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terça-feira, 14 de agosto de 2018

POEMA: RENÚNCIA - MANUEL BANDEIRA - COM GABARITO

Poema: Renúncia
          Manuel Bandeira
     
                  
Chora de manso e no íntimo... Procura
curtir sem queixa o mal que te crucia:
O mundo é sem piedade e até riria
da tua inconsolável amargura. 

Só a dor enobrece e é grande e é pura. 
Aprende a amá-la que a amarás um dia.
Então ela será tua alegria,
E será, ela só, tua ventura... 

A vida é vã como a sombra que passa...
Sofre sereno e de alma sobranceira,
Sem um grito sequer, tua desgraça.

Encerra em ti tua tristeza inteira,
e pede humildemente a Deus que a faça
tua doce e constante companheira...
                                                                 Manuel Bandeira. 
Entendendo o poema:

01 – A que se refere a renúncia do eu-lírico?
      O eu-lírico renuncia às tentativas de buscar uma felicidade ilusória, encontrando conforto na dor e na tristeza, de modo que, aceitando-as plenamente, possa crescer com elas e libertar-se da expectativa por uma falsa alegria oriunda do mundo vil.

02 – Qual a relação do título com o contexto do poema?
      O título coube perfeitamente dom o contexto, pois às vezes, é preciso renunciar muitas coisas para alcançar um propósito maior, porque não podemos ficar presos em ideias vãs e desperdiçar oportunidades concretas.

03 – Comprove por que o texto é um soneto:
      O poema é um soneto, porque tem quatro estrofes, sendo que as duas primeiras se constituem de quatro versos, cada uma, os quartetos e as duas últimas de três versos, cada uma, os tercetos.
      Todos eles têm dez sílabas poéticas, classificando-se como decassílabos.

04 – O poema pode ser considerado uma exortação?
      Sim, pois é um conselho, uma advertência.
      Percebe-se pelos verbos no modo imperativo.

05 – No verso: “A vida é vã como a sombra que passa...”, o que o eu-lírico quer dizer sobre a vida?
      Que vida é semelhante a um sopro; seus dias, como a sombra que passa.

06 – O que vem a ser a renúncia?
      É algo doloroso, mas o ser humano aprende melhor com a dor do que com a alegria.

07 – Nos versos "Só a dor enobrece e é grande e é pura", que figura de linguagem foi empregada e qual seu efeito no texto?
      Paradoxo.

08 – Releia os dois últimos versos do poema e identifique a alternativa correta:
(A) O poeta crê ser preferível a tristeza à alegria.
(B) Só Deus nos dá forças para suportar a tristeza.
(C) O poeta exorta que se peça a Deus, com humildade, alívio para os males.
(D) O poeta transmite uma mensagem de conformismo.


terça-feira, 31 de julho de 2018

POEMA: CANÇÃO DO VENTO E DA MINHA VIDA - MANUEL BANDEIRA - COM GABARITO

Poema: Canção do vento e da minha vida
            Manuel Bandeira

        
O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.

O vento varria as luzes,
O vento varria as músicas,
O vento varria os aromas...
E a minha vida ficava

Cada vez mais cheia
De aromas, de estrelas, de cânticos.

O vento varria os sonhos
E varria as amizades...
O vento varria as mulheres...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.

O vento varria os meses
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.

BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.
Entendendo o poema:

01 – No texto, podemos entender a palavra “vento” com o sentido de:

a)   Tempo.

b)   Aragem.

c)   Ventania.

d)   Brisa.

02 – Assinale a melhor resposta. O motivo que conduz o poema é:

a)   O vazio da vida humana.

b)   A fuga rápida do tempo e as marcas que deixa nas pessoas.

c)   A ideia de violência na vida humana, caracterizada pelo verbo varrer.

d)   A interferência da natureza na vida do homem.

03 – O verso: “E a minha vida ficava”, presente em todas as estrofes, simboliza a:

a)   Pressão da razão sobre os sentimentos.

b)   Volubilidade emocional do ser humano.

c)   Perenidade da condição humana.

d)   Incerteza diante do futuro.

04 – Já o verso: “Cada vez mais cheia”, também repetido em todas as estrofes, pode representar o(a):

a)   Alegria do tempo vivido.

b)   Insipidez de uma existência sem poesia.

c)   Amadurecimento crítico em oposição às ilusões adolescentes.

d)   Acumulação gradativa de experiências existenciais.

05 – Aproveitando o tema do poeta e adequando-se à forma e conteúdo do poema, podemos afirmar que a vida só não é um(a):

a)   Ciranda de emoções.

b)   Voragem de sentimentos.

c)   Desfile de glórias.

06– Predomina no texto a função da linguagem:

a)   Fática, porque o autor procura testar o canal de comunicação.

b)   Metalinguística, porque há explicação do significado das expressões.

c)   Conotativa, uma vez que o leitor é provocado a participar de uma ação.

d)   Referencial, já que são apresentadas informações sobre acontecimentos e fatos reais.

e)   Poética, pois chama-se a atenção para a elaboração especial e artística da estrutura do texto.

07 – A partir do título do poema, percebe-se que o eu poético vai estabelecer uma relação. Que relação é essa?

      Relação à vida do autor, presente como o eu-lírico.

08– Como estão estruturados os versos e estrofes do poema?

      O poema em seu rigor formal, é composto de quatro sextilhas.

09 – A partir de que relação de semelhança pode-se afirmar que ocorre, no poema, uma metáfora entre vento e tempo?

      Na 1ª sextilha há um sentido associativo (metáfora) atribuído à palavra vento e ao verbo varrer (varria), a primeira corresponde ao significado de tempo e a segunda a ação do vento, se essas palavras fossem substituídas por outras como: brisa, ventania ou soprar (respectivamente nos casos), não expressariam o abalo que o eu-lírico sofre, pois ao carregar folhas, frutos, flores. (1ª sextilha).

10 – Que expressão se repete nas (2.ª, 3.ª, 4.ª sextilhas) para significar algo que vai ocorrendo, gradativamente, ao longo de um tempo ou à medida da ação do vento/tempo?

      As expressões são:

      2ª sextilha – luzes, músicas, aromas.

      3ª sextilha – meses e sorrisos.

      4ª sextilha – percebe-se que o vento é capaz de tirar seus prazeres da vida.

11 – Que vocábulos do poema permitem perceber que o eu poético fala de uma situação passada?

      “E a minha vida ficava cada vez mais cheia”, reconhece-se nesse aspecto que a canção do vento também torna-se a sua, reconhecendo assim sua plenitude enquanto ser relacionada a ação do tempo que ironicamente, à medida que lhe varia todas as coisas, deixava a mesma cada vez mais cheia.

12 – No verso: “E a minha vida ficava”, existe uma carga semântica, pois está presente em todas as estrofes. Por quê?

      Este verso simboliza a perenidade da condição em que se encontra o eu-lírico.

13 – O eu-lírico usa a repetição das reticências em muitos versos, com que finalidade?

      Para alongar o ritmo da frase e o momento da rememoração na consciência, como se inserissem no texto pausas internas, espaços de silêncio.

14 – No poema, a expressão “minha vida” refere-se à vida:

a)   Da amada.

b)   Da natureza.

c)   Das mulheres.

d)   Do eu-lírico.

15 – Nos três primeiros versos – “O vento varria as folhas, / O vento varria os frutos, / O vento varria as flores...” –, a semelhança sonora das palavras:

a)   Cria musicalidade no poema.

b)   Elabora uma prosa poética.

c)   Constrói imagens desconhecidas.

d)   Elimina o ritmo do poema.

16 – Pode-se afirmar que “Canção do vento e da minha vida” é um poema porque:

a)   Está estruturado em frases e parágrafos repetidos.

b)   Está organizado em versos com ritmo e sonoridade.

c)   Conta, em linguagem figurada, uma história de amor.

d)   Compara vida e natureza alterando a estrutura das estrofes.

17 – A leitura do poema sugere que a vida:

a)   Acumula experiências.

b)   Esvazia os dias.

c)   Destrói os sonhos.

d)   Devasta a natureza.

18 – O poema se organiza em torno da seguinte ideia:

a)   A vida é como o vento, varre os maus momentos.

b)   A vida é como o vento, varre os bons momentos.

c)   O tempo passa com o vento, enquanto a vida se preenche.

d)   O tempo passa como o vento, enquanto a vida se esvazia.

19 – O poema chama a atenção pela sua construção paralelística, isto é, pela repetição total ou parcial de versos.

a)   Quais dos seguintes tipos de paralelismo foram empregados no poema? Sintático – Semântico – Rítmico – Gráfico.

Foram empregados todos eles.

b)   Em cada uma das estrofes, o eu lírico trata dos efeitos do vento e agrupa-os em blocos semânticos distintos. Observe o conteúdo d cada uma das três primeiras estrofes e associe-os, na ordem em que aparecem, aos seguintes itens: relacionamentos – percepção sensorial – natureza.

Natureza – percepção sensorial (visão, audição e olfato) – relacionamentos.

c)   Considerando que os paralelismos são estruturas de repetição, o que essas repetições sugerem no plano da vida do eu lírico?

Sugerem repetição, monotonia, uma vida sempre igual.

20 – Nessa “canção” de Bandeira, o vento varre continuamente.

a)   Observe alguns dos significados do verbo varrer e aponte aqueles que coincidem com os sentidos desse verbo no poema:

Varrer: 1. Limpar com vassoura. 2. Arrastar-se por, roçar. 3. Levar, arrastar. 4. Destruir, devastar. 5. Fazer desaparecer.

   Todos eles estão de alguma forma no poema; contudo, vale ressaltar o caráter devastador do vento, o que remete para os significados 3,4 e 5.

b)   O vento, além do sentido de “ar em movimento”, pode também apresentar outros, como o de “coisa vã, fugaz, efêmera, passageira”, o que se verifica claramente no verso: “O vento varria os meses”, conclua: A passagem do vento é a metáfora de quê?

Do tempo.

21 – Cada uma das estrofes do poema se organiza a partir da oposição entre o vento e a condição do eu lírico. Observe o esquema:

        O vento varria: as folhas, os frutos, as flores, as luzes, as músicas, etc.

        E minha vida ficava cada vez mais cheia de: frutos, flores, folhas, aromas, estrelas, cânticos, etc.

        Tanto o verbo varrer quanto o adjetivo cheia regem complementos. Observe a presença ou ausência de preposição nesses dois casos e responda às questões a seguir.

a)   A ligação entre o verbo varrer e seus complementos se faz com ou sem o auxílio de preposição? Consequentemente, qual é a função sintática desses complementos do verbo?

Sem preposição; sua função é de objeto direto.

b)   A ligação entre o adjetivo cheia e seus complementos se faz com ou sem auxílio de preposição? Que função sintática desempenham os complementos desse adjetivo?

Com o auxílio de preposição: sua função sintática é de complemento nominal.

c)   Qual o valor semântico da palavra de em “cheia de...”?

·        Posse.

·        Restrição.

·        Qualidade, caráter.

·        Matéria, conteúdo.

22 – Considerando a regência do verbo varrer e a do adjetivo cheia, no contexto, é possível estabelecer relações entre elas e o conteúdo da canção. Identifique quais dos itens abaixo correspondem a relações corretas.

a)   Agente da ação de varrer, o vento age diretamente (sem preposição) sobre as coisas e seres que o circundam.

b)   Varrer é verbo transitivo direto, o que pressupõe uma ação direta do eu lírico sobre as coisas e seres que o circundam.

c)   A regência do adjetivo cheia sugere uma atitude passiva do eu lírico, que fica imóvel diante da ação do tempo.

d)   A regência do adjetivo cheia (de) sugere o que fica acumulado, para o eu lírico, da experiência vivida, apesar (e em razão) da ação devastadora do vento.

23 – na última estrofe, há uma síntese da ação do vento e da condição do eu lírico. Segundo o texto, “o vento varria tudo!”, e a vida do eu lírico ficava “cada vez mais cheia de tudo”. Indique ao menos dois sentidos para a palavra cheia nesse contexto.

      1° sentido: plana, que tem em abundância; 2° sentido; farta, enfastiada, cansada.

24 – Qual dos seguintes temas podemos considerar como o tema central do poema?

a)   A efemeridade do tempo e da natureza.

b)   A importância humana diante da natureza.

c)   O cotidiano massacrante da vida.

 

 


sábado, 28 de julho de 2018

POEMA: MENINOS CARVOEIROS - MANUEL BANDEIRA - COM GABARITO

Poema: Meninos Carvoeiros
               Manuel Bandeira 

Os meninos carvoeiros
Passam a caminho da cidade.
-- Eh! carvoero!
E vão tocando os animais com um relho enorme.

Os burros são magrinhos e velhos.
Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.
A aniagem é toda remendada.
Os carvões caem.

(Pela boca da noite vem uma velhinha que os recolhe, dobrando-se com um gemido.)

-- Eh! carvoero!
Só mesmo estas crianças raquíticas
Vão bem com estes burrinhos descadeirados.
A madrugada ingênua parece feita para eles...
Pequenina, ingênua miséria!
Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se brincásseis!

-- Eh! carvoero!
Quando voltam, vêm mordendo num pão encarvoado,
Encarapitados nas alimárias,
Apostando corrida,
Dançando, bamboleando nas cangalhas como espantalhos desamparados!

Petrópolis, 1921 (BANDEIRA, Manuel. O ritmo dissoluto. In: _____. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro Nova Aguilar, 1983. p. 192.)
Vocabulário:
Alimária: animal irracional, bruto.
Aniagem: tecido grosseiro.
Cangalhas: peça de madeira forrada de couro em cujas hastes se dependuram sacos.
Encarapitado: posto no alto, em cima, empoleirado.
Relho: chicote de cabo de madeira.

Entendendo o Poema:
01 – Sobre o texto é verdadeiro o que se afirma em:
A) O tema do texto é As brincadeiras infantis
B) O tema do texto é o trabalho triste e inocente dos meninos.
C) O tema do poema é o comercio de carvão
D) O tema do texto é os burros magrinhos.

02 – Em: “E vão tocando os animais com um relho enorme.” a expressão em negrito tem o mesmo sentido que:
A) vão gritando.
B) vão cantando.
C) vão tangendo.
D) vão segurando.

03 – “raquíticas” (verso 11) é o mesmo que:
A) trabalhadeiras.
B) brincalhonas.
C) levadas.
D) Franzinas
E) alegres.

04 – O sujeito poético se refere aos meninos carvoeiros, chamando-os de “Adoráveis carvoeirinhos” (verso15), porque:
A) ainda conseguem brincar, apesar da miséria,
B) tudo o que fazem é engraçado, sendo crianças.
C) as crianças ficam cômicas sujas de carvão.
D) eles não levam o trabalho a sério e, por isso, não sofrem.
E) o trabalho deles faz com que os passantes fiquem agradecidos.

05 – No trecho “(...) trabalhais como se brincásseis!”, os verbos referem-se à 2a pessoa do plural vós. Se eles se referissem a vocês, como ficaria a frase?
(A) Trabalham como se brincassem.
(B) Trabalhão como se brincassem.
(C) Trabalhas como se brincas.
(D) Trabalhão como se brincas.
(E) Trabalham como se brincas.

06 – No poema o autor expressa pelo trabalho dos meninos carvoeiros, um sentimento de:
(A) ciúme      
(B) raiva             
(C) indiferença                
(D) impaciência           
(E) tristeza

07 – De acordo com o poema, os meninos carvoeiros:
(A) mostram alegria e ingenuidade.
(B) demonstram revolta e desprezo.
(C) explicitam melancolia e desespero.
(D) apresentam desânimo e tristeza.
(E) expressam infelicidade e aflição.

08 – Ao caracterizar os burrinhos por meio dos adjetivos “magrinhos”, “velhos” e “descadeirados” caracterizam-se, também, os meninos, pois:
(A) relho usado pelos meninos machuca os burrinhos.
(B) peso dos meninos torna os burrinhos magrinhos e velhos.
(C) corpo dos burrinhos é velho como o dos meninos carvoeiros.
(D) físico dos burrinhos só suporta a fragilidade dos meninos carvoeiros.

09 – No verso “Quando voltam, vêm mordendo num pão encarvoado,”, o uso do acento circunflexo no verbo se justifica porque:
(A) “burrinhos” está no plural.    
(B) “madrugada” está no singular.
(C) “miséria” está no singular.
(D) “carvoeirinhos” está no plural.

10 – Entre o título “Meninos carvoeiros” e o verso “Eh, carvoero!”, verifica-se uma diferença que constitui um erro de grafia. Esse erro ocorre porque o autor:
(A) se enganou na grafia.
(B) quis mostrar que essa palavra tem duas grafias corretas.
(C) pretendeu representar a fala dos meninos.
(D) desejou respeitar a linguagem padrão.

11 – “Vem uma velhinha que os recolhe, dobrando-se com um gemido.”:
a)   O diminutivo está indicando:
(  ) Só tamanho.
(X) Tamanho e intensidade, isto é, idade avançada.

b)   No mesmo verso, a quem se refere o pronome os?
Refere-se (substitui) aos carvões (que caem).

c)   Reescreva o verso, substituindo o pronome os pelo substantivo correspondente.
Vem uma velhinha que recolhe os carvões (que caem).

12 – Observe os verbos destacados nas frases:
·        Quando ele volta, vem mordendo um pão encarvoado.
·        Quando eles voltam, vêm mordendo um pão encarvoado.
Por que foi acentuado a forma verbal “vêm” na segunda frase?
Porque está no plural.






sábado, 21 de julho de 2018

POEMA: TREM DE FERRO - MANUEL BANDEIRA - COM GABARITO

Poema: Trem de Ferro
                                  Manuel Bandeira

Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virge Maria que foi isto maquinista?

Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força

Oô...
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
De ingazeira
Debruçada
No riacho
Que vontade
De cantar!

Oô...
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiá

Oô...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matá minha sede
Oô...
Vou mimbora vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no Sertão
Sou de Ouricuri
Oô...

Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...

Bandeira, Manuel 1886 - 1968.Antologia Poética.
Rio de Janeiro: J. Olympo, 1976, 8. ed. , p. 96.
Entendendo o poema:
01 – Você gostou do poema? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

02 – Os versos do poema lido são, na maioria, longos ou curtos? Em sua opinião, há uma razão para essa escolha? Em caso afirmativo, qual seria ela?
      Os versos do poema são, na maioria, curtos. Os versos curtos dão ritmo rápido ao poema, aludindo ao movimento do trem.

03 – Vamos reler um trecho do poema:
        “Café com pão
         Café com pão
         Café com pão
         (...)
         Muita força
         Muita força
         Muita força
         (...)
         Pouca gente
         Pouca gente
         Pouca gente...”

Agora responda as questões abaixo:
a)   Que impressão a repetição dos versos pode causar no leitor?
A repetição desses versos lembra o barulho produzido por um trem com locomotiva a vapor.

b)   Em sua opinião, a repetição dos versos da primeira estrofe dá ao leitor a impressão de que o trem está andando rápido ou devagar?
Devagar. A alternância entre sílabas tônicas e átonas e as vogais nasais dão ao leitor a impressão de que o trem está se locomovendo devagar.

04 – Volte ao poema e encontre a estrofe que sugere o som do apito do trem. Copie-o.
      “Virge Maria que foi isto maquinista?”, sugere o som do apito do trem quando ele está saindo, isto é, o apito inicial que tem o som mais longo que os emitidos quando o trem já está em curso.

05 – No poema, há alguém que fala. Quem você imagina que seja? Explique o que você observou para responder.
      Por meio dos versos: “Virge Maria que foi isto maquinista? / Ai seu foguista / Bota fogo / Na fornalha / Que eu preciso / Muita força.”, que quem fala é o próprio trem de ferro.
      Os versos: “Vou depressa / Vou correndo / Vou na toda / Que só levo / Pouca gente / Pouca gente / Pouca gente...”, também revela a fala do trem.

06 – Como é o trem de que o poema trata: a vapor ou elétrico? Explique como você descobriu.
      A vapor. É possível descobrir por meio dos versos: “Voa fumaça / Corre, cerca / Ai seu foguista / Bota fogo / Na fornalha / Que eu preciso / Muita força / Muita força.”

07 – Em sua opinião, o que significa a expressão “Oô...”?
      Resposta pessoal do aluno. Provavelmente o som do apito do trem em curso, avisando que está passando.

08 – Releia o seguinte trecho do texto:
        “Passa ponte
         Passa poste
         Passa pasto
         Passa boi
         Passa boiada
         Passa galho
         De ingazeira
         Debruçada
         No riacho.”

Você acha que a repetição da palavra passa no começo dos versos sugere que o trem está andando rápido ou devagar?
      O ritmo desses versos, a repetição do som de s e a sequência de elementos (ponte, poste, pasto, boi...) dão a ideia de que o trem está passando por eles rapidamente.

09 – No poema, aparecem algumas palavras, como:
        VIRGE   -   PRENDERO   -   CANAVIÁ
Encontre no texto outros exemplos como esses. Em seguida, anote a opção que, em sua opinião, está correta.
Possibilidades: oficiá – me dá – pra – matá – mimbora.

a)   Esse tipo de linguagem é aquela usada em livros, jornais, revistas, júris, vários programas de tevê, etc.
b)   Esse tipo de linguagem é aquela falada em certas regiões do país, por alguns grupos de pessoas.

10 – Volte ao poema e observe a maneira como ele foi pontuado. Depois, conclua se a pontuação é mais livre, informal ou mais rígida, formal.
      De acordo com o texto, a pontuação é mais livre, informal.

11 – Agora explique com suas palavras o que você entendeu do poema. Comente também se você gostou ou não dele e por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

12 – A terceira estrofe indica que o trem adquiriu maior velocidade. Que palavras desta estrofe têm a função de mostrar o aumento da velocidade?
      “Agora sim”, “voa”, “corre”.

13 – Observe o verso “Corre, cerca”. Explique como a cerca, que é elemento sem vida, pode correr.
      A ilusão de que a cerca corre é dada pelo movimento do trem.

14 – Na quarta estrofe, há dois versos iniciados com a palavra “foge” e seis com a palavra “passa”. A repetição destes verbos e o significado deles indicam que velocidade para o trem no trecho em questão?
      A repetição indica que o trem se movimenta numa velocidade bem maior, espantando animais e gente que encontra pelo caminho e deixando rapidamente para trás os pontos do seu trajeto.

15 – O ritmo do poema acompanha o ritmo do trem. Releia a 5ª estrofe e verifique: a velocidade do trem é maior ou menor do que no restante do poema? Qual a causa da mudança?
      Sua velocidade é menor. A causa é travessia de um canavial, onde ele se sente preso.

16 – Na 5ª estrofe o trem está preso num canavial e cada pé de cana lhe parece um oficial, isto é, um soldado. Quais as semelhanças entre o pé de cana e o oficial que permitem a Manuel Bandeira fazer essa comparação?
      Os pés de cana estão enfileirados, como soldados; a cor verde da cana é semelhante à cor da farda dos soldados.

17 – Quem é o eu que fala no poema? Qual o dialeto usado por ele? Que marcas linguísticas desse dialeto aparecem no texto?
      O eu que fala no poema é o trem de ferro. Ele usa o dialeto popular.
      Algumas marcas linguísticas desse dialeto: a supressão da letra final de palavras como “Virge”, “prendero”, “canaviá”, “oficiá”, “mata”, a anteposição do pronome oblíquo ao verbo em início de frase (“me dá tua boca”); a junção do pronome átono e palavra iniciada por vogal (“mimbora”); o uso de gíria (“vou na toda”).