domingo, 31 de outubro de 2021

DEBATE: A POSTURA DO BRASILEIRO DIANTE DAS LEIS - PARTE 1 - DIÁLOGOS NA USP - RÁDIO USP FM 93,7 (SP) - COM GABARITO

Debate: A postura do brasileiro diante das leis” – Parte 1

TRECHO 1: Corrupção, um problema complexo

        Marcello Rollemberg, jornalista e apresentador do Diálogos na USP: Professores, antes de mais nada, muito obrigado pela presença dos senhores aqui conosco. Vamos lá [...] Segundo os dados da Organização Transparência Internacional, o Brasil ocupa o 79° lugar no ranking de corrupção do mundo entre 76 países. Já o Fórum Econômico Mundial apontou o Brasil como o quarto país mais corrupto do mundo, atrás apenas do Chade, da Bolívia e da Venezuela. São números que não dá para comemorar. [...] Professor Justino, por que estamos em uma colocação tão alar mante como essa?

        Justino de Oliveira, professor de Direito Administrativo na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo: O tema realmente é bastante complexo [...] A corrupção é daqueles problemas chamados de wicked problems (problemas complexos). Nós não vamos encontrar uma única solução e rápida para resolvermos. Então esse é um primeiro ponto.

        Rollemberg: E também não há uma única justificativa, não é?

        Justino: Exato. Ela é multifatorial. As causas da corrupção são várias. Então esse é um primeiro ponto. Segundo, eu tenho sempre um pouco de cuidado para retirar consequências desses rankings. [...] mas o que eu quero dizer: é importante sabermos onde estamos em rankings mundiais, porque as organizações mundiais hoje realmente são importantes, no sentido de nos comunicar qual é a percepção de corrupção a respeito de um determinado país. E, para se chegar nesse resultado, ou vai se indagar aos cidadãos daquele país qual é a percepção que eles têm sobre o problema ou, eventualmente, de empresas e estrangeiros que têm contato com aquele país, por exemplo, na área do comércio. Então, as pesquisas são muito diferentes, as metodologias são diferentes. Agora, as causas da corrupção, elas são inúmeras... É... talvez, até porque estamos aqui na presença da professora Marilene, um ponto de partida é saber qual é o valor da intenção.

        Rollemberg: Sim, exatamente...

        Justino: A corrupção é feita por pessoas, não é? Pessoas integram instituições. Então nós vamos dizer que a corrupção é institucional; ela pode ser sistêmica, pode ser endêmica... aí ela ganha uma grande relevância, mas a intenção é da pessoa.

TRECHO 2: Questões culturais e históricas em torno da corrupção

        Rollemberg: [...] Professora, a intenção, como disse o professor Justino, é da pessoa. Onde fica o cidadão nessa história? Ou, melhor dizendo, a cidadania e a questão ética?

        Marilene Proença Rebello de Souza, professora e diretora do Instituto de Psicologia da USP: Eu diria que, também pela Psicologia, é um problema extremamente complexo, multifatorial. Eu acho que tudo isso o professor Justino colocou. Nós temos trabalhado no campo da Psicologia com duas grandes categorias:  a constituição do significado social dos nossos atos, das nossas ações, e o sentido pessoal que nós damos para esses atos e para essas ações. E o nosso sentido pessoal é constituído no significado social. Então essa relação entre a intenção... a presença da intenção... ela tem essas duas dimensões. Ela não é algo intrínseco, psíquico, internalizado pelo indivíduo, mas é algo que vai ser constituído nas relações que esse indivíduo estabelece durante toda a sua história de vida. [...] Na medida em que a gente vai crescendo, vai se desenvolvendo, nós vamos aprendendo outras formas de relação com a realidade. Por que nós vamos aprendendo? Porque nós estamos em um meio onde essas maneiras de pensar a sociedade e a cultura e as relações sociais estão postas. Então a infração, a delinquência, as saidinhas, as escapadas, nós aprendemos isso no campo social, à medida que isso também é ensinado para nós. E aí os fatores realmente são múltiplos. Como é que esse aprendizado se dá? Por que esse aprendizado se dá?

        Rollemberg: Por quê? Então vou trazer para o professor Justino... por que esse aprendizado se dá numa sociedade como a nossa, por exemplo? Quer dizer, por que... a gente pode fazer um paralelo... esse aprendizado se dá, por exemplo, na Finlândia... ou no Chade? Ou seja, depende também da sociedade, também depende do tecido social no qual nós estamos incorporados?

        Justino: Sim, mas eu queria voltar a sua pergunta... que foi o tema da cidadania.

        Rollemberg: Sim, sim. Por favor...

        Justino: Sem dúvida, as práticas de corrupção... embora hoje elas aconteçam em uma escala global e há também uma escalada das práticas de corrupção, ao mesmo tempo em que isso traz uma reação dos países, de acordos entre países, tratados e convenções para conter e combater essa corrupção. Mas a corrupção tem a ver com a cultura de cada país, ela tem a ver com a sociedade, com o perfil de sociedade de cada país. Vamos falar de Brasil. Quando a gente pensa no Brasil, qual é a nossa história? [...] Bom, de uma maneira muito sintética, nós temos um histórico – e isso faz parte da nossa história – de espoliação, de ... Aqueles que estão no poder, eles se apropriam dos recursos que seriam públicos. Há uma apropriação privada de recursos públicos.  [...] Então você tem uma trajetória de espoliação, uma trajetória de abusos, você tem uma trajetória em que há uma luta pela sobrevivência das pessoas e o Estado vai ensinando, e ensinando muito mal as pessoas, de que elas são dependentes do Estado. Elas são dependentes do governo. É aí que nós vamos formar a base, infelizmente, ainda política da sociedade brasileira: de clientelismo, de fisiologismo, de nepotismo sem limites... Esses “ismos” todos são decorrências do abuso de um exercício de poder que deveria ser contido sobretudo por quem está no poder. [...]

        Rollemberg: Nesse ponto, professora Marilene, o sem limites...  Isso é claro para o cidadão? Ou ele faz de uma maneira quase que... inconsciente... dentro da sociedade que nós vivemos?

        Marilene: É... Talvez a gente possa pensar de uma maneira naturalizada, mais do que inconsciente. Quer dizer, a gente trata isso como uma coisa natural, como uma coisa trivial. Ah, o meu colega fez, por que eu não vou fazer? Ah eu vi alguém fazendo, deu certo. Não houve nenhum tipo de questionamento a uma deter minada atitude, não é? Então o que nós vemos é uma naturalização dos processos de corrupção na sociedade. Aí esse significado social vai se transformando no sentido pessoal. E você vai tratando, introjetando aquilo como uma coisa dos seus pares. 

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Debate [2017]. Mediador: Marcello Rollemberg. 

São Paulo: Rádio USP FM 93,7 (SP). Debate promovido pelo programa Diálogos na USP com o tema “Especialistas discutem a postura do brasileiro diante das leis”. Publicado no site da emissora em 10 nov. 2017.  Disponível em:

<https://jornal.usp.br/atualidades/especialistas-discutem-postura-do-brasileiro-diante-das-leis/>. Acesso em: 16 jul. 2018. Transcrição feita para esta edição.

Fonte: Língua Portuguesa – Programa mais MT – Ensino fundamental anos finais – 9° ano – Moderna – Thaís Ginícolo Cabral. p. 278-287.

Entendendo o debate:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·                   Clientelismo: prática de troca de favores entre quem detém o poder e quem vota.

·                        Endêmico: o que é restrito a determinada região.

·        Fisiologismo: prática que visa à satisfação de interesses pessoais em detrimento do bem comum.

·        Introjetar: interiorizar algo externo como se fosse constitutivo de sua personalidade.

·                        Nepotismo: favoritismo para e com parentes.

·                      Sistêmico: o que afeta todo o sistema.

02 – Após a leitura, retome as anotações que fez previamente e comente com seus colegas e professor:

a)   As palavras que você anotou em relação ao tema do debate correspondem ao que foi discutido pelos convidados do programa Diálogos na USP?

Resposta pessoal do aluno.

b)   A leitura do debate atendeu a sua expectativa de antes da leitura? Justifique.

Resposta pessoal do aluno.

03 – Imagine que você é jornalista e tenha de escrever uma breve descrição sobre esses dois trechos do debate. Como faria essa apresentação? Escreva esse texto limitando-o a quatro linhas.

      Resposta pessoal do aluno.

04 – Leia a transcrição editada da parte em que o jornalista introduz o debate.

        “Marcello Rollemberg: Bom dia! Mesmo que em tempos politicamente conturbados o discurso anticorrupção seja pauta diária, brasileiros não avaliam como graves pequenas fraudes no cotidiano, segundo um estudo da empresa Flyfrog, especializada em pesquisa de mercado. [...] Mas afinal como o brasileiro se posiciona diante das leis? Por que alguns criticam políticos e empresários que infringem a legislação, mas são capazes de atos ilícitos, desculpando-se por serem menos graves? Justamente para entendermos como se dá a aplicação e a compreensão das leis no Brasil, o Diálogos da USP recebe agora os professores Gustavo Justino de Oliveira, professor de Direito Administrativo na Faculdade de Direito da USP [Universidade de São Paulo]. Ele é advogado, consultor jurídico e árbitro especializado em direito público e ministra curso sobre corrupção na administração pública no mestrado e doutorado na Faculdade de Direito da USP. Essa disciplina é ofertada pela primeira vez no Brasil. E a professora Marilene Proença Rebello de Souza, professora titular da Universidade de São Paulo, pesquisadora do programa de pós-graduação em Psicologia escolar e do Desenvolvimento Humano no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo e ela é também a atual diretora do Instituto de Psicologia da USP.

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Debate [2017]. Mediador: Marcello Rollemberg. São Paulo: Rádio USP FM 93,7 (SP). De bate promovido pelo programa Diálogos na USP com o tema “Especialistas discutem a postura do brasileiro diante das leis”. Publicado no site da emissora em 10 nov. 2017.  Disponível em: <https://jornal.usp.br/atualidades/especialistas-discutem-postura-do-brasileiro-diante-das-leis/>. Acesso em: 16 jul. 2018. Transcrição feita para esta edição.

a)   Com base na introdução, o que parece ter motivado a escolha do tema do debate?

O estudo da empresa Flyfrog parece ter sido o mote para o tema do debate no programa Diálogos na USP.

b)   Retome as duas perguntas feitas nesta introdução. Qual é a função das duas perguntas nesta introdução?

É apresentar o tema, norteando as questões iniciais do debate. Além disso, as perguntas evidenciam ao ouvinte/leitor a delimitação do tema, ou seja, o debate tratará da corrupção na sociedade brasileira.

Diálogos na USP

        Criado em 2016, o programa Diálogos na USP faz parte da programação da rádio universitária dessa instituição de ensino e pesquisa. O objetivo do programa é discutir temas que estão em pauta na sociedade. É comum pesquisadores da USP participarem do programa para debater temas da Ciência, do país e do mundo, oferecendo sua visão a respeito dos assuntos e propiciando a reflexão dos ouvintes. O acervo do programa pode ser encontrado na Internet.

Disponível em: <https://jornal.usp.br/tag/dialogos-na-usp/>. Acesso em: 12 jun. 2019.

c)   Nessa introdução também são apresentados, em debate, o currículo dos debatedores. Com que propósito essa forma de apresentação é feita aos ouvintes/leitores? 

Com o propósito de convencê-los de que eles são pessoas que têm formação e credibilidade para tratar do tema.

05 – Considerando os participantes do debate, responda:

a)   Qual é o papel do jornalista Marcello Rollemberg no debate?

O jornalista Marcello Rollemberg faz a moderação ou a mediação do debate.

·        O que ele propõe aos convidados?

Ele propõe questões aos convidados, determinando a vez de cada um falar. Há momentos ainda em que ele procura sintetizar a fala dos convidados.

b)   Justino de Oliveira e Marilene de Souza foram convidados a participar do programa. Que fatores profissionais justificam o convite feito a eles?

Ambos são professores da Universidade de São Paulo “a rádio pertence à instituição) onde atuam em pesquisas relacionadas ao tema que é desenvolvido no programa, embora sejam de faculdades e áreas diferentes. O professor Justino Oliveira é professor de Direito Administrativo, com pesquisas ligadas à administração pública e participação popular. Já Marilene Proença Rebello de Souza é professora de Psicologia e estuda temas ligados à Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano.

06 – No primeiro parágrafo do texto transcrito, o jornalista cita dados a respeito do tema em debate.

a)   Quais são esses dados?

São dados referentes à colocação do Brasil nos Índices Globais de Corrupção.

b)   Quais são as fontes de informação?

São a Organização Transparência Internacional e o Fórum Econômico Mundial.

c)   Por que ele menciona esses dados?

Porque quer introduzir o tema e mostrar aos ouvintes a relevância da corrupção para o debate.

d)   Como o professor Justino recebe esses dados iniciais mencionados pelo jornalista?

Ele recebe os dados com certa reserva, problematizando as metodologias dessa pesquisas e destacando que elas se referem à percepção sobre a corrupção.

e)   Você diria que o professor expõe o posicionamento sobre os dados iniciais de maneira polida?

Sim. Ele comenta “eu sempre tenho um pouco de cuidado para retirar consequências desses ranking”, empregando a expressão um pouco para modalizar seu discurso. Além disso, ele pondera os aspectos positivos e negativos desses rankings.

07 – O debate é um texto que vai se construindo coletivamente à medida que a interação avança. Por isso, há retomadas do tema, desvios em relação à pergunta proposta acréscimos. Releia os quatro primeiros parágrafos para observar esses movimentos. Então, responda:

a)   Como o professor reage à primeira pergunta do jornalista?

O professor se desvia da pergunta do apresentador. No lugar de responder diretamente à questão, destaca que o problema é complexo, deixando implícito que não há uma única causa para o país ocupar essa colocação nos índices.

b)   Por que o professor destaca duas vezes que o problema da corrupção é complexo?

Porque ele deseja que o ouvinte compreenda o quão complexo é o tema que vão discutir. Ao mesmo tempo, revela sua visão sobre o assunto ao apresentador.

c)   Por meio da segunda pergunta do jornalista, é possível afirmar que ele compreendeu o primeiro ponto colocado pelo professor? Justifique.

Sim. O apresentador compreendeu que o professor enxerga a corrupção como algo complexo, porque infere que, se não há uma única solução, também não há uma única justificativa.

08 – Leia o texto a seguir sobre o que faz um psicólogo e responda às questões:

        Saiba mais sobre o que faz um psicólogo.

        O psicólogo estuda os fenômenos psíquicos e de comportamento do ser humano por intermédio da análise de suas emoções, suas ideias e seus valores. Ele diagnostica, previne e trata doenças mentais, distúrbios emocionais e de personalidade. Ele observa e analisa as atitudes, os sentimentos e os mecanismos mentais do paciente e procura ajudá-lo a identificar as causas dos problemas e a rever comportamentos inadequados. Este profissional atua em consultórios, em hospitais e nas mais variadas instituições de saúde, contribuindo para a recuperação da saúde psicológica e física das pessoas. Em escolas, colabora na orientação educacional. É necessário registrar-se no Conselho Regional de Psicologia para exercer a profissão.

              PROFISSÕES: saúde e bem-estar. Guia do estudante e profissões: vestibular 2018. São Paulo:  Abril, [S.I.], p. 137, 2018.

a)   Com base nessa informação, qual é o papel da professora Marilene no debate?

Ela foi convidada para o debate para contribuir com seu ponto de vista a respeito da relação entre corrupção e comportamento humano.

b)   Retome o texto e transcreva o trecho em que o mediador convoca a professora Marilene para o debate.

“Agora, as causa da corrupção, elas são inúmeras... É... talvez se pudermos, porque estamos aqui na presença da professora Marilene, um ponto de partida é saber qual é o valor da intenção”.

c)   Por que ele faz menção à professora quando comenta sobre a intenção do ser humano?

Porque ele considera que a professora é, dos dois debatedores, a pessoa mais apropriada para tratar sobre o que leva alguém a ser corrupto, uma vez que é psicóloga, especialista na análise dos comportamentos e valores humanos.

d)   Levando em conta o papel que a professora desempenha no debate, em que momento ela reforça essa expectativa?

Quando ela afirma que, no campo da Psicologia, trabalha-se com duas grandes categorias: a constituição do significado social dos atos e o sentido pessoal que o ser humano dá a esses atos. Então, ela explica que uma atitude corrupta não é algo somente psíquico, como também algo relacionada à cultura e às relações sociais.

e)   Se em vez de uma psicóloga, fosse convidada uma professora de Direito, o que mudaria no debate?

Seria outro debate, com foco especial na área do Direito, Já que os dois debatedores seriam dessa mesma área.

09 – Releia o trecho a seguir e desenvolva, no caderno ou em uma folha avulsa, junto com um colega, um esquema para expor a visão da professora Marilene.

        “Marilene: [...] Nós temos trabalhado no campo da Psicologia com duas grandes categorias:  a constituição do significado social dos nossos atos, das nossas ações, e o sentido pessoal que nós damos para esses atos e para essas ações. E o nosso sentido pessoal é constituído no significado social. Então essa relação entre a intenção... a presença da intenção... ela tem essas duas dimensões. Ela não é algo intrínseco, psíquico, internalizado pelo indivíduo, mas é algo que vai ser constituído nas relações que esse indivíduo estabelece durante toda a sua história de vida. [...]”

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Debate [2017]. Mediador: Marcello Rollemberg. São Paulo: Rádio USP FM 93,7 (SP). De bate promovido pelo programa Diálogos na USP com o tema “Especialistas discutem a postura do brasileiro diante das leis”. Publicado no site da emissora em 10 nov. 2017.  Disponível em: <https://jornal.usp.br/atualidades/especialistas-discutem-postura-do-brasileiro-diante-das-leis/>. Acesso em: 16 jul. 2018. Transcrição feita para esta edição.

      Resposta pessoal do aluno.

10 – Em um debate, é importante compreender o posicionamento de cada um dos participantes. Relacione as afirmações aos nomes dos participantes.

I – Justino de Oliveira.

II – Marilene Proença Rebello de Souza

(II) Há uma naturalização do processo de corrupção na sociedade brasileira.

(I) É possível relacionar a corrupção à cultura de cada país.

(I) É fundamental compreender a história brasileira para entender as origens da corrupção.

(II) A corrupção não é algo inconsciente, mas algo que é aprendido nas relações sociais ao longo da vida.

11 – Em um debate, os participantes concordam e discordam sobre os pontos apresentados.

a)   Identifique um momento de concordância entre os dois participantes.

Os dois convidados concordam que a corrupção é um problema complexo, multifatorial, isso fica evidente nos seguintes trechos: “O tema é bastante complexo” (Justino); “Ela é multifatorial” (Justino); “Eu diria que, também pela Psicologia, é um problema complexo, multifatorial”. (Marilene).

b)   E qual é o momento de discordância entre os participantes nesse debate? Justifique.

Nos trechos selecionados para esta Leitura 1, não há discordância entre os dois debatedores. Mas há uma pequena discordância entre Marilene e o mediador, quando ela diz que é possível pensar em naturalização do processo de corrupção, mas não em algo inconsciente.

12 – Observe o modo como o jornalista se dirige aos debatedores e a maneira como os convidados se tratam.

a)   Que pronome de tratamento o jornalista utiliza para se dirigir aos convidados?

É o pronome senhores.

b)   Como os debatedores se dirigem um ao outro? Por quê?

Ambos se dirigem um ao outro, inserindo na frente do primeiro nome o título de professor(a), como sinal de respeito e polidez.

c)   Essas formas de tratamento revelam que a situação de comunicação é:

(X) mais formal.                           (  ) mais informal.

* Justifique sua resposta.

Elas revelam que se trata de uma situação de comunicação mais formal, em que o moderador se dirige aos debatedores em tom respeitoso e polido.

13 – Releia o seguinte trecho:

        “Marilene: [...] Na medida em que a gente vai crescendo, vai se desenvolvendo, nós vamos aprendendo outras formas de relação com a realidade. Por que nós vamos aprendendo? Porque nós estamos em um meio onde essas maneiras de pensar a sociedade e a cultura e as relações sociais estão postas. Então a infração, a delinquência, as saidinhas, as escapadas, nós aprendemos isso no campo social, à medida que isso também é ensinado para nós. E aí os fatores realmente são múltiplos. Como é que esse aprendizado se dá? Por que esse aprendizado se dá?”

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Debate [2017]. Mediador: Marcello Rollemberg. São Paulo: Rádio USP FM 93,7 (SP). De bate promovido pelo programa Diálogos na USP com o tema “Especialistas discutem a postura do brasileiro diante das leis”. Publicado no site da emissora em 10 nov. 2017.  Disponível em: <https://jornal.usp.br/atualidades/especialistas-discutem-postura-do-brasileiro-diante-das-leis/>. Acesso em: 16 jul. 2018. Transcrição feita para esta edição.

a)   Para quem a debatedora faz a primeira pergunta presente nesse trecho? Com qual intenção?

Ela faz a pergunta para si mesma, como estratégia para organizar seu discurso e chamar a atenção o ouvinte.

b)   As duas últimas perguntas têm a mesma finalidade? Esse propósito é alcançado?

As duas últimas perguntas também ajudam a professora a organizar sua fala e a atrair o interesse do ouvinte. No entanto, ela não consegue desenvolver a resposta, pois o mediador toma a palavra da debatedora, pedindo que o professor Justino responda às questões.  

14 – Tanto na fala como na escrita, utilizamos alguns marcadores que ajudam na construção do sentido do texto. São os chamados articuladores textuais. Com base no debate, preencha as colunas em branco do quadro a seguir. FUNÇÃOMARCADOR (expressão linguística) – QUEM UTILIZA.

Ordenar o texto em partes complementares: primeiro ponto, segundo   –   Justino.

Reformular seu próprio discurso anterior: o que eu quero dizer, quer dizer   –   Justino e Marilene.

Posicionar-se diante do que é dito pelo outro interlocutor: exatamente     –   Rollemberg.

15 – Coloque-se no lugar do mediador e formule três perguntas para prosseguir a discussão proposta pelo programa.

      Resposta pessoal do aluno.

 

 

 

 

 

  

REPORTAGEM: UMA OBRA ABERTA, ONDE PASSADO INSPIRA O FUTURO (FRAGMENTO) - CRISTINE GENTIL - COM GABARITO

 Reportagem: Uma obra aberta, onde passado inspira o futuro (Fragmento)

          Cristine Gentil – Especial para o Correio

        No início, eram o cerrado, o céu, a ideia de Juscelino Kubitschek, o traço de Lúcio Costa. E também homens e mulheres obstinados para concretizar um plano. Deu certo, mas está longe de acabar.

        [...]

        Em cada fase de suas quase seis décadas, e em todos os setores, Brasília venceu resistências, guardou referências e criou o novo. O tempo é mesmo uma janela indiscreta, que permite ao presente flertar com o passado. Por esse túnel, passam memória e inovação. Brasília transita por aí. Lá e cá, antes e durante. Vai e volta, o tempo todo. É, e será sempre, um feliz encontro de referências e também de pessoas.

GENTIL, Cristine. Uma obra aberta, onde passado inspira o futuro. Correio Brasiliense, Brasília. Edição especial. Disponível em: http://especiais.correiobraziliense.com.br/brasilia-patrimonio-vivo-arquitetura. Acesso em: 25 jul. 2019.

Fonte: Língua Portuguesa – Programa mais MT – Ensino fundamental anos finais – 9° ano – Moderna – Thaís Ginícolo Cabral. p. 346.

Entendendo a reportagem:

01 – Que características de Brasília são enumeradas na primeira oração do parágrafo inicial?

      O cerrado, o céu, a ideia de Juscelino Kubitschek e o traço de Lúcio Costa.

02 – É possível perceber um padrão que se repete na sintaxe dessa oração pelo uso de que classe gramatical de palavra? Justifique.

      Da classe dos substantivos.

03 – Nesta oração, ocorre paralelismo? Explique a sua resposta.

      Sim, além de serem substantivos, todos estão acompanhados de artigos e dois deles, de locuções adjetivas.

DIÁRIO ESCONDIDO DE SERAFINA (FRAGMENTO)- CRISTINA PORTO - COM GABARITO

 DIÁRIO ESCONDIDO DE SERAFINA(FRAGMENTO)

                 Cristina Porto


Querido esconderijo,
Eu ainda não contei nada sobre as aulas, a escola, a professora nova, chamada Catarina (que faz aniversário no dia do professor, eu perguntei), os colegas...
Quanto a eles, os colegas, só chegou um novo, de outra escola. É outro Chiquinho, que já teve caxumba, pois eu não aguentei e perguntei. Por que fiz isso? Ora, porque me lembrei daquele Chiquinho, que também estudava na minha classe, que teve caxumba, ficou uma semana sem aparecer e só então me fez descobrir o quanto eu gostava dele!
Pois é. Parece que os Franciscos estão sempre atravessando o meu caminho. Mas esse Chiquinho novo é muito mais gato que o antigo! Sabe o que mais me impressionou nele? O olhar! Que olhos, diário! Que olhos!
Com aqueles cílios longos e tão viradinhos! Ah, e o sorriso, então? Que sorriso, que dentes branquinhos ele tem! Não tem nenhum dente remontado no outro!
Será que eu vou ficar gostando desse Chiquinho também esconderijo? Será?
Bom, agora é melhor voltar para casa, porque já faz muito tempo que estou aqui, escondida, com o diário no colo e o Chiquinho novo na cabeça. Tchau.


PENSANDO SOBRE O TEXTO

01. Observe a saudação inicial do texto e releia o trecho abaixo:

“Será que eu vou ficar gostando desse Chiquinho também esconderijo? Será?”

a) A Serafina se refere algumas vezes ao “esconderijo”. Explique como seria para você esse esconderijo?

    Resposta pessoal.

b) Qual a relação entre o esconderijo e o diário? O que um tem haver com o outro? Explique:

Eles são um só. É o nome que ela deu ao seu Diário.

02.Em que época do ano escolar Serafina anotou isso em seu diário? Explique sua resposta:

É o início do ano letivo. Primeiro dia de aula.

03. Aprendemos que um diário como qualquer tipo de texto precisa de uma organização da escrita em sequência. E que essa organização pode ser cronológica, pode ser por importância de assunto ou aleatório.

a) Como foi organizado o diário de Serafina? Explique:

     Aleatório, pois falou de vários assuntos.

04. Retire do texto um trecho que comprove o uso da primeira pessoa (eu) no registro.

      “Eu ainda não contei nada sobre as aulas...”

05. Sabemos que o uso da pontuação é muito importante em qualquer tipo de texto, e que ela pode ser muito expressiva.
a) Em que momento do texto a autora conseguiu passar para você, uma emoção a mais? Observe a pontuação!

    Quando ela usa interjeição.

  b) Justifique a sua escolha:

      Ela usou a interjeição quando estava suspirando pelo novo Chiquinho, admirando o olhar, os olhos.

06. A forma como Serafina se expressa em seu diário revela que sentimentos? Marque com um X as respostas corretas:

(  ) Raiva
( x ) alegria (  ) amor (  ) fé

(  ) confiança (  ) impaciência
( x ) curiosidade

07.  Releia a frase:
“Parece que os Franciscos estão sempre atravessando o meu caminho.”
a) Explique com suas palavras o que Serafina quis dizer com essa frase.

Resposta pessoal.

8- Durante a nossa vida utilizamos em diversos momentos a linguagem formal e a linguagem informal, observando sempre a ocasião e o objetivo que pretendemos.

a) Nesse texto que você leu que tipo de linguagem foi usada e por quê?

Linguagem informal, coloquial. Porque é uma conversa entre amigos.

9- Nas frases abaixo pinte de acordo com a legenda:

Vermelho – para os verbos.
Azul – para os substantivos.
Amarelo – para os adjetivos.

a) “...pois eu não aguentei e perguntei.”

b) “Ora, porque me lembrei daquele Chiquinho...”

c) “Com aqueles cílios longos e tão viradinhos!”

 

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

CRÔNICA: REVOGUE-SE - LYA LUFT - COM QUESTÕES GABARITADAS

CRÔNICA: REVOGUE-SE

               Lya Luft

Relacionamentos se constroem ao longo dos anos de sua duração: os dois parceiros vão tramar consciente ou inconscientemente a teia que os vai envolver ou separar, o casulo onde vão abrigar ou sufocar seus filhos.

Amor não deveria ser prisão ou dever, mas crescimento e libertação. Porém se gostamos de alguma coisa ou de alguém, queremos que esteja sempre conosco. Perda e separação significam sofrimento, mas não o fim da vida nem o fim de todos os afetos.

Certa vez me entregaram um bilhete que dizia:

"Se você ama alguém, deixe-o livre."

Poucas afirmações são tão difíceis de cumprir, poucas contêm tamanha sabedoria em relação aos amores, todos os amores: filhos, amigos, amantes. Amor é risco, viver é risco. Pois permitir, até querer que o outro cresça ao nosso lado, pode significar que crescerá afastando-se de nós.

Mas - essa é a força e a beleza do desafio de uma vida a dois - o outro, crescendo, pode-se abrir mais para nós, que participaremos dessa expansão. Instaura-se uma instigante parceria amorosa, na qual o tempo não servirá para desgaste mas para construção. É um processo de refinamento da cumplicidade que brilha em algumas relações mesmo depois de muitos anos, muitas perdas, e muitos difíceis recomeços - desde que haja sobre o que reconstruir.

[...]

 

LUFT, Lya. Pensar é transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2005. p. 145-146. (Fragmento).

https://atividadesdeportugueseliteratura.blogspot.com/2015/11/leitura-e-analise-de-cronica.html

Entendendo o texto

01.Em que parágrafo a cronista menciona o acontecimento que derivou esta crônica?

       No primeiro parágrafo.

02.Que tema é abordado pela cronista?

        O tema é a construção dos relacionamentos: entre parceiros de um casal e também entre pais e filhos.

03.O título de um texto é sempre o primeiro a levantar expectativas quanto ao seu conteúdo. A partir dele fazemos uma série de suposições iniciais que depois podem ser modificadas ou confirmadas. Que emoções e ideias foram despertadas pela leitura dessa crônica? Comente.

       Resposta pessoal.

04.A partir do segundo parágrafo, a cronista apresenta argumentos para fundamentar suas opiniões sobre a forma como as pessoas deveriam amar. Que ideias básicas ela desenvolve sobre esse assunto?

Ela defende o ponto de vista de que a pessoa que ama deve permitir ao outro fazer suas próprias escolhas e viver em liberdade, ainda que essa atitude gere inseguranças. De acordo com ela, esse comportamento vai tornar os relacionamentos mais sólidos e, portanto, mais felizes.

05.Segundo a autora, as pessoas que se envolvem em relacionamentos com liberdade para crescer podem seguir caminhos diferentes. Que opinião ela apresenta para fundamentar seu ponto de vista? 

"Amor é risco, viver é risco". Ao afirmar isso, a autora considera que, num relacionamento em que os parceiros tenham liberdade para crescer lado a lado, eles tanto podem se distanciar como se aproximar mais, fazendo com que um participe da evolução do outro.

06.Interprete o sentido do título do texto, tendo em vista as opiniões da autora sobre o tema. A quem o título se dirige?

      Resposta pessoal.

07.Com que finalidade ou objetivo a autora produziu essa crônica?

Para fazer com que as pessoas reflitam e modifiquem o comportamento, aprendendo a amar o outro sem excesso de cobranças.

08.Crônicas como essa, de Lya Luft, são do tipo argumentativo, porque o texto apresenta o ponto de vista e as opiniões do autor sobre determinado tema. Em que esfera de circulação se encontra esse gênero textual?

Normalmente, as crônicas argumentativas são publicadas em jornais e revistas, e mais tarde podem ser reunidas em um livro.

09. Ao descrever situações antagônicas para falar da forma de amar, a cronista emprega palavras de sentidos opostos em seu discurso. Que palavras são essas e o que elas expressam?

Palavras que expressam as ideias de prisão e de infelicidade: teia, casulo, sufocar, sofrimento, perda, separação, etc. Palavras que expressam as ideias de liberdade: amor, viver, crescendo, força, beleza, expansão, parceria, etc. 




 

 

 

 

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

CRÔNICA: CACHORROS! LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 CRÔNICA: CACHORROS!

                     Luís Fernando Veríssimo

     Paris é tão bonita que você anda na rua olhando para todos os lados menos para onde pisa. Os cachorros de Paris vão a toda parte com seus donos, comem nos mesmos restaurantes, participam ativamente da sua vida social, frequentam vernissages e palestras, mas o convívio civilizado não afetou seus hábitos de higiene, que continuam iguais aos de cachorros de todo o mundo. 

          Há, provavelmente, mais cachorros por habitantes em Paris do que em qualquer grande cidade do mundo. O resultado desta combinação de fatores é que seu deslumbramento com Paris é constantemente interrompido pela sensação deslizante de ter pisado numa das características menos atraentes, e mais comuns, das suas calçadas. Você está admirando a fachada de uma igreja antiga e - iush - passa, em segundos, do barroco ao rococô. Os parisienses já calcularam, com rigor cartesiano, a quantidade de "merde, alors!" depositada nas ruas pelos cachorros dos seus concidadãos.

        Chega a toneladas anuais. Instituíram patrulhas catacocô, motociclos verdes munidos de aspiradores que percorrem as ruas como tamanduás mecânicos, ou pequenos elefantes crapófilos, sugando os dejetos. Eles não dão conta. Talvez sentindo-se desafiados, os cachorros aumentaram sua produção. Já houve a sugestão de que se alargasse a boca do aspirador e, em vez do cocô, se sugassem os cachorros. Os parisienses não acham graça. Amam seus cachorros com uma devoção cada vez mais difícil de tolerar. Eu, por exemplo, já perdi qualquer simpatia que tinha por esses incontinentes. 

        Quando vejo um cachorro na rua tento adivinhar, pelo tamanho ou a sua cara, que peças no caminho eram da sua autoria. Elas rivalizam, na variedade de dimensões e configurações, com os doces expostos nas vitrines das "patisseries". Imagino que cada cachorro tenha, por assim dizer, a sua assinatura, o seu estilo de sujar as calçadas, e noto em muitas das suas obras aquela arrogância no acabamento de quem desdenha a crítica e não teme a retribuição. Preciso me controlar para não gritar "Salaud!" na cara deles. E sair correndo antes que o dono me pegue, claro. 

 Disponível em: < http://www.joonline.jex.com.br

https://atividadesdeportugueseliteratura.blogspot.com/2017/03/interpretacao-de-cronica-luis-fernando.html

Entendendo o texto

01.Em que pessoa verbal o narrador conta o fato? Cite um trecho do texto que confirme sua resposta.

Está na primeira pessoa do singular.”...Quando vejo um cachorro na rua tento adivinhar...”.

02.Quem são os personagens do fato narrado?

Os cachorros, os parisienses e o narrador.

03. O título de um texto é sempre o primeiro a levantar expectativas quanto ao seu conteúdo. A partir dele fazemos uma série de suposições iniciais que depois podem ser modificadas ou confirmadas. Que emoções e ideias foram despertadas pela leitura dessa crônica?

Resposta pessoal.

04. Onde acontecem os fatos narrados?

Nas ruas de Paris.

 

05.O gênero crônica trata de assuntos ligados ao cotidiano e destaca aspectos aos quais, muitas vezes, não damos atenção. No caso do texto de Luís Fernando Verissimo, que fato do dia a dia é observado e o que essa observação revela? 

     Observa-se o comportamento dos cachorros parisienses e o tratamento conferido pelos franceses e esses animais, com o objetivo de mostrar para o leitor, de modo irônico, que mesmo uma cidade como Paris, tida habitualmente como exemplo de elegância, apresenta imperfeições.

      06.Por que essa crônica pode ser considerada narrativa?

           Porque contém apenas elementos da narração: personagens, tempo, espaço e enredo.

    07. O humor, nesse texto, resulta da atenção conferida a um fato sobre o qual as pessoas evitam falar. Que fato é esse e por que o narrador escolheu falar a respeito dele? 

     O texto se concentra na enorme quantidade de cocôs de cachorros espalhados pelas calçadas de Paris. Ao chamar atenção para esse aspecto da realidade, o cronista ressalta um problema urbano, mas também ironiza o estereótipo de perfeição associado, com frequência, à capital da França.

 08. Paris é famosa pela intensa vida cultural e por concentrar renomados estabelecimentos ligados à moda. A cidade onde você mora também é conhecida por alguma característica peculiar? 

    Resposta pessoal.

 09. Além de mostrar que Paris é uma cidade que, como qualquer outra, apresenta defeitos, o que o cronista deseja provar ao relatar que os cachorros venceram os projetos de limpeza urbana?

Um embate entre os polos da natureza e da cultura, presente no texto, na medida em que os cachorros franceses, por mais que convivam com pessoas consideradas elegantes e refinadas, conservam instintos e comportamentos animais.

 

 

 

domingo, 24 de outubro de 2021

CRÔNICA: OLHE-SE NO ESPELHO - LYA LUFT - COM GABARITO

 CRÔNICA: OLHE-SE NO ESPELHO

                Lya Luft

   No mês passado participei de um evento sobre o Dia da Mulher. Era um bate-papo com uma plateia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades. E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi.

        Foi um momento inesquecível! A plateia inteira fez um ‘oooohh’ de descrédito.

       Aí fiquei pensando: “poxa, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho? Onde é que nós estamos?”

       Onde não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado ‘juventude eterna’. Estão todos em busca da reversão do tempo. Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.

      Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas mesmo em idade avançada. A fonte da juventude chama-se “mudança”. De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora. A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas.

       Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos.

       [...]

       Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho. Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.

Entendendo o texto

 01. O texto acima é exemplo de um(a)

     a) crônica narrativa, pois apresenta uma história com personagens, ambiente e enredo, sobre tema do cotidiano.

     b) crônica narrativa, pois, apesar de ter uma argumentação, está escrita na 1ª pessoa, o que vai contra as características do gênero.

     c) crônica argumentativa, pois expõe uma reflexão sobre uma questão do cotidiano vivida pela autora, trazendo seu ponto de vista sobre o assunto.

     d) crônica argumentativa, pois traz uma questão do cotidiano exposta de forma impessoal, para que o próprio leitor possa formar sua opinião sem ser guiado pelas próprias impressões da autora.

    e) conto, pois traz uma narrativa com um número indeterminado de personagens passando por uma situação inicial que é desenvolvida ao longo do texto.


02. Segundo Lya Luft,

      a) a mudança é essencial para que as pessoas se sintam mais jovens, desde que aliada às cirurgias plásticas.

      b) de nada adianta as pessoas recorrerem às cirurgias plásticas se não procurarem mudanças que trarão mais qualidade de vida.

      c) a mudança impede o envelhecimento das pessoas, mantendo-as sempre jovens, seja na aparência ou no comportamento.

     d) os métodos avançados utilizados pela tecnologia em procedimentos estéticos poderão fazer até pessoas de 120 anos terem ainda uma aparência jovem.

     e) as pessoas que assistiam a sua palestra ficaram impressionadas com sua aparência devido ao pequeno número de cirurgias plásticas a que a autora se submeteu.


03. Entre as características que definem uma crônica, podem ser destacadas as principais:

   a) a narração em primeira pessoa e o uso expressivo da pontuação.

   b) um modelo fixo, como um diálogo inicial seguido de argumentação objetivo.

  c) o emprego de linguagem acessível ao leitor e a abordagem de fatos do cotidiano.

 d) a existência de trechos cômicos, engraçados, e a narrativa restrita ao passado do autor.

  e) a ausência de reflexões de cunho pessoal e o emprego de linguagem em prosa poética. 

 

 

 

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

CRÔNICA: O FUTEBOL E A MATEMÁTICA - MOACYR SCLIAR - COM GABARITO

 CRÔNICA: O FUTEBOL E A MATEMÁTICA

                 Moacyr  Scliar


Modelo matemático prevê gols no futebol Mundo, 23.mar.99

O técnico reuniu o time dois dias antes da partida com o tradicional adversário. Tinha uma importante comunicação a fazer.
- Meus amigos, hoje começa uma nova fase na vida do nosso clube. Até agora, cada um jogava o futebol que sabia. Eu ensinava alguma coisa, é verdade, mas a gente se guiava mesmo era pelo instinto. Isso acabou. Graças a um dos nossos diretores, que é um cara avançado e sabe das coisas, nós vamos jogar de maneira completamente diferente. Nós vamos jogar de maneira científica.
Abriu uma pasta e de lá tirou uma série de tabelas e gráficos feitos em computador.
- Sabem o que é isso? É o modelo matemático para o nosso jogo. Foi feito com base em todas as partidas que jogamos contra o nosso adversário, desde 1923. Está tudo aqui, cientificamente analisado. E está aqui também a previsão para a nossa partida. Eles provaram estatisticamente que o adversário vai marcar um gol aos 12 minutos do primeiro tempo. Nós vamos empatar aos 24 minutos do segundo tempo e vamos marcar o gol da vitória aos 43 minutos. Portanto, não percam a calma. Esperem pelo segundo tempo. É ai que vamos ganhar.
Os jogadores se olharam, perplexos. Mas ciência é ciência; tudo o que eles tinham a fazer era jogar de acordo com o modelo matemático.
Veio o grande dia. Estádio lotado, começou a partida, e, tal como previsto, o adversário fez um gol aos 12 minutos. E aí sucedeu o inesperado.
Um jogador chamado Fuinha, um rapaz magrinho, novo no time, pegou a bola, invadiu a área, chutou forte e empatou. Cinco minutos depois, fez mais um gol. E outro. E outro. O jogo terminou com o marcador de 7 a 1, um escore nunca registrado na história dos dois times.
Todos se cumprimentavam, felizes. Só o técnico não estava muito satisfeito:
- Gostei muito de sua atuação, Fuinha, mas você não me obedeceu. Por que não seguiu o modelo matemático?
O rapaz fez uma cara triste:
- Ah, seu Osvaldo, eu nunca fui muito bom nessa tal de matemática. Aliás, foi por isso que o meu pai me tirou do colégio e me mandou jogar futebol. Se eu soubesse fazer contas, não estaria aqui, jogando para o senhor.
O técnico suspirou. Acabara de concluir: uma coisa é o modelo matemático. Outra coisa é a vida propriamente dita, nela incluída o futebol.

Entendendo o texto

 

01. Releia:

"Graças a um dos nossos diretores, que é um cara avançado e sabe das coisas, nós vamos jogar de maneira científica."

a)   Quem disse essas frases?

O técnico do time.

b)   Quem está representado pela palavra nós no trecho destacado?

O time e o técnico.

c)   Qual a classe gramatical de nós?

Pronome pessoal do caso reto.

d)   Localize no texto uma palavra ou expressão que tenha significado contrário ao da expressão "maneira científica".

     Pelo instinto.

02 " — Sabem o que é isso?

      É o modelo matemático para o nosso jogo."

·        O que o modelo utilizava da matemática?

Foi feito com base em todas as partidas jogadas pelo time desde 1923.

03 - Marque a palavra que representa o significado da palavra destacada em cada frase.

a) Eles provaram estatisticamente que o adversário vai marca um gol.

(A) praticamente.

(B) concretamente.

(C) cientificamente.

b) Os jogadores se olharam, perplexos

(A) sorridentes.

(B) espantados.

(C) tristes.

c) O jogo terminou com o marcador de 7 a 1, um escore

nunca visto.

(A) problema.

(B) fenômeno.

(C) resultado.

04 - Qual a justificativa dada pelo jogador para não seguir o modelo matemático " do técnico?

"— Ah seu Osvaldo, eu nunca fui muito bom nessa tal de matemática."

05 - Depois do jogo, qual foi a conclusão a que o técnico chegou sobre o "modelo matemático"?

- "... uma  coisa  é  o  modelo  matemático.  Outra  coisa  é  a  vida  propriamente  dita,  nela  incluída  o futebol."

06 - A crônica “O futebol e a matemática” é uma narrativa, isto é,  um  texto  escrito  com  a  intenção  de contar uma história inventada.

 ·Marque as afirmações corretas sobre a crônica lida.

(A) A história é contada por um narrador - personagem.

(B) A história é contada por um narrador-observador.

(C) Não há registro das falas das personagens.

(D) Há registro das falas das personagens.

07- "Graças a um dos nossos diretores, que é um cara avançado..."

"O rapaz fez uma cara triste."

·        Qual é o sentido da palavra cara em cada uma das frases?

          Na primeira é uma gíria, que significa a pessoa.

          Na segunda refere-se a expressão triste.

 

 

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

POEMA: URGENTEMENTE - EUGÉNIO DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poema: Urgentemente

           Eugénio de Andrade

É urgente o Amor,
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros,
e a luz impura até doer.
É urgente o amor,
É urgente permanecer.

  ANDRADE, Eugénio de. Urgentemente. In: __________. Poesia. Lisboa: Assírio & Alvim / grupo Porto, 2017. p. 85.

Fonte: Língua Portuguesa – Programa mais MT – Ensino fundamental anos finais – 9° ano – Moderna – Thaís Ginícolo Cabral. p. 265-6.

Entendendo o poema:

01 – Nesse poema, o sentimento de urgência é o tema, já enunciado no próprio título. Para expressar suas urgências, o eu poético utiliza algumas metáforas. Explique o sentido que podem ter nesses versos:

I – É urgente um barco no mar.

II – É urgente [...] multiplicar os beijos, as searas.

III – É urgente descobrir rosas e rios.

      Resposta pessoal do aluno.

02 – Outro recurso utilizado é o paralelismo, com a repetição da estrutura “é urgente”. Em “é urgente o amor”, temos um período simples. Qual é o sujeito dessa oração?

      O sujeito é: “[...] o amor”.

03 – Se tivéssemos o sujeito antes do verbo, “O amor é urgente”, “Um barco no mar é urgente”, que diferença de sentido teríamos?

      Resposta pessoal do aluno.

04 – Em “É urgente destruir certas palavras”, temos um período composto. Qual é o sujeito da primeira oração?

      O sujeito é a oração subordinada “destruir certas palavras”.

05 – Como se denomina a oração subordinada com função de sujeito?

      Oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo.

06 – Identifique no poema outras duas orações subordinadas com essa função e escreva-as.

      Descobrir rosas e rios; permanecer; inventar a alegria.