quinta-feira, 12 de setembro de 2024

POEMA: INFÂNCIA - JOSÉ PAULO PAES - COM GABARITO

 Poema: Infância

             José Paulo Paes

Eu tenho oito anos e já sei ler e escrever.

Por isso ganhei de presente a história de Peter Pan.

As aventuras dele com o Capitão Gancho e o jacaré que

engoliu um relógio até que são engraçadas.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1WAOqBmDBKssBv-k1kvyAp9LohbzL64n1V3rT6G4YGhrBRZqt6gDAF738gCuaJ32CXclVbY1U04c8DhUoNRSVPXLooU12aHkm6eeP6slcp54LrteCsosdxWWsWLCe-BDvvYlLZWG67XnXyn0PEBssE4gLEg1Tt-VeEFQ3ZTT1SjSEweLvuRC31qaoh5A/s320/PETER.jpg


Mas achei uma bobagem aquela mania do Peter Pan

de querer ficar sempre menino.

Já imaginaram se todos quisessem ficar sempre pequenos

e nunca mais crescer?

Aí quem ia cuidar da gente? Fazer comida, passar pito,

mandar tomar banho, dizer que é hora de ir para cama?

Sarar a gente da dor de barriga e de dor de dente?

In: Henriqueta Lisboa et alii. Varal de poesia. 1. ed. São Paulo: Ática, 2003. p. 35.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 6º ano. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. 7ª edição reformulada – São Paulo: ed. Saraiva, 2012. p. 56.

Entendendo o poema:

01 – Qual é a visão do eu lírico sobre a história de Peter Pan?

      O eu lírico acha as aventuras de Peter Pan engraçadas, mas considera uma bobagem o desejo do personagem de querer ficar sempre menino.

02 – O que o eu lírico já sabe fazer aos oito anos?

      Aos oito anos, o eu lírico já sabe ler e escrever.

03 – O que o eu lírico questiona em relação à ideia de nunca crescer?

      Ele questiona como seria se todos quisessem ficar sempre pequenos, refletindo sobre quem cuidaria deles, prepararia comida, e daria orientações, como mandar tomar banho ou ir para a cama.

04 – Como o eu lírico se sente em relação à necessidade de crescer?

      O eu lírico parece valorizar o crescimento, pois reconhece a importância de adultos que cuidam das crianças e fazem tarefas importantes.

05 – Quais exemplos de cuidados o eu lírico menciona que os adultos proporcionam?

      Ele menciona que os adultos fazem comida, mandam tomar banho, cuidam quando há dor de barriga ou dor de dente, e dão ordens, como mandar ir para a cama.

 

 

RECEITA: PIZZA FALSA - ZIRALDO E SILVIO LANCELLOTTI - COM GABARITO

 Receita: Pizza falsa

Ingredientes:

6 fatias de pão de fôrma

6 fatias de mozarela 

3 tomates maduros

Sal a gosto

Azeite e orégano

2 colheres de sopa de queijo ralado tipo parmesão 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjm0cHZSxzRbEj2nk-fec9Ct6Q973_TLnLFm9z3pWrCP6coqLw30vOHB2gPNfpDFEyh1zRlZbF5qXIO2GdimOkSNS3ZPpxlf8TseHp9sl1itzoayDgzmjh1HcD4flTUUjvvvq8gFrKzgUCL3Jojyb9p3ZVHOSXDgXunQ5PsjZ70f0lQguIhStZRoE7k9Bc/s320/PIZZA.jpg


Modo de fazer:

1 – Retire com cuidado a crosta (casca) do pão.

2 – Arrume numa assadeira as fatias de pão, uma ao lado da outra.

3 – Coloque a mozarela por cima. Tenha o cuidado de deixar o queijo do mesmo tamanho das fatias de pão; se sobrar corte as tirinhas.

4 – Pique os tomates ou corte-os em fatias bem finas. Tempere com sal, azeite e orégano.

5 – Espalhe o tomate picado sobre as fatias de queijo.

6 – Polvilhe com o queijo ralado e leve ao forno quente/ou ao forno micro-ondas até derreter todo o queijo e tostar um pouco.

7 – Retire do forno e deixe esfriar um pouco, porque o queijo é muito quente e pode queimar a boca. 

Sugestões:

1 – Espalhe presunto bem picado sobre o tomate.

2 – Amasse uma banana e coloque-a sobre o queijo.

3 – Se na geladeira tiver um pouco de picadinho, pode colocar sobre o queijo, antes de acrescentar o tomate.  

Ziraldo e Silvio Lancellotti. O livro de receitas do Menino Maluquinho. São Paulo: Melhoramentos, 2007. p. 52-3.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 6º ano. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. 7ª edição reformulada – São Paulo: ed. Saraiva, 2012. p. 64-65.

Entendendo a receita:

01 – Como devo preparar o pão para a pizza falsa?

      Você deve retirar a crosta (casca) das fatias de pão de forma com cuidado e depois organizá-las lado a lado em uma assadeira.

02 – O que fazer se a mozarela for maior que as fatias de pão?

      Se a mozarela for maior, corte as sobras em tirinhas e ajuste para que o queijo fique do mesmo tamanho que as fatias de pão.

03 – Como temperar o tomate para a pizza falsa?

      Pique ou fatie os tomates bem finos e tempere-os com sal, azeite e orégano antes de distribuí-los sobre o queijo.

04 – Quanto tempo devo deixar a pizza falsa no forno?

      O tempo varia de acordo com o forno, mas você deve deixar até o queijo derreter e começar a tostar um pouco.

05 – Posso fazer alguma variação no recheio da pizza falsa?

      Sim! Você pode adicionar presunto picado, banana amassada ou até mesmo sobras de picadinho sobre o queijo antes de colocar o tomate.

 

MÚSICA(ATIVIDADES): A FORMIGA - VINÍCIUS DE MORAES/PAULO SOLEDADE - COM GABARITO

 Música(Atividades): A formiga

             Vinicius de Moraes, Paulo Soledade

As coisas devem ser bem grandes 
Pra formiga pequenina 
A rosa, um lindo palácio 
E o espinho, uma espada fina 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZr5uAcbaibDr8TSe8vMF5QrzVsF3pPZMmkVozcPGIBWD4O4y9ulB_YunnEWHoXBPSCDdXRo2i8zVKn_fun4INRmmaJ-S5KRrNuVp81hZGXN2SLwMY_uolOd3-rgY9xh0bqmF-cGbO4uN6lytvH_sFJDihWrlduxfgWyIE7ljh8qHF9DpH9fp3I3cUgN0/s320/FORMIGA.jpg



A gota d'água, um manso lago 
O pingo de chuva, um mar 
Onde um pauzinho boiando 
É navio a navegar 

O bico de pão, o corcovado 
O grilo, um rinoceronte 
Uns grãos de sal derramados, 
Ovelhinhas pelo monte.

http://letras.terra.com.br/vinicius-de-moraes/87245. Acesso em: 19 jan. 2010.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 6º ano. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. 7ª edição reformulada – São Paulo: ed. Saraiva, 2012. p. 91.

Entendendo a música:

01 – O que representa a rosa para a formiga na canção?

      A rosa é descrita como um "lindo palácio", simbolizando algo grande e imponente para a formiga, que é muito pequena.

02 – Como a canção compara o espinho para a formiga?

      O espinho é comparado a "uma espada fina", mostrando que para a formiga, um simples espinho parece uma arma poderosa.

03 – Qual é a relação entre a gota d'água e o universo da formiga?

      A gota d'água é vista como um "manso lago", indicando que, para a formiga, até uma pequena quantidade de água parece um grande corpo d’água.

04 – O que simboliza o pauzinho boiando na percepção da formiga?

      O pauzinho boiando na água é comparado a "um navio a navegar", sugerindo que até pequenos objetos podem parecer enormes aventuras para a formiga.

05 – Como a canção retrata os grãos de sal derramados?

      Os grãos de sal derramados são comparados a "ovelhinhas pelo monte", uma metáfora que revela como algo pequeno, como grãos de sal, podem se transformar em uma paisagem vasta e viva aos olhos da formiga.

 

 

POEMA: PATRULHA ECOLÓGICA - MARIA DINORAH - COM GABARITO

 Poema: Patrulha Ecológica

             Maria Dinorah

Ei, Coronel,
Cabeça de papel!

Deixa de bulha
E cuida da patrulha!

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwV7_VtFSh9rS7okhWL7AOLi90mks10BumkybIWe8IKOEsAAAEWlEkcnsA0RWBXu2njGO-hTaqAfqw6GVTag8crE32GT-aL7PQbJMxCchKVpnGtT3w6XYwRC_e2NTJhES_sKKKiNgAiqz0tv6U8BwfboEm-AfZTk9T06P0rjccQHtyoONz8yi0H87vnVE/s320/CABE%C3%87A.png


Quem derruba a mata?
Quem os peixes mata?

Quem polui o mar?
E envenena o ar?

Um, dois, três, quatro!
Salva peixe,
salva bicho,
Salva gente,
Salva mato!

Cinco, seis, sete e oito!
Depois da vigília,
Café com biscoito!

Maria Dinorah. Coração de papel. 7. ed. São Paulo: Moderna, 1991.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 6º ano. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. 7ª edição reformulada – São Paulo: ed. Saraiva, 2012. p. 186.

Entendendo o poema:

01 – Quem é chamado de "Cabeça de papel" no poema?

      O Coronel é chamado de "Cabeça de papel", uma forma irônica de chamar a atenção para sua falta de ação diante dos problemas.

02 – Quais problemas ecológicos são mencionados no poema?

      O poema menciona a derrubada das matas, a morte dos peixes, a poluição do mar e o envenenamento do ar, causando a destruição.

03 – Qual é o objetivo da "patrulha" no poema?

      O objetivo da patrulha é salvar os peixes, os animais, as pessoas e as florestas, promovendo a preservação.

04 – O que é considerado como recompensa após a vigília?

      Após a vigília, a recompensa mencionada é "café com biscoito", que simboliza uma pausa ou descanso após o trabalho de proteção ao meio ambiente.

05 – Qual é o tom utilizado pelo poeta ao falar sobre os problemas ambientais?

      O tom do poema é lúdico e de crítica dos abusos contra a natureza.

 

 

POEMA: A SEMANA INTEIRA - SÉRGIO CAPPARELLI - COM GABARITO

 Poema: A SEMANA INTEIRA 

             Sérgio Capparelli

A segunda foi à feira, 

Precisava de feijão; 

A terça foi à feira, 

Pra comprar um pimentão; 

A quarta foi à feira, 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHCFhVm_B1P1j26buNsprd-vLs0X3niX22XVi2XB-QV3m163yUAPmtlhmSeZbsCdjy5NaeWkpJxqFhhX0iFd5-Uz3VdWVpt1kosmxeJTK_nH71oYm8TZnT7hWvMEZbHrwZXDHwhOh1uYayrdbcBroimfSQ1Nygm5ysX6JIlUhv-PpievI076qjumBHPPw/s320/FEIRA.png


Pra buscar quiabo e pão; 

A quinta foi à feira, 

Pois gostava de agrião; 

A sexta foi à feira, 

Tem banana? Tem mamão? 

Sábado não tem feira 

E domingo também não.

 Capparelli, Sérgio. ​111 poemas para crianças​. Porto Alegre: L&PM, 2003, p. 17. 

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 6º ano. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. 7ª edição reformulada – São Paulo: ed. Saraiva, 2012. p. 179.

Entendendo o poema:

01 – Qual alimento a segunda foi buscar na feira?

      A segunda foi à feira para comprar feijão.

02 – Qual foi o motivo da terça ir à feira?

      A terça foi à feira para comprar um pimentão.

03 – O que a quarta comprou na feira?

      A quarta foi à feira para buscar quiabo e pão.

04 – Qual é o alimento mencionado que a quinta gostava?

      A quinta gostava de agrião.

05 – Nos dias de sábado e domingo, há feira?

      Não, no sábado e no domingo não tem feira.

 

ARTIGO DE OPINIÃO: BATER PRA QUÊ? ALEXANDRE ROSSI - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Bater pra quê?

               Alexandre Rossi

        Acho um absurdo donos de cachorros que querem educar seu animal através da violência.

        Há várias técnicas que podem ser utilizadas para repreender um mau comportamento do cão.

        Por exemplo: recompensar o cachorro com um petisco ou carinho quando fizer a coisa certa, incentivando-o a agir da maneira correta, será bem mais eficaz do que um tapa quando ele aprontar.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgexxtpL0R5-D_FGd9L7Q7vs0VtanOkjtptYxSMMKX9ihUpQyEzLuaXRqHTIVM8P3gd4S2vjogYCORsCUPsF6gwwEiyOmfr4UwXlf7lglZDSx2CvBUm3MJB37us-un7Y13b9wPMOnCUzaI2ymTUzwCzGQlBxVwtSqUwUJHTRy0sEgtDeaiRqV3FYb399Rw/s320/CAO.jpg


        Além do que, é muito mais fácil machucar o cachorro ao bater nele. Quando o cão se comporta mal, na hora da raiva, o proprietário pode não ter controle de sua própria força.

        Imagine você dando uma joelhada no peito do cachorro para ele parar de pular em cima de você... Sabia que você fazendo isso pode acabar fraturando uma costela dele?

        E mesmos aqueles tapinhas "inofensivos", como petelecos no focinho, também podem machucar se forem fortes demais, pois está é uma região sensível.

        Leve em conta também que bater no cachorro não apenas coloca em risco o bem-estar físico dele, mas também a segurança de quem está agredindo-o e de outras pessoas que se aproximarem do animal. O cão pode agir de maneira agressiva quando percebe que vai ser atacado, principalmente se, antes de bater, o dono gritou ameaçando-o ou olhou fixamente nos olhos dele.

        E essa reação contra quem o agrediu pode não vir na hora...Há chance de acontecer com qualquer outra pessoa que se aproxime do cachorro depois. Isso porque o cão passa a ficar com medo de qualquer movimento brusco e pode atacar até mesmo uma criança que esteja querendo abraça-lo, por exemplo.

        No fim das contas, quando a punição é necessária, o ideal é associar o comportamento errado a algo desconfortável para o cachorro. A meu ver, punições que só causem um susto, como chacoalhar uma lata com moedas, ou um leve desconforto físico, como borrifar água no focinho, são soluções bem eficazes na hora de repreender. Assim ninguém se machuca... Nem você, nem o cachorro!

Alexandre Rossi. http://www.caocidadao.com.br/artigocaes.php?id=108.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 6º ano. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. 7ª edição reformulada – São Paulo: ed. Saraiva, 2012. p. 190.

Entendendo o artigo de opinião:

01 – Qual é a principal tese defendida pelo autor no artigo?

      O autor defende que a educação de cães através da violência é ineficaz e prejudicial, tanto para o animal quanto para o dono. Ele argumenta que existem métodos mais eficazes e humanos para corrigir comportamentos indesejados.

02 – Quais são os principais argumentos utilizados pelo autor para sustentar sua tese?

      O autor utiliza argumentos baseados na ineficácia da violência, no risco de ferimentos físicos para o cão e para o dono, e nas consequências psicológicas do abuso para o animal, como o aumento da agressividade e do medo.

03 – Quais são as alternativas à violência propostas pelo autor para educar um cão?

      O autor sugere o uso de reforço positivo, como recompensas e elogios, para incentivar comportamentos desejáveis. Além disso, ele menciona punições leves e não violentas, como ruídos altos ou borrifar água, como alternativas para corrigir comportamentos indesejados.

04 – Quais são as possíveis consequências do uso da violência na educação de cães, de acordo com o autor?

      O autor aponta que a violência pode causar ferimentos físicos ao cão, aumentar sua agressividade, gerar medo e insegurança no animal, e prejudicar o vínculo entre o dono e o cão.

05 – Qual é a importância de abordar o tema da violência contra animais?

      Abordar esse tema é importante para conscientizar a sociedade sobre os maltratos dos animais e promover o bem-estar animal. Além disso, discutir sobre métodos eficazes de educação canina pode ajudar a prevenir casos de violência e abandono de animais.

06 – O autor apresenta alguma solução para pessoas que já utilizam a violência na educação de seus cães e desejam mudar essa prática?

      O artigo não apresenta uma solução específica para esse caso, mas sugere que essas pessoas busquem orientação de profissionais especializados em adestramento canino para aprenderem técnicas mais adequadas e humanas de educação.

07 – Qual é a sua opinião sobre o uso da violência na educação de cães?

      Essa pergunta é aberta e permite que o leitor reflita sobre o tema e expresse sua própria opinião, com base nos argumentos apresentados no artigo e em sua própria experiência.

 

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

CONTO: O ALIENISTA - CAPÍTULO IV: UMA TEORIA NOVA - MACHADO DE ASSIS - COM GABARITO

 Conto: O alienistaCapítulo IV: Uma teoria nova

            Machado de Assis

        Ao passo que D. Evarista, em lágrimas, vinha buscando o Rio de Janeiro, Simão Bacamarte estudava por todos os lados uma certa ideia arrojada e nova, própria a alargar as bases da psicologia. Todo o tempo que lhe sobrava dos cuidados da Casa Verde, era pouco para andar na rua, ou de casa em casa, conversando as gentes, sobre trinta mil assuntos, e virgulando as falas de um olhar que metia medo aos mais heroicos.

        Um dia de manhã,— eram passadas três semanas,— estando Crispim Soares ocupado em temperar um medicamento, vieram dizer-lhe que o alienista o mandava chamar.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhavx78bPi3-PQaw-iUDd1c_iuBffptd4HzTeL0Sze-dc0cgjIpFUqvtjfdf3866agFzuSZG0HM_Ge8Bx2LMZCb-ZAjGOldFj8XNSSiQr2H4ePzvpfRZBgOB7dQmJE91fj2OP4YNSNEf223s24_LE6q3ZCjl4-jBxwLrLLJTaIsss-CU4eNEN7TyEsD788/s320/CRISPIM.jpg


        — Trata-se de negócio importante, segundo ele me disse, acrescentou o portador.

        Crispim empalideceu. Que negócio importante podia ser, se não alguma notícia da comitiva, e especialmente da mulher? Porque este tópico deve ficar claramente definido, visto insistirem nele os cronistas; Crispim amava a mulher, e, desde trinta anos, nunca estiveram separados um só dia. Assim se explicam os monólogos que ele fazia agora, e que os fâmulos lhe ouviam muita vez: — "Anda, bem feito, quem te mandou consentir na viagem de Cesária? Bajulador, torpe bajulador! Só para adular ao Dr. Bacamarte. Pois agora aguenta-te; anda, aguenta-te, alma de lacaio, fracalhão, vil, miserável. Dizes amem a tudo, não é? aí tens o lucro, biltre!" — E muitos outros nomes feios, que um homem não deve dizer aos outros, quanto mais a si mesmo. Daqui a imaginar o efeito do recado é um nada. Tão depressa ele o recebeu como abriu mão das drogas e voou à Casa Verde.

        Simão Bacamarte recebeu-o com a alegria própria de um sábio, uma alegria abotoada de circunspeção até o pescoço.

        — Estou muito contente, disse ele.

        — Notícias do nosso povo? perguntou o boticário com a voz trêmula.

        O alienista fez um gesto magnífico, e respondeu:

        — Trata-se de coisa mais alta, trata-se de uma experiência científica. Digo experiência, porque não me atrevo a assegurar desde já a minha ideia; nem a ciência é outra coisa, Sr. Soares, senão uma investigação constante. Trata-se, pois, de uma experiência, mas uma experiência que vai mudar a face da Terra. A loucura, objeto dos meus estudos, era até agora uma ilha perdida no oceano da razão; começo a suspeitar que é um continente.

        Disse isto, e calou-se, para ruminar o pasmo do boticário. Depois explicou compridamente a sua ideia. No conceito dele a insânia abrangia uma vasta superfície de cérebros; e desenvolveu isto com grande cópia de raciocínios, de textos, de exemplos. Os exemplos achou-os na história e em Itaguaí mas, como um raro espírito que era, reconheceu o perigo de citar todos os casos de Itaguaí e refugiou-se na história. Assim, apontou com especialidade alguns personagens célebres, Sócrates, que tinha um demônio familiar, Pascal, que via um abismo à esquerda, Maomé, Caracala, Domiciano, Calígula, etc., uma enfiada de casos e pessoas, em que de mistura vinham entidades odiosas, e entidades ridículas. E porque o boticário se admirasse de uma tal promiscuidade, o alienista disse-lhe que era tudo a mesma coisa, e até acrescentou sentenciosamente:

        — A ferocidade, Sr. Soares, é o grotesco a sério.

        — Gracioso, muito gracioso! exclamou Crispim Soares levantando as mãos ao céu.

        Quanto à ideia de ampliar o território da loucura, achou-a o boticário extravagante; mas a modéstia, principal adorno de seu espírito, não lhe sofreu confessar outra coisa além de um nobre entusiasmo; declarou-a sublime e verdadeira, e acrescentou que era "caso de matraca". Esta expressão não tem equivalente no estilo moderno. Naquele tempo, Itaguaí que como as demais vilas, arraiais e povoações da colônia, não dispunha de imprensa, tinha dois modos de divulgar uma notícia; ou por meio de cartazes manuscritos e pregados na porta da Câmara, e da matriz; — ou por meio de matraca.

        Eis em que consistia este segundo uso. Contratava-se um homem, por um ou mais dias, para andar as ruas do povoado, com uma matraca na mão.

        De quando em quando tocava a matraca, reunia-se gente, e ele anunciava o que lhe incumbiam, — um remédio para sezões, umas terras lavradias, um soneto, um donativo eclesiástico, a melhor tesoura da vila, o mais belo discurso do ano, etc. O sistema tinha inconvenientes para a paz pública; mas era conservado pela grande energia de divulgação que possuía. Por exemplo, um dos vereadores, — aquele justamente que mais se opusera à criação da Casa Verde, — desfrutava a reputação de perfeito educador de cobras e macacos, e aliás nunca domesticara um só desses bichos; mas, tinha o cuidado de fazer trabalhar a matraca todos os meses. E dizem as crônicas que algumas pessoas afirmavam ter visto cascavéis dançando no peito do vereador; afirmação perfeitamente falsa, mas só devida à absoluta confiança no sistema. Verdade, verdade, nem todas as instituições do antigo regímen mereciam o desprezo do nosso século.

        — Há melhor do que anunciar a minha ideia, é praticá-la, respondeu o alienista à insinuação do boticário.

        E o boticário, não divergindo sensivelmente deste modo de ver, disse-lhe que sim, que era melhor começar pela execução.

        — Sempre haverá tempo de a dar à matraca, concluiu ele.

        Simão Bacamarte refletiu ainda um instante, e disse:

        — Suponho o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr. Soares, é ver se posso extrair a pérola, que é a razão; por outros termos, demarquemos definitivamente os limites da razão e da loucura. A razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades; fora daí insânia, insânia e só insânia.

        O Vigário Lopes a quem ele confiou a nova teoria, declarou lisamente que não chegava a entendê-la, que era uma obra absurda, e, se não era absurda, era de tal modo colossal que não merecia princípio de execução.

        — Com a definição atual, que é a de todos os tempos, acrescentou, a loucura e a razão estão perfeitamente delimitadas. Sabe-se onde uma acaba e onde a outra começa. Para que transpor a cerca?

        Sobre o lábio fino e discreto do alienista rogou a vaga sombra de uma intenção de riso, em que o desdém vinha casado à comiseração; mas nenhuma palavra saiu de suas egrégias entranhas.

        A ciência contentou-se em estender a mão à teologia, — com tal segurança, que a teologia não soube enfim se devia crer em si ou na outra. Itaguaí e o universo ficavam à beira de uma revolução.

ASSIS, Machado de. O alienista. São Paulo: L&PM Editores, 1998.

Fonte: Linguagens em Interação – Língua Portuguesa – Ensino Médio – Volume Único – Juliana Vegas Chinaglia – 1ª edição, São Paulo, 2020 – IBEP – p. 212-214.

Entendendo o conto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Fâmulo: servo, criado, empregado.

·        Fracalhão: muito fraco, medroso, covarde.

·        Biltre: cafajeste, canalha.

·        Circunspeção: cautela, cuidado, sensatez.

·        Sezão: febre intermitente.

·        Regímen: forma antiga de regime.

·        Egrégio: distinto, notável, ilustre.

02 – Qual é a ideia "arrojada e nova" que Simão Bacamarte estava desenvolvendo?

      Simão Bacamarte estava desenvolvendo a ideia de que a loucura, até então vista como uma "ilha perdida no oceano da razão", na verdade poderia ser um "continente", ou seja, algo muito mais comum e abrangente do que se pensava.

03 – Qual foi a reação inicial de Crispim Soares ao ser chamado por Simão Bacamarte?

      Crispim Soares ficou extremamente nervoso e preocupado, pensando que o chamado estava relacionado à viagem de sua esposa, D. Evarista, da qual estava muito apreensivo.

04 – Como Simão Bacamarte explica a relação entre loucura e razão para Crispim Soares?

      Simão Bacamarte explica que a razão é o "perfeito equilíbrio de todas as faculdades" e qualquer coisa fora desse equilíbrio é insânia, ou seja, loucura.

05 – Quais exemplos históricos Simão Bacamarte utiliza para sustentar sua teoria sobre a loucura?

      Simão Bacamarte cita Sócrates, que tinha um demônio familiar, Pascal, que via um abismo à esquerda, e outras figuras históricas como Maomé, Caracala, Domiciano e Calígula, entre outros.

06 – Qual foi a reação do Vigário Lopes à nova teoria de Simão Bacamarte?

      O Vigário Lopes declarou que não entendia a teoria e a considerou absurda ou colossal demais para ser praticada. Ele acreditava que a definição de loucura e razão já estava bem delimitada e que não havia necessidade de novas teorias.

07 – O que significa a expressão "caso de matraca" usada por Crispim Soares?

      "Caso de matraca" se refere à prática de anunciar algo publicamente por meio de um homem que andava pelas ruas tocando uma matraca e fazendo anúncios, uma forma antiga de divulgar informações importantes em Itaguaí.

08 – Qual é o objetivo final de Simão Bacamarte com sua nova teoria?

      O objetivo final de Simão Bacamarte é "demarcar definitivamente os limites da razão e da loucura" e extrair a "pérola" da razão, separando claramente o que é insânia do que é sanidade.

09 – Como Simão Bacamarte reage às críticas do Vigário Lopes?

      Simão Bacamarte reage com uma vaga sombra de riso, combinando desdém com comiseração, mas não verbaliza nenhuma crítica direta, apenas mantém sua confiança na ciência.

10 – Por que Crispim Soares não discorda abertamente da teoria de Simão Bacamarte?

      Crispim Soares não discorda abertamente por conta de sua modéstia e respeito por Bacamarte. Embora ache a ideia extravagante, ele prefere não contestar e expressa entusiasmo pela teoria.

11 – Como Machado de Assis utiliza a figura do alienista para explorar temas de ciência e razão?

      Machado de Assis utiliza Simão Bacamarte, o alienista, para explorar as fronteiras entre ciência e razão, questionando a definição de loucura e a autoridade dos cientistas sobre a mente humana, e também como a ciência pode ser usada para justificar ações extremas.

 

 

 

POEMA: O HOMEM; AS VIAGENS - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 POEMA: O HOMEM; AS VIAGENS

                Carlos Drummond de Andrade

 

O homem, bicho da Terra tão pequeno

Chateia-se na Terra

Lugar de muita miséria e pouca diversão,

Faz um foguete, uma cápsula, um módulo

Toca para a Lua

Desce cauteloso na Lua

  Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiM_PAgIahvBrMvNwHmr9iKD9Q82EhRZK7EN4qQKUUYg1w5j5gs-w4pQnFbMmWx9tUWe7vj67s9ubHQqdEuLzGqqEkqw2pPAArWnVF_cmJIy_B_MLuwbWMjmdaALQU5i1Ak1DkHPdAvukBEde07hHz0KsJTm1tVUuTFe3zctn_U84m7sPODWDELFF6dGy0/s1600/LUA.jpg

Pisa na Lua

Planta bandeira na Lua

Experimenta a Lua

Coloniza a Lua

Civiliza a Lua

Humaniza a Lua.

Lua humanizada: tão igual à Terra.

O homem chateia-se na Lua.

Vamos para Marte – ordena a suas máquinas.

Elas obedecem, o homem desce em Marte

Pisa em Marte

Experimenta

Coloniza

Civiliza

Humaniza Marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado

Vamos a outra parte?

Claro – diz o engenho

Sofisticado e dócil.

Vamos a vênus

O homem põe o pé em Vênus,

Vê o visto – é isto?

Idem

Idem

Idem.

O homem funde a cuca se não for a Júpiter

Proclamar justiça junto com injustiça

Repetir a fossa

Repetir o inquieto

Repetitório.

Outros planetas restam para outras colônias.

O espaço todo vira Terra-a-terra.

O homem chega ao Sol ou dá uma volta

Só para tever?

Não-vê que ele inventa

Roupa insiderável de viver no Sol.

Põe o pé e:

Mas que chato é o Sol, falso touro

Espanhol domado.

Testam outros sistemas fora

Do solar a colonizar.

Ao acabarem todos

Só resta ao homem

(Estará equipado?)

A dificílima dangerosíssima viagem

De si a si mesmo:

Pôr o pé no chão

Do seu coração

Experimentar, colonizar, civilizar

Humanizar o homem

Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas

A perene, insuspeitada alegria de con-viver.

 

Entendendo o poema

01. Qual é o principal motivo que leva o homem a viajar para outros planetas?

a) Para encontrar vida extraterrestre.

b) Porque está entediado na Terra.

c) Para procurar novos recursos naturais.

d) Para fugir dos problemas da Terra.

 

02. O que o homem faz quando chega na Lua?

a) Estabelece uma base militar.

b) Planta bandeiras e explora o terreno.

c) Descobre novas formas de vida.

d) Fica impressionado com a beleza do local.


03. Como o homem se sente após humanizar a Lua?

a) Satisfeito e realizado.

b) Curioso para continuar explorando.

c) Entediado, assim como se sentia na Terra.

d) Orgulhoso de suas conquistas.

 

04. Por que o homem decide ir para Marte após visitar a Lua?

a) Para encontrar novas formas de vida.

b) Porque Marte é mais interessante do que a Lua.

c) Porque Marte tem mais recursos naturais.

d) Porque está entediado na Lua.

 

05. Como Marte é descrito após ser humanizado pelo homem?

a) Um lugar excitante e cheio de novas oportunidades.

b) Um lugar chato e sem graça.

c) Um lugar com muitos desafios a serem vencidos.

d) Um lugar misterioso e desconhecido.

 

06. O que acontece quando o homem chega ao Sol?

a) Ele se impressiona com o calor e a luz.

b) Ele descobre que é impossível viver lá.

c) Ele acha o Sol entediante.

d) Ele se recusa a descer no Sol por medo.

 

07. O que o poema sugere ser a viagem mais difícil para o homem?

a) A viagem até Júpiter.

b) A viagem ao Sol.

c) A viagem de si a si mesmo.

d) A viagem para outros sistemas fora do solar.

 

08. Qual é o verdadeiro desafio que o homem enfrenta, segundo o poema?

a) Colonizar outros planetas.

b) Conquistar o espaço sideral.

c) Descobrir e humanizar a si mesmo.

d) Viver em harmonia com a natureza.

 

09. O que o homem deve descobrir em suas "próprias inexploradas entranhas"?

a) Novas formas de tecnologia.

b) A alegria de conviver.

c) A solução para os problemas da Terra.

d) A chave para a imortalidade.

 

10. Qual é a mensagem principal do poema?

a) O ser humano nunca estará satisfeito, mesmo explorando o universo.

b) A exploração espacial é a chave para o futuro da humanidade.

c) A verdadeira descoberta está dentro de nós mesmos.

d) O homem deve deixar de explorar o espaço e cuidar da Terra.