quarta-feira, 13 de novembro de 2024

POEMA: JUÍZO ANATÔMICO DA BAHIA - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

 Poema: Juízo anatômico da Bahia

        Juízo anatómico dos achaques que padece o corpo da República, em todos os seus membros, e inteira definição do que em todos os tempos é a Bahia.

Que falta nesta cidade?............... Verdade.
Que mais por sua desonra?......... Honra.
Falta mais que se lhe ponha?....... Vergonha.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaf9HLpKuoFev17Fkr1gtobnbDHBQRXLwd07NBlsaGCo6cGg2Bf16hyaGJu8MzrBLOa7OrBUXi7r-bgxKIHxdb-QyZO3tIo9Pn6_y_7DrTOx2WR1uiNRC23UVLUrKlnbqR_VWHKGdT_rvS-TzLwhyphenhyphenas3uGY9NSps4qWe0_lF52xm6lcnBpYLrvGyPECDw/s320/pelourinho.jpg


O Demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade, onde falta
Verdade, honra e vergonha.

Quem a pôs neste necrócio?.......... Negócio.
Quem causa tal perdição?.............. Ambição
E no meio desta loucura?............... Usura.

Notável desaventura
De um povo néscio, e sandeu,
Que não sabe, o que perdeu
Negócio, ambição, usura.

Quais são seus doces objectos?.......... Pretos.
Tem outros bens mais maciços?.......... Mestiços.
Quais destes lhe são mais gratos?....... Mulatos.

Dou ao Demo os insensatos,
Dou ao Demo o povo asnal,
Que estima por cabedal
Pretos, mestiços, mulatos.

Quem faz os círios mesquinhos?........... Meirinhos.
Quem faz as farinhas tardas?................ Guardas.
Quem as tem nos aposentos?............... Sargentos.

Os círios lá vêm aos centos,
E a terra fica esfaimando,
Porque os vão atravessando
Meirinhos, guardas, sargentos.

E que justiça a resguarda?.................... Bastarda.
É grátis distribuída?............................... Vendida.
Que tem, que a todos assusta?............. Injusta.

Valha-nos Deus, o que custa.
O que El-Rei nos dá de graça,

Que anda a justiça na praça
Bastarda, vendida, injusta.

Gregório de Matos http://www.bib.virt.futuro.usp.br/

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 363-364.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal crítica feita por Gregório de Matos à Bahia em seu poema?

      Gregório de Matos faz uma crítica ferrenha à sociedade baiana de sua época, denunciando a corrupção, a falta de valores morais e a desigualdade social. O poeta utiliza uma linguagem irônica e contundente para expor os vícios e mazelas daquela sociedade.

02 – Quais os principais vícios e mazelas da sociedade baiana denunciados no poema?

      O poema denuncia uma série de vícios e mazelas, como a falta de verdade, honra e vergonha, a corrupção, a ambição, a usura, a exploração da mão de obra escrava, a injustiça e a desigualdade social. Gregório de Matos pinta um quadro sombrio da sociedade baiana, marcada pela decadência moral e pela busca desenfreada por poder e riqueza.

03 – Qual a função das repetições e enumerações no poema?

      As repetições e enumerações servem para reforçar a ideia de que os vícios e mazelas denunciados são generalizados e arraigados na sociedade baiana. Ao enumerar os diversos problemas, o poeta cria um efeito de acumulação que intensifica a crítica e torna a denúncia mais contundente.

04 – Qual o papel da ironia na construção do poema?

      A ironia é um recurso fundamental na construção do poema. Ao utilizar um tom irônico, Gregório de Matos subverte as expectativas do leitor, revelando a hipocrisia e a falsidade da sociedade que critica. A ironia torna a crítica mais incisiva e eficaz, permitindo que o poeta expresse sua indignação sem ser explícito.

05 – Qual a relação entre o título do poema e seu conteúdo?

      O título "Juízo anatômico da Bahia" já antecipa a intenção do poeta de fazer uma análise profunda e crítica da sociedade baiana. A palavra "anatômico" sugere uma dissecação dos males que acometem a cidade, revelando seus órgãos doentes e suas funções corrompidas.

06 – Como o poeta retrata a figura do povo baiano?

      O poeta retrata o povo baiano de forma ambivalente. Por um lado, ele denuncia a ignorância e a passividade do povo, que se deixa explorar e corromper. Por outro lado, ele expressa compaixão pelos sofrimentos causados pela injustiça e pela desigualdade social.

07 – Qual a importância histórica do poema "Juízo anatômico da Bahia"?

      O poema "Juízo anatômico da Bahia" é considerado um dos mais importantes da poesia brasileira, pois representa uma denúncia contundente dos problemas sociais e políticos da época. A obra de Gregório de Matos serve como um testemunho histórico da realidade colonial brasileira e continua a ser relevante para a compreensão da sociedade brasileira contemporânea.

 

 

POEMA: ARDOR EM FIRME CORAÇÃO NASCIDO - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

 Poema: Ardor em firme coração nascido

             Gregório de Matos

Ardor em firme coração nascido;
Pranto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de água disfarçado;
Rio de neve em fogo convertido:

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5Ylyv58bJYC4haraxhbGnz7glNZP_rF-iwKZ_wuLzAKr4cyWKs_wDCZD7dDMadIYy81nKChoiBzThMqctGnYImR1u2pt7VZgPfSQ-6BUpeRnILddZtQWQGbN9rigbkmhk5UV_my_CHrmAEuBeXlW0FR5pURsf48qUokLg6oPnj6cHx8J6H2qw5N5fYMo/s1600/GREGORIO.jpg


Tu, que em um peito abrasas escondido;
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando cristal, em chamas derretido.

Se és fogo, como passas brandamente,
Se és neve, como queimas com porfia”?
Mas aí, que andou Amor em ti prudente!

Pois para temperar a tirania,
Como quis que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu parecesse a chama fria.

MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. (Seleção de José Miguel Wisnik). São Paulo: Cultrix, 1976.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 364.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal temática abordada no poema?

      O poema de Gregório de Matos trata do amor como uma força contraditória e complexa, que causa tanto prazer quanto sofrimento. O eu lírico busca compreender a natureza paradoxal do amor, que se manifesta como fogo e gelo ao mesmo tempo.

02 – Quais as principais metáforas utilizadas para representar o amor?

      O amor é representado por diversas metáforas, como "fogo", "neve", "incêndio" e "rio". O fogo simboliza a paixão e o ardor, enquanto a neve representa a frieza e a dor. Essas metáforas contraditórias expressam a dualidade do sentimento amoroso, que é capaz de causar tanto calor quanto frio.

03 – Como o eu lírico se sente diante da complexidade do amor?

      O eu lírico se sente confuso e perplexo diante da complexidade do amor. Ele questiona como o fogo pode ser brando e a neve, ardente. Essa perplexidade revela a dificuldade de compreender e domar um sentimento tão intenso e contraditório.

04 – Qual o papel do amor na vida do eu lírico?

      O amor é a força motriz do poema. Ele domina os pensamentos e sentimentos do eu lírico, causando tanto prazer quanto sofrimento. O amor é apresentado como uma força poderosa e imprevisível, capaz de transformar a vida do indivíduo.

05 – Qual a mensagem principal do poema?

      A mensagem principal do poema é que o amor é uma força ambivalente e paradoxal. Ele pode ser tanto fonte de alegria quanto de sofrimento. O eu lírico nos convida a refletir sobre a complexidade do sentimento amoroso e a aceitar suas contradições. O poema também sugere que o amor é uma força que escapa ao controle humano, e que, por isso, deve ser admirado e respeitado em sua totalidade.

 

 

POEMA: A JESUS CRISTO NOSSO SENHOR - GREGÓRIO DE MATOS GUERRA - COM GABARITO

 Poema: A Jesus Cristo Nosso Senhor

             Gregório de Matos Guerra

Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Antes, quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVS3HfNgBYMoq5j-Z2rjKzNHKpalzCmuAV4fmX3ajyQIh4tdV7pa7RGDleT4t4qZMxXrtIBPxDDkc77Fdi-9jAaKKhL26j9jQv3AZbBl1FsGVZpB20yUsWk-QLOY40nVC0K_qyiirp64KhWbUTrVY4xkqnSXc9TmnWdBzzPnsf3JyRSwf2YhCQ0C5-s4w/s320/jesuscristo-380x249.jpg


Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida já cobrada,
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História:

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.

Gregório de Matos. In: AMADO, James (org.). Gregório de Matos – obra poética. Rio de Janeiro: Record, 1992.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 362.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal intenção do eu lírico ao escrever este poema?

      O eu lírico busca, principalmente, obter o perdão divino pelos seus pecados. Ele utiliza argumentos lógicos e emotivos para convencer Deus a perdoá-lo, baseando-se na misericórdia divina e na parábola da ovelha perdida.

02 – Qual a relação entre a culpa e o pedido de perdão no poema?

      A culpa é apresentada como um paradoxo: quanto mais o eu lírico se sente culpado, mais ele se sente merecedor do perdão divino. Essa relação paradoxal é baseada na crença de que a consciência da própria pecaminosidade aumenta a humildade e a disposição para receber a graça divina.

03 – Como o eu lírico se compara a Deus?

      O eu lírico se compara a Deus através da metáfora da ovelha perdida. Ele se coloca como um pecador arrependido que busca o caminho de volta para o rebanho divino. Essa comparação sublinha a sua pequenez e a necessidade de ser perdoado.

04 – Qual a importância da parábola da ovelha perdida para o poema?

      A parábola da ovelha perdida é fundamental para o poema, pois serve como base para o pedido de perdão do eu lírico. Ao se comparar à ovelha perdida, ele invoca a alegria de Deus ao encontrar um pecador arrependido e busca despertar a mesma compaixão divina.

05 – Qual a principal característica da linguagem utilizada por Gregório de Matos neste poema?

      A linguagem utilizada por Gregório de Matos é marcada pela sobriedade e pela formalidade. O poeta emprega um vocabulário rico e expressivo, além de recursos como a antítese e a alusão bíblica, para construir um discurso persuasivo e elegante. A linguagem reflete a tensão entre a humildade do pecador e a grandeza de Deus.

 

 

POEMA: DESENGANOS DA VIDA HUMANA METAFORICAMENTE - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

 Poema: Desenganos da vida humana metaforicamente

              Gregório de Matos

É vaidade, Fábio, nesta vida,

Rosa, que da manhã lisonjeada,

Púrpuras mil, com ambição dourada,

Airosa rompe, arrasta presumida.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNayJkVdJ0gamk1MYMAqQwzXp1iJKL04xxH28X1c-oEdBzWoINpee9nSmo0VLcCLMPPIOaV9vLtc_fcDx8AiESnV8VhTBmU1G6ituVoi637-E7T65RCoOxNvlcxpPbboxk3b4Zeq9284RxHiACgVAEy3ag12iLmTHqZrcXWMjiMEcsP-3PCWLmYvlr0Ic/s320/DESENCANTOS.jpg


É planta, que de abril favorecida,

Por mares de soberba desatada,

Florida galeota empavesada,

Sulca ufana, navega destemida.


É nau enfim, que em breve ligeireza

Com presunção de Fênix generosa,

Galhardias apresta, alentos preza:


Mas ser planta, ser rosa, nau vistosa

De que importa, se aguarda sem defesa

Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?

Gregório de Matos Guerra.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 358.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal mensagem transmitida pelo poema?

      O poema transmite uma mensagem pessimista sobre a vida e a vaidade humana. Gregório de Matos utiliza metáforas para mostrar que a beleza, a riqueza e o sucesso são passageiros e frágeis, como uma rosa que murcha, uma planta que seca ou um navio que naufraga. A vida é vista como uma ilusão, e a morte, como um destino inevitável.

02 – Quais as metáforas utilizadas pelo poeta para representar a vida humana?

      O poeta utiliza diversas metáforas para representar a vida humana: a rosa, a planta, a nau. A rosa simboliza a beleza e a juventude, que murcham com o tempo. A planta representa o crescimento e a prosperidade, que podem ser destruídos por fatores externos. A nau simboliza a ambição e a busca por sucesso, que podem naufragar diante das adversidades.

03 – Qual o papel da natureza nas metáforas utilizadas pelo poeta?

      A natureza desempenha um papel fundamental nas metáforas utilizadas por Gregório de Matos. Os elementos naturais, como a rosa, a planta e o mar, são utilizados para representar os ciclos da vida e a inevitabilidade da morte. A beleza e a fragilidade da natureza servem como um espelho para a condição humana.

04 – Qual a relação entre a vaidade e a morte no poema?

      A vaidade é apresentada como um dos grandes vilões do poema. A busca por reconhecimento, riqueza e poder leva o homem a esquecer a sua própria mortalidade. A morte, por sua vez, é vista como um destino inevitável que destrói todas as ilusões e vaidades. A oposição entre a vaidade e a morte é um dos eixos centrais do poema.

05 – Qual a importância da repetição da pergunta "De que importa?" no final do poema?

      A repetição da pergunta "De que importa?" reforça a ideia de que todas as conquistas e realizações humanas são passageiras e sem sentido diante da morte. A pergunta serve como um convite à reflexão sobre o verdadeiro valor da vida e a importância de buscar algo mais profundo do que a mera satisfação dos desejos egoístas.

 

 

POEMA: VIAGEM EM CÍRCULO - (FRAGMENTO) - CASSIANO RICARDO - COM GABARITO

 Poema: Viagem em círculo – Fragmento

(Repetição)

A esperança me o-
briga a caminhar
em círculo em tor-
no do globo em tor-
no de mim mesmo em
torno de uma mesa
de jogO

[...]

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgG0BzvMXZo_JGeJZRGc9JqfAsLJToSajxt3QrvPnkz5WcR9_EDwaJW0_6hrzyQyZpOIp13b7aqKyulfFS0Qtwgv4bJAovxVxnBF-C0sGnG18tU3l8DFNgyZMMH3OEwWLTeNDW-yUfLJ1bdrN0snKp9NqnBjDShmdqsZ-wYvsg_5MCVbeRvNH0hCFk5f80/s320/CAMINHAR.jpg


a esperança é um
círculo no zodía-
co na ciranda na
roleta na rosa do
circo na roda do
moinho
amanhã recomeçO

[...]

Cassiano Ricardo. Jeremias sem-chorar, cit.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 261.

Entendendo o poema:

01 – Qual o significado da repetição da palavra "círculo" no poema?

      A repetição da palavra "círculo" enfatiza a ideia de movimento constante e repetitivo, sem um ponto final definido. O círculo simboliza a circularidade da vida, a repetição de padrões e a busca incessante por algo que, muitas vezes, se mostra inalcançável.

02 – O que a "esperança" representa no contexto do poema?

      A esperança é apresentada como uma força motriz que impulsiona o sujeito lírico a continuar caminhando, mesmo em um movimento circular e repetitivo. A esperança é vista como um motor interno que mantém a pessoa em movimento, mesmo diante da incerteza e da frustração.

03 – Quais as associações que o poema estabelece com a esperança?

      O poema associa a esperança a diversos elementos como o zodíaco, a ciranda, a roleta, a rosa de circo e a roda do moinho. Esses elementos remetem a ciclos, jogos de azar, diversão e trabalho, sugerindo que a esperança está presente em todas as esferas da vida humana.

04 – Qual a relação entre o "eu lírico" e o mundo exterior?

      O "eu lírico" parece estar preso em um movimento circular, tanto em relação ao mundo exterior (o globo, a mesa de jogo) quanto em relação a si mesmo. Essa sensação de aprisionamento sugere uma busca por algo que se escapa constantemente, um desejo de transcender a própria condição.

05 – Qual a mensagem principal do fragmento?

      O fragmento sugere que a vida é uma jornada cíclica, marcada por repetições e buscas incessantes. A esperança, por sua vez, é uma força motriz que nos impulsiona a continuar caminhando, mesmo diante das dificuldades e da incerteza. No entanto, a repetição do movimento circular pode gerar uma sensação de frustração e aprisionamento, levando o indivíduo a questionar o sentido da vida.

 

 

 

TEXTO: DINOSSAUROS EM TEMPOS DIFÍCEIS- (FRAGMENTO) - MARIO VARGAS LLOSA - COM GABARITO

 Texto: Dinossauros em tempos difíceis – Fragmento

        A sobrevivência da espécie (dos escritores) e da cultura é uma boa causa

        Minha vocação nasceu com a ideia de que o trabalho literário é uma responsabilidade que não se limita ao lado artístico: ela está ligada à preocupação moral e à ação cívica. Até o presente, esses fatores animaram tudo o que escrevi e, por isso, vão fazendo de mim, nesta época da realidade virtual, um dinossauro que usa calças e gravata, rodeado de computadores.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2KgO62670PctTv0dX4K3GZOatCTxJ_IMY_iqEqb4aTwXOOFHQI_gtIx3nKdari1-DLkwmBJUdBkEhuZICQ_bVL1JR9Z0pmf12nZAXc0Xsl4F0puL8gNMC12j8sJblKNLBrdA1cFxTZ57RobQSRTmv60PT5RFPvnGd2Pz0RpUPcnmyTFy4jOYGeVBJ140/s320/DINO.jpg


        [...] Em nossa época se escrevem e publicam muitos livros, mas ninguém à minha volta – ou quase ninguém, para não discriminar os pobres dinossauros – acredita mais que a literatura sirva de grande coisa, a não ser para evitar que as pessoas se aborreçam muito no ônibus ou no metrô, e para que, adaptada para o cinema e a televisão, a ficção literária – se for sobre marcianos, horror, vampirismo ou crimes sadomasoquistas, melhor – se torne televisiva ou cinematográfica.

        Para sobreviver a literatura tornou-se light – é um erro traduzir essa noção por “leve”, porque, na verdade, ela significa "irresponsável" e, muitas vezes, idiota.

        [...] Se o objetivo é apenas o de entreter e fazer com que os seres humanos passem momentos agradáveis, perdidos na irrealidade, emancipados da sordidez cotidiana, do inferno doméstico ou da angústia econômica, em descontraída indolência intelectual, as ficções da literatura não podem competir com as oferecidas pelas telas, seja de cinema ou de TV. As ilusões forjadas com a palavra exigem a participação ativa do leitor, um esforço de imaginação, e, às vezes – quando se trata de literatura moderna –, complicadas operações de memória, associação e criação, algo de que as imagens do cinema e da televisão dispensam os espectadores. E, por isso, os espectadores se tornam cada vez mais preguiçosos, mais alérgicos a um entretenimento que requeira esforço intelectual.

        [...]

        As ficções apresentadas nas telas são intensas por seu imediatismo e efêmeras por seus resultados. Prendem-nos e nos desencarceram quase de imediato – das ficções literárias nos tornamos prisioneiros pela vida toda. Dizer que os livros daqueles escritores entretêm seria injuriá-los, porque, embora seja impossível não ler tais livros em estado de transe, o importante de sua boa literatura é sempre posterior à leitura – um efeito deflagrado na memória e no tempo. Ao menos é o que acontece comigo, porque, sem elas, para o bem ou para o mal, eu não seria como sou, não acreditaria no que acredito nem teria as dúvidas e as certezas que me fazem viver.

Mario Vargas Llosa, in: O Estado de S. Paulo, 1996.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 267.

Entendendo o texto:

01 – Qual a principal crítica do autor à literatura contemporânea?

      O autor critica a superficialidade e a falta de compromisso da literatura contemporânea, que se preocupa mais em entreter do que em provocar reflexões e questionamentos. Ele argumenta que a literatura se tornou um produto de consumo rápido, perdendo sua capacidade de transformar a vida das pessoas.

02 – O que significa ser um "dinossauro" no contexto do texto?

      Ser um "dinossauro" significa ser um escritor que ainda acredita no poder transformador da literatura e que resiste às tendências da literatura contemporânea. É alguém que valoriza a profundidade, a complexidade e o compromisso social da escrita.

03 – Qual a diferença entre a literatura e as mídias visuais, segundo o autor?

      O autor argumenta que a literatura exige um maior esforço do leitor, como a imaginação e a interpretação. As mídias visuais, por outro lado, oferecem uma experiência mais passiva, onde as imagens são prontas e não exigem a participação ativa do espectador.

04 – Qual a importância da literatura para a formação do indivíduo?

      A literatura, segundo o autor, tem o poder de moldar a visão de mundo do indivíduo, influenciando seus valores, crenças e comportamentos. Ela pode despertar a consciência crítica, estimular a imaginação e promover a empatia.

05 – Qual a relação entre a literatura e a realidade?

      O autor defende que a literatura não deve se limitar a apresentar uma realidade escapista, mas sim a confrontar o leitor com as questões complexas e contraditórias da vida. A literatura pode ser um instrumento para compreender o mundo e a si mesmo.

06 – Qual o papel do escritor na sociedade?

      O escritor, segundo o autor, tem um papel fundamental na sociedade. Ele é responsável por questionar o status quo, denunciar as injustiças e oferecer novas perspectivas sobre o mundo. A escrita literária é uma forma de intervenção na realidade.

07 – Qual a esperança do autor em relação ao futuro da literatura?

      Embora o autor expresse preocupação com a situação atual da literatura, ele não perde a esperança de que a literatura continue a desempenhar um papel importante na sociedade. Ele acredita que sempre haverá leitores que buscam algo mais profundo e significativo do que a mera distração.

 

 

POEMA: DESCRIÇÃO DA GUERRA EM GUERNICA - (FRAGMENTO) - CARLOS DE OLIVEIRA IN ANDRADE EUGÊNIO - COM GABARITO

 Poema: Descrição da guerra em Guernica – Fragmento

Entra pela janela

o anjo camponês;

com a terceira luz na mão;

minucioso, habituado

aos interiores de cereal,

aos utensílios que dormem na fuligem;

os seus olhos rurais

não compreendem bem os símbolos

desta colheita: hélices,

motores furiosos;

e estende mais o braço; planta

no ar, como uma árvore

a chama do candeeiro.

(...)

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhB3ObwZsBA-QFw5Lzv2u_6UfKCvfOnEPiDYfCkONMVYy8v1pe9jWSx1_PO3yDbxlRSTOs_eo1_ss_C6b07tcs-EKM0ioGF1mNQrDWcIvx5XzDUZ2qawJnFqlplz_bV478L0poaMzr0BkjMQRneOLEvJ58Zevj33fp9aBLC9dAwSOWwKHX_fQnUFHLOrEI/s320/Mural_del_Gernika.jpg


Carlos de Oliveira in ANDRADE, Eugénio. Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa. Porto: Campo das Letras, 1999.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 257.

Entendendo o poema:

01 – Qual a simbologia do "anjo camponês" que entra pela janela?

      O "anjo camponês" representa a população civil, especialmente os habitantes de Guernica, que vivenciavam uma rotina pacífica e simples antes do ataque. A imagem do anjo contrasta com a violência da guerra, enfatizando a brutalidade do ataque a uma população indefesa.

02 – O que significam os "utensílios que dormem na fuligem"?

      Os "utensílios que dormem na fuligem" simbolizam a vida cotidiana simples e pacífica que foi interrompida pela guerra. A fuligem, por sua vez, representa a destruição e a morte que se seguiram ao bombardeio, sujando e manchando tudo o que havia de belo e familiar.

03 – Qual o significado das "hélices" e "motores furiosos"?

      As "hélices" e "motores furiosos" representam a força bruta e a tecnologia bélica que destruíram Guernica. Esses elementos contrastam com a figura pacífica do "anjo camponês", evidenciando a brutalidade da guerra e a fragilidade da vida humana diante da violência.

04 – O que significa a ação de "plantar no ar a chama do candeeiro"?

      A ação de "plantar no ar a chama do candeeiro" é uma metáfora para a destruição causada pelas bombas. A chama do candeeiro, que normalmente ilumina e aquece, transforma-se em um símbolo de destruição e morte, representando o fogo que consumiu a cidade de Guernica.

05 – Qual a emoção predominante transmitida pelo fragmento?

      O fragmento transmite uma profunda tristeza e indignação diante da violência da guerra. A imagem do "anjo camponês" desperta compaixão e revolta, enquanto a descrição da destruição causada pelas bombas provoca horror e pesar. A poesia, nesse caso, serve como um poderoso instrumento para denunciar a barbárie da guerra e homenagear as vítimas.

 

 

NOTÍCIA: Á LUZ DAS SOMBRAS - SUPERINTERESSANTE - COM GABARITO

 Notícia: À luz das sombras

        Uma mancha negra gigantesca escureceu e apavorou Nova York. Era o ano de 1915 e acabara de ser erguido o primeiro arranha-céu da cidade, o Equitable Building, com 40 andares. A sombra projetada pelo prédio de 166 metros, na época o mais alto do mundo, engolia quatro quarteirões, escurecia edifícios que o cercavam e deixava sem luz até pequenas fazendas que ainda existiam na região. Os nova-iorquinos se enfureceram, temendo que a cidade fosse devorada pelas sombras caso os construtores de Manhattan decidissem seguir o modelo estabelecido pelo Equitable. O protesto dos moradores resultou numa lei que regulamentou a altura das construções. A partir de 1916, com o surgimento de um plano diretor, edifícios passaram a ser projetados com um recuo à medida que os andares ficavam mais altos, levando-se em consideração as sombras que eles não poderiam fazer nos vizinhos – daí a origem da arquitetura característica da cidade, visível em construções como o Empire State Building, que afina quanto mais alto fica.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8EuDwAtkLeS5vOLV2pVlTpA0w9NiDFD1xFl3a1nBp4MK6TPIY5C7hiXU9OCT-3XHK16Ot-PRfVapbrtWMyK5zstFLi91Yn-31UrBtoaf6NvMshiVrAU6Jlph7ddeh8yFxRZfZYf5NpkmFLZsNj3kB3dmLeVvu1w27XbajKvkIo6ksKuOupVCI9NArj90/s320/NOVA%20yORQUE.png


        O episódio da metrópole apavorada pela penumbra descreve bem a má reputação que as sombras carregam. De um eclipse lunar a uma silhueta se esgueirando sobre uma parede, as sombras sempre foram consideradas entidades estranhas, cercadas de mistério, superstição e medo. Na Guerra do Peloponeso, por exemplo, o general ateniense Nícios permitiu que suas tropas fossem capturadas pelos espartanos após se recusar a bater em retirada durante um eclipse lunar. Para os nativos da ilha de Wetar, na Indonésia, se a silhueta de uma pessoa levar um golpe, ele certamente ficará doente nos dias seguintes. Na África Subsaariana, o povo Songhay acredita que a sombra pode ser atacada, roubada e até devorada em algum macabro ritual de bruxaria.

        Mas o que exatamente são as sombras? Essa é uma pergunta que nos fazemos desde crianças, quando ainda não somos capazes de respondê-la. Um experimento realizado pelo psicólogo suíço Jean Piaget revelou que a maneira como as crianças percebem as sombras varia de acordo com a idade. A partir dos 5 anos, tendem a achar que são feitas do mesmo material que a noite – a escuridão. Depois, entre os 6 e 8 anos, acreditam que sejam objetos materiais. Só mais tarde, a partir dos 9 anos, é que elas percebem que as sombras são fruto da relação entre os objetos e a luz. Já é algo muito próximo do que entendemos quando nos tornamos adultos: sombras são áreas escuras onde a luz foi bloqueada. E, apesar do costume de utilizarmos esse conceito apenas quando vemos uma borda entre o claro e o escuro, essa definição pode ser facilmente aplicada à noite, uma enorme sombra que ocupa o céu por cerca de 12 horas do dia.

Superinteressante, ed. 201, jun. 2004.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 216.

Entendendo a notícia:

01 – A história de Nova York em 1915 demonstra uma preocupação com as sombras que ultrapassa a mera estética. Qual a relação entre o medo das sombras e o desenvolvimento urbano daquela época?

      Essa pergunta incentiva a reflexão sobre como os aspectos culturais e sociais influenciam a percepção e o tratamento de fenômenos naturais, como as sombras, e como isso pode impactar decisões urbanísticas.

02 – A crença de que as sombras podem ser atacadas ou roubadas é comum em diversas culturas. Como você explica a persistência dessas crenças ao longo da história e em diferentes sociedades?

      Respostas pessoal do aluno. Sugestão: A questão busca entender a dimensão simbólica e cultural das sombras, explorando as razões pelas quais elas são associadas a conceitos como medo, mal e o sobrenatural.

03 – O experimento de Jean Piaget revela diferentes estágios na compreensão das sombras pelas crianças. Qual a importância de entender como as crianças percebem o mundo para a educação e o desenvolvimento cognitivo?

      A pergunta direciona o foco para a psicologia do desenvolvimento, explorando a relação entre a percepção das sombras e o desenvolvimento do pensamento abstrato nas crianças.

04 – A notícia menciona a noite como uma "enorme sombra que ocupa o céu". Essa metáfora pode ser estendida para outras áreas do conhecimento? De que forma a noção de sombra pode ser utilizada para representar conceitos abstratos?

      Essa pergunta incentiva a reflexão sobre o caráter metafórico das sombras, explorando suas possíveis aplicações em diversas áreas, como a literatura, a filosofia e a arte.

05 – A arquitetura de Nova York foi influenciada pela preocupação com as sombras. Existem outros exemplos na história da arquitetura onde as sombras desempenharam um papel importante na concepção dos edifícios?

      A pergunta busca explorar a relação entre a arquitetura e a luz, mostrando como as sombras podem influenciar a forma e a função dos espaços construídos.

06 – As sombras são frequentemente associadas ao medo e ao desconhecido. No entanto, elas também podem ser utilizadas para criar efeitos estéticos e expressivos na arte e na fotografia. Como você explica essa dualidade da sombra?

      Essa questão explora a natureza ambígua das sombras, mostrando como elas podem evocar tanto emoções negativas quanto positivas.

07 – A notícia menciona a má reputação das sombras. No entanto, a ciência nos permite compreender a formação das sombras de forma racional. Como você concilia a explicação científica com as crenças e mitos associados às sombras?

      A pergunta busca promover uma reflexão sobre a relação entre a ciência e a cultura, explorando como o conhecimento científico pode coexistir com as crenças e mitos que fazem parte da história da humanidade.

 

 

POEMA: ODE DO POETA HORÁCIO - DÉCIO PIGNATARI - COM GABARITO

 Poema: Ode do poeta Horácio

A neve espessa já pesa nos píncaros,

A mata mal suporta o fardo branco:

             Gelam os ribeirões,

             Paralisam-se os córregos.

 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1aNbp8Dhi7YZ0eJJ4uKtb_9P-of1IZd9Z2g88ntmZGaExIFQ7cfe1681mO_X4eChSZCGJ7HLrzRTVY-sAo9P4LOO6IhyphenhyphenIIYGc-8fzjnOsyC8Fxu3re425tpEYfDY6qlZx6CQvpm-MCaoIzOZ0dt2jde-LqcXhLlnj5TkL0JO8TrXPEW35Ov8Kw0CcxFI/s320/HORACIO.jpg

Ó Taliarca do festim, apague o frio

Com as achas no fogão. Pródigo, verse

De uma ânfora sabina de duas ansas

            Um vinho de quatro anos!

 

O resto, amigo, entregue aos deuses. Mal

Morram os ventos guerreiros no mar,

            Não chacoalhem ciprestes,

            Nem cabeceiem freixos,

 

Não queiram saber nada do amanhã:

Credite à sua conta o dia de hoje.

Não se esquive, menino, dos namoros

           E nem das contradanças;

 

Bem longe os anos velhos, aproveite,

Antes da idade trôpega e grisalha,

           Dos risos abafados

           Nos cantos escondidos,

 

Quando o dia se vai, da namorada,

E roube dela anéis e braceletes

De amor, depois de uns queixumes, após

          Alguma resistência.

 

 Tradução: Décio Pignatari. 31 poetas, 214 poemas. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 276.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal imagem que o poema evoca?

      A principal imagem evocada pelo poema é a de um inverno rigoroso, com a natureza adormecida sob uma espessa camada de neve. Essa imagem serve como pano de fundo para a reflexão sobre a passagem do tempo e a importância de aproveitar o presente.

02 – Qual a relação entre a natureza e o homem no poema?

      O homem e a natureza são apresentados como interdependentes. A natureza, com seu inverno rigoroso, impacta a vida do homem, que busca se proteger do frio e encontrar conforto. Por outro lado, o homem tenta domar a natureza, utilizando o fogo para se aquecer e o vinho para se alegrar.

03 – Qual a mensagem principal do poema?

      A mensagem principal do poema é um convite para aproveitar o momento presente e desfrutar dos prazeres da vida. O poeta incentiva o leitor a não se preocupar com o futuro e a viver intensamente cada instante.

04 – Qual o papel do vinho na ode?

      O vinho simboliza a alegria, a celebração e a amizade. É um elemento que une as pessoas e proporciona momentos de prazer. Além disso, o vinho é associado à passagem do tempo, pois o poeta sugere que um vinho de quatro anos é ideal para a ocasião.

05 – Quais as características da poesia horaciana presentes nesse poema?

      O poema apresenta características típicas da poesia horaciana, como a valorização da vida simples e dos prazeres da natureza, a busca pelo equilíbrio entre os prazeres e os deveres, e a utilização de metáforas e imagens poéticas para expressar ideias complexas. Além disso, a ode apresenta um tom celebrativo e convida o leitor a compartilhar os prazeres do poeta.

 

 

 

POEMA: BRASIL - OSWALD DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poema: Brasil

O Zé Pereira chegou de caravela
E preguntou pro guarani da mata virgem
― Sois cristão?
― Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
― Sim pela graça de Deus
Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjn6F__csBblEoJvs_fidtsuqealVYLECxcl1zxL4vAFCS3llaNXknIfGZMxHbr4e7UbMxlKyTPXqk-KCBUSD-Mq7pL5GzFRN0YBEg14-dPvzdssCGl0cJjydNtHhfCBYRbS0jgBYp6k7rEuVd8x3Rz5pBw1Sc0-c5k2jhmF0HX-aBiA9_6Q97y0PyYyT0/s1600/CARAVELA.jpg 


Oswald de Andrade.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 227.

Entendendo o poema:

01 – Qual o significado da pergunta "Sois cristão?" feita ao índio no poema?

      A pergunta "Sois cristão?" não busca apenas uma resposta religiosa, mas simboliza a imposição cultural europeia sobre os povos indígenas. É uma forma de questionar a identidade e os valores do outro, impondo um padrão cultural e religioso.

02 – O que representam as onomatopeias "Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!" e "Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!"?

      As onomatopeias representam a tentativa de imitar sons e expressões indígenas e africanas, respectivamente. Elas servem para enfatizar a diversidade cultural que compõe a identidade brasileira, mas também para ironizar a forma como essa diversidade é muitas vezes estereotipada e simplificada.

03 – Qual a crítica social presente no poema?

      O poema critica a colonização brasileira, a escravidão e a imposição da cultura europeia sobre os povos indígenas e africanos. A ironia e a linguagem coloquial são utilizadas para subverter os valores tradicionais e questionar a construção da identidade nacional.

04 – Como o Carnaval é retratado no poema?

      O Carnaval é apresentado como resultado da miscigenação cultural, fruto da união entre portugueses, indígenas e africanos. No entanto, a celebração é vista de forma ambígua, como um momento de encontro e diversidade, mas também como uma forma de mascarar as desigualdades sociais e as contradições da sociedade brasileira.

05 – Qual a importância do poema "Brasil" para a literatura brasileira?

      O poema "Brasil" é considerado um dos mais importantes da literatura modernista brasileira por sua originalidade, irreverência e capacidade de sintetizar a complexidade da identidade nacional. Ele contribuiu para a renovação da poesia brasileira, abrindo caminho para novas formas de expressão e questionamento.