domingo, 9 de junho de 2024

TEXTO: ZERO HORA, VAMOS FALAR DE RACISMO? FRAGMENTO - COM GABARITO

 Texto: Zero Hora, vamos falar de racismo? – Fragmento

          O que leva um veículo de imprensa a divulgar a opinião preconceituosa e ofensiva de um de seus leitores? Seria liberdade de expressão ou discurso de ódio?

        [...]

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNZjPLtMBJdurnZ_-i1Gsd2hD2eAw7wyZE09-dHRJRSWdlPrFHNDeUa0o8txvgrXAMtfFeXKZ2oPPUboNtxC6m6_7gCnkGJtyrHIhXz0-H8lt053t82Z4S_YQ7ff67vC6BON8_sd_hgSDh_4TLMD1c2z9uzG9iquo0pJtzI1mvuNhBWC5x6WM23saQ5TE/s320/RACISMO.jpg


        Fiquei extremamente chocada com um comentário publicado na edição deste domingo 31 de maio do jornal Zero Hora, veículo do Rio Grande do Sul. Nele, o leitor é claramente racista e desinformado.

        O comentário em si não me choca, como mulher negra já ouvi e li muitas coisas horríveis; o que me choca é o fato de o jornal ter publicado algo explicitamente racista. Até que ponto o jornal vai se esconder sob o argumento da liberdade de expressão? É sabido que racismo é crime, certo? Logo, publicar algo racista é igualmente crime, ou não? O comentário em questão foi publicado na versão impressa, logo foi lido antes e selecionado, diferentemente de quando se é num portal de internet, o que torna o fato ainda mais grave.

        [...].

Publicado em: 2 jun. 2015. Disponível em: http://www.geledes.org.br/zero-hora-vamos-falar-de-racismo/#gs.cbce4d9ded704983acc8ee-78ff56470c. Acesso em: 19 out. 2015. (Fragmento).

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 337-338.

Entendendo o texto:

01 – A produtora do texto emprega os termos cognatos racismo e racista. Qual é p radical comum a eles?

      O radical é rac- (raça, racismo, racista).

02 – De que maneira os sufixos diferenciam os sentidos dessas palavras cognatas?

      O sufixo -ismo designa um “movimento ideológico”, um “modo de proceder e pensar”; o sufixo -ista indica “aquele que é partidário ou seguidor desse movimento”.

03 – Que discussão a produtora do texto pretende promover?

      Ela deseja discutir a questão do racismo a partir da denúncia de um órgão de imprensa que teria divulgado um texto preconceituoso.

04 – Duas palavras da linha-fina do texto são adjetivos formados com base em substantivos. Transcreva-os no caderno, indicando e classificando os morfemas responsáveis por essa formação.

      Os adjetivos preconceituosa e ofensiva foram formados a partir dos substantivos preconceito e ofensa com o acréscimo dos sufixos -osa e -iva.

05 – Reescreva o primeiro período da linha-fina empregando em lugar dos adjetivos os substantivos que os formaram. Faça as adaptações necessárias.

      Sugestão de resposta: O que leva um veículo de imprensa a divulgar a opinião que expressa preconceitos e ofensas de um de seus leitores?

06 – Já no primeiro parágrafo, o leitor sabe que o texto foi produzido por uma mulher. Que palavra indica isso? Como a forma dessa palavra traz tal formação?

      A palavra chocada, por conter uma desinência de gênero feminino (-a), evidencia tratar-se de uma autora.

07 – A comparação entre as três palavras do texto empregados no plural – leitores, coisas e horríveis – revela que o morfema responsável pela flexão de número pode tomar formas diferentes. No caderno, escreva as palavras no singular e no plural e circule esses morfemas.

      Leitor – leitores; coisa – coisas; horrível – horríveis.

08 – Empregam-se no texto cinco palavras formadas com o sufixo -mente. Em qual delas ele não porta a ideia de modo? Justifique.

      Em extremamente, o sufixo -mente sugere intensidade.

09 – No desenvolvimento do texto, são feitos três questionamentos em sequência. Dois deles contêm perguntas retóricas propostas com a intenção de influenciar o leitor para que concorde com a linha argumentativa apresentada. Quais são as expressões que constituem essas perguntas? Justifique sua resposta.

      Nos questionamentos “É sabido que racismo é crime, certo?” e “Logo, publicar algo racista é igualmente crime, ou não?”, as expressões certo? E ou não? São perguntas retóricas, cuja função é apenas reforçar o conteúdo do que foi afirmado antes, contando, para isso, com a concordância tácita (implícita) do leitor.

10 – Qual é a contribuição das perguntas retóricas na construção desse texto?

      As perguntas retóricas são recursos de persuasão.

POEMA: PARADA CARDÍACA - PAULO LEMINSKI - COM GABARITO

 Poema: Parada cardíaca

               Paulo Leminski

Essa minha secura

essa falta de sentimento

não tem ninguém que segure,

vem de dentro.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPV5T7msNuJgXhRCE2SHqWzGtxpF_VhHX6nOxp0xElRNGM-mvB0i28XRvW4xwBuKrQJycnFhav3wUSSLXwDuMhlL7HB9JIysT2duTxN9iCG29c01rHZN5QOWJkJ-fIDUlqQ49tEQq0Tm_Cx0codCbxUFxTJeuYf_wzKprGMnhAyNtbADGy518nQ6443ZM/s1600/SEGURA.jpg

Vem da zona escura

donde vem o que sinto.

Sinto muito,

sentir é muito lento.

Paulo Leminski. Toda poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 203.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 317.

Entendendo o poema:

01 – Que verso esclarece o significado da expressão metafórica "minha secura".

      O segundo verso.

02 – Explique a imagem “Zona Escura” Para representar o que "vem de dentro".

      Zona escura sugere uma área não conhecida dentro do eu lírico.

03 – O poema explora os dois sentidos da expressão sinto muito. Quais são eles?

      Sinto muito pode indicar um sentimento intenso ou equivaler à expressão empregada para desculpar-se.

04 – Qual dos sentidos de sinto muito é coerente nesse contexto? Por quê?

      A expressão sinto muito foi empregada com o valor de “desculpe-me”, já que o poema sugere sua dificuldade de sentir, tornando incoerente a referência a um sentimento intenso.

05 – Como deve ser entendido o título do poema? Que figura de linguagem o constrói?

      “Parada cardíaca” é uma metáfora e, nesse contexto, sugere que o coração, entendido tradicionalmente como a sede do sentimento, não está funcionando, logo não tem capacidade de sentir.

 

quinta-feira, 30 de maio de 2024

CRÔNICA: ÁLVARO, ME ADICIONA - GREGÓRIO DUVIVIER - COM GABARITO

 Crônica: Álvaro, me adiciona

              Gregório Duvivier

        “Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.” Espanta que Álvaro de Campos tenha dito isso antes do advento das redes sociais. O heterônimo parece estar falando da minha timeline: “Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo?”.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwrg52xW8lQFgW_xu7bzcA-oKqAmA4KPtsu3aZ-Y-PxP4vhJ-vKhyphenhyphenQuMDSoS3lBaFygUyt_gdBS95VnLsVTMf1MfvQo41sOFbPKQBe54zU0IUcuUGJ5HcxAKFsPueNq6GdIIw0lL3t_kQoSzftjexEvoP3VQBI0K03QJiYFVShsSnDWKJ2-XAErH2x_9w/s320/Time-Timelines.png

        Todo post é autoelogioso. Não se deixe enganar. Talvez você pense o contrário: meu Facebook só tem gente reclamando da vida. Olhe de novo. Por trás de cada reclamação, de cada protesto, de cada autocrítica, perceba, camufladinha, a vontade de parecer melhor que o resto do mundo.

        “Humblebrag” é uma palavra que faz falta em português. Composta pela junção das palavras humble (humilde) e brag (gabar-se), seria algo como a gabação modesta. Em vez de simplesmente gabar-se: “Ganhei um prêmio de melhor ator no Festival de Gramado”, você diz: “O Festival de Gramado está muito decadente. Para vocês terem uma ideia, me deram um prêmio de melhor ator”. Ou então: “Pessoal, moro num apartamento mínimo! Por favor, parem de me dar prêmios, não tenho mais onde guardá-los. Grato.”

        O “humblebragging” pode tomar muitas formas. “Tenho um defeito terrível. Sou perfeccionista.” Ou então: “Tenho uma falha imperdoável. Sou sincero demais”. Quero ver alguém falar a verdade: “Tenho um defeito: só penso em mim mesmo, o que faz com que eu seja pouquíssimo confiável – além de ter uma higiene deplorável.”

        Não menos sutil é o elogio-bumerangue. Você começa falando bem de alguém. Ali, no meio do elogio alheio, você encaixa uma menção a si mesmo, disfarçadinha. “O Rafa é muito humano, parceiro, sincero. Se não fosse ele, eu nunca teria chegado onde cheguei, e criado o maior canal do YouTube brasileiro. Obrigado, Rafa. Obrigado.”

        O elogio-bumerangue tem uma subdivisão especialmente macabra: o elogio bumerangue-post-mortem, no qual você aproveita os holofotes gerados pela morte de alguém para chamar atenção para si (às vezes até atribuindo palavras ao defunto). “O Zé era um gênio. Ainda por cima muito generoso. Foi a primeira pessoa a perceber o meu talento como ator. Um dia me disse: Gregório, você é o melhor ator da sua geração. Obrigado, Zé. Obrigado.”

        Atenção: se todo post é vaidoso, toda coluna também. Percebam o uso de palavras em inglês, a citação a Fernando Pessoa. Tudo o que eu mais quero é que vocês me achem o máximo. “Então sou só eu que sou vil e errôneo nessa terra?” Não, Álvaro. Me adiciona.

DUVIVIER, Gregório. Publicada em: 4 maio 2015. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gregorioduvivier/2015/05/1624271-alvaro-me-adiciona.shtml. Acesso em: 19 ago. 2015.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 292-293.

Entendendo a crônica:

01 – O texto revela que o cronista é leitor de textos diversos. Quais tipos de texto foram citados?

      Textos literários e textos que circulam nas redes sociais.

02 – Quem é Álvaro de que fala o título? Faça uma breve pesquisa para entender por que o cronista se refere a ele como “heterônimo”.

      O cronista refere-se a Álvaro de Campos, um dos heterônimos do poeta português Fernando Pessoa (1888-1935).

03 – Em que parte do texto o cronista dá ao leitor que desconhece Álvaro uma pista de sua identidade? Ela lhe parece suficiente? Por quê?

      Na conclusão, o cronista afirma ter citado Fernando Pessoa, o que pode ajudar alguns leitores a lembrar do autor e de seus heterônimos. Um leitor que realmente desconheça essa informação tenderá a ficar confuso.

04 – Releia os versos citados no primeiro parágrafo. Que relação existe entre eles e o assunto da crônica?

      O cronista reclama do fato de, nas redes sociais, as pessoas sempre destacarem seus aspectos positivos, mentindo sobre suas fragilidades ou omitindo-as.

05 – Em que contexto deve ser entendido o pedido “me adiciona”?

      Nas redes sociais, adicionar significa aceitar o outro como parte de seus contatos; o cronista quer ser “adicionado” por Álvaro porque compartilha sua visão de mundo.

06 – A palavra humblebragging não pertence à língua portuguesa. Quais outros termos também são estrangeirismos? A presença deles no código usado para a transmissão da mensagem a prejudica? Por quê?

      São citados post, timeline e os nomes próprios Facebook e Youtube. Embora não façam parte da língua portuguesa, em geral não prejudicam a comunicação por terem um uso já popular. O termo humblebragging, único possivelmente desconhecido, é explicado pelo autor.

07 – Compare a formação das palavras humblebragging e elogio-bumerangue. Os dois substantivos compostos foram formados com a junção de dois termos. Que relação existe entre as duas palavras que formam cada um dos termos?

      As palavras formadoras de humblebragging – humble (“humilde”) e bragging (“gabação”) – têm uma relação antitética, isto é, são opostas. Em elogio-bumerangue há uma relação de especificação: bumerangue, uma peça de arremesso que retorna ao lançador, qualifica elogio.

08 – A intertextualidade e a citação de termos estrangeiros são empregadas como argumentos no último parágrafo da crônica. Que ideia elas provam? Que efeito essa ideia provoca na crônica?

      As palavras provam que o cronista também procura criar uma imagem positiva de si mesmo, o que cria um efeito de humor, já que esse era o alvo da crítica.

ARTIGO DE OPINIÃO: PASSAGEM PELA ADOLESCÊNCIA - FRAGMENTO - ROSELY SAYÃO - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Passagem pela adolescência – Fragmento

                             Rosely Sayão

        [...].

        E com quem os adolescentes contam para conversar?

        Eles precisam, nessa época de passagem para a vida adulta, de pessoas dispostas a assumir o lugar da maturidade e da experiência com olhar crítico sobre as questões existenciais e da vida em sociedade para estabelecer com eles um diálogo interrogador. Várias pesquisas já mostraram que os jovens dão grande valor aos pais e aos professores em suas vidas. Entretanto, parece que estamos muito mais comprometidos com a juventude do que eles mesmos.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbvFZYz0lCh0RXGe6aZNVt7saljus8Gb8bCzr6KW4KvaaycBfyQqGXujhmXBdg3Dw6u1Ox3f9i2BKQWpPDBnHvpuO0FlHpiuduXBKFge9IFKICs_R4VGX_0eoyi0ZxcTv28c5Qr08Kr2LHU1Qq43eNNJE8rajhfyvGlQDJ4neCId2T73kabTQALUqT6Hs/s320/ADOLESCENTE.png


        Quem leva a sério questões importantes para eles em temas como política, sexualidade, drogas, ética, depressão e suicídio, vida em família, vida escolar, violência, relações amorosas e fidelidade, racismo, trabalho etc.? Quando digo levar a sério me refiro a considerar o que eles dizem e dialogar com propriedade, e não com moralismo ou com excesso de jovialidade. E, desse mal, padecem muitos pais e professores que com eles convivem.

        [...].

ROSELY SAYÃO. Passagem pela adolescência. Publicado em: 1° mar. 2008. Disponível em: http://cronicasbrasil.blogspot.com.br/search/label/Rosely%20Say%C3%A3o. Acesso em: 19 ago. 2015. (Fragmento).

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 286.

Entendendo o Artigo de opinião:

01 – O texto tem um leitor ou receptor preferencial. Qual é ele?

      O público adulto, sobretudo pais e professores que lidam com adolescentes.

02 – Qual é o referente, isto é, o assunto desse texto?

      A comunicação com adolescentes.

03 – Como é próprio do gênero artigo de opinião, esse texto coloca em destaque as funções emotiva e conativa. Explique como elas aparecem.

      A função emotiva aparece com a expressão da opinião da produtora do texto, e a conativa, com a intenção de convencer o interlocutor a aceita-la.

04 – A reflexão proposta no texto está centrada na oposição entre maturidade e juventude. Esse contraste está sendo aplicado para fazer referência aos adultos e aos adolescentes, respectivamente? Explique.

      Não. O texto critica o fato de que os adultos, que deveriam ser maduros, por vezes comportam-se como jovens quando precisam se comunicar com os adolescentes.

 

REPORTAGEM: A VERDADE POR TRÁS DE 7 EXPRESSÕES POPULARES - LÍVIA AGUIAR (FRAG.ADAPT.) - COM GABARITO

 Reportagem: A verdade por trás de 7 expressões populares

                      Por Livia Aguiar – Fragmento adaptado

Por um fio

        Ainda que a espessura de um fio de cabelo varie de pessoa para pessoa, a média é de 0.053 cm! Ou seja, se “a lâmina da faca te errou por um fio”, considere-se uma pessoa muito, mas muito sortuda!

Em um piscar de olhos

        Uma piscadela dura, em média, 0,1 segundos.

        [...]

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEii_442Z9kVyfH7Ycxy8W48N6leKrFW9-WnHjTGOj3WayZrDmlxXdtszOIXd0973ZFuiYq04SkkZdYYYNkNE3nFJXKccqH52fjScoi74K0z_ASVhR74VnLgVZiP2gewrFR6jFCSCa_y0LfJ6i1z56JYp_8BwfZQbi0kg0_B4XayFT2xZN3mEVIZbZKasuA/s320/CHUVA.jpg 


Comer como um cavalo

        Provado está que um cavalo de 500 quilos come, em média, 6 quilos de feno e 4 quilos de grãos por dia, ou seja: 1/50 de seu peso diariamente, 7 vezes o próprio peso a cada ano. Isso não é nada se compararmos aos pássaros, que consomem mais de 90 vezes o próprio quilo por ano! Ou seja: o passarinho ganha, na proporção. O cavalo, na quantidade.

        [...]

AGUIAR, Lívia. Publicado em: 23 ago. 2011. Disponível em: http://super.abril.com.br/blogs/superlistas/a-verdade-por-tras-de-7-expressoes-populares. Acesso em: 18 ago. 2015. Fragmento adaptado.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 284.

Entendendo a reportagem:

01 – Que estratégia foi empregada para explicar o sentido das expressões populares?

      As explicações são justificadas por informações mensuráveis, bastante objetivas.

02 – Relacione essa estratégia ao tipo de revista que publicou o texto?

      A revista tem como conteúdo central curiosidades científicas, por isso usou justificativas relativas a experiências verificáveis.

03 – Porque o uso da pontuação indica a presença da função emotiva nessa matéria?

      O ponto de exclamação foi empregado para sugerir que os dados são surpreendentes, evidenciando a reação pessoal do produtor do texto.

04 – Qual é a finalidade da expressão, ou seja, empregada pelo produtor do texto duas vezes?

      Essa expressão introduz informações que explicam melhor afirmações ou dados já apresentados.

05 – O uso de tal expressão revela a orientação da mensagem para qual elemento do discurso? Justifique.​

      Há uma orientação para o código, já que a mensagem receberá uma segunda versão, e para o receptor, que terá a oportunidade de entender melhor o que foi enunciado.

REPORTAGEM: ADVOGADO ESPALHA FAIXAS EM MARINGÁ PARA COMBATER VÍCIOS DE LINGUAGEM - BRUNA SOUZA CRUZ - COM GABARITO

 Reportagem: Advogado espalha faixas em Maringá para combater vícios de linguagem

        Algumas ideias aparecem repentinamente, sem você esperar por elas. Foi assim que a proposta de corrigir vícios de linguagem por meio de faixas espalhadas nos semáforos de Maringá (PR) surgiu, conta o advogado Lutero de Paiva Pereira.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgW9wq9Tr3rZTZ85V3bfblvdVQmhqRXVWd_1LSJORUCQ3PJIlp0xRY1ZJ4z9lfeSbd6GsweU7eieN8zge0GQytag1NPTPVPw8-Iz0TzshNhNNwYjvUfHt4oVFx8h5kAQVzYEAMwXg_NGsSMk7ltkh_2mpWxaM_o3WvdsyT0qZ7WvL3RMZ6ZiBwO_IjPRa0/s1600/MARINGA.jpg


        A iniciativa surgiu enquanto Pereira jogava uma partida de golfe. "[O golfe] é um esporte que possibilita alguns momentos de reflexão. Em um deles [dos jogos] fiquei pensando nos vícios de linguagem que existem no ambiente do jogo. Voltei pra casa e pensei mais sobre os vícios que estão presentes em nossa realidade", explica o advogado. "Logo tive a ideia. Conversei com um companheiro de equipe da minha empresa e em uma semana já estava circulando a primeira faixa com correções de algumas palavras”

        O objetivo do projeto Sinal do Saber, segundo o autor, é contribuir com o “desenvolvimento cultural da cidade”.

        Cruzamentos

        “Por que não usar o semáforo para divulgar o conhecimento melhor da nossa gramática?", diz o idealizador da iniciativa que faz parte das ruas da cidade desde julho deste ano. “O sinaleiro é utilizado muito por artistas para suas artes.”

        O critério para a escolha dos semáforos é o fluxo de pessoas, explica o também advogado Tobias Marini de Salles Luz, que ajuda a coordenar o projeto. "Fazemos um rodízio entre os principais cruzamentos da cidade. A divulgação varia entre 4h e 8h por dia, dependendo da data e da ocasião, como promoções no comércio, feriados, etc.", conclui.

        Depois de exibidas nos semáforos, as faixas são expostas em parques e praças da cidade. O conteúdo delas é feito exclusivamente por Pereira. "Mas eu não me valho apenas dos meus conhecimentos. Consulto a gramática já produzida e também alguns sites especializados", diz o autor do projeto.

        "A iniciativa está sendo bem aceita pela população. Já temos 12 faixas espalhadas pela cidade, mas não quero só ficar nos vícios de linguagem. O próximo passo será espalhar também conteúdos com informações etimológicas das palavras, contextos históricos, geopolíticos", destaca Pereira

        De acordo com o idealizador, outras cidades já mostraram interesse em replicar a ideia, como Curitiba (PR), Cuiabá (MT) e Presidente Prudente (SP).

        "É muito bom ver outras cidades interessadas, mas acredito que a produção intelectual do projeto deva ser centralizada aqui em Maringá. Assim fica mais fácil manter um padrão de qualidade no conteúdo, pois não é qualquer palavra que devemos veicular", ressalta Pereira. "De qualquer forma, queremos o maior número de apoiadores para que possamos dar passos em direção ao maior desenvolvimento possível."

        Apoiadores

        O projeto é desenvolvido com a ajuda dos chamados apoiadores culturais, empresas que doam em média R$ 500 reais para a confecção de uma faixa e para o pagamento do funcionário que irá expor as informações no farol. Em troca, o empresário tem direito a ter sua logomarca exibida na faixa produzida.

        "Caso a empresa queira expor sua marca com exclusividade, aí precisamos fazer alguns cálculos para mencionar o valor de apoio", acrescenta o autor da proposta.

        A ideia de corrigir os vícios mais comuns de linguagem está sendo bem aceita pelos empresários da cidade, segundo Pereira. "Bem no começo do projeto eu estava em um jantar e oito entre dez representantes de empresas que estavam lá aceitaram apoiar financeiramente a iniciativa", conta Pereira.

        O projeto não se restringe a faixas espalhadas nos semáforos. Folhetos nos elevadores e no canteiro de obras de uma empresa de engenharia são alguns exemplos de como a iniciativa está sendo adaptada.

        Em uma empresa do ramo da construção civil, por exemplo, Pereira procurou usar a linguagem do próprio ambiente de trabalho deles para facilitar a compreensão.

SOUZA CRUZ, Bruna. Publicado em: 25 set. 2013. Atualizado em: 26 set. 2013. Disponível em: http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/09/25/advogado-espalha-faixas-em-maringa-para-combater-vicios-de-linguagem.htm#fotoNav=3. Acesso em: 29 jul. 2015.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 272-273.

Entendendo a reportagem:

01 – Como surgiu a ideia de espalhar faixas em Maringá para combater vícios de linguagem?

      A ideia surgiu durante uma partida de golfe do advogado Lutero de Paiva Pereira, que refletiu sobre os vícios de linguagem presentes no ambiente do jogo e, posteriormente, na sociedade em geral.

02 – Qual é o objetivo do projeto Sinal do Saber?

      O objetivo do projeto é contribuir com o desenvolvimento cultural da cidade de Maringá, divulgando conhecimentos gramaticais através de faixas nos semáforos.

03 – Como são escolhidos os locais para a colocação das faixas?

      Os locais são escolhidos com base no fluxo de pessoas nos cruzamentos. Há um rodízio entre os principais cruzamentos da cidade, e a divulgação varia de 4 a 8 horas por dia, dependendo da data e da ocasião.

04 – Quem é responsável pelo conteúdo das faixas?

      O conteúdo das faixas é elaborado exclusivamente por Lutero de Paiva Pereira, que consulta gramáticas e sites especializados para garantir a precisão das informações.

05 – Qual é a reação da população de Maringá ao projeto?

      A iniciativa está sendo bem aceita pela população, com 12 faixas já espalhadas pela cidade, e outras cidades demonstrando interesse em replicar a ideia.

06 – Quais são os planos futuros para o projeto Sinal do Saber?

      Além de continuar corrigindo vícios de linguagem, o projeto planeja incluir conteúdos sobre etimologia das palavras, contextos históricos e geopolíticos.

07 – Como o projeto é financiado?

      O projeto é financiado por apoiadores culturais, empresas que doam em média R$ 500 para a confecção das faixas e pagamento do funcionário que expõe as informações. Em troca, as empresas têm sua logomarca exibida nas faixas.

08 – Que outros métodos de divulgação, além das faixas nos semáforos, são utilizados pelo projeto?

      Além das faixas, o projeto também utiliza folhetos nos elevadores e no canteiro de obras de empresas de engenharia, adaptando a linguagem ao ambiente de trabalho específico.

09 – Por que Pereira acredita que a produção intelectual do projeto deve ser centralizada em Maringá?

      Pereira acredita que centralizar a produção em Maringá facilita a manutenção de um padrão de qualidade no conteúdo, evitando a divulgação de qualquer palavra sem a devida avaliação.

10 – Qual foi a resposta dos empresários de Maringá ao projeto?

      Os empresários de Maringá têm aceitado bem a ideia, com muitos demonstrando interesse em apoiar financeiramente a iniciativa desde o início do projeto.

 

domingo, 26 de maio de 2024

MÚSICA(ATIVIDADES): CANTE LÁ, QUE EU CANTO CÁ (FRAGMENTO) - PATATIVA DO ASSARÉ - COM GABARITO

 Música(Atividades): Cante Lá, Que Eu Canto CáFragmento

             Patativa do Assaré

Poeta, cantô de rua,
Que na cidade nasceu,
Cante a cidade que é sua,
Que eu canto o sertão que é meu.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpQV-e7rxQ0jgPEyknOz2fzyrLMShSqfoix8CSNvKt8Ptk_8wVIYoqdwoJDAq-gl197DRHQAP2BknUdr83RgLu2f-XYyH_tqXZDek1rxlNVnqmX08GlZbyV8El03Wtj5TfOrhfvDGbqlOhLsn3VpRWdr5xrsOpSH-R-JctHn-YTiQkzaGfB0P4wgz8Xmg/s320/PATATIVA.jpg


Se aí você teve estudo,
Aqui, Deus me ensinou tudo,
Sem de livro precisa
Por favô, não mexa aqui,
Que eu também não mexo aí,
Cante lá, que eu canto cá.

[...]

Você teve inducação,
Aprendeu munta ciença,
Mas das coisa do sertão
Não tem boa esperiencia.
Nunca fez uma paioça,
Nunca trabaiou na roça,
Não pode conhecê bem,
Pois nesta penosa vida,

Só quem provou da comida
Sabe o gosto que ela tem.

[...]

ASSARÉ, Patativa do. Cante lá, que eu canto cá. Rio de Janeiro: Vozes, 1978. Fragmento.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 267-268.

Entendendo a música:

01 – O poema é construído sobre uma antítese, isto é, uma relação entre ideias contrastantes. Que elementos são colocados em oposição? Como eles se caracterizam?

      O poema opõe o poeta da cidade, que recebeu educação formal, e o poeta do sertão, que aprendeu com a experiência e, portanto, é mais capacitado para cantar a vida rural. 

02 – A linguagem evidencia marcas de uma variedade linguística regional brasileira. Qual?

      A variedade regional dos grupos que habitam o sertão nordestino brasileiro.

03 – Analise e compare as formas paioça e trabaiou, que aparecem no poema, com as formas palhoça e trabalhou. Que diferença você observa em relação à grafia e à pronúncia entre os dois pares de palavras?

      O dígrafo lh das formas palhoça e trabalhou foi trocado pela semivogal i nas formas paioça e trabaiou, o que fez mudar também a pronúncia das palavras.

04 – Essa diferença na grafia das palavras alterou o número de letras e de fonemas em cada uma delas? Explique.

      O número de fonemas se manteve em cada palavra, já que o dígrafo lh representa um único som, mas houve redução no número de letras.

05 – Observe como foram escritas as palavras cantô, precisá, favô e conhecê. Que letra foi suprimida em todas elas?

      Foi a letra “r”.

06 – Os acentos circunflexos foram colocados nessas palavras por razões relativas à modalidade oral ou escrita? Explique o que você entendeu a respeito disso.

      Á modalidade escrita. Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Os acentos foram colocados porque, com a supressão do r, as palavras, que já eram oxítonas, passaram a terminar em a, e e o.  

 

MÚSICA(ATIVIDADES): JUÇARA - PAULO PADILHA - COM GABARITO

 Música(Atividades): Juçara

             Paulo Padilha

Juçara sara, que o pessoal repara
Todo mundo tá querendo ver a Juçara sarar
Juçara jura que essa gripe não tem cura
Juçara menina pura, Juçarinha sara, cura
Será que Ju sarará

Tá jururu Juju

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjH6D78SGruU0hS2v155esDjX-i1SG-AT6ncx-HsJlQsrKQVY6SqeIjPD2d3HuE_G6JcGsytuuDBy_hwPXd6L_kU5KqjKajZtlBfT_E9vl0hlWUpSVtWII7BfIQopcmW8oq1i8JTgSifhPYg1DdyQajoFbjcvcPb5iJC6ClOJqk0QYp_8qZ75UZVFGgD3I/s320/baile-do-padilha.jpg

Que tá na cara, Juçara, o pessoal repara
Geralmente a gripe sara na hora de namorar
Juçara sara, Juçara, Juçara cura
Juçara menina pura, jura Çara, sara jura,
Jura que Ju sarará

Tá jururu Juju

Juçara
Sara Juçara que eu te pego no metrô do Jabaquara
Jura, sara, sai da cama e vem cantar
Juçara
Juçara canta e os seus males espanta
Juçara cura a garganta, Juçara Juju levanta
Que o show vai começar

Saracoteia Juçara
Saracoteia que sar
Juçara agora resolveu me dar o fora
Juçara tá indo embora, Juçara não quer cantar
Na cara dura, Juçara menina pura
Juçara, juçara santa já se curou da garganta
Agora Juçara canta mas só pensa em namorar

Caramba Juçara, para de paquerar
Caramba, Juçara, que o show vai começar

Jurubatuba, jurubeba, jerimum, girabrequim
Jerusalém, jacarandá, jacurici
Juçara, Jacira, Jacinto, Jacy
Jerônimo, Geraldo, Jeremias, Juraci...

 

Composição: Paulo Padilha. Disponível em: http://letras.mus.br/paulo-padilha/375788. Acesso em: 13 ago. 2015.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 269-270.

Entendendo a música:

01 – O que o eu lírico pede a Juçara? E qual aa explicação da moça para não o atender?

      O eu lírico pede a Juçara que volte a cantar com ele, mas ela alega que está doente.

02 – É possível identificar outra razão para o comportamento de Juçara? Qual?

      Sim. A moça seria namoradeira e pouco comprometida com as obrigações.

03 – Descreva como o compositor explora as sílabas do nome da personagem no primeiro e no terceiro versos da canção.

      No primeiro verso, explora a igualdade sonora das sílabas ça e ra com a forma do verbo sarar, além de estabelecer uma equivalência sonora (rima interna) de Juçara com repara. No terceiro, aproveita as sílabas ju e ra para introduzir a forma verbal jura, que cria uma rima interna com cura.

04 – Explique como se produzem os efeitos sonoros do verso “Será que Ju sarará”.

      O produtor do texto usa a primeira sílaba do nome Juçara como apelido e transforma as duas últimas na terceira pessoa do singular do verbo sarar no futuro do presente. Essa forma retoma, parcialmente, a palavra será, que abre o verso.

05 – O verso “Tá jururu Juju” é usado como refrão. O que significa? De que figura de linguagem ele faz uso?

      Significa que Juju (Juçara) está triste, desanimada, sem forças. Faz uso de uma assonância.

06 – As duas últimas palavras do verso “Juçara sara, Juçara, Juçara cura” sugerem, pela identidade do som, outra palavra da língua. Qual é ela? Explique como seu significado se articula com o sentido da canção.

      “Juçara cura” sugere a palavra saracura, usada para referir-se a uma “diversão muito intensa” ou a um ato de travessura, ações que podem ser associadas à namoradeira Juçara.

07 – O fonema /a/ predomina na canção, mas ocorre também a exploração enfática de dois outros sons vocálicos. Quais são eles?

      O fonema /u/, de Juçara, que aparece por exemplo em cura, jura e pura, e o fonema /ã/, presente em canta, garganta, espanta, caramba e levanta.

08 – A última estrofe se encaixa na canção pelo aspecto sonoro. Use seus conhecimentos a respeito de fonemas para explicar isso.

      A última estrofe pode ser considerada uma brincadeira sonora estimulada pelo nome Juçara; por isso, nela são apresentados outros nomes próprios, todos deles iniciados pelo fonema /3/, representado pelas letras j ou g.

09 – Além da temática popular, a canção se vale de palavras e expressões típicas da linguagem informal. Cite algumas delas.

      Poderiam ser citadas tá na cara, jururu, dar o fora, caramba.

sábado, 25 de maio de 2024

CONTO: CURSO SUPERIOR - MARCELINO FREIRE - COM GABARITO

 Conto: Curso Superior

           Marcelino Freire

        O meu medo é entrar na faculdade e tirar zero eu que nunca fui bom de matemática fraco no inglês eu que nunca gostei de química geografia e português o que é que eu faço agora hein mãe não sei.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOKEZ-Mrexo7NM1rFl2YltVY4spyhNaxzur8d0L3RWlf9f_NCJnnAS7gghrF6OJpXfn4auKrtQ7tlCxmHN3Kyr6vn4Ua61Q96Ga7xeLQJKH8q4i8ZvoQKD8Bk-vbDryCHghBuYqmun6leEi2d0a3GbQXHdjXIK-TVPxX43e4grR-DB-bVv5317xH5SAac/s1600/FACULDADE.jpg

        O meu medo é o preconceito e o professor ficar me perguntando o tempo inteiro por que eu não passei por que eu não passei por que eu não passei por que fiquei olhando aquela loira gostosa o que é que eu faço se ela me der bola hein mãe não sei.

        O meu medo é a loira gostosa ficar grávida e eu não sei como a senhora vai receber a loira gostosa lá em casa se a senhora disse um dia que eu devia olhar bem para a minha cara antes de chegar aqui com uma namorada hein mãe não sei.

        O meu medo também é do pai da loira gostosa e da mãe da loira gostosa e do irmão da loira gostosa no dia em que a loira gostosa me apresentar para a família como o homem da sua vida será que é verdade será que isso é felicidade hein mãe não sei.

        O meu medo é a situação piorar e eu não conseguir arranjar emprego nem de faxineiro nem de porteiro nem de ajudante de pedreiro e o pessoal dizer que o governo já fez o que pôde já pôde o que fez já deu a sua cota de participação hein mãe não sei.

        O meu medo é que mesmo com diploma debaixo do braço andando por aí desiludido e desempregado o policial me olhe de cara feia e eu acabe fazendo uma burrice sei lá uma besteira será que vou ter direito a uma cela especial hein mãe não sei.

FREIRE, Marcelino. Curso superior. Contos negreiros. Rio de Janeiro: Record, 2005. p. 97.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 209-210.

Entendendo o conto:

01 – Explique por que o narrador-personagem teme fracassar no curso universitário.

      Ele acredita ter tido uma formação ruim em várias disciplinas.

02 – Como é possível ao leitor construir a personalidade do personagem?

      A personalidade do personagem é construída com base nas imagens que visualizamos no decorrer de sua vida.

03 – Cursar a universidade incluiria o personagem em um ambiente distinto daquele em que vive, possibilitando a ele estabelecer outras relações sociais. Que efeito tem no texto a imagem da “loira gostosa” em relação à dificuldade de inclusão do personagem nesse novo ambiente?

      Na lógica do conto, a figura da “loira gostosa” contrasta com a do personagem, e um relacionamento amoroso com ela provocaria reações negativas tanto do grupo social da moça quanto do dele, uma vez que se pressupõe um olhar preconceituoso das pessoas diante de relacionamentos multiétnicos.

04 – O medo do personagem se estende para o período posterior à formatura. O que o aflige?

      O fato de, na opinião dele, o diploma não ser suficiente para obter um emprego e o respeito dos demais grupos sociais.

05 – Em geral, os contos apresentam uma situação inicial que é desequilibrada, por exemplo, por um fato.

a)   Qual é a situação inicial nesse conto? Ela está explícita?

A situação inicial, que não está explícita mas pode ser deduzida do contexto, é a de um jovem que está concluído a educação básica e pode ter acesso ao curso superior graças à política de cotas.

b)   O que desestabiliza a situação inicial?

A possibilidade de entrada no curso superior, a reflexão sobre as dificuldades que o personagem enfrentará e as dúvidas sobre o resultado do processo.

c)   Os vários conflitos imaginados pelo personagem são sintomas de um conflito maior. Qual?

O conflito entre o jovem negro e a sociedade preconceituosa.