sábado, 4 de janeiro de 2025

NOTÍCIA: E SE EU NÃO FOSSE - JAIRO MARQUES - COM GABARITO

 Notícia: E se eu não fosse

             Jairo Marques

        Projetar aquilo que a gente não é pode ajudar a valorizar, a dar carinho, àquilo que a gente de fato é

        É certo que toda pessoa que habita este mundo e que tenha a carcaça avariada como eu já pensou algumas vezes ao longo da existência em como seria a vida “se não fosse” a condição de paralisia, de cegueira, de surdez, de inabilidades gerais do esqueleto ou da cachola.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiZJUbGGbW2jZhx18jYE5L72Y7ZSMaahdjgv9a31jr3dqBqjn_QdKRlI10sNZk6BS8mGIdPvHRX3cG0lyZi2NHgBUQBYTkRGWvpOvsVNZtBzCJjZtRUJy3YofXfH52-ud5xPVtKiDqfpV6Ed5DW4qXMlIXrOrPvvoq4S1sl0ewRZ47yz_E9Y6zSAU5jq4/s320/AutoRetrato-770x460.png


        Essa reflexão se diferencia, a meu ver, daquela “e se eu não fosse” tradicional, usada pelos mortais comuns.

        Essa dá e passa logo porque, afinal, para ser milionário tem a loteria, para ser loira tem a água oxigenada, para ser magro tem o picote no estômago, para ser bonito tem o Pitanguy, para esvaziar o saco cheio tem o passeio no parque.

        Mas, para voltar a bater perna livremente, para ouvir os gracejos da novela, para ver o raiar do sol, é preciso esperança em um tal ratinho que encheram de eletrodos no Japão, em outro que tomou chá de células-tronco na China e em diversos voluntários que tomam agulhadas da ciência ao redor do planeta.

        Logo, o “se eu não fosse” para esse povo é calcado em uma esperança de algo que ainda não existe. E vai tempo, e vai estudo, e vai teste para que surja algo que abra caminho para uma mudança de realidade. Tem também o lance do “milagre”, da força da fé, mas isso é motivo de outra prosa.

        De minha parte, “se eu não fosse” cadeirante, acho que seria mais leve tanto por não ter de tocar os dez quilos da minha charrete como por não ter de me programar exageradamente para conseguir atuar em sociedade.

        É um tal de pensar se vou caber no banheiro da casa da sogra, se a mesa da reunião será muito alta e vou ficar escondido atrás dela, se vai haver rampa na entrada do pé-sujo onde vai acontecer um happy hour com os amigos, se as calçadas da cidade do futuro veraneio vão ser boazinhas para meu ir, vir e tomar uma brisa.

        Botar na roda o questionamento “e se eu não fosse assim”, porém, não é de todo ruim. Projetar aquilo que a gente não é pode ajudar a valorizar, a dar carinho, àquilo que a gente de fato é.

        Não enxergar muito bem pode ser compensado com mais poder às papilas gustativas que vão decifrar fácil os segredos do bolo de cenoura daquela tia de Sorocaba. Usar aparelho no ouvido é ter prerrogativa “maraviwonderful” de se desligar do mundo na final do campeonato em que o vizinho grita desesperado pela janela.

        Ter incapacidades sérias de interagir com outros seres viventes é oportunidade de examiná-los em detalhes, de ter uma perspectiva de escafandrista enquanto todos os outros se imaginam borboletas lindas e perfeitas que se esquecem de que foram lagartas, que se esquecem de suas efemeridades.

        Ok. Admito que é gostoso e diverte a alma imaginar possibilidades, brincar de desenhar para o cotidiano da gente certas sensações inéditas e aparentemente inatingíveis. Sem falar que, no campo imaginativo, nas “viagens na maionese”, nós podemos ser verdadeiramente iguais uns aos outros.

        Porém, quando o galo canta e o homem se levanta, ele será exatamente aquilo que as circunstâncias da existência o fiz eram, com a chance de moldar “apenas” seu caráter, sua maneira de interagir e de aproveitar as 24 horas do dia.

Folha de S. Paulo, 19/6/2012.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 3 / William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11. Ed. – Ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 257.

Entendendo a notícia:

01 – Qual a principal reflexão proposta pelo autor?

      O autor nos convida a refletir sobre como as pessoas com deficiência lidam com a questão da alteridade, ou seja, como elas imaginam como seria a vida sem suas limitações. A reflexão vai além, questionando o valor que damos às nossas experiências e à nossa singularidade.

02 – Qual a diferença entre a reflexão "e se eu não fosse" para pessoas com e sem deficiência?

      Para pessoas sem deficiência, a reflexão "e se eu não fosse" é mais ligada a desejos e aspirações, como ser rico, bonito ou famoso. Já para pessoas com deficiência, essa reflexão está mais relacionada à esperança de uma vida mais independente e com menos limitações físicas.

03 – Qual a importância da esperança para as pessoas com deficiência?

      A esperança é fundamental para as pessoas com deficiência, pois ela as impulsiona a buscar novas tecnologias, tratamentos e soluções para melhorar sua qualidade de vida. A esperança em um futuro com mais possibilidades as motiva a superar os desafios do dia a dia.

04 – Como o autor vê a relação entre as limitações físicas e a percepção da vida?

      O autor sugere que as limitações físicas podem levar a uma percepção mais profunda da vida. Pessoas com deficiência podem desenvolver habilidades e qualidades únicas, como a capacidade de apreciar os pequenos detalhes e de encontrar beleza em situações cotidianas.

05 – Qual a importância da imaginação para as pessoas com deficiência?

      A imaginação é uma ferramenta poderosa para as pessoas com deficiência. Através da imaginação, elas podem explorar um mundo de possibilidades e encontrar novas formas de viver. A imaginação também ajuda a lidar com as frustrações e a encontrar significado na vida.

06 – Qual a mensagem principal do texto?

      A mensagem principal do texto é que, apesar das limitações, é possível encontrar felicidade e significado na vida. A valorização das nossas experiências e a capacidade de adaptação são fundamentais para construir uma vida plena e satisfatória.

07 – Como o texto contribui para a construção de uma sociedade mais inclusiva?

      O texto contribui para a construção de uma sociedade mais inclusiva ao humanizar a experiência das pessoas com deficiência. Ao mostrar que elas também têm sonhos, desejos e aspirações, o autor ajuda a desmistificar a ideia de que a felicidade está ligada exclusivamente à perfeição física. Além disso, o texto incentiva a empatia e a compreensão em relação às pessoas com diferentes habilidades.

 

 

POEMA: SEGREDOS - (FRAGMENTO) - CASIMIRO DE ABREU - COM GABARITO

 Poema: Segredos – Fragmento

             Casimiro de Abreu

Eu tenho uns amores – quem é que os não tinha
Nos tempos antigos? – Amar não faz mal;
As almas que sentem paixão como a minha
Que digam, que falem em regra geral.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjU0gf9Qsdao8CGf0Nn2MlqG4_fm3K7qb3Xx2DCEf1YdOdg6WCrWoA2XjPtfMuYDo5G5tY7QMvuLnJDAIlH4YJ4GCHqZwprl8ZYxXdo9EX_jJzr5LF4JPn96EyzofFtXb1HgnNApFFXuR0HpgGMjtdFnpFuCqbbe1ezC_4HQhWqWdd2ONeBzeH4z6NGKh8/s320/ALMA.jpg



– A flor dos meus sonhos é moça e bonita
Qual flor entreaberta do dia ao raiar,
Mas onde ela mora, que casa ela habita,
Não quero, não posso, não devo contar!

[...]

Oh! ontem no baile com ela valsando
Senti as delícias dos anjos do céu!
Na dança ligeira qual silfo voando
Caiu-lhe do rosto seu cândido véu!

– Que noite e que baile! – Seu hálito virgem
Queimava-me as faces no louco valsar,
As falas sentidas que os olhos falavam
Não posso, não quero, não devo contar!


Depois indolente firmou-se em meu braço,
Fugimos das salas, do mundo talvez!
Inda era mais bela rendida ao cansaço
Morrendo de amores em tal languidez!


– Que noite e que festa! e que lânguido rosto
Banhado ao reflexo do branco luar!
A neve do colo e as ondas dos seios
Não quero, não posso, não devo contar!

[...]

– Agora eu vos juro… Palavra! – não minto
Ouvi-a formosa também suspirar;
Os doces suspiros que os ecos ouviram
Não quero, não posso, não devo contar!


Então nesse instante nas águas do rio
Passava uma barca, e o bom remador
Cantava na flauta: – “Nas noites d’estio
O céu tem estrelas, o mar tem amor!” –


– E a voz maviosa do bom gondoleiro
Repete cantando: – “viver é amar!” –
Se os peitos respondem à voz do barqueiro…
Não quero, não posso, não devo contar!


Trememos de medo… a boca emudece
Mas sentem-se os pulos do meu coração!
Seu seio nevado de amor se intumesce…
E os lábios se tocam no ardor da paixão!


– Depois… mas já vejo que vós, meus senhores,
Com fina malícia quereis me enganar.
Aqui faço ponto; – segredos de amores
Não quero, não posso, não devo contar!

Poesias completas de Casimiro de Abreu. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d. p. 61-63.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 2 / William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11. Ed. Ensino médio – São Paulo: Saraiva, 2016. p. 74.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal emoção expressa pelo eu lírico nesse fragmento?

      A principal emoção expressa pelo eu lírico é o amor apaixonado e secreto. Ele demonstra um desejo intenso de compartilhar seus sentimentos, mas ao mesmo tempo, sente a necessidade de manter o amor em segredo.

02 – Qual a importância do elemento da natureza no poema?

      A natureza desempenha um papel fundamental no poema, servindo como cenário para os encontros amorosos e como metáfora para os sentimentos do eu lírico. A noite, o luar, o rio e a canção do gondoleiro criam um ambiente propício à expressão da paixão.

03 – Qual a relação entre o eu lírico e a amada?

      A relação entre o eu lírico e a amada é marcada pela intensidade e pela clandestinidade. Eles vivem um amor proibido ou secreto, o que intensifica a paixão e a angústia do eu lírico.

04 – Qual a contradição presente no desejo do eu lírico?

      O eu lírico demonstra um desejo contraditório: por um lado, ele quer compartilhar seus sentimentos e a intensidade do amor que vive; por outro lado, ele se sente obrigado a manter o segredo, talvez por imposição social ou por medo de julgamentos.

05 – Qual o papel do "não quero, não posso, não devo contar" na construção do poema?

      A repetição dessa frase cria um ritmo e um suspense no poema, intensificando o desejo do leitor em saber mais sobre a história de amor. Além disso, ela reforça a ideia do segredo e da impossibilidade de revelar os sentimentos.

06 – Como a linguagem do poema contribui para a expressão dos sentimentos?

      A linguagem utilizada por Casimiro de Abreu é rica em figuras de linguagem, como metáforas e comparações, que ajudam a intensificar a expressão dos sentimentos. As palavras escolhidas evocam sensações e criam um clima de romantismo e paixão.

07 – Qual a relação entre o poema e o contexto histórico da época?

      O poema "Segredos" reflete os valores e costumes da época em que foi escrito, o Romantismo. A valorização dos sentimentos, a idealização do amor e a busca pela liberdade individual são características marcantes desse período literário.

 

 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

TEXTO: O ENEM E OS CINCOS EIXOS COGNITIVOS - O QUE É O ENEM?

 Texto: O Enem e os cincos eixos cognitivos

        O que é o Enem?

        O Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, foi criado em 1998 com a finalidade de avaliar o desempenho do estudante que concluiu ou está concluindo o ensino médio.

        Como era facultativo, o exame teve nos primeiros anos um número relativamente baixo de participantes. Restringia-se a alunos que, voluntariamente, desejavam fazer uma autoavaliação e conhecer sua real condição para ingressar na universidade ou na vida profissional. Contou, em sua primeira versão, com a participação de 157 mil inscritos; hoje, cerca de 6 milhões de estudantes participam do exame anualmente.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMd0LP0K_PWOG52D6s1q3TMPrjqTZDbs9BQAybkv1cr-qG53xBpF5YB0mPpMaypeTx7frW3JdCFyLmxskPvSt0DFHNoaDe366fxjtORNihfAgWn_13hBICQo8nyij1LpsZACtZL0ucokGNDWiQGtSPG7zZxZJTbUr8fYHzKyOCTj5Cp9UaToxo4irSZlQ/s320/enem-1024x1024.jpg


        
Assim, aos poucos, o Enem foi perdendo o caráter facultativo e ganhando uma importância cada vez maior. Em alguns vestibulares que dão acesso a universidades públicas, por exemplo, a nota obtida no Enem passou a compor a nota final do vestibulando, podendo beneficiá-lo com o acréscimo de alguns pontos. Além disso, certas instituições de ensino superior privadas, por não terem um vestibular próprio, adotaram o Enem como porta de entrada.

        Em 2009, o Ministério da Educação e Cultura surpreendeu o meio escolar com a seguinte novidade: a prova do Enem passaria a ser referência obrigatória para o ingresso de estudantes nas universidades federais de todo o país. Para isso, entre outras providências, publicou um documento importante, a Matriz de Referências para o Enem 2009, no qual divulga competências, habilidades e conteúdos a serem avaliados em todas as grandes áreas, e flexibilizou o modo como a nota do Enem pode ser aproveitada. Essa nova fase do Enem tem sido chamada de “o novo Enem”.

        A Avaliação no Enem

        As provas do Enem não têm em vista avaliar se o estudante é capaz ou não de memorizar informações. Além do conteúdo específico de cada disciplina, o exame tem por objetivo avaliar se o estudante tem estruturas mentais desenvolvidas o suficiente para lhe possibilitar interpretar dados, pensar, tomar decisões adequadas, aplicar conhecimentos em situações concretas. E também se tem, na vida social, uma postura ética, cidadã.

        Para aferir essas competências, o Enem avalia os cinco eixos cognitivos comuns às quatro áreas do conhecimento — Linguagens, códigos e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias; Ciências da natureza e suas tecnologias; e Ciências humanas e suas tecnologias —, além de competências e habilidades específicas nas quatro grandes áreas.

        Os documentos do Enem anteriores a 2009 referiam-se a cinco competências e a 21 habilidades, que, nas provas do exame, eram avaliadas em todas as áreas. Em 2009, entretanto, essas cinco competências gerais ganharam outra denominação, eixos cognitivos, uma vez que cada área passou a avaliar competências e habilidades específicas. Assim, apesar da mudança de nome, os eixos cognitivos ou as antigas competências gerais continuaram os mesmos. Veja: Dominar linguagens (DL); Compreender fenômenos (CF); Enfrentar situações-problema (SP); Construir argumentação (CA) e Elaborar propostas (EP).

        Vejamos o que significa cada um desses eixos.

        Dominar linguagens:

        O eixo cognitivo I refere-se tanto ao domínio da língua portuguesa e de inglês e espanhol quanto ao domínio de outras linguagens mais específicas, como a linguagem da matemática, a linguagem da historiografia, a linguagem artística, a científica, etc.

        Dominar a língua portuguesa é mais do que conhecer as regras da norma-padrão. É também reconhecer a existência de variedades linguísticas, que podem estar em desacordo com a norma-padrão, mas, em alguns casos, ser adequadas à situação e ao gênero, como é o caso, por exemplo, do uso da gíria em algumas histórias em quadrinhos. É ainda reconhecer a adequação ou inadequação da linguagem à situação, tanto na modalidade oral quanto na escrita, seja pelo excesso de formalidade, seja pelo de informalidade.

        Dominar linguagens significa também ser capaz de transitar de uma linguagem para outra, ou seja, ler, por exemplo, um texto literário e uma tabela ou um mapa com temas afins e ser capaz de fazer cruzamentos e extrair deles informações, dados e conclusões.

        Compreender fenômenos

        O eixo cognitivo II tem por objetivo avaliar se o estudante é capaz de construir e aplicar conceitos de diferentes áreas do conhecimento para compreender, explicar ou indicar as causas e consequências de “fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas”.

        Na prática, isso quer dizer que, para resolver determinada questão de História, por exemplo, pode ser necessário fazer alguns cálculos matemáticos que envolvam porcentagens ou localizar informações em um mapa. Ou, em uma prova de Geografia, partindo de uma tabela ou de um gráfico (linguagens da Matemática) com dados sobre desemprego ou subnutrição, por exemplo, fazer cálculos e, em seguida, inferências sobre políticas governamentais de trabalho e assistência social.

        Determinadas operações, como analisar, levantar hipóteses, comparar, inferir, concluir, entre outras, são ferramentas essenciais para o estudante chegar à melhor resposta ou solução para o problema proposto na questão.

        Enfrentar situações-problema

        As situações-problema das provas do Enem aparecem em questões complexas, que geralmente envolvem mais de uma linguagem ou mais de uma área de conhecimento e diferentes operações mentais.

        O objetivo desse eixo é avaliar se o estudante sabe selecionar, relacionar e interpretar dados para tomar uma decisão. Para fazer isso, ele tem de priorizar algumas informações em detrimento de outras e, com base nesses dados, adotar os procedimentos adequados para alcançar o objetivo, ou seja, resolver a situação-problema.

        Resolver uma situação-problema assemelha-se a participar de um jogo. Para vencer, é necessário analisar a situação, mobilizar recursos, selecionar procedimentos e ações e interpretar todos os dados disponíveis para tomar a melhor decisão.

        Assim, ter êxito numa situação-problema proposta em uma questão do Enem pressupõe enfrentá-la, aceitar os desafios e superá-los, contando com a mobilização de conhecimentos e habilidades em diferentes áreas.

        Construir argumentação

        O objetivo do eixo cognitivo IV é avaliar se o candidato é capaz de relacionar informações — principalmente as fornecidas pelo próprio exame — para construir argumentação consistente. Isso quer dizer que, diante de um tema complexo, o estudante deve primeiramente examiná-lo por diferentes perspectivas, fazendo uso de operações como analisar, comparar, levantar hipóteses, estabelecer relações de causa e efeito, etc., e, depois, posicionar-se diante do tema, isto é, tomar uma posição ou adotar um ponto de vista, e defendê-lo.

        Na prova de redação, esse eixo aparece de forma clara. A proposta de produção de texto normalmente constitui-se de duas partes: um painel de textos que, com diferentes pontos de vista, abordam um assunto comum; e um tema argumentativo explícito, que exige do estudante um posicionamento e a defesa de um ponto de vista. O painel de textos serve para o participante selecionar e relacionar informações que lhe serão úteis para construir a argumentação.

        A prova de redação, contudo, não é a única situação em que a argumentação está presente. Em alguns tipos de questão de múltipla escolha, de diferentes áreas, as alternativas são argumentos que fundamentam uma afirmação ou um princípio apresentado no corpo da questão. A tarefa do estudante, nesse caso, não é propriamente construir argumentos, mas escolher o argumento que melhor justifica uma ideia apresentada.

        Elaborar propostas

        O eixo cognitivo V avalia a possibilidade de o estudante, fazendo uso de conhecimentos formais e adotando uma perspectiva cidadã, propor medidas de “intervenção solidária na realidade”. Isso quer dizer que toda solução pensada para um problema apresentado na prova deve levar em conta não interesses individuais, mas o interesse coletivo, o respeito aos direitos do cidadão e à diversidade sociocultural, a preservação do meio ambiente, a busca de uma sociedade melhor e mais justa.

        Tal qual no eixo IV, esse eixo também aparece muito claramente na prova de redação. Contudo, em questões de múltipla escolha de qualquer área do conhecimento, é com a mesma postura cidadã que o estudante deve examinar as alternativas e escolher as que sejam compatíveis com essa postura. Isso em relação aos mais variados temas que concorrem nesse exame, tais como direitos políticos do cidadão, a devastação da natureza no Brasil, efeitos da globalização, o impacto das redes sociais nas relações humanas, o aquecimento global, etc.

        Você deve ter observado que nem sempre é fácil dissociar um eixo cognitivo de outro. Por isso, é comum que em uma mesma questão esteja implicado mais de um eixo.

        Para o estudante se sair bem no Enem, não há necessidade de conhecer de cor os eixos cognitivos ou de reconhecê-los. Apesar disso, propomos a seguir alguns exercícios de reconhecimento dos eixos, apenas para proporcionar maior familiaridade com eles e a possibilidade de serem mais bem compreendidos.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 3 / William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11. Ed. – Ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 115-118.

Entendendo o texto:

01 – Qual é o objetivo principal do ENEM?

      O objetivo principal do ENEM é avaliar a capacidade do aluno de pensar criticamente e aplicar conhecimento, não apenas memorizar informações. Ele busca avaliar a capacidade do estudante de compreender, analisar, interpretar e resolver problemas, além de desenvolver habilidades essenciais para a vida acadêmica e profissional.

02 – Como o ENEM evoluiu ao longo do tempo?

      O ENEM evoluiu significativamente ao longo do tempo. Inicialmente facultativo, tornou-se obrigatório para o ingresso em universidades federais, ganhando grande importância no processo seletivo. Além disso, seu foco passou a ser mais voltado para a avaliação de habilidades cognitivas e socioemocionais, como o pensamento crítico, a resolução de problemas e a compreensão de diferentes linguagens.

03 – Quais são os cinco eixos cognitivos avaliados no ENEM?

      Dominar linguagens: Compreender e utilizar diferentes linguagens, como a língua portuguesa, a matemática, a linguagem artística e outras.

      Compreender fenômenos: Analisar e interpretar informações para compreender fenômenos naturais, históricos, sociais e culturais.

      Enfrentar situações-problema: Resolver problemas complexos, selecionar e interpretar dados, tomar decisões adequadas.

      Construir argumentação: Formar opiniões, defender pontos de vista e construir argumentos coerentes e fundamentados.

      Elaborar propostas: Propor soluções para problemas sociais, ambientais e outros, considerando aspectos éticos, sociais e ambientais.

04 – Como o ENEM avalia a capacidade do aluno de "Dominar linguagens"?

      O ENEM avalia o domínio de linguagens por meio de questões que envolvem:

      Compreensão e interpretação de textos: Analisar diferentes gêneros textuais, como notícias, artigos, poemas, charges, etc.

      Análise de gráficos, tabelas e imagens: Interpretar e relacionar informações apresentadas em diferentes formatos.

      Produção textual: Elaborar textos argumentativos, dissertativos e outros, demonstrando domínio da língua escrita.

      Exemplo de questão: "Leia o trecho do poema e identifique a figura de linguagem predominante."

05 – O que significa "Compreender fenômenos" no contexto do ENEM?

      "Compreender fenômenos" significa que o aluno é capaz de analisar e interpretar informações para entender como funcionam diferentes aspectos do mundo, como:

      Fenômenos naturais: Mudanças climáticas, terremotos, ecossistemas.

      Processos históricos e geográficos: Evolução social, colonização, migrações.

      Produção tecnológica: Desenvolvimento científico, inovações tecnológicas.

      Manifestações artísticas: Música, pintura, literatura, cinema.

      Exemplo de questão: "Analise o gráfico que mostra a evolução da população brasileira nas últimas décadas e explique as possíveis causas das mudanças observadas."

06 – Como o ENEM avalia a capacidade do aluno de "Enfrentar situações-problema"?

      O ENEM avalia essa habilidade por meio de questões que apresentam situações reais e desafiadoras, exigindo que o aluno:

      Analise a situação: Identifique os problemas, as informações relevantes e as possíveis soluções.

      Selecione e interprete dados: Utilize informações fornecidas no enunciado ou em gráficos, tabelas, etc.

      Tome decisões: Escolher a melhor estratégia para resolver o problema.

      Exemplo de questão: "Um grupo de estudantes deseja realizar uma campanha de reciclagem na escola. Analise as opções apresentadas e escolha a estratégia mais eficiente para atingir o objetivo."

07 – Qual é a importância de "Construir argumentação" no ENEM?

      "Construir argumentação" é fundamental no ENEM, pois avalia a capacidade do aluno de:

      Formular opiniões: Expressar seus pontos de vista sobre diferentes temas.

      Defender ideias: Sustentar suas opiniões com argumentos lógicos e coerentes.

      Analisar diferentes perspectivas: Considerar diferentes pontos de vista sobre um mesmo tema.

      Exemplo de questão: "Leia os textos apresentados sobre as mudanças climáticas e elabore um parágrafo argumentativo defendendo sua opinião sobre o tema."

08 – Qual é o papel de "Elaborar propostas" no ENEM?

      "Elaborar propostas" avalia a capacidade do aluno de:

      Identificar problemas sociais e ambientais.

      Propor soluções criativas e inovadoras.

      Considerar aspectos éticos, sociais e ambientais.

      Exemplo de questão: "Proponha medidas para reduzir o consumo de plástico em sua comunidade, considerando os impactos ambientais e sociais."

09 – Você pode explicar a relação entre os diferentes eixos cognitivos?

      Os eixos cognitivos não são independentes, mas sim interconectados. Por exemplo, para "Compreender fenômenos" pode ser necessário "Dominar linguagens" para interpretar textos e dados. Da mesma forma, "Enfrentar situações-problema" pode exigir a "Construção de argumentação" para avaliar diferentes soluções.

10 – Por que é importante entender esses eixos cognitivos para os alunos que se preparam para o ENEM?

      Compreender os eixos cognitivos é fundamental para os alunos que se preparam para o ENEM, pois permite que eles:

      Direcionem seus estudos: Focarem no desenvolvimento das habilidades avaliadas pelo exame.

      Melhorem suas estratégias de estudo: Desenvolverem técnicas de leitura, análise, interpretação e resolução de problemas.

      Aumentem suas chances de sucesso: Atingirem melhores resultados no ENEM e no processo seletivo.

 

 

NOTÍCIA: VIAGEM NO TEMPO É COISA DE FICÇÃO CIENTÍFICA? LUCAS MASCARENHAS DE MIRANDA - COM GABARITO

 Notícia: Viagem no tempo é coisa de ficção científica?

        Muitos filmes retratam viagens para o passado ou para o futuro, fenômeno que, embora gere reflexões sobre suas consequências, não é descartado pela teoria da relatividade de Einstein, a principal ferramenta da física para o estudo do universo

        Vivemos em um universo em mudança. Vemos o Sol nascer e se pôr, vemos as folhas das árvores caírem, vemos nosso corpo envelhecer. Todas essas mudanças são efeitos daquilo que chamamos de “tempo”.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDerZ40Gy4xyx3ZIFR4Q0TYE9Stvdg9pGonuCy0uEC0fYui98dhOpTwgmPQs8yDOFD9E4Bug9kJ0Cwsi6cH0orBYokbQy4MsH1yPVKPhNRTpgRF7DR0ynwA7o0ac_fNL9kBkSQWMmS_nVzTd5P2IZ-Rt8de8QNfIIbUUyfQJqamn3mxqo4V23LII5CX6M/s320/viagem-no-tempo-sem-paradoxos.jpg

        Para a ciência, tempo é uma forma de mensurar a mudança das coisas, assim como podemos medir a distância percorrida por um veículo ou a temperatura da sua pele. Ao atribuir números que indiquem a passagem do tempo, os cientistas foram capazes de construir equações que preveem, por exemplo, como os corpos se movimentam.

        Durante muitos séculos, acreditou-se que o tempo passava igual para todo mundo e não sofria interferência de nada. Mas, nos anos 1905 e 1915, o físico alemão Albert Einstein (1879-1955) publicou as duas partes da sua teoria da relatividade, que colocou em xeque esse conceito de tempo, contrariando toda a ciência vigente. Na cultura pop, as empolgantes consequências da teoria da relatividade deram asas à imaginação de escritores e roteiristas e, desde então, não faltaram obras sobre buracos de minhoca, viagens no tempo e paradoxos temporais.

        O conceito moderno de tempo

        A teoria de Einstein trata o tempo como algo relativo, ou seja, ele não passa igual para todos os seres e objetos. Um relógio nas mãos do Flash, por exemplo, contaria o tempo mais lentamente quando o herói está em altas velocidades. Esse efeito é chamado de dilatação temporal. Graças a essa relação de dependência entre a velocidade com que nos movemos no espaço e a velocidade com que nos movemos no tempo (em outras palavras, o quão rápido o tempo passa), Einstein elaborou uma teoria na qual espaço e tempo estão interligados e se influenciam mutuamente, formando o chamado espaço-tempo.

        Mais tarde, Einstein descobriu que a presença de matéria e energia em uma região do espaço também pode afetar o espaço-tempo e causar distorções na forma como o tempo passa. Isso aparece no filme Interestelar, que mostra como um buraco negro poderia retardar a passagem de tempo, fazendo com que uma hora próximo a ele demore dezenas de anos para um observador distante. Esse filme, aliás, é sempre um ótimo exemplo (talvez o melhor), quando falamos de teoria da relatividade no cinema.

        Por mais exótica que essa teoria possa parecer, ela é muito bem fundamentada por diversos experimentos e até hoje nenhum deles a contrariou. Hoje, buracos negros são uma realidade incontestável – e os recém-laureados com o prêmio Nobel de física deram contribuições justamente nessa área. Há também várias provas do impacto da velocidade do observador e da gravidade na passagem do tempo. Mas não é essa a parte da teoria de Einstein que mais faz sucesso na cultura pop.

        As equações da relatividade não privilegiam uma direção temporal, ou seja, elas não proíbem viagens no tempo (seja para o futuro, seja para o passado). É claro que, o fato de uma equação matemática permitir determinadas soluções não significa que elas realmente existam no mundo real, ou que existam da forma como acreditamos que sejam. Mas, se os buracos negros (que, por muito tempo, eram apenas uma solução matemática de equações) foram comprovados por observações astronômicas, por que descartar a possibilidade da viagem no tempo?

        Viagem no tempo e seus paradoxos

        Queridinha da ficção científica, a possibilidade da viagem no tempo é, de fato, uma das mais empolgantes consequências das equações da relatividade.

        A sua popularidade reside no enorme potencial narrativo de se voltar para o passado (ou para o futuro). Além disso, são muitos os paradoxos que podem surgir quando imaginamos uma viagem no tempo.

        Um dos paradoxos temporais reside na pergunta: uma pessoa que viaja para o passado pode alterá-lo de modo a provocar mudanças no presente? Se isso fosse possível, o viajante poderia matar o próprio avô e tornar a sua existência impossível, ou matar o criador da máquina do tempo e fazer com que sua estadia no passado se tornasse impossível

        Esses e os vários outros paradoxos temporais que existem levam a crer que a viagem no tempo (ou, mais especificamente, a viagem para o passado) é impossível, mesmo sendo aparentemente permitida pela matemática.

        O astrofísico russo Igor Novikov (1935-) formulou, na década de 1970, o importante princípio de autoconsistência, que afirma que, se um evento pode dar origem a um paradoxo, ou causar qualquer alteração no passado que provoque uma inconsistência no universo, então a probabilidade de esse evento ocorrer é nula. Ou seja, se for possível voltar no tempo, essa viagem deve ocorrer de modo a não provocar nenhuma alteração no presente.

        O físico Stephen Hawking (1942-2018) argumentou, em artigo publicado em 1992 na revista Physical Review D, que suas pesquisas sustentam fortemente a chamada conjectura de proteção cronológica, segundo a qual “as leis da física não permitem o surgimento de curvas de tempo fechadas”, ou seja, a própria natureza não permitiria que algo voltasse a um ponto do passado e continuasse se movendo até chegar novamente ao ponto de partida (formando uma curva fechada). É essa linha do tempo fechada que gera os vários paradoxos e, por alguma razão, a própria natureza parece se encarregar de evitar que isso aconteça.

        Os buracos de minhoca, uma espécie de atalho que conecta dois pontos diferentes no espaço e no tempo, seriam uma forma de se criar essa curva de tempo fechada. No entanto, Hawking mostrou que a geometria desses buracos de minhoca (que nem sequer sabemos se existem) os torna objetos muito instáveis, que tendem a se desfazer quase instantaneamente, impedindo a passagem de uma partícula sequer.

        É possível viajar no tempo?

        Existem, sim, cientistas que não descartam essa possibilidade. Os pesquisadores Francisco Lobo e Paulo Crawford, da Universidade de Lisboa, afirmam, em texto publicado em 2002 no ArXiv, que a simples existência dos paradoxos temporais não prova que viagem no tempo seja matemática e fisicamente impossível.

        O prodígio estudante Germain Tobar e seu supervisor Fabio Costa, da Universidade de Queensland (Austrália), publicaram recentemente, na revista Classical and Quantum Gravity, uma solução matemática capaz de remover os paradoxos da viagem no tempo.

        A matemática que desenvolveram sustenta a seguinte ideia: se você viaja para o passado e impede o paciente zero de ser infectado, você vai acabar se infectando e se tornando o paciente zero (ou outra pessoa será). Ou seja, você poderia mudar o passado, mas o universo se autoajustaria e o futuro não seria afetado.

        É uma visão determinista do passado (coerente com a ideia de que o passado já aconteceu e modificações nele não são capazes de modificar o futuro). Essa sofisticada matemática de fato remove os paradoxos da viagem no tempo, independentemente do quanto o passado seja alterado.

        O que fica evidente é que não há nada definitivo sobre viagem no tempo, nada que garanta que ela seja possível ou não. E esse é um dos grandes charmes da ciência: a incerteza, que move cientistas de todas as áreas a investigarem cada vez mais profundamente a natureza que vivemos.

        Por fim, vale dizer que os filmes sobre viagem no tempo (por mais incoerentes e cheios de paradoxos que sejam) são muito essenciais! Eles nos obrigam a refletir sobre esses paradoxos e nos ajudam a desenvolver uma concepção menos careta sobre o tempo (algo que a física já faz há mais de 100 anos). Por isso, nunca é demais assistir a um bom filme sobre viagem no tempo e desafiar suas convicções sobre a natureza, afinal, o que sabemos do universo ainda é uma gota no oceano.

Lucas Mascarenhas de Miranda – Físico e divulgador de ciência – Universidade Federal de Juiz de Fora.

Entendendo a notícia:

01 – O que é o conceito de tempo na ciência?

      O tempo é uma forma de mensurar as mudanças das coisas, assim como se mede distância ou temperatura. Ele permite aos cientistas atribuir números à passagem do tempo e prever fenômenos como o movimento dos corpos.

02 – Qual foi a principal contribuição de Albert Einstein sobre o tempo?

      Einstein demonstrou que o tempo é relativo, ou seja, ele não passa de maneira igual para todos. Essa ideia é central na teoria da relatividade, que interliga o espaço e o tempo, formando o espaço-tempo.

03 – O que é dilatação temporal?

      É o efeito que ocorre quando o tempo passa mais lentamente para um objeto que se move a grandes velocidades. Por exemplo, um relógio com alguém em alta velocidade contaria o tempo mais devagar comparado a um observador parado.

04 – Os buracos negros influenciam o tempo?

      Sim, a presença de buracos negros pode distorcer o espaço-tempo, retardando a passagem do tempo. Próximo a um buraco negro, o tempo pode correr de forma muito mais lenta em comparação com um observador distante.

05 – A viagem no tempo é permitida pelas equações da relatividade?

      Sim, as equações da relatividade não proíbem viagens no tempo, seja para o futuro ou para o passado. No entanto, isso não significa que tais viagens sejam possíveis no mundo real.

06 – O que é o princípio de autoconsistência de Novikov?

        O princípio afirma que, se um evento pode gerar um paradoxo ou inconsistência no universo, a probabilidade de ele ocorrer é nula. Assim, se viagens no tempo forem possíveis, elas devem ocorrer de forma que não alterem o presente.

07 – Como filmes sobre viagem no tempo contribuem para a ciência?

      Esses filmes ajudam a explorar os paradoxos temporais e desafiam nossas ideias sobre o tempo, promovendo reflexões e incentivando uma visão mais ampla sobre a natureza e o universo.

 

 

 

CONTO: O SEGUNDO DOUTOR: A CIDADE SEM NOME - (FRAGMENTO) - MICHAEL SCOTT - COM GABARITO

 Conto: O segundo doutor: A cidade sem nome – Fragmento

             Michael Scott

        [...]

        -- Parece que estamos viajando a dias – resmungou Jamie.

        -- Oito horas na contagem de tempo humana – respondeu o Doutor, sem desviar o olhar de um pequeno globo que parecia uma lâmpada aumentada, enquanto cuidadosamente enrolava dois fios, um dourado e outro prateado, em sua base.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiZAR-t0T7cqClBPOQ6cvF9cMjg8njFw332ZX4VVX07caStIfQGOsM0f9JCSmtICopws27NhZ31GP2InqhYlnZACJGH62ftKmRZbHeHbRcsKzz6TygBVM5Dq1gdws8oMzdiQK5lSGLwkdB5N4Vj7J6zDYoqcjibyqEfmVlT4pbvfBrTNJCcsFkpjAcefQ/s320/CIDADE.jpg

        -- Achei que a TARDIS pudesse se locomover instantaneamente para qualquer lugar do tempo ou espaço.

        -- Ela pode, e normalmente consegue.

        -- Então por que está demorando tanto?

        -- Em todo o nosso tempo juntos, nunca viajamos para tão longe. – O globo brilhou, apagou e acendeu. – Ah, funcionou! Você sabia que eu sou um gênio?

        -- É o que você vive me dizendo. – O globo emitia uma pálida luz azul. O Doutor o encarava intensamente, girando-o devagar entre os dedos. – Consegui conectar isso aqui aos sensores tempo-espaciais do exterior. Agora, vejamos...

        O globo se tornou negro por um momento e então ficou repleto de pontos prateados. Uma faixa de névoa branca apareceu ao longo do centro.

        O Doutor arquejou, aterrorizado:

        -- Ah, pela madrugada! Porcaria!

        -- O que foi? O que você está vendo? – perguntou Jamie, tentando enxergar a imagem.

        -- Isto! Isto aqui! – O Doutor apontou para o globo. Jamie observou dando de ombros.

        -- Os pontos são estrelas – explicou o Doutor, exasperado.

        -- E a linha branca cortando ao meio... – complementou Jamie, mas prontamente ele percebeu a resposta da sua pergunta. – É a Via Láctea.

        -- Sim.

        -- Ela parece bem distante.

        -- Parece porque está.

        Enquanto falavam, a nuvem alongada da distante Via Láctea se esmaecia até desaparecer na escuridão do espaço. Então, uma a uma, as estrelas foram se apagando até que nada restou além da completa escuridão.

        -- Parou de funcionar? – Perguntou Jamie.

        -- Não – respondeu o Doutor em um tom sombrio. – Ainda está funcionando.

        -- Mas o que aconteceu com as estrelas?

        -- Elas se foram. Estamos seguindo rumo ao limite do espaço.

        [...]

Michael Scott. O segundo doutor: A cidade sem nome. Rio de Janeiro.

Entendendo o conto:

01 – Quanto tempo Jamie achava que estavam viajando, e qual foi a resposta do Doutor?

      Jamie pensava que estavam viajando há dias, mas o Doutor explicou que tinham passado apenas oito horas no tempo humano.

02 – Por que a viagem na TARDIS estava demorando tanto desta vez?

      Segundo o Doutor, essa era a viagem mais distante que já tinham feito juntos, justificando o tempo maior.

03 – O que o Doutor fez para rastrear o ambiente externo?

      Ele conectou um pequeno globo aos sensores tempo-espaciais do exterior, permitindo observar imagens do espaço e analisar onde estavam.

04 – Qual foi a reação do Doutor ao observar o globo pela primeira vez?

      Ele ficou aterrorizado ao ver o globo, exclamando: "Ah, pela madrugada! Porcaria!"

05 – O que o globo mostrou inicialmente e como Jamie interpretou a imagem?

      O globo mostrou pontos prateados (estrelas) e uma faixa branca (a Via Láctea), que Jamie reconheceu após a explicação do Doutor.

06 – O que aconteceu com a Via Láctea e as estrelas enquanto eles observavam?

      A Via Láctea desapareceu gradualmente, seguida pelas estrelas, deixando apenas a escuridão total.

07 – O que o Doutor concluiu ao ver que o globo ainda funcionava, mas as estrelas haviam desaparecido?

      Ele afirmou que as estrelas não haviam desaparecido por um mau funcionamento, mas porque estavam seguindo rumo ao limite do espaço, onde não havia mais estrelas.