-la, o filho agitou os dedos do pé, acenando para sua desatenção.

        — Você está sem sapatos, filho! Que houve?
        Julinho esboçou um sorriso sarcástico, agradecendo enfim pela observação, fixou o polegar esquerdo na palma da mão direita e girou os dedos no clássico gesto que significa “roubo”. Vera pulou da cadeira:
        — Meu Deus! Você foi assaltado!
        — De novo? — reagiu o pai, largando o osso e chupando os dedos.
        — Foi agora? Como? Onde? Fala! Diz!
        — O pivete me abordou ali na ciclovia da Lagoa e com uma faca nas mãos mandou que eu tirasse o tênis.
        — Tênis? Aquele tênis que eu trouxe dos Estados Unidos mês passado? – assombrou-se o pai. — Que custou uma fortuna...?
        O garoto concordou com a cabeça, sem dizer palavra, sem alargar os gestos, represando emoção. Era o terceiro assalto que sofria e, para quem acabara de ver o brilho de uma lâmina espetando-lhe as costelas, demonstrava uma tranquilidade irritante. Talvez por entender que os assaltos são parte da rotina da vida. Talvez por desconhecer o preço de um tênis Platinum, de série limitada.
        Julinho tornava-se espectador da sua própria cena. Enquanto os pais discutiam o melhor comportamento a seguir diante de um assaltante empunhando uma arma branca, ele revia seu algoz na telinha da imaginação.
        Uma visão parcial, encoberta pelas sombras da noite que não lhe permitiam distinguir outros traços além dos olhos verdes e a cara de lua cheia. O garoto já o percebera antes, no mesmo local, sempre sozinho, a olhar o céu, distraído demais para infundir temor aos passantes. Desta vez, o mulato alto e magro como Julinho fazia-se acompanhar por um bando de meninos maltrapilhos que, bem mais baixos, lembravam jogadores de um time infantil à volta de um treinador adulto. O garoto surpreendeu-se com a abordagem, é fato, mas muito mais com o comportamento do assaltante que parecia ensinar aos pirralhos o modo correto de praticar um assalto.
        — E vai ficar por isso mesmo? — a voz de Alberto adquiriu um tom de afronta.
        Julinho respondeu com um leve movimento de ombros, murmurando por entre os dentes: “Deixa pra lá, pai”. Foi o que faltava para Alberto pôr sua raiva em movimento:
        — Deixa pra lá? Você fala assim porque o dinheiro não sai do seu bolso. É por isso que a violência não diminui.
        Ninguém dá queixa. Ninguém faz nada. Todo mundo deixa pra lá! Eu não vou deixar! Eu não vou deixar! — e repetiu escandindo as sílabas:
        — Não vou deixar!
        O garoto ouviu-o impassível, sem autoridade para contestá-lo, mas Vera reagiu chamando o marido à razão:
        — Alberto! Você não vai sair por aí feito um maluco por causa de um par de tênis!
        — Podia ser um grampo! — esbravejou. — De hoje em diante, vou atrás do que é meu, seja lá o que for. Não aguento mais ser saqueado por essa bandidagem. Já foi carro, relógio, bolsa, rádio...
        Alberto ajeitou-se na cadeira e, assumindo ares de delegado de polícia, espetou o dedo indicador na mesa perguntando ao filho em que ponto da ciclovia exatamente ocorreu o assalto. Julinho preferiu baixar os olhos e continuar em silêncio, que ele conhecia muito bem o temperamento do pai e não queria vê-lo envolvido em mais violência. Alberto aguardou a resposta e, sem obtê-la, ergueu-se impetuoso:
        — Muito bem! Você não diz, mas eu vou descobrir. Vou à Polícia, à Interpol, ao Exército, onde for preciso, mas vou trazer esse tênis de volta ou não me chamo Alberto Calmon! De agora em diante, vai ser na lei do cão!
        Julinho olhou para os pés descalços e, por alguma razão, pensou no tênis, apenas um calçado para ele, talvez um pequeno sonho para o pivete. Estranho pensamento.
        [...]

Carlos Eduardo Novaes. O Imperador da Ursa Maior.
São Paulo: Ática, 2000. (Fragmento).


Vocabulário:
Repasto – refeição.
Algoz – aquele que trata outro com crueldade, carrasco.

Entendendo o texto:
01 – Julinho e o pai não se entendiam muito bem. Qual fato pode comprovar essa afirmação?
      Os pais não prestavam muita atenção nele, pois custaram a perceber que ele estava descalço, além de haver um clima de provocação entre o menino e o pai.

02 – Segundo o texto, a tensão familiar concentrava-se na relação entre Julinho e seu pai, Alberto. De que maneira Julinho provocava o pai?
      Ficava parado sem dizer uma palavra, como manequim de vitrine.

03 – Por que Alberto e o filho não se davam bem?
      Porque o pai parece ser autoritário e não sabe conversar e perguntar o que o filho tem e sente. No entanto, o pai se preocupa com o preço do objeto roubado.

04 – Apesar do susto, Julinho mantinha-se aparentemente calmo e ironizava a situação. Por que Julinho procurou não revelar suas emoções?
      Porque ele estava acostumado com os assaltos e não dava importância ao valor das coisas.

05 – O narrador descreve a tranquilidade do menino como 'irritante'. Ela era irritante para quem?
      Para o pai, pois tinha um temperamento mais explosivo.

06 – “Julinho tornava-se espectador da sua própria cena". De que cena ele estava sendo espectador?
      Da cena do assalto.

07 - Por que o narrador classifica o pensamento de Julinho como "estranho"?

      Porque parece que o ladrão tinha razão justificável para assaltar.

REPORTAGEM: O CLIMA EM MUTAÇÃO - DARLENE MENCONI - COM GABARITO

Texto: O clima em mutação 
           Darlene Menconi

        O que dizem os cientistas sobre as chuvas na Europa e o fogo que destruiu florestas no Brasil e em Portugal 
        Furacões cada vez mais constantes. Chuvas torrenciais como as que provocaram deslizamento de terra e enchentes na Suíça, Alemanha e Áustria. E que soaram o alarme na Romênia, onde milhares ficaram desabri­gados e mais de três dezenas morreram arrastadas pelas enxurradas. A lista de catástrofes climáticas da semana passada inclui ainda o verão mais quente dos últimos 15 anos na Península Ibérica. Só em Portugal, foram mobilizados quatro mil bombeiros, quase mil veículos e 40 aeronaves para conter a fúria das chamas que destruíram uma área verde do tamanho de 30 mil campos de futebol.
        No Brasil, a má notícia ficou por conta das chamas que engoliram metade de um parque nacional na ilha Bandei­rante, no Paraná. São todos sinais da tão anunciada mudança climática, certo? A resposta é sim e não. Quando se trata de prever o clima, não há certezas absolutas. "É impossível garantir de pés juntos que o aumento na incidência como ganhar dinheiro na internet desses even­tos extremos não seja consequência da mudança climática", diz o pesquisador - Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo (USP). "Mas também é impossível garantir que seja", completa.
        Estudar o clima é uma atividade com­plexa por vários motivos. Primeiro porque as análises meteorológicas levam muitas coisas em consideração, como a quantidade de poluentes emitidos pelas chaminés e a capacidade de as florestas em absorver esses gases causadores do efeito estufa, que criam uma capa protetora e impedem o calor do Sol de voltar ao espaço. Também não existe um único sistema de previsão climática, o que inviabiliza análises comparativas. Por último, é impossível colocar em prática experimentos de longo prazo.
        A verdade é que não há conhecimento suficiente para garantir as flutuações do clima no médio e longo prazo. Diante da tamanha ignorância, os cientistas alertam, é importante cuidado com o que lançamos na atmosfera. "Não pode­mos tratar como uma gigantesca lata de lixo porque isso cedo ou tarde pode trazer sérias consequências", avisa Artaxo. Ele compara o clima da Terra a um doente: "Enquanto não se sabe qual é a doença, o melhor remédio é não abusar"
        [ ... ]
                 DARLENE MENCONI. ISTO É. 21 set 2005 (Fragmento)

Entendendo o texto:

01 – “O clima em mutação" é o trecho de uma reportagem em que são apresentadas informações a respeito de um certo assunto. Qual é o assunto abordado nessa reportagem?
      As mudanças climáticas ocorridas no Brasil e na Europa.

02 – Como é possível perceber, a partir da leitura do texto, que as informações apresentadas foram obtidas junto a um especialista?
      Porque o pesquisador Paulo Artaxo fala no texto, além de ser citado.

03 – Na reportagem, a linguagem costuma ser adequada ao padrão de maior prestígio, ela é formal e objetiva. Essas características são encontradas no texto lido?
      Sim, pois a variedade é padrão formal, ou seja, não há gírias no texto ou expressões coloquiais (do dia a dia).


04 – Nas últimas décadas, o ser humano vem realizando ações que comprometem ainda mais a qualidade do clima. Dentre as interferências praticadas contra a natureza, quais prejudicam mais as condições climáticas?
      O desmatamento, as queimadas, os poluentes das chaminés das fábricas, a poluição dos rios entre outros.

05 – As catástrofes climáticas acontecem de forma diferente em quase todas as regiões do planeta. Segundo os cientistas, atualmente existem recursos que permitem prever, com segurança, as mutações climáticas?
      Não, atualmente não há consenso, porque não há um padrão a ser seguido.

06 – Hoje se pode dizer que as previsões meteorológicas que ouvimos no rádio ou acompanhamos na TV tem maior credibilidade, isto é, maior grau de acerto. Como se explica isso, tendo em mente o texto lido?
      Hoje a previsão é de um curto espaço de tempo, mas não há como prever a longo e médio prazo.

07 – De acordo com o texto, as últimas catástrofes climáticas aconteceram em função de ações inconsequentes do ser humano?
      De acordo com o texto, o homem adquiriu conhecimento e não há como afirmar se essas mudanças são realmente interferências humanas.

08 – Diante de tantas incertezas em relação às mudanças do clima, os cientistas se mostram cautelosos. Na frase "Enquanto não se sabe qual é a doença, o melhor remédio é não abusar". Por que eles nos aconselham a tratar a natureza com maior respeito, preservando-a de grandes desgastes?
      É necessário agir com prudência para evitar danos maiores no futuro.



CONTO: DOMINGO EM PORTO ALEGRE - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO


CONTO: DOMINGO EM PORTO ALEGRE

        Enquanto Luíza termina de pôr a criançada a jeito, ele confere o dinheiro que separou e o prende num clipe. Tudo em ordem para o grande dia. Passa a mão na bolsa das merendas e se apresenta na porta do quarto.
        --- Tá na hora, pessoal.
        --- Já vai, já vai – diz a mulher.
        Marina quer levar o bruxo de pano, Marta não consegue afivelar a sandalinha, Marietinha quer fazer xixi e Luíza se multiplica em torno delas.
        --- Espero vocês lá embaixo.
        Luíza se volta.
        --- Por favor, vamos descer todos juntos.
        Todos juntos, como uma família, papai e mamãe de braços dados à frente do pequeno cortejo de meninas de tranças.
        Chama um carro – o passeio de táxi também faz parte do domingo. As meninas vão com a mãe no banco de trás. Na frente, ele espicha as pernas, recosta a nuca, que conforto um automóvel e o chofer não é como o do ônibus, mudo e mal-humorado, e até puxa conversa.
        --- Dia bonito, não?
        --- Pelo menos isso.
        --- É, a vida tá dureza...
        Dureza é apelido e do Alto Petrópolis ao Bom Fim viajam nesse tom, tom de domingo e na sua opinião não é verdade que esse país já tá com a vela?
        Na calçada, Luíza lhe passa o braço e comenta que o choferzinho era meio corredor. Ele concorda e acha também que era meio comunista.
        E caminham.
        Nas vitrinas do Bom Fim vão olhando os ternos de sala, as mesinhas de centro, ao quartos que sonham comprar um dia. Luíza se encanta num abajur dourado, que lindo, ficaria tão bem ao lado da poltrona azul. E caminham. As garotinhas de mãos dadas e o pai e a mãe troteando atrás, contentes, como se as semanas vencidas e as vincendas não passassem de um sonho mal e cada coisa de suas vidas estivesse em seu lugar, bem ajustada, bem sentada, como aquele abajur ao lado da poltrona azul.
        Atravessam a avenida e ali está, verde e cheiroso, o Parque da Redenção. As garotinhas correm e á vão brincando de pegar, buliçosas, risonhas, e até Luíza, na Redenção, fica um pouco bonita. Os olhos dela se movem mais rapidamente, as mãos se umedecem e as faces recobram nuanças juvenis.
        Papai compra passes para o carrossel e acomoda a meninada. Fora do cercado uns quantos casais admiram seus filhos, como se agarram, não caem, como são lindos e gorduchinhos e a vovó ia gostar tanto de ver. Os recém-chegados se orgulham também dos seus, como rodam e rodam, dão gritinhos de prazer e nervosas risadinhas. Luíza se ergue na ponta dos pés, saltita, ele vislumbra o peito no decote e gaba suas estremeções de gelatina. Encosta-se nela com súbita volúpia, mas o carrossel dá a última volta e Luíza precisa correr, Marietinha á vem pendurada no pescoço do cavalinho.
        Hora da merenda.
        Mamãe faz uma distribuição criteriosa de sanduíches, copinhos, guardanapos. Comem. Conversam sobre as maravilhas do parque e viste como estão caros os churros uruguaios? Mariana vai pegar o último sanduíche e Marta avança.
        --- É meu.
        --- Não, é meu!
        E se empurram e já choramingam, mas Luísa fala na roda-gigante, ficam todas louquinhas e lá se vão mastigando mortadela e interjeições.
        Das alturas, entre as copas das grandes árvores, Luíza chama:
        --- Meu bem, aqui.
        Ele abana. E as meninas chamam:
        --- Pai, pai.
        Abana também, e se finge que se assusta à passagem de seus bancos voadores, quase se finam de tanto rir.
        Comem pipocas, amendoim torrado, percorrem alamedas de arbustos e namorados, brincam de esconde-esconde no Recanto Chinês e andam todos no trenzinho – é uma pintura quando ele vai costeando o lago, vendo-se de cima os barquinhos de pedal.
        Começa a escurecer e eles vão retornando pelos caminhos da Redenção, vão chegando perto da avenida e do corredor dos ônibus. E vão ficando sérios, intimidados sem saber por quê.
        Na parada, agrupam-se e pouco ou nada falam, até que veem assomar no corredor, roncando, soltando fumaça negra, o dragão de lata.
        --- Qual é aquele? – pergunta Luíza. – Alto Petrópolis?
        Ele aperta os olhos.
        --- Acho que é.
        Mas não é. E por instantes eles ficam se olhando, sorrindo, querendo acreditar que o domingo ainda não terminou.

          FORACO, Sérgio. Majestic Hotel. Porto Alegre: L&PM, 1991. p. 47-50.

Entendendo o texto:

01 – Que tipo de narrador conta a história?
       Um narrador observador em terceira pessoa.

02 – Neste conto, o espaço é um elemento significativo crucial. Por quê?
       Porque aas ações se passam nas ruas da cidade.

03 – Note que o conto muda repentinamente de tom. Em que ponto da narrativa isso acontece?
       No 30º parágrafo (começa a escurecer...): o passeio chega ao fim, as personagens vão para o ponto do ônibus" "[e] vão ficando sérios, intimidados sem saber por quê”.

04 – Observe um dado interessante quanto à fala das personagens: ela aparece ora na forma de diálogo, ora em discurso indireto (“... comenta que o choferzinho era meio corredor. Ele concorda e acha também que era meio comunista.”) e ora diretamente mesclada com a fala do narrador. Localize exemplos deste último caso ao longo do texto.
         parágrafo: “Na frente, ele espicha as pernas, que conforto um automóvel e o chofer não é como o ônibus, mudo e mal-humorado, e até puxa conversa”.
        16º parágrafo: “Luíza se encanta num abajur dourado, que lindo, ficaria tão bem ao lado da poltrona azul.”
        18º parágrafo: “Fora do cercado uns quantos casais admiram seus filhos, como se agarram, não caem, como são lindos e gorduchinhos e a vovó ia gostar tanto de ver.”

        20º parágrafo: “Conversam sobre as maravilhas do parque e viste como estão caros os churros uruguaios?

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

MUSICA(ATIVIDADES): DIÁSPORA(DRAMA DOS REFUGIADOS) - TRIBALISTAS - COM GABARITO

Música(Atividades): Diáspora
              Tribalistas

Acalmou a tormenta
Pereceram
Os que a estes mares ontem se arriscaram
E vivem os que por um amor tremeram
E dos céus os destinos esperaram

Atravessamos o mar Egeu
O barco cheio de fariseus
Como os cubanos, sírios, ciganos
Como romanos sem Coliseu...

Atravessamos pro outro lado
No rio vermelho do mar sagrado
Os center shoppings
Superlotados
De retirantes refugiados

You, where are you?
Where are you?
Where are you?

Onde está
Meu irmão
Sem irmã
O meu filho sem pai

Minha mãe
Sem avó
Dando a mão pra ninguém

Sem lugar
Pra ficar
Os meninos sem paz

Onde estás
Meu senhor
Onde estás?
Onde estás?

Deus Ó Deus onde estás
Que não respondes
Em que mundo em qu'estrela tu t'escondes
Embuçado nos céus

Há dois mil anos te mandei meu grito
Que embalde desde então corre o infinito
Onde estás senhor Deus

Atravessamos o mar Egeu
O barco cheio de fariseus
Com os cubanos, sírios, ciganos
Como romanos sem Coliseu

Atravessamos pro outro lado
No rio vermelho do mar sagrado
Os center shoppings
Superlotados
De retirantes refugiados

You, where are you?
Where are you?
Where are you?
Where are you?

Onde está
Meu irmão
Sem irmã
O meu filho sem pai

Minha mãe
Sem avó
Dando a mão pra ninguém

Sem lugar
Pra ficar
Os meninos sem paz

Onde estás
Meu senhor
Onde estás?
Onde estás?

Where are you?
Where are you?
Where are you?
Where are you?
Where are you?
Where are you?
                 Arnaldo Antunes / Carlinhos Brown / Marisa Monte

Entendendo a canção:
01 – Que tema é abordado nesta canção?
      O drama dos refugiados, que atravessam a história, ou seja, a questão das migrações no mundo.

02 – Nos versos:
      “Atravessamos o mar Egeu
       O barco cheio de fariseus
       Como os cubanos, sírios, ciganos
       Como romanos sem Coliseu...

       Atravessamos pro outro lado
       No rio vermelho do mar sagrado
       Os center shoppings
       Superlotados
       De retirantes refugiados.”

Aqui fica nítida que preocupação?
      Preocupação com um dos maiores dramas do mundo contemporâneo: a diáspora moderna. Os casos citados são exemplos polêmicos.

03 – No entanto, a canção não se trata de uma comparação simplista entre Cuba (rio vermelho / center shoppings) e Síria (mar sagrado / superlotados), pois a ação se centra em que?
      Nos desencontros e na separação de pessoas promovida por forças externas aos que sentem a necessidade de fugir.

04 – Que análise podemos fazer da segunda estrofe?
      Que vivemos num mundo onde o indivíduo é abandonado a própria sorte, a conexão com o universo (Deus) é a forma de busca de conforto existencial em uma situação limite.

05 – Antunes cita um trecho de vozes d’África de Castro Alves na canção com que intensão?
      “Deus Ó Deus onde estás
       Que não respondes
       Em que mundo em qu'estrela tu t'escondes
       Embuçado nos céus


       Há dois mil anos te mandei meu grito
       Que embalde desde então corre o infinito
       Onde estás senhor Deus.”
      De dar maior historicidade para o drama dos refugiados ao trazer a própria realidade brasileira para este contexto.

06 – Como é sintetizado o significado de diáspora?
      Como a dispersão de povos, por motivos políticos ou religiosos, mostrando um mundo com fronteiras.

07 – Análise geograficamente a letra da canção.
      Os trechos se referem ao atual estado que estão países com problemas políticos e religiosos, e que para sair desse territórios conflituosos, principalmente aos asiáticos partindo para Europa (Mar Egeu), e consequentemente perdendo membros da família em busca de oportunidades num outro lugar para um novo recomeço.





TEXTO: O MITO DA CAVERNA DE PLATÃO - JOSTEIN GAARDER- COM GABARITO


Texto: O mito da caverna de Platão

    Platão nos conta uma parábola [...]. Nós a conhecemos por alegoria da caverna. Vou contá-la com minhas próprias palavras.
    Imagine um grupo de pessoas que habitam o interior de uma caverna subterrânea. Elas estão de costas para a entrada da caverna e acorrentadas no pescoço e nos pés, de sorte que tudo o que veem é a parede da caverna. Atrás delas ergue-se um muro alto e por trás desse muro passam figuras de formas humanas sustentando outras figuras que se elevam para além da borda do muro. Como há uma fogueira queimando atrás dessas figuras, elas projetam sombras bruxeleantes na parede da caverna. Assim, a única coisa que as pessoas da caverna podem ver é este “teatro de sombras”. E como essas pessoas estão ali desde que nasceram, elas acham que as sombras que veem são a única coisa que existe.
Imagine agora que um desses habitantes da caverna consiga se libertar daquela prisão. Primeiramente ele se pergunta de onde vêm aquelas sombras projetadas na parede da caverna. Depois consegue se libertar dos grilhões que o prendem. O que você acha que acontece quando ele se vira para as figuras que se elevam para além da borda do muro? Primeiro, a luz é tão intensa que ele não consegue enxergar nada. Depois, a precisão dos contornos das figuras, de que ele até então só vira as sombras, ofusca sua visão. Se ele conseguir escalar o muro e passar pelo fogo para poder sair da caverna, terá mais dificuldade ainda para enxergar devido à abundância de luz. Mas depois de esfregar os olhos, ele verá como tudo é bonito. Pela primeira vez verá cores e contornos precisos; verá animais e flores de verdade, de que as figuras na parede da caverna não passavam de imitações baratas. Suponhamos, então, que ele comece a se perguntar de onde vêm os animais e as flores. Ele vê o Sol brilhando no céu e entende que o Sol dá vida às flores e aos animais da natureza, assim como também era graças ao fogo da caverna que ele podia ver as sombras refletidas na parede.
Agora, o feliz habitante das cavernas pode andar livremente pela natureza, desfrutando da liberdade que acabara de conquistar. Mas as outras pessoas que ainda continuam lá dentro da caverna não lhe saem da cabeça. E por isso ele decide voltar. Assim que chega lá, ele tenta explicar aos outros que as sombras na parede não passam de trêmulas imitações da realidade. Mas ninguém acredita nele. As pessoas apontam para a parede da caverna e dizem que aquilo que veem é tudo o que existe. Por fim, acabam matando-o.

                                                                             Jostein Gaarder

                                          Texto extraído do livro O Mundo de Sofia.

Entendendo o texto:
01 – O que significaria o grupo de pessoas presas dentro da caverna subterrânea?
      As pessoas que não questionam seus próprios limites e aceitam as coisas como definitivas e imutáveis.

02 – Como estão agrilhoadas (com grilhões, algemas), as pessoas da caverna se habituam com a ideia de que fora da caverna há apenas um 'teatro de sombras'. Que sentindo amplo, figurado, pode estar sendo representado pelos 'grilhões' que impedem as pessoas da caverna de se moverem?
      Esses grilhões são as barreiras da mente das pessoas que não deixam ela questionar ou raciocinar.

03 – Um dos habitantes da caverna, movido pela curiosidade ou pelo desejo de encontrar uma explicação para o que via, consegue sair desse mundo de sombras. Como se definiria esse tipo de pessoa que sai das sombras em busca da luz?
      Uma pessoa que não é passiva, porque busca conhecimento e liberdade.

04 – No início, a realidade confunde o habitante que sai da caverna e ele não consegue distinguir nem entender o que representam as figuras além do muro. O que pode representar a luz forte depois do muro alto e que parece, em primeiro momento, obscurecer a visão do habitante da caverna? 
      O conhecimento que existe fora da caverna.

05 – Qual é o significado das 'sombras' que dominam os habitantes que continuam dentro da caverna?
      A ignorância pela falta do conhecimento.

06 – O caminho para atingir a luz está repleto de desafios, mesmo assim o habitante avança em direção a ela. O que acontece, então, quando a sua visão se torna completa?
      Ele passa a conhecer o mundo e tudo o que nele existe, questionando as coisas e buscando explicação.

07 – No último parágrafo, o habitante é descrito não somente como um indivíduo livre, mas também feliz. Por que isso acontece?
      Porque ele se torna verdadeiramente livre por entender o mundo e sua realidade.

08 – O 'feliz habitante' se lembra então das pessoas que ainda estão presas dentro da caverna, isso o incomoda e ele volta ao mundo das sombras. Como se pode analisar essa atitude ou modo de agir, tendo em vista que ele já havia conseguido sua liberdade?
      Ele demonstra preocupação com os outros, além de generosidade.

09 – Que mensagem a reação das pessoas da caverna, que matam o 'feliz habitante', transmite?
      O novo sempre assusta as pessoas, por ser desconhecido, daí ninguém quer sair de sua zona de conforto.