Artigo de Opinião: Pressionar crianças para que sejam bons alunos
resulta em desânimo
Rosely
Sayão
Pesquisas apontam aumento na taxa de suicídio entre
os jovens brasileiros, e o fenômeno é mundial. Por esse motivo, alguns países
têm se preocupado com a depressão em crianças e jovens. A Academia Americana de
Pediatria, por exemplo, recomendou que os médicos devem sempre procurar sinais
dessa doença nos mais novos. Sinal amarelo piscando.
Precisamos pensar com atenção na saúde mental de
nossas crianças e de nossos jovens. Mas parece que nem as famílias e nem as
escolas têm essa questão como importante: ambas são criadoras de muitas causas
que podem afetar negativamente a qualidade de vida emocional de quem elas
deveriam cuidar. Vamos levantar alguns pontos que podem provocar pressão em
demasia, ansiedade e medos de fracasso nas crianças e nos jovens.
Primeiramente, a pressão sobre a vida escolar.
Nunca, nunca antes tivemos famílias e escolas tão empenhadas em fazer com que
filhos e alunos tenham alta performance escolar, o que significa, é claro, boas
notas, aprovação com destaque em exames e provas etc. Mas por quê?
Porque, de repente, decidimos que o bom rendimento
escolar da criança é pré-requisito fundamental para um futuro profissional
promissor. Posso assegurar-lhe que não é, por dois motivos bem simples.
Primeiro: bom rendimento escolar não significa, necessariamente, bom
aprendizado. Segundo: estamos um pouco atrasados nessa premissa, já que, hoje,
ter estudos não garante nada, absolutamente nada em termos profissionais, e não
apenas em nosso país. Agora, imagine crianças – inclusive as mais novas – e jovens
pressionados até o limite para que sejam bons alunos. Só pode resultar em
ansiedade, desânimo, receios etc. Junte a isso as acirradas competições às
quais eles são submetidos, o bullying – que eu reputo à ausência de adultos na
tutela dos mais novos –, as agendas lotadas de compromissos, as intermináveis
lições de casa (muitas vezes motivos para brigas entre pais e filhos), a
erotização precoce que promove busca infantil por um determinado tipo de beleza
etc.
Uau! Se para um adulto essa mistura já pode ser
explosiva para a sanidade mental, imagine, caro leitor, para crianças e
adolescentes! E o que podemos fazer? Muita coisa! Deixar de confundir cobrança
com pressão já pode ser um grande passo. Nossos filhos e alunos precisam ser
cobrados a levar sempre adiante sua vida escolar. Mas precisamos ser mais
compreensivos quando eles não conseguem, e ajudá-los no esforço que precisam
investir para aprender, em vez de pressioná-los mais ainda.
As famílias podem e devem também ensinar os filhos
a lidar com suas emoções. Sabe quando uma criança pequena pega algum objeto de
vidro e os pais o ensinam a tomar cuidado porque é frágil e ela pode quebrar,
mesmo sem querer? Podemos fazer a mesma coisa com os sentimentos que ela
experimenta. Posso ilustrar isso que acabei de dizer com o seguinte exemplo:
quando uma criança manifesta raiva, devemos ensiná-la que essa emoção e suas
manifestações podem machucá-la e também os outros.
E a escola precisa se dar conta de que o ambiente
escolar pode ser – e em geral é – neurotizante para muitas crianças! E não é
por falta de conhecimento que não mudamos esse panorama.
Vamos cuidar da saúde mental de nossas crianças e
jovens tanto quanto cuidamos de sua saúde física!
Adaptado de:
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/roselysayao/2016/03/1747467-pressionar-criancas-ate-o-limite-para-que-sejam-bons-alunos-so-pode-resultar-em-ansiedade-edesanimo.shtml
Acesso em 10 de março de 2016.
Em
relação ao texto “Pressionar crianças
para que sejam bons alunos resulta em desânimo”, é correto afirmar que
a) a pressão familiar e escolar para que os
jovens em idade escolar obtenham um excelente desempenho intelectual, conforme
pesquisas recentes, é a causa da depressão que tem afetado os jovens
brasileiros massivamente, fato que culmina no suicídio.
b) a excessiva valorização do desempenho
escolar acaba gerando alunos extremamente preocupados com o futuro profissional
e que esquecem-se de aproveitar devidamente as fases da infância e da
adolescência que antecedem a vida de adulto.
c) conforme pesquisas recentes, ao lado da
pressão familiar e escolar, outros fatores como o bullying e a erotização
precoce acarretam em crianças e adolescentes demasiadamente preocupados não só
com o desempenho escolar mas também com a adequação da aparência a um determinado
padrão de beleza, fatores que ocupam um ranking de primeira e segunda causas
que mais geram suicídio entre jovens.
d) devido aos resultados de
pesquisas que indicam um aumento na taxa de suicídio entre jovens brasileiros é
importante que tanto as famílias quanto as escolas brasileiras preocupem-se com
as cobranças e responsabilidades demasiadas que essas instituições direcionam
às crianças e jovens em idade escolar.
e) em conformidade com a recomendação feita
pela Academia Americana de Pediatria aos médicos e após o alerta das recentes
pesquisas que identificam um significativo aumento na taxa de suicídios entre
jovens, os pediatras brasileiros têm procurado por sinais de depressão em seus
pacientes mesmo quando estes se apresentam para consultas de rotina.