domingo, 26 de junho de 2022

SONETO: CLEPSIDRA - CAMILO PESSANHA - COM GABARITO

 Soneto: Clepsidra    

              Camilo Pessanha

Imagens que passais pela retina

Dos meus olhos, porque não vos fixais?

Que passais como a água cristalina

Por uma fonte para nunca mais!...

 

Ou para o lago escuro onde termina

Vosso curso, silente de juncais,

E o vago medo angustioso domina, ­

Porque ides sem mim, não me levais?

 

Sem vós o que são os meus olhos abertos? ­

-- O espelho inútil, meus olhos pagãos!

Aridez de sucessivos desertos...

 

Fica sequer, sombra das minhas mãos,

Flexão casual de meus dedos incertos, ­

-- Estranha sombra em movimentos vãos.

PESSANHA, Camilo. Clepsidra. Instituto português do livro e da leitura. Biblioteca Ulisseia de autores portugueses, p. 59, s/d.

Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_DQsQwzQAOjYs_HuU03EruU9jK3Z5NdRAWTIM0zhx2PFx5UFI-rYbe6tJiM7ZRNp1kDMsKKtIfWBRFaiKych34cA_NHf8en0c5hwIF51RdSSsx85oPHcKunZLap_eRjbJXDUhank_msy-7yV5w75N7hKme-qImfKSgaQU_iGMrJJnll2CKA_34Hzs/s1600/LIRIOS.jpg

MONET, Claude. Water Lilies (lírios de água). 1906. 1 óleo sobre tela. The Art Institute of Chicago, Chicago.

Fonte: Língua portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição – Curitiba – 2010. p. 253-4.

Entendendo o soneto e a tela:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Silente: calado, silencioso.

·        Juncais: aglomerados de juncos, plantas.

02 – O tema do olhar é bastante explorado no poema. Selecione elementos do poema que comprovem essa afirmação.

      Há um uso de vocábulos que fazem referência direta ou indireta ao tema do olhar, como imagens retina e a reiteração do termo “olhos”.

03 – Na primeira estrofe do poema de Camilo Pessanha, há uma antítese que faz referência ao tema do poema. Identifique a antítese e o tema do poema.

      Passais/fixais. O tema do poema é a transitoriedade da vida, a passagem do tempo. Esse tema vem representado na antítese que mostra que tudo passa, nada se fixa por muito tempo, assim como ocorre com as imagens que o eu lírico vê.

04 – Ao longo do poema, o eu lírico dialoga com as imagens que vê. Que imagens são essas?

      São imagens que fazem referência à água – água cristalina, fonte, lago, curso (de rio, de água).

05 – Que relação é possível estabelecer entre o poema e a tela de Monet?

      Ambos usam a imagem da água em suas obras. Além disso, ambos trabalham a temática do olhar. No soneto, o eu lírico reflete sobre as imagens que vê, enquanto a tela de Monet expõe um olhar sobre a natureza.

06 – O fato de o poema trabalhar com a descrição de imagens contradiz a ideia simbolista de privilegiar a subjetividade e deixar a objetividade em segundo plano? Justifique sua resposta.

      Embora o poema trabalhe com a descrição de imagens, não há contradição, pois essas imagens são descritas de modo subjetivo. O uso das imagens e as perguntas que o eu lírico dirige à natureza visam ao questionamento da passagem do tempo, da vida, e não a uma representação fiel daquilo que é observado.

07 – Interprete, no contexto do poema, o sentido do verso que encerra a segunda estrofe: “—Porque ides sem mim, não me levais?” Em que tema comum ao Simbolismo esse verso se encaixa?

      O sentido do verso é a resignação do eu lírico em relação à passagem do tempo. Já que ela é inevitável, ele deseja a morte, ser levado com o curso das águas. Esse verso se encaixa na temática simbolista da “dor de existir” e do pessimismo. A morte é condição para a transcendência, para a libertação do espírito.

08 – A musicalidade é apontada como uma das características marcantes da poesia de Camilo Pessanha. No poema, os recursos usados pelo poeta para construir essa musicalidade vêm diretamente relacionados aos temas e símbolos trabalhados por ele. Identifique, no poema, exemplos de cada um dos recursos listados a seguir:

·        Rimas que confirmam o tom lamentoso do poema: fixais/mais/juncais/levais. Todas elas têm dentro de si a palavra “ais”, ou seja, fazem referência à dor.

·        Uso da aliteração do fonema /s/ para representar o fluir contínuo das águas: imagenS, paSSaiS, doS, meuS, olhoS, voS, fixaiS, criStalina, maiS, eScuro, voSSo, curSo, Silente, juncaiS, anguStioso, ideS, Sem, levaiS, vóS, São, pagãoS, arideZ, etc.

·        Palavras que contêm som abertos para representar o fluir da vida: Imagens, passais, fixais, água, mais, cristalina, levais.

·        Palavras que contêm sons fechados para representar o temor da morte: Escuro, curso, medo, angustioso, pagãos, sucessivos, sombra, vãos.

09 – O impressionismo foi um movimento artístico contemporâneo do Simbolismo. Na pintura impressionista, a pincelada solta busca representar o momento, a impressão da luz sobre a realidade apreendida pelo pintor num momento específico. Pintores como Claude Monet representaram muitas vezes suas impressões sobre a natureza a partir de símbolos. Os “lírios de água” citados no título são símbolos usuais da pureza, da inocência. A partir dessas informações responda: que atmosfera sobressai da tela de Monet?

      Uma atmosfera de tranquilidade, de encontro com a natureza, admiração por ela.

10 – A partir de sua análise do poema e da tela de Monet você diria que ocorre complementação ou contradição de ideias entre eles? Justifique sua resposta.

      Tanto se pode afirmar que há convergência, pois ambos veem na natureza o símbolo da passagem do tempo, quanto é possível afirmar que há contradição, pois o poema apresentaria uma visão pessimista sobre a passagem do tempo que a pintura não parece representar. Vale lembrar que os lírios costumam simbolizar a pureza, a inocência, a paz.

 

POEMA: PAISAGENS DE INVERNO II - CAMILO PESSANHA - COM GABARITO

 Poema: PAISAGENS DE INVERNO II

              Camilo Pessanha       

Passou o Outono já, já torna o frio...
— Outono de seu riso magoado.
Álgido Inverno! Oblíquo o sol, gelado...
— O sol, e as águas límpidas do rio.

Águas claras do rio! Águas do rio, 
Fugindo sob o meu olhar cansado, 
Para onde me levais meu vão cuidado? 
Aonde vais, meu coração vazio?

Ficai, cabelos dela, flutuando, 
E, debaixo das águas fugidias, 
Os seus olhos abertos e cismando...

Onde ides a correr, melancolias?
— E, refratadas, longamente ondeando,
As suas mãos translúcidas e frias...

Camilo Pessanha. Paisagem de inverno II. In: Clepsidra. Instituto português do livro e da leitura. Biblioteca Ulisseia de autores portugueses, p. 45, s/d.

Fonte: Língua portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição – Curitiba – 2010. p. 252-3.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tema do texto?

      A passagem do tempo e, de modo mais amplo, o envelhecimento e a morte.

02 – Quais os símbolos centrais usados no texto para trabalhar o tema? Que interpretação é possível dar a eles?

      O inverno e o rio, ou a água de forma ampla, são os símbolos centrais trabalhados no texto. Por meio deles, o eu lírico discute a passagem do tempo que conduz ao envelhecimento e à morte.

03 – Nos dois tercetos do texto, surge uma imagem feminina. O que o poema sugere que ocorreu com ela? Comprove sua resposta com elementos do próprio texto.

      O poema sugere que ela morreu, pois seus cabelos flutuam, seus olhos estão abertos e suas mãos, translúcidas e frias. Parece ser a descrição de um cadáver. Por outro lado, pode-se tomar a descrição como uma metáfora: o rio leva a lembrança da amada, que estaria “morta” para o eu lírico em sua memória e em seu coração.

04 – Após a leitura do texto, é possível apontar um diálogo intertextual? Por quê? Explique seu ponto de vista.

      Sim. Porque o texto trabalha a passagem do tempo representada a partir da imagem do escoar de águas. No poema, o rio leva a amada, morta metafórica ou literalmente.

 

MÚSICA(ATIVIDADES): CASA DE CABLOCO - CHIQUINHA GONZAGA - COM GABARITO

 Música(Atividades): Casa de Caboclo

               Chiquinha Gonzaga/Inezita Barroso

Vancê tá vendo
Essa casinha simplesinha
Toda branca de sapê?
Diz que ela véve no abandono
Não tem dono!
E se tem, ninguém não vê

Uma roseira
Cobre a banda da varanda
E num pé de cambucá
Quando o dia se alevanta
Virgem Santa!
Fica assim de sabiá!

Deixa falá
Toda essa gente maldizente
Bem que tem um moradô!
Sabe quem mora dentro dela? Zé Gazela!
O maió dos cantadô

Quando Gazela
Viu Siá Rita, tão bonita
Pôs a mão no coração
Ela pegou, não disse nada, deu risada!
Pondo os oinho no chão

E se casaro, mas um dia, que agonia!
Quando em casa ele voltou
Zé Gazela, viu Siá Rita, muito aflita
Tava lá Mané Sinhô!

Tem duas cruz
Entrelaçada bem na estrada
Escrevero por detrás:
“Numa casa de caboclo
Um é poco
Dois é bom,
Três é demais!”

Chiquinha Gonzaga / Hekel Tavares / Luiz Peixoto. Casa de sapé. Disponível em: http://www.chiquinhagonzaga.com/. Acesso em: 14 abr. 2009.

Fonte: Língua portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição – Curitiba – 2010. p. 245.

Entendendo a música:

01 – Reconte, de maneira bem sucinta, a história narrada em “Casa de caboclo”.

      “Casa de caboclo” narra a história de Zé Gazela, um cantador famoso que se casa com Siá Rita. Um dia, ao voltar para casa, ele encontra a mulher com outro homem: Mané Sinhô. Resolve, então, matar os dois. Daí os dizeres nas duas cruzes entrelaçadas na estrada: “Numa casa de caboclo / um é poco / dois é bom, três é demais!”.

02 – Qual é a variante linguística usada pelo autor da letra? Retire do texto três exemplos de desvios em relação às normas urbanas de prestígio.

      É uma variante regional. Há inúmeros exemplos de desvios em relação à variante urbana de prestígio, entre eles: vancê, véve, alevanta, ainsim, morado, maiô, etc.

03 – De acordo com o texto, que diferença se nota em relação à abordagem do tema? E em relação à linguagem?

      Em “Casa de Caboclo” é predominantemente narrativo. Enquanto a linguagem é simples e popular.

 

SONETO: OFICINA IRRITADA - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 Soneto: Oficina irritada

           Carlos Drummond de Andrade

Eu quero compor um soneto duro
como poeta algum ousara escrever.
Eu quero pintar um soneto escuro,
seco, abafado, difícil de ler.

Quero que meu soneto, no futuro,
não desperte em ninguém nenhum prazer.
E que, no seu maligno ar imaturo,
ao mesmo tempo saiba ser, não ser.

Esse meu verbo antipático e impuro
há de pungir, há de fazer sofrer,
tendão de Vênus sob o pedicuro.

Ninguém o lembrará: tiro no muro,
cão mijando no caos, enquanto Arcturo,
claro enigma, se deixa surpreender.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia poética (organizada pelo autor). Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1983. p. 178.

Fonte: Língua portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição – Curitiba – 2010. p. 242.

Entendendo o soneto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Pungir: ferir, afligir, torturar, atormentar.

·        Vênus: deusa latina da beleza e do amor.

·        Pedicuro: profissional que se dedica a cuidar dos pés.

·        Arcturo: uma das estelas mais brilhantes da constelação da Ursa Maior.

02 – Releia a primeira estrofe do texto. Quais as características do soneto que o sujeito poético afirma que quer escrever?

     Ele quer escrever um soneto “duro”, “escuro”, “seco”, “abafado” e “difícil de ler”.

03 – Tendo em vista as ideias presentes no texto, responda: a que o “ar imaturo” do soneto pretendido pelo sujeito poético do texto pode ser contraposto?

      Pode ser contraposto às ideias de equilíbrio e perfeição formal defendidas pelos parnasianos. Nesse sentido, a imaturidade do soneto descrito no texto de Drummond se afastaria do ideal parnasiano de “obra acabada”.

04 – Na última estrofe do texto, duas imagens inusitadas são usadas para metaforizar o soneto pretendido pelo sujeito poético: “Tiro no muro” e “cão mijando no caos”. Que sentidos podem ser atribuídos a elas?

      São imagens que condenam o desencanto e a irritação demonstrados pelo sujeito poético ao longo do texto. Essas imagens insólitas sugerem a transitoriedade e a precariedade da poesia.

05 – Como pode ser entendida a referência a “Arcturo”, um “claro enigma” que se deixaria surpreender na leitura do soneto?

      Como uma surpresa luminosa, uma revelação positiva, ainda que enigmática, capaz de conferir algum sentido à experiência poética. Assim, embora a literatura seja “antipática” e “impura”, possui algo de surpreendente para oferecer ao leitor.

06 – Considerando que o texto foi escrito por Drummond, poeta adepto das inovações modernistas, interprete o seu título. Por que os termos “oficina” e “irritada” foram escolhidos para nomear o soneto?

      O termo “oficina” foi escolhido provavelmente numa referência ao trabalho artesanal do poeta parnasiano, que trabalhava a palavra como se fosse um joalheiro. E o termo “irritada” diz respeito ao estado de espírito do poeta modernista, que rejeita os princípios parnasianos.

07 – É possível afirmar que o soneto apresenta proposta diversa sobre o fazer poético. Que proposta seria essa?

      O texto apresenta uma proposta moderna – e irônica – de composição poética que desvincula poesia e fruição, defende o desarranjo e o desalinho da forma e aposta na exposição das contradições que caracterizam a vida do homem moderno.

 

 

MÚSICA(ATIVIDADES): AS POMBAS - JOSÉ AFONSO - COM GABARITO

 Música(Atividades): As pombas

                José Afonso

Pombas brancas

Que voam altas

Riscando as sombras

Das nuvens largas

Lá vão

Pombas que não voltam

 

Trazem dentro

Das asas prendas,

Nos bicos rosas

Nuvens desfeitas

No mar

Pombas do meu cantar

 

Canto apenas

Lembranças várias

Vindas das sendas.

Que ninguém sabe

Onde vão

Pombas que não voltam.

AFONSO, Zeca. As pombas. Disponível em: http://letras.terra.com.br/jose-afonso/494824. Acesso em: 15 abr. 2009.

Fonte: Língua portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição – Curitiba – 2010. p. 238-9.

Entendendo a música:

01 – O texto fala do revoar de “pombas que não voltam”. Como são caracterizadas essas pombas?

      São caracterizadas como pombas brancas, que voam alto e trazem presentes dentro das asas e rosas nos bicos. São ainda caracterizadas como pombas do cantar do poeta.

02 – Releia a última estrofe do texto. A partir dela, é possível associar as pombas a sonhos? Justifique sua resposta.

      Sim. O sujeito poético diz que canta lembranças que ninguém sabe onde vão e, na sequência, afirma: “pombas que não voltam”. Considerando a caracterização positiva das pombas, é possível associar as pombas a sonhos.

03 – Sabendo que Zeca Afonso compôs canções de protesto, de denúncia das injustiças sociais e de aposta na transformação da sociedade portuguesa, formule uma interpretação para o texto.

      O texto ao falar sobre pombas que não voltam, pode estar se referindo a sonhos de mudança, de transformação, que estariam distantes de se realizar.

04 – É possível afirmar que o texto é melancólicos? Por quê?

      Sim. Porque há a ideia de sonhos que se perdem, não são realizados.

05 – De acordo com o texto, qual é o ponto de vista do uso da língua?

      A linguagem é espontânea, o vocabulário é corriqueiro e não há rimas regulares.

 

SONETO: O PIOR DOS MALES - ALBERTO DE OLIVEIRA - COM GABARITO

Soneto: O Pior dos Males

           Alberto de Oliveira

Baixando à Terra, o cofre em que guardados
Vinham os Males, indiscreta abria
Pandora. E eis deles desencadeados
À luz, o negro bando aparecia.

O Ódio, a Inveja, a Vingança, a Hipocrisia,
Todos os Vícios, todos os Pecados
Dali voaram. E desde aquele dia
Os homens se fizeram desgraçados.

Mas a Esperança, do maldito cofre
Deixara-se ficar presa no fundo,
Que é última a ficar na angústia humana…

Por que não voou também? Para quem sofre
Ela é o pior dos males que há no mundo,
Pois dentre os males é o que mais engana.

Alberto de Oliveira. In: Roteiro da poesia brasileira: “Parnasianismo” (seleção e prefácio de Sânzio de Azevedo). São Paulo: Global, 2006. p. 23.

Fonte: Língua portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição – Curitiba – 2010. p. 238.

Entendendo o soneto:

01 – É possível afirmar que o soneto apresenta grande rigor formal? Justifique sua resposta.

      Sim. Todos os versos são decassílabos (possuem dez sílabas poéticas) e o esquema de rimas é ABAB; BABA; CDE; CDE.

02 – Explique o uso de letras maiúsculas para grafar alguns dos substantivos comuns presentes no soneto.

      As letras maiúsculas são usadas para grafar os seguintes substantivos comuns: Males, Ódio, Inveja, Vingança, Hipocrisia, Vícios, Pecados e Esperança. Elas são usadas para universalizar os sentidos dos termos, sugerindo que eles são comuns a toda a humanidade.

03 – Segundo o poema, qual seria o “pior dos males"? Essa perspectiva expressa pelo poema parnasiano converge com a expressa pelo mito grego?

      Segundo o texto, o “pior dos males" seria a Esperança, porque é o que mais engana os homens. Essa perspectiva diverge do mito tradicional, que aponta a esperança como um consolo para a humanidade, sujeita a tantos males.

 

MÚSICA(ATIVIDADES): CAPITU - LUIZ TATIT - COM GABARITO

 Música(Atividades): Capitu

               Luiz Tatit

De um lado vem você com seu jeitinho
Hábil, hábil, hábil
E pronto!
Me conquista com seu dom

De outro esse seu site petulante
WWW
Ponto
Poderosa ponto com

É esse o seu modo de ser ambíguo
Sábio, sábio
E todo encanto
Canto, canto
Raposa e sereia da terra e do mar
Na tela e no ar

Você é virtualmente amada amante
Você real é ainda mais tocante
Não há quem não se encante

Um método de agir que é tão astuto
Com jeitinho alcança tudo, tudo, tudo
É só se entregar, é não resistir, é capitular

Capitu
A ressaca dos mares
A sereia do sul
Captando os olhares
Nosso totem tabu
A mulher em milhares
Capitu

No site o seu poder provoca o ócio, o ócio
Um passo para o vício, o vício
É só navegar, é só te seguir, e então naufragar

Capitu
Feminino com arte
A traição atraente
Um capítulo à parte
Quase vírus ardente
Imperando no site
Capitu.

TATIT, Luiz. Capitu. Intérprete: Luiz Tatit. In: O meio. São Paulo: Dabliú Discos, 2000, 1 CD.

Fonte: Língua portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição – Curitiba – 2010. p. 215-6.

Entendendo a música:

01 – Em seu texto, Luiz Tatit faz uma leitura bastante contemporânea desse personagem machadiano. Qual é o principal elemento da letra da canção que aponta para a “atualização” de Capitu?

      A existência de Capitu como “proprietária” de um site na internet. Assim, ela não seria mais apenas um personagem de romance, mas também um personagem virtual.

02 – Identifique, no texto, palavras ou versos que fazem referência direta ao modo como Capitu é caracterizada no romance.

      Há vários versos que caracterizam Capitu segundo a perspectiva de Bentinho expressa no romance. Alguns deles são: “modo de ser ambíguo”, “com jeitinho alcança tudo”, “captando os olhares”, “Feminino com arte” e “a traição atraente”.

03 – Segundo a letra da canção, qual seria o endereço eletrônico de Capitu?

      Seria www.poderosa.com.

04 – Explique a ambiguidade presente no verso “Você real é ainda mais tocante”.

      A ambiguidade do verso se constrói em função da polissemia do termo “tocante”. Assim, segundo o texto, o personagem “real” seria mais tocante-possível de ser tocada e/ou mais comovente, envolvente.

05 – Localize os versos que fazem referência aos “olhos de ressaca” do personagem.

      São eles: “Capitu / A ressaca dos mares / A sereia do sul / Captando os olhares”.

06 – O texto é bastante rico em repetições, assonâncias e aliterações, que enfatizem o sentido das ideias expressas. Escolha um verso que apresenta um desses recursos sonoros e comente-o.

      Os recursos sonoros estão presentes em praticamente todos os versos. Como exemplos, podemos apontar: “Hábil, hábil, hábil”; “Amada amante”; e por fim “a traição atraente”.

07 – De que passagem do texto você mais gostou? Justifique sua resposta.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A criatividade do compositor, que foi capaz de realizar uma releitura bastante instigante do personagem Capitu.

 

ARTIGO DE OPINIÃO: BEBIDA NA ADOLESCÊNCIA - ROSELY SAYÃO - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Bebida na adolescência

                             ROSELY SAYÃO

        [...]

        OS MESMOS PAIS QUE ENSINAM O FILHO A BEBER NÃO O ENSINAM SOBRE OS CUIDADOS QUE PODEM REDUZIR SEUS EFEITOS

        Pesquisas recentes constatam que o álcool é a droga mais usada por adolescentes. O pior é que o consumo vem aumentando, principalmente entre os mais novos e as meninas: quase metade dos jovens de 12 a 17 anos já usou bebida alcoólica. Nos anos 1980, o consumo iniciava-se entre os 16 e 17 anos. Atualmente, ocorre entre os 12, 14 anos, e o uso frequente tem crescido. Por que os jovens têm bebido cada vez mais e mais cedo? Vamos levantar hipóteses e refletir a respeito a fim de nos responsabilizarmos pela questão. Em primeiro lugar, a presença de bebidas alcoólicas na vida cotidiana dos jovens é vista por eles como corriqueira e inofensiva. Muitos acham que o problema surge apenas com a ingestão em demasia, quando se tornam inconvenientes ou se aproximam do que eles chamam de "PT" (perda total) – perda dos sentidos ou coma.

        Contribuem muito para essa percepção os belos comerciais de bebidas. Mais do que um produto, vendem um estilo de vida almejado pelos jovens: beleza, alegria, popularidade, azaração, etc. Aliado a esse poderoso instrumento, surge outro muito eficaz: o aval dos pais.
Muitos adultos acreditam que oferecer bebida aos filhos em casa é uma atitude aconselhável e dão festas para os menores nas quais permitem que haja bebida, por exemplo.

        Aliás, para muitos jovens, faz parte das festas o ritual do "esquenta": antes do evento, reúnem-se em pequenos grupos para beber na casa de um deles – sei de casos, inclusive, em que os pais que recebem os amigos do filho participam do momento festivo introdutório- ou em locais públicos, com bebidas trazidas de casa ou compradas em supermercados. Aí está outro fator que leva os jovens a crerem que a ingestão de bebida alcoólica é inofensiva: apesar de sua venda ser proibida a menores de 18 anos, a lei não é respeitada. Muitos estabelecimentos comerciais – notadamente supermercados – as vendem sem pedir documentos aos jovens e muitos adultos aceitam o pedido deles para passar a bebida em sua compra. Eu já fui abordada em um supermercado por três adolescentes que pediram que eu colocasse duas garrafas de vodca em minha esteira. Diante da recusa, pediram para outra pessoa e foram atendidos.

        Os jovens bebem, entre outros motivos, porque o álcool provoca euforia, desinibição e destrava os mais tímidos. Mas, depois, afeta a coordenação motora, os reflexos e o sono, além de interferir na percepção do que o jovem considera certo e errado. Já conversei com garotas que tiveram a primeira experiência sexual sob efeito do álcool e se arrependeram. Os mesmos pais que ensinam o filho a beber não o ensinam sobre os cuidados que podem reduzir seus efeitos, como alimentar-se bem antes, não misturar diferentes tipos de bebida e ingerir muita água.

        Os menores de 18 anos sempre encontrarão maneiras de transgredir as proibições para o uso de bebida alcoólica. Entretanto, temos ajudado para que isso não seja visto por eles como transgressão. E, talvez, esse seja nosso maior equívoco.

ROSELY SAYÃO. Como Educar Meu Filho? Folha de S. Paulo, São Paulo, 16 fev. 2009. Caderno Equilíbrio.

Fonte: Língua portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição – Curitiba – 2010. p. 195-6.

Entendendo o artigo de opinião:

01 – Segundo a autora do artigo de opinião, por que muitos jovens acham que a presença do álcool em suas vidas é “corriqueira e inofensiva”? O que contribui para essa percepção?

      Porque acham que os problemas relacionados ao álcool surgem apenas com a sua ingestão exagerada, que torna as pessoas inconvenientes ou causa perda dos sentidos ou coma. Contribuem para essa percepção os comerciais de bebidas, que são muito sedutores, o aval dos próprios pais e o desrespeito à lei que proíbe a venda do produto para menores de 18 anos.

02 – Segundo o texto, que motivos levam os jovens a ingerir álcool? E quais as consequências geradas pelo consumo das bebidas alcoólicas?

      Segundo o texto, os jovens bebem, entre outros motivos, porque o álcool provoca euforia, desinibição e destrava os mais tímidos. As consequências de seu consumo são as dificuldades na coordenação motora, a diminuição dos reflexos e o sono. Além disso, a bebida interfere na percepção do que o jovem considera certo e errado.

03 – Releia com atenção o último parágrafo do texto.

a)   A quem a autora se dirige?

Aos adultos de modo geral e, especialmente, aos pais e responsáveis por jovens e adolescentes.

b)   Qual é o “recado” transmitido por ela aos seus supostos interlocutores?

A autora diz que os jovens sempre tentarão transgredir as regras para consumir bebidas alcoólicas e os adultos frequentemente não encaram essa atitude como uma transgressão. Esse seria um grave equívoco que incentivaria o seu consumo.

04 – Reflita sobre o consumo abusivo de álcool. Você já acompanhou alguma situação em que a ingestão de bebidas alcoólicas teve consequências indesejáveis? Que ações acha que devem ser realizadas para evitar o consumo irresponsável das bebidas alcoólicas?

      . Resposta pessoal do aluno. Sugestão: As ações podem ser: o cumprimento da lei, o esclarecimento sobre os danos causados pela bebida, o fim das propagandas de bebidas na televisão, etc.

POEMA: O SENTIMENTO DUM OCIDENTAL - I - AVE MARIA - CESÁRIO VERDE - COM GABARITO

 Poema: O Sentimento dum Ocidental – I – Ave Maria


Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.

O céu parece baixo e de neblina,
O gás extravasado enjoa-me, perturba-me;
E os edifícios, com as chaminés, e a turba
Toldam-se duma cor monótona e londrina.

Batem os carros de aluguer, ao fundo,
Levando à via-férrea os que se vão. Felizes!
Ocorrem-me em revista, exposições, países:
Madrid, Paris, Berlim, Sam Petersburgo, o mundo!

Semelham-se a gaiolas, com viveiros,
As edificações somente emadeiradas:
Como morcegos, ao cair das badaladas,
Saltam de viga em viga, os mestres carpinteiros.

Voltam os calafates, aos magotes,
De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos,
Embrenho-me a cismar, por boqueirões, por becos,
Ou erro pelos cais a que se atracam botes.

E evoco, então, as crónicas navais:
Mouros, baixeis, heróis, tudo ressuscitado
Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado!
Singram soberbas naus que eu não verei jamais!

E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!
De um couraçado inglês vogam os escaleres;
E em terra num tinido de louças e talheres
Flamejam, ao jantar, alguns hotéis da moda.

Num trem de praça arengam dois dentistas;
Um trôpego arlequim braceja numas andas;
Os querubins do lar flutuam nas varandas;
Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!

Vazam-se os arsenais e as oficinas;
Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras;
E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,
Correndo com firmeza, assomam as varinas.

Vêm sacudindo as ancas opulentas!
Seus troncos varonis recordam-me pilastras;
E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Os filhos que depois naufragam nas tormentas.

Descalças! Nas descargas de carvão,
Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;
E apinham-se num bairro aonde miam gatas,
E o peixe podre gera os focos de infecção!

VERDE, Cesário. O sentimento dum ocidental. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000070.pdf. Acesso em: 15 jul. 2009.

Fonte: Língua portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição – Curitiba – 2010. p. 158-9.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Turba: multidão.

·        Toldam-se: tornam-se escuros; obscurecem, obumbram.

·        Calafates: operários especializados em calafetação (vedação) de tonéis, pisos, telhados, fundos de navios, etc.

·        Aos magotes: aos montes, aos grupos.

·        Enfarruscados: sujos de carvão, de fuligem.

·        Baixeis: barcos de grande porte.

·        Singram: velejam, navegam.

·        Couraçado: navio de combate.

·        Vogam: deslocam-se; navegam.

·        Escaleres: embarcações pequenas.

·        Varinas: vendedoras ambulantes de peixe.

·        Canastras: cestas de madeira.

02 – Releia a primeira estrofe. Que sentimentos o anoitecer provoca no sujeito poético?

      Segundo o sujeito poético, o anoitecer, com sua atmosfera soturna (triste, sombria) e melancólica, desperta nele um “absurdo” (enorme) desejo de sofrer.

03 – Na segunda estrofe, há uma referência a Londres (“cor londrina)”. Em sua opinião, por que isso acontece?

      Para enfatizar a urbanização acelerada da cidade de Lisboa, centro da revolução industrial, é uma cidade paradigmática no que diz respeito ao crescimento urbano desordenado e às suas consequências, como a miséria e a criminalidade.

04 – Na quarta estrofe, as “edificações” e os “mestres carpinteiros” são comparados a quê?

      As edificações (“somente emadeiradas”, ou seja, em processo de construção) são comparadas a gaiolas com viveiros, e os “mestres carpinteiros” são comparados a morcegos, que saltam de viga em viga.

05 – Na sexta estrofe, faz-se alusão a um episódio da história literária portuguesa. Qual é ele?

      O episódio em que Camões, durante um naufrágio, teria se lançado ao mar para salvar o seu poema “Os lusíadas”. Segundo consta, o poeta português teria preferido salvar a obra a salvar sua namorada, Dinamene.

06 – Justifique a afirmação expressa no verso: “E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!”

      O final da tarde é fonte de inspiração para o sujeito poético, que escreve sobre esse momento do dia. Entretanto, a sensação que ele tem é de incômodo, já que a observação do movimento da cidade, nessa hora, descortina um cotidiano monótono e miserável.

07 – Na penúltima estrofe, o eu poético afirma que algumas vendedoras de peixe embalam seus filhos em canastras que levam na cabeça – os mesmos “filhos que depois naufragam nas tormentas”. A ideia desse verso revela uma visão positiva ou negativa a respeito do futuro?

      A ideia de que os filhos embalados pelas mães irão naufragar em tormentas (tempestades) revela uma visão negativa, desesperançosa, em relação ao futuro. Os versos sugerem que o esforço das mães par cuidar de seus filhos é inútil, pois o destino deles não é promissor.

08 – Relacione o último verso do fragmento – “E o peixe podre gera os focos de infecção!” – aos temas recorrentes da literatura realista-naturalista.

      A referência aos peixes podres remete à miséria e à degradação urbana, e a ideia de que esses mesmos peixes geram focos de infecção está relacionada à perspectiva cientificista, cara aos escritores realistas-naturalistas, preocupados em detectar patologias (doenças) físicas e psicológicas.

09 – O poema apresenta fortes traços narrativos. Considerando essa afirmação, responda:

a)   Qual é o espaço privilegiado no texto?

O espaço privilegiado é o espaço público da cidade de Lisboa: ruas, praças e o cais, por onde transitam as pessoas. O mar é uma presença forte na paisagem urbana lisboeta. A referência às “crônicas navais”, por exemplo, remete às grandes navegações portuguesas.

b)   Que personagens se movem nesse espaço?

O sujeito poético focaliza principalmente os operários e trabalhadores pobres que transitam pelas ruas no fim da tarde.

c)   É possível afirmar que o sujeito poético, que capta as imagens da cidade em movimento, também está em movimento? Justifique sua resposta com versos do poema.

Sim. O sujeito poético parece circular pela cidade de Lisboa e registrar as imagens que vê: “Embrenho-me a cismar, por boqueirões, por becos, / Ou erro pelo cais a que se atracam botes”.

d)   Você acha que, ao escrever o seu poema. Cesário Verde tinha em perspectiva a inserção de Portugal e da literatura portuguesa num cenário europeu mais amplo? Para responder, considere também o título do poema.

Sim. Ao focalizar, em seu poema, os trabalhadores que circulam pela cidade de Lisboa, Cesário enfatiza a urbanização de seu país, análoga à urbanização de Paris ou Londres, por exemplo. Também o título do poema revela um posicionamento singular do sujeito poético: seus sentimentos não são apenas os de um português, mas os de um “ocidental” (naquele contexto, ser ocidental significa, sobretudo, ser europeu).

 

 

sábado, 25 de junho de 2022

CRÔNICA(FRAGMENTO): A SURDEZ DA BISAVÓ - ALICE VIEIRA - COM GABARITO

 CRÔNICA: A SURDEZ DA BISAVÓ  

                    Alice Vieira

— Vó, já são horas - diz o meu pai para a minha bisavó, depois do jantar. Mas a minha bisavó nem se mexe na cadeira.

Então a minha mãe afirma que é preciso explicar-lhe melhor as coisas. Chega perto dela e diz: — Vó, já são horas de ir para a cama.

Mas a minha bisavó, continua sem se mexer na cadeira.

 — Está cada vez mais surda, coitada - murmura meu pai.

E minha mãe insiste, mais uma vez:

— Vó, já são horas de ir para a cama porque está muito frio.

 A minha bisavó nem se mexe, os olhos colados na TV no fundo da sala. [...]

— Vó, já são horas de ir para a cama porque está muito frio e não queremos que fique gripada porque depois fica com febre e precisa tomar remédio.

A minha bisavó, nem um piu.

Até que meu pai tira a mesa e não pensa mais no assunto. E a minha mãe volta a suspirar profundamente e vai lavar a louça.

— Eu não sou surda - murmura então para mim a minha bisavó, com um sorriso no canto da boca e apontando para a televisão — mas não vou para a cama sem saber o restante. Quer dizer, sem saber se a moça loira e rica casa com o rapaz moreno e pobre.

Encosta-se na cadeira e lá fica.

Eu ia jurar que, alguns minutos depois, a ouvi roncar. Mas devia ser impressão minha.

— Vi tudo até o fim - garante-me ela no dia seguinte...

 VIEIRA, Alice. A surdez da bisavó. In: Livro com cheiro de baunilha. São Paulo: Textos Editores. 2009. p. 6-7. Fragmento.

Entendendo o texto

01. No trecho “A minha bisavó, nem um piu”, a expressão destacada significa que a bisavó

a) continuou muda.

b) dormia sem roncar.

c) estava sem se mexer.

d) ficou vendo TV.

02. Das características do gênero crônica assinale as que podemos encontrar neste texto.

a) linguagem coloquial.

b) fato cotidiano.

c) narrativa curta.

d) tempo cronológico.

e) linguagem formal.

f)  textos assinados pelo autor.

03. Qual é o assunto do texto?

       A surdez.

04. O tema do texto tem relação com a vida cotidiana?

      Sim, pois relata o comportamento das pessoas idosas.

05. Qual o tipo de narrador: narrador-personagem ou narrador-observador?

       Narrador-observador.

06. O que torna o texto engraçado?

       O fato de a bisavó ter escutado e ficado quieta, pois queria assistir um programa na TV.