quinta-feira, 29 de outubro de 2020

CONTO: MEDO - JOÃO ANZANELLO CARRASCOZA - COM GABARITO

 CONTO: MEDO

                   João Anzanello Carrascoza


   Era só um garoto. Com pai, mãe, irmão. Mas, quando deu os primeiros passos, apoiando-se nos móveis da casa, sentiu-se só no mundo. Precisava dos outros para ir além de si. E tinha medo. Nem muito nem pouco. Do seu tamanho. Como o uniforme escolar que vestia. No futuro seria um homem, o medo iria se encolher; ou ele, já grande, não se ajustaria mais à sua medida. Por ora, estava ali, naquela manhã fria, indo para a escola, o olhar em névoa, as mãos dentro do bolso da jaqueta. O que o salvava era a mochila presa às costas. O peso dos cadernos e dos livros o curvava, obrigando-o a erguer a cabeça, fazendo-o parecer até um pouco insolente. O que fazer com a sua condição? Apenas levá-la consigo! Andava às pressas, tentando se proteger do vento que, na direção contrária, enregelava seu rosto. Queria aprender urgentemente. Crescer o tornaria maior que o seu medo. E, sem que soubesse, a lição daquele dia o esperava no sorriso de Diego, aluno mais velho, que ele nem conhecia ainda – quase um homem, diriam os pais, a considerar a altura, a penugem do bigode, os braços rijos. Na ignorância das horas por vir – que desejava fossem, senão tranquilas, suportáveis –, o menino passou pelo portão em meio aos outros colegas – vindos também ali para mover a roda da fortuna, antes de serem moídos por ela –, e seguiu pelo pátio até a sua sala. A professora, mulher miúda, de fala doce, o perturbava. Já nas primeiras aulas, percebeu que ela não era só voz leve e olhar compreensivo. A sua paciência, como giz, vivia se quebrando. Por que ela agia daquela maneira? Não sabia. O menino com seu medo, o tempo todo. Na hora da chamada, erguia a mão e abaixava furtivamente a cabeça, como se a sua presença fosse um insulto. Se a professora fazia uma pergunta, antes de respondê-la, escutava a risada de um colega, o sussurro de outro, e então pressentia que iria falhar, o que de fato acontecia: ele, paralisado, sem resposta alguma, sob o olhar da classe inteira. Tropeçava no perigo que ele próprio, e não o mundo, deixava em seu caminho. Queria não ser daquele jeito. Mas era. Às vezes, entristecia-se até nas horas de alegria: quando jogava futebol com o irmão e perdia. Ou, quando, no parque de diversões, se negava a ir na montanha-russa, no chapéu mexicano. Era tudo o que sonhava. Experimentar aqueles abismos. Mas não conseguia. Vai, filho!, a mãe o incentivava. Eu vou com você, o pai prometia. Fitava o irmão que subia no brinquedo, acenava lá de cima, gritava e se divertia, enquanto ele se segurava firme no seu medo, inteiramente fiel. Se vivia inquieto na sala de aula pela certeza de se ver, de repente, numa situação que o intimidaria, às vezes se esquecia de seu desconforto, encantado com o universo que a professora lhe abria, as letras do alfabeto, os desenhos na lousa, um trecho de música que ela cantava, uma graça que fazia. E aí ele ria, ria com sinceridade, e, subitamente, se reencontrava, menino-menino. No intervalo, aquela calma provisória, quando o pátio se inundava de alunos. Na multidão, ninguém o notava, nada tinha a recear, era a sua hora macia. E assim foi até aquela manhã. Pegava seu sanduíche, quando percebeu que um garoto, o maior de todos, se acercava. Espantou- -se, ao dar a primeira mordida no pão e ver o outro à sua frente – tão desproporcional se comparado aos demais alunos – o corpo comprido, a voz firme, Eu sou o Diego, e sorrindo, Você é do primeiro ano, não é? Ele confirmou com a cabeça, para não responder de boca cheia. E, logo que o outro disse, Eu nunca te vi aqui!, o menino sentiu que estava diante de um desafio, como se num quarto escuro, o dedo no interruptor pronto para acender a luz. Diego o observava com mais fome nos olhos do que na boca, seguia o movimento de suas mandíbulas, à espera da merecida mordida. Tá bom o sanduíche? perguntou, e o menino respondeu Tá, e quis saber, Você já comeu o seu?, o que só serviu para alargar a vantagem de Diego, Não, nunca trago lanche, eu sou pobre. O menino perguntou, Quer um pedaço?, pensando que o outro se contentaria com a oferta, nem supunha que o gesto o conduziria mais depressa a seu destino; era uma entrega superior à que ele imaginava. Diego o mirou, satisfeito, e apanhou o pão com voracidade. Sentou-se no chão e se pôs a comer em silêncio, um silêncio faminto que pedia o olhar do mundo – tanto que o menino, ao seu lado, degustou a cena, orgulhoso por lhe saciar a fome. Se antes era frágil, casca de ovo, agora ele se sentia forte.

Descobria uma grande vida dentro de si. Porque, antes que continuassem a conversa, ele sabia: fizera um amigo. E Diego, que conhecia melhor essa cartilha, levantou-se e disse agradecido, Se alguém mexer com você, me avise! Com a amizade de Diego, e a sua força a favorecê-lo, ninguém o afrontaria. Imaginava ter um trunfo, mas também podia ser um erro. Como adivinhar? Estava lá para aprender. E aprendeu rápido a lição que Diego lhe deu, na semana seguinte, ao dizer, Minha mãe tá doente, precisa de remédio e a gente não tem dinheiro. O menino – para mostrar que era bom aprendiz – superou a culpa e entregou ao outro, dias depois, umas cédulas que pegara às escondidas da bolsa da mãe. E então começou um tempo em que o perigo era a estabilidade que Diego lhe garantia. Os dois ficavam juntos no intervalo e quase sempre encontravam-se no fim da aula no portão da escola. O amigo o acompanhava até a casa, cumprindo a sua parte no pacto, e recebia em troca o que lhe faltava: o sanduíche, o estojo de lápis coloridos, os pacotes de figurinhas. Diego sorria. E olhava para ele em silêncio no momento da paga – como um aluno que desafia o mestre. O coração do menino batia alto, incapaz de acordar a desconfiança que o embalava. Diego sorria – e sonhava. Sonhava com uma bicicleta. A amizade entre eles atingiu o ápice no dia em que Diego se meteu numa briga, quando outro marmanjo, no intervalo, esbarrou sem querer no garoto e derrubou-lhe a garrafa de suco. Diego vingou o amigo – e foi suspenso da escola por uma semana. O menino viu no episódio a prova de que o outro lhe era plenamente leal. E nem precisou pensar numa recompensa: Diego a cobrou ao retornar às aulas, dizendo que precisava de mais dinheiro para as injeções que a mãe, agora, tinha de tomar. Era a vez do menino, a sua prova. E apesar da angústia, ele mostrou que sabia tudo de gratidão: manteve-se aferrado à sua mentira ao ver o irmão de cabeça baixa, a mãe chorando, o pai de lá para cá à procura do dinheiro que sumira da carteira. E, então, sentado na soleira da porta de casa, dias depois, o garoto viu Diego lá no fim da rua, pedalando uma bicicleta. Diego acenou de longe e, ao se aproximar, abriu um sorriso para o amigo. Ele se ergueu vacilante, apoiando-se na parede. Agora, estava mais sozinho do que nunca. E sentiu medo. Muito medo.

 João AnzAnello CArrAsCozA. Aquela água toda. São Paulo: Cosac Naify, 2012. p. 33-36.

Desvendando o texto

1. O conto “Medo” inicia-se com a apresentação do protagonista.

     a) O que o narrador destaca ao afirmar que “Era só um garoto”?

         O narrador destaca o fato de o protagonista ainda ser uma criança, de não ter muitas experiências.

     b) Que mudança de sentido ocorreria se o narrador tivesse dito Era um garoto só? Esse novo sentido ainda caberia no conto?

        A mudança indicaria que o protagonista era solitário. Esse novo sentido também caberia no conto, já que, embora tendo uma família, o menino sentia-se sempre sozinho.

     c) O protagonista não é chamado pelo nome. Que efeito de sentido é criado pela referência a ele apenas como “garoto” ou “menino”?

Sugestão: Reforça-se a ideia de que ele é frágil, de que ainda não se impõe diante dos outros nem se destaca em momento algum.

2. Um dos principais espaços do conto é a escola.

   a) Como o garoto se relacionava com a professora e com os colegas?

 O garoto sentia-se intimidado diante da professora e dos colegas. Embora gostasse de alguns momentos da aula, ele tinha medo de ser exposto e transformava reações corriqueiras da professora e dos colegas em algo opressivo e que lhe causava sofrimento.

    b) Como você interpretou o trecho: “Tropeçava no perigo que ele próprio, e não o mundo, deixava em seu caminho”.

Sugestão: O menino não enfrentava problemas criados por outras pessoas; com o medo que tinha, ele criava situações que se tornavam insuportáveis para si mesmo.

3. A relação com a família também é explorada no conto. Releia o seguinte trecho.

“Fitava o irmão que subia no brinquedo, acenava lá de cima, gritava e se divertia, enquanto ele se segurava firme no seu medo, inteiramente fiel.”(linhas 35-37)

a)   Sugira um par de palavras que possam exprimir a diferença entre o comportamento dele e o do irmão.

Sugestões: covardia × coragem; medo × ousadia; tensão × relaxamento; apatia × vivacidade etc.

b)   A expressão segurava firme refere-se ao garoto, mas ficaria mais adequada se fizesse referência ao irmão. Justifique essa afirmação.

Essa expressão ficaria mais adequada se fizesse referência ao irmão do garoto, que estava em um brinquedo de um parque de diversões e, portanto, deveria segurar firme para não cair.

c)   Qual é o efeito de sentido provocado pelo uso inesperado dessa expressão para referir-se ao protagonista em vez do irmão?

O uso inesperado dessa expressão reforça a contraposição entre as duas crianças.

 4. A narrativa está centrada no relacionamento de amizade do protagonista com Diego.

a)   A amizade entre ambos é marcada por uma troca. O que Diego esperava do amigo?

Diego esperava receber sanduíches, álbum de figurinhas, dinheiro etc

b)   Que argumentos Diego usava para obter o que desejava?

Diego dizia ser pobre e precisar de dinheiro para os remédios da mãe.

c)   O que o protagonista esperava de Diego?

O protagonista esperava proteção.

d)   Como Diego estimulou essa amizade? Cite uma situação que comprove sua resposta.

Diego passou a comportar- -se como um defensor, o que pode ser notado, por exemplo, quando ele acompanhou o protagonista até a casa dele no final da aula ou quando se envolveu em uma briga com alguém que havia, involuntariamente, derrubado a garrafa de suco do garoto.

e)   Relacione as características físicas de Diego ao papel que ele passou a desempenhar na vida do outro.

Diego era um menino mais velho, maior do que os demais, já apresentando algumas características de homem, o que contribuiu para a construção de uma figura protetora.

5. O desfecho do conto evidencia o efeito dessa amizade sobre o protagonista.

a)   Explique por que a amizade dele com Diego passou a ameaçar suas relações familiares.

Para sustentar a amizade, o protagonista passou a roubar dinheiro dos pais e a permitir que o irmão fosse considerado culpado em vez dele.

b)   O narrador afirma que, ao dar o sanduíche a Diego, o menino realizou “uma entrega superior à que ele imaginava” (linha 60). Por quê?

Com aquele gesto, o menino inaugurava uma relação de troca que se estenderia para outras situações.

6. O conto “Medo” não segue a forma comum das narrativas.

a)    Como, normalmente, as frases são organizadas nas narrativas? Qual é a novidade desse conto?

Comumente, as frases formam parágrafos, mas nesse conto há um bloco único.

 b)    Nas narrativas em geral, como são apresentadas as falas de personagens?

               Elas são apresentadas após travessão ou entre aspas.

c)    Que recurso foi usado para diferenciar a fala dos personagens da fala do narrador nesse conto?

As falas são diferenciadas pela mudança no tipo de letra (itálico).

 d)    Considerando o que é contado, por que você acha que o texto tem essa forma?

              Resposta pessoal.

      7. Releia o desfecho do conto e responda às questões.

     “E, então, sentado na soleira da porta de casa, dias depois, o garoto viu Diego lá no fim da rua, pedalando uma bicicleta. Diego acenou de longe e, ao se aproximar, abriu um sorriso para o amigo. Ele se ergueu vacilante, apoiando-se na parede. Agora, estava mais sozinho do que nunca. E sentiu medo. Muito medo.”

a)   O que motiva a reação do protagonista?

Ao ver Diego na bicicleta, ele entendeu que não tivera um amigo de verdade, mas alguém interessado nas vantagens materiais que ele poderia proporcionar.

 b)   O desfecho remete a uma lembrança relatada no início do conto. Identifique-a.

A lembrança de o menino dando seus primeiros passos, apoiando-se nos móveis da casa e sentindo-se muito só e com medo.

   c)   Por que você acha que foi feita uma associação entre o desfecho e o trecho inicial do conto?

Resposta pessoal. Espera-se que os alunos reconheçam que o desfecho mostra um novo momento de insegurança, em que o garoto, a partir daquela aprendizagem, experimenta a solidão e o medo em grau máximo.

domingo, 25 de outubro de 2020

PANFLETO: SOBRE O LIXO - MINISTÉRIO PÚBLICO - DF - COM GABARITO

 Panfleto: Sobre o lixo

 


Ministério Público – Distrito Federal. Disponível em: https://www.mpdftmp.br/portal/index.php/comunicacao-menu/noticias/noticias-2017/9494-cidade-limpa-promotoria-destina-recursos-para-campanha-de-limpeza-urbana. Acesso em: 22/07/22020.

Entendendo o panfleto:

01 – Qual o gênero desse texto?

      Cartaz, folheto/panfleto. Depende da dimensão da reprodução.

02 – Qual a temática desse texto?

      Consciência sobre limpeza urbana.

03 – Qual foi o objetivo do Ministério Público, ao divulgar essa campanha?

      Conscientizar a população.

04 – Que tipo de abordagem foi feita pelo Ministério Público nessa campanha?

      Educada, sugestiva e, ao mesmo tempo, impositiva.

05 – Você concorda com essa abordagem? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.

PANFLETO: CARNAVAL DE OFERTAS - COM GABARITO

 Panfleto: Carnaval de ofertas




Disponível em:
https://facebook.com/chevrolet.valesulparanagua/photos/carnaval-de-ofertas-na-valesulgaranta-j%C3%A1-seu-onix-effectvenha-nos-visitarav-bent/1334298003340940/. Acesso em: 22/07/2020.

Entendendo o panfleto:

01 – Do que se trata esse panfleto?

      Venda de veículo automotor.

02 – Qual o seu objetivo?

      Trazer informações sobre o produto que querem vender.

03 – Que recursos ele utiliza para atingir seu objetivo?

      Ele apresenta suas ofertas e formas de pagamento através da linguagem verbal e não verbal.

04 – Retire do texto os elementos destacados abaixo.

a)   Elementos da linguagem verbal.

Carnaval de ofertas; Onix Effect por apenas R$ 53.990; entrada de R$ 24.990 + 33X R$ 1.090,00; primeira parcela só em junho; 41-985053178; 41-30389900; Valesul.

b)   Elementos da linguagem visual.

Fotografia do produto, imagens ilustrativas e logotipos.

05 – O que significa a expressão “Carnaval de ofertas”?

      Carnaval corresponde a um período festivo, em que as pessoas aproveitam para comemorar, festejar e celebrar. A ideia do carnaval de ofertas é que o cliente aproveite esse período para comprar o produto e comemorar a oferta.

06 – Como essa expressão pode convencer o leitor a comprar o carro?

      Argumentando que a época é de festejar também a oferta oferecida no período.

07 – Quais elementos complementam a expressão “Carnaval de ofertas”?

      Os elementos não verbais como as imagens das máscaras, confetes e serpentinas.

08 – Qual frase do anúncio remete a vantagens ao cliente?

      “Primeira parcela só em junho.”

09 – As expressões “por apenas” e “só em junho” foram usadas com que intencionalidade?

      Atrair a atenção dos clientes.







HINO NACIONAL BRASILEIRO (ANÁLISE) - JOAQUIM OSÓRIO DUQUE ESTRADA - COM GABARITO

 Hino Nacional Brasileiro

I

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos
Brilhou no céu da pátria nesse instante

Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte
Em teu seio, ó liberdade
Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó Pátria amada
Idolatrada
Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce
Se em teu formoso céu, risonho e límpido
A imagem do Cruzeiro resplandece

Gigante pela própria natureza
És belo, és forte, impávido colosso
E o teu futuro espelha essa grandeza

Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil
Pátria amada
Brasil!

II

Deitado eternamente em berço esplêndido
Ao som do mar e à luz do céu profundo
Fulguras, ó Brasil, florão da América
Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores
Nossos bosques têm mais vida
Nossa vida, no teu seio, mais amores

Ó Pátria amada
Idolatrada
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado
E diga o verde-louro dessa flâmula
Paz no futuro e glória no passado

Mas, se ergues da justiça a clava forte
Verás que um filho teu não foge à luta
Nem teme, quem te adora, a própria morte

Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil
Pátria amada
Brasil!

Composição: Joaquim Osório Duque Estrada.

Entendendo o hino:

01 – De acordo com o texto de o sinônimo das palavras abaixo, se necessário utilize o dicionário.

·        Fúlgidos: que fulge, fulgente.

·        Penhor: garantia, segurança.

·        Salve: indicação de saudação.

·        Florão: ornato circular em forma de flor.

·        Garrida: elegante, vistosa.

·        Lábaro: bandeira, estandarte, pendão.

·        Flâmula: espécie de bandeirola, galhardete.

·        Clava: bastão ou cajado tosco, resistente e pesado.

02 – Relacione as palavras do texto à seus significados:

(1) Plácidas (verso 1).

(2) Brado (verso 2).

(3) Retumbante (verso 2).

(4) Idolatrada (verso 10).

(5) Vívido (verso 12).

(6) Formoso (verso 14).

(7) Impávido (verso 17).

(8) Colosso (verso 17).

(9) Esplêndido (verso 26).

(10) Fulguras (verso 28).

(11) Seio (verso 33).

 

(6) Belo, gracioso.

(5) Brilhante, luminoso.

(7) Destemido, arrojado.

(1) Calmas, tranquilas, serenas.

(3) Que ressoa, ecoante.

(8) Gigante.

(2) Grito, clamor.

(4) Adorada, venerada, amada.

(11) Interior, âmago.

(9) Admirável, magnífico, grandioso.

(10) Cintilas, realças, brilhas.

03 – Grife todos os adjetivos do texto:

a)   O significado que eles contém são positivos ou negativos? Positivos.

b)   Por que o autor escolheu adjetivos com esse tipo de significado?

Porque o autor quis valorizar, enaltecer o Brasil.

04 – O que valoriza um simples riacho a ponto de ser citado no hino oficial do país?

      Porque nesse local foi proclamada a independência do Brasil.

05 – Segundo o autor, o país passou a ter liberdade com a Independência:

a)   A que tipo de liberdade se refere?

Liberdade política.

b)   Pelas ideias expressas no texto, essa liberdade foi conquistada com luta ou obtida com facilidade? Retire do texto versos que comprovem sua resposta:

         Com luta.

         “Se o penhor dessa igualdade

         Conseguimos conquistar com braço forte (...)

         Desafia o nosso peito a própria morte!”

06 – Ao escrever a expressão “Deitado eternamente em berço esplêndido” o autor quer passar a ideia de o país “estar acomodado, parado” ou “ter condições privilegiadas para o desenvolvimento”? Justifique sua resposta:

      Ter condições privilegiadas para o desenvolvimento. O Brasil possui vários recursos naturais, pois em todo o texto há exaltação de nosso país.

07 – O hino diz que o brasileiro dá a vida por seu país.

a)   Quais os versos que provam essa afirmação?

         “Verás que um filho teu não foge à luta

         Nem teme, quem te adora, a própria morte”

b)   É uma afirmação verdadeira ou não? O que você acha?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Falsa, pois hoje em dia ninguém (ou quase ninguém) tira ou oferece a própria vida pela pátria, por nosso país.

08 – Os versos 5 e 6 afirmam que os brasileiros conseguem fazer do Brasil um país igual às outras nações livres e independentes. Você acha que o Brasil, na sua economia, é um, país realmente livre? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Não, o Brasil ainda não é um país totalmente “livre”. Nosso país ainda é um país subdesenvolvido e que depende de outros países, principalmente em relação à economia.

 

 

 

ARTIGO: POR QUE AS CIDADES COSTUMAM SER MAIS QUENTES DO QUE O CAMPO? UFMT- COM GABARITO

 Artigo: Por que as cidades costumam ser mais quentes do que o campo?

       A sua percepção de que as áreas rurais quase sempre são mais fresquinhas do que as urbanas está correta. Pelo menos, é o que dizem os cientistas. As pesquisas informam que as cidades são mais quentes por conta do fenômeno denominado “ilha de calor urbana”. Simplificando: o calor fica preso nas metrópoles, de onde não consegue sair. O resultado é que as áreas urbanas podem ficar de três a 12 graus mais quentes do que as rurais. Daí, a razão de muita gente desejar trocar a cidade pelo campo no verão.

        Durante o dia, nós absorvemos o calor emitido pelo Sol, os bichos absorvem, assim como as máquinas, as construções... Durante a noite, tudo isso tende a emitir o calor absorvido. Esse calor fica preso na superfície da atmosfera, deixando a temperatura mais quente. Para o calor ir embora, ele tem que ir cada vez mais para cima, como uma pipa subindo no céu.

        Os cientistas achavam que a habilidade de guardar e liberar calor das coisas e das pessoas era o principal motivo das ilhas de calor. Porém, um novo estudo mostrou que o principal responsável é outro: a convecção. Não se espante! Convecção é a forma de transmissão do calor pelo movimento do ar. Ou seja: quando o ar quente sobe para a atmosfera e o ar frio desce para o solo, é a convecção que está atuando. Portanto, aqui está o segredo de o campo ser mais fresco do que a cidade: a superfície da vegetação tem mais convecção do que as paredes lisas de prédios da cidade grande!

        Porém, as coisas não acontecem de forma tão simples assim: o efeito da convecção depende também do clima e do tipo de vegetação. Por exemplo, em áreas secas, como na Caatinga, no Nordeste do Brasil, a vegetação é mais curta e rasteira, tendo menos liberação de calor, se comparada com as cidades. Mas em áreas onde chove mais o campo ganha da cidade em liberação de calor, porque a vegetação frondosa possui mais convecção. Nas cidades, as construções de concreto que estão em todo lugar, como em prédios e asfaltos, são boas em absorver calor e não tão boas em liberá-lo.

        Não é possível eliminar totalmente as ilhas de calor, pois elas resultam das mudanças da paisagem que vêm com o crescimento das cidades. Mas é importante dizer que seus efeitos e impactos podem ser diminuídos. Uma das maneiras é a reflexividade das cidades. Como fazer isso? Pintando os telhados de branco ou instalando telhados verdes, aqueles cobertos por grama ou plantas [...].

        As coberturas claras fazem um melhor trabalho refletindo calor, enquanto os verdes armazenam o calor do Sol, utilizando-o para desenvolver as plantas. Tanto o telhado branco quanto o de cobertura vegetal, ao refletirem o calor, atuam como isolante térmico. Assim, não é necessário usar tanto o ar-condicionado para fazer a casa ficar fresquinha. Resultado: economia de energia.

Raphael de Souza Rosa Gomes; Paulo Vinicius dos Santos Benedito; Deógenes Pereira da Silva Júnior. Programa de Pós-Graduação em Física Ambiental, Universidade Federal de Mato Grosso. Por que as cidades costumam ser mais quentes do que o campo? Ciência Hoje das Crianças, ano 29, n. 279, p. 11, jun. 2016. Disponível em: https://34.213.240.202/revista/chc/279/files/assets/basic-html/index.html#13.  Acesso em: 16 ago. 2018.

Entendendo o artigo:

01 – O texto explica o que é convecção.

a)   Explique esse conceito.

Convenção é a transformação de calor entre o solo e a atmosfera por meio do movimento do ar.

b)   Que conhecimento anterior foi modificado com o estudo desse fenômeno?

A ideia de que as “ilhas de calor” eram provocadas, principalmente, pela habilidade de pessoas e coisas de guardar e liberar calor.

c)   Cite a frase que indica que houve uma mudança no conhecimento que se tinha do assunto.

“Porém, um novo estudo mostrou que o principal responsável é outro: a convecção.”

02 – Releia o primeiro parágrafo.

a)   Qual conceito os produtores do artigo sentiram necessidade de explicar ao leitor?

O conceito de ilha de calor urbana.

b)   Que palavra empregaram para introduzir a explicação?

Simplificando.

c)   O que essa palavra revela sobre como será feita a explicação?

Revela que haverá tentativa de apresentar o conceito de forma acessível, sem dados que possam tornar a exposição excessivamente minuciosa ou técnica.

03 – No terceiro parágrafo, os produtores do artigo dirigem-se diretamente ao leitor com a frase “Não se espante!”.

a)   O que poderia causar o espanto do leitor? Por quê?

O termo convecção, porque não é conhecido e poderia ser considerado muito complexo, ou ainda, algo perigoso.

b)   Qual é o efeito desse comentário sobre o leitor?

O comentário pode chamar a atenção para o conceito ou tranquilizar o leitor que teme uma exposição complexa.

04 – O texto apresenta formas de reduzir o impacto das “ilhas de calor urbanas”. Como isso pode ser feito?

      O calor pode ser reduzido com telhados pintados de branco, para que reflitam o calor, ou cobertos por grama ou plantas, que o armazenam. Nos dois casos, atuam como isolante térmico.

REPORTAGEM: A GUERRA DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL - EDUARDO SZKLARZ - COM GABARITO

 Reportagem: A guerra da inteligência artificial

                         Eduardo Szklarz

        O robô do teste de Rensselaer, o que demonstrou consciência, [...] não é nenhum gênio. Ele se chama NAO, foi criado em 2010 pela empresa francesa Aldebaran Robotics e consegue manter con – versas simples. Não é um modelo de vanguarda – mas conseguiu fazer algo extraordinário. Na experiência, os cientistas pegaram três robôs desse tipo, e programaram a seguinte instrução na memória deles: “Dois de vocês ficaram mudos”. Os cientistas não informaram quais. Em seguida, perguntaram a cada robô: quem está mudo aqui? Normalmente, os robôs ficam quietos (porque estão mudos), ou respondem “não sei”. Até que, após várias tentativas, um deles teve a sacada: “Desculpe. Eu sei a resposta agora. Eu não estou mudo”. Logo, os mudos são os outros dois. O robô conseguiu enxergar a si próprio “de fora” e raciocinar a respeito. Ou seja, tomou consciência de que existe, e pensou sobre isso. De forma rudimentar, claro. Mas que, até onde se sabe, nenhuma máquina tinha conseguido fazer antes.

        O NAO só conseguiu fazer isso porque foi construído usando o modelo de rede neural artificial – que tenta criar máquinas capazes de pensar por si mesmas. Em vez de programar um conjunto de regras rígidas na memória do robô, ensinando o que ele deve ou não fazer, você deixa que ele aprenda sozinho, por tentativa e erro – o robô experimenta todas as ações possíveis, vê as que apresentam o resultado correto (determinado por você), e passa a adotá-las, eliminando as que não funcionam. É uma estratégia semelhante à da seleção natural. E significa que, quando as circunstâncias mudam, a máquina é capaz de se ajustar a elas e evoluir sozinha, repetindo o processo de tentativa e erro. As redes neurais já estão presentes em algumas coisas do dia a dia (são usadas pelos robôs do Google Imagens para classificar e agrupar as fotos da internet, por exemplo), e são consideradas o caminho mais promissor para a inteligência artificial.

        Mas a capacidade de aprender sozinho também permite agir de forma diferente do esperado. Em junho deste ano, um software de rede neural desenvolvido por dois pesquisadores do Google teve uma reação imprevista. Ele foi treinado para conversar – coisa que aprendeu lendo e analisando 62 milhões de legendas de filmes, baixadas do site. Os pesquisadores fizeram dezenas de perguntas ao robô, como “quantas patas tem um gato?”, “qual a cor do céu?”, “o que é altruísmo?”. Ele acertou, sempre dando respostas bem diretas. Exceto numa das questões. Quando perguntado “de que cor é o sangue?”, a máquina disse: “da mesma cor que um olho roxo”. Uma ameaça velada – que ela certamente aprendeu nos filmes, mas que não tinha sido programada para fazer. Em 2013 o supercomputador Watson, da IBM, passou por um caso parecido. Seus criadores o colocaram para ler o site, que explica os significados de gírias. Não acabou bem. Watson se tornou boca-suja. Um dia, respondeu a um pesquisador dizendo que a pergunta dele era bullshit (expressão chula que significa papo-furado). Ele não tinha sido programado para falar palavrão. Acabou falando.

        Xingar não é o fim do mundo. Mas quando máquinas inteligentes estiverem envolvidas em situações críticas, qualquer surpresa poderá ter consequências graves.

Eduardo Szklarz. Disponível em: https://super.abril.com.br/tecnologia/a-guerra-da-inteligencia-artificial. Acesso em: 8 ago. 2018.

Entendendo a reportagem:

01 – O autor da reportagem fez questão de indicar que o NÃO não é um robô sofisticado. Quais trechos informam isso?

      Os trechos são estes: “Não é nenhum gênio”; “Consegue manter conversas simples” e “Não é um modelo de vanguarda”.

02 – Por que a resposta dada por NÃO foi surpreendente?

      Porque ela não estava programada; o robô chegou a uma conclusão “refletindo” sobre a situação em que estava inserido, enxergando a si próprio, tomando consciência de que existe.

03 – Que aspecto físico permitiu a ele dar essa resposta?

      NÃO foi construído usando o modelo de rede neural artificial.

04 – Explique a semelhança existente entre o modo como NÃO e os seres vivos aprendem.

      A aprendizagem ocorre por tentativa e erro, com o indivíduo verificando quais respostas ou ações têm o resultado esperado e descartando as demais.

05 – Por que o caso de NÃO e o de alguns outros computadores têm preocupado os cientistas e inventores?

      Porque as máquinas têm tido reações imprevistas, o que mostra que não é possível o controle total sobre elas.

ARTIGO DE OPINIÃO: FALAR, CALAR - LYA LUFT - COM GABARITO

 ARTIGO DE OPINIÃO: Falar, calar

                                          Lya Luft

        Hoje eu falo de silêncio. Eu, que amo as palavras, hoje fico nos espaços brancos e nas entrelinhas. Fico ausente, estou ausente embora de longe siga pelo milagre da tecnologia tudo o que acontece onde me leem neste instante.

        Ausente presente como tantas vezes tantas pessoas.

        Nas histórias que relato ou invento, hoje não me interessam tanto as tramas e os personagens: somos todos sombras que andam de um lado para o outro, aparecem e desaparecem em quartos, corredores, jardins. Caem de escadas, jogam-se no poço, naufragam como rostos ou ratos.

        A mim seduzem palavras e silêncios, e jeitos de olhar. O formato de uma boca melancólica, ou o baixar de uma pálpebra que esconde o desejo de morrer ou de matar, ódio ou desamparo, hipocrisia, ah, o olhar sorrateiro, o estrábico olhar dos mentirosos.

        A mim interessam as coisas que normalmente ninguém valoriza. Porque o real está no escondido. Por isso escrevo: para esconjurar o avesso das coisas e da vida, de onde nos vem o medo, que impulsiona como a esperança.

        Nas relações amorosas, sou fascinada pela fração de segundo, o lapso mínimo em que os olhares se desencontram e a palavra que podia ser pronunciada se recolhe por pusilanimidade, egoísmo ou autocompaixão. E a cumplicidade se rompe e a gente se sente sozinha.

        O caminho do desencontro é ladrilhado de silêncios, quando se devia falar, e de palavras quando melhor teria sido ficar calado: e a gente sabia, ah, sim, sabia. Pior: é ladrilhado de gestos que não foram feitos quando o outro precisava.

        E no silêncio o peso da omissão, cumplicidade com o erro, se agiganta.

        [...]

Revista Veja, 7/9/2005.

Fonte: Língua Portuguesa. Viva Português. 9° ano. Editora Ática. Elizabeth Campos. Paula Marques Cardoso. Silvia Letícia de Andrade. 2ª edição. 2011. P. 136-7.

Entendendo o texto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Esconjurar: afastar ou exorcizar; fazer desaparecer.

·        Pusilanimidade: característica de quem é pusilânime (covarde).

02 – Comparem os períodos, depois façam o que se pede no caderno:

·        “Hoje eu falo de silêncio.”

·        “Eu, que amo as palavras, hoje fico nos espaços brancos e nas entrelinhas.”         

          a)   Classifiquem os períodos em relação ao número de orações.

          O primeiro período é simples e o segundo é composto.

    b)   A autora se caracteriza por meio de uma oração subordinada adjetiva explicativa. Escreva essa oração.

Que amo as palavras.

c)   Qual oração do segundo período:

·        Se opõe à ideia de silencia?

Que amo as palavras.

·        Se refere ao silêncio?

Eu hoje fico nos espaços brancos e nas entrelinhas.

03 – A autora declara que está ausente-presente como tantas pessoas. A palavra ou expressão que melhor indica esse estado é:

a)   Melancolia.

b)   Pusilanimidade.

c)   Silêncio.

d)   Ódio.

04 – Por meio de antíteses, a autora mostra um pouco de sua desilusão. Os pares de palavras que indicam isso são:

a)   Falar x calar.

b)   Ausente x presente.

c)   Aparecem x desaparecem.

d)   Palavras x silêncios.

e)   Tramas x personagens.

05 – A oração subordinada que expressa um fato oposto à ideia da oração principal, confirmando assim as ideias contidas nas questões 2 e 3, é:

a)   “[...] embora de longe siga pelo milagre da tecnologia tudo [...]” (subordinada adverbial concessiva).

b)   “[...] que acontece [...]” (subordinada adjetiva restritiva).

c)   “[...] onde me leem neste instante.” (Subordinada adverbial locativa).

06 – Em seu texto a autora procura explicar o objetivo, a finalidade de sua profissão. A oração subordinada adverbial que indica isso é:

a)   “Porque o real está no escondido.” (Adverbial causal).

b)   “[...] para esconjurar o avesso das coisas e da vida [...]” (Adverbial final).

07 – Leiam a reorganização dos períodos do penúltimo parágrafo:

        “O caminho do desencontro é ladrilhado de silêncios, quando se devia falar, e de palavras quando melhor teria sido ficar calado: e a gente sabia, ah, sim, sabia. Pior: é ladrilhado de gestos que não foram feitos quando o outro precisava.”

        Nesse parágrafo a autora marca os desencontros da vida com momentos. Esses momentos são indicados por orações subordinadas adverbiais temporais. Identifiquem-nas.

      Quando se devia falar; quando o melhor teria sido ficar calado; quando o outro precisava.

TEXTO: INVEJA - KÁTIA FERRAS - COM GABARITO

 Texto: Inveja

            Kátia Ferras

        A jornalista Kátia Ferraz, 40, cresceu ouvindo histórias da avó sobre olho gordo e inveja. Cética, ela nunca deu muita bola e achava que se tratava de folclore.

        Casada e recém-formada com pouco mais de 20 anos, criou com o marido duas empresas: uma de assessoria de comunicação e outra que montava cestas de Natal para empresas.

        Como as encomendas não paravam de chegar, os dois alugaram um galpão grande na Vila Maria, na zona norte de São Paulo. De um dia para o outro, tudo começou a dar errado.

        Eles perderam um cliente grande, em Manaus, que cancelou pedidos, não conseguiram pagar os fornecedores, acabaram perdendo outros clientes, o galpão, acumularam mais dívidas e tiveram que vender os próprios carros para pagar os credores.

        -- "Tudo começou com a visita de um amigo nosso e o padrasto dele lá no galpão", conta.

        Segundo Kátia, o padrasto, desempregado na época, ficou impressionado com as instalações e com aquele monte de cestas.

        -- "Nossa, vocês têm tanta coisa aqui! Tão novinhos e já com tudo isso. A vida é assim: contempla uns e outros não", teria dito ele.

        No dia seguinte, o cliente de Manaus cancelou o pedido. Segundo Kátia, foi um efeito dominó violento. "Chegou uma hora em que não tínhamos dinheiro para mais nada. Começamos a brigar muito e até o nosso casamento acabou", diz a jornalista.

        Para piorar, nos meses em que eles foram afundando, o padrasto do amigo repetia, segundo a jornalista, com prazer, "bem que eu avisei".

        Kátia diz que aprendeu a lição e não conta nada sobre seus planos antes de serem realizados. Um negócio, um emprego, uma compra, ela só mostra depois de realizado. "Não existe inveja boa", diz.

        Além de não existir em versão boa, a inveja é, segundo o psiquiatra e doutor em saúde mental Joaquim Lopes Alho Filho, o único dos sete pecados que pressupõe agressão.

        -- "A inveja é a raiz de toda a violência. O indivíduo pensa "ele é e tem o que eu não sou nem tenho'", diz o médico. "Isso é uma fonte de frustração e o sujeito quer destruir o outro por não ter e não ser."

Folha de São Paulo, 21/4/2005.

Fonte: Língua Portuguesa. Viva Português. 9° ano. Editora Ática. Elizabeth Campos. Paula Marques Cardoso. Silvia Letícia de Andrade. 2ª edição. 2011. P. 52-3.

Entendendo o texto:

01 – Na sua opinião, a inveja pode causar muito mal?

      Resposta pessoal do aluno.

02 – De que maneiras ela pode afetar as pessoas envolvidas?

      Resposta pessoal do aluno.

03 – A jornalista narra alguma ação concreta do padrasto do amigo que possa justificar sua conclusão?

      Não. Ela afirma apenas que ele sentiu inveja.

04 – Releiam: “Kátia diz que aprendeu a lição [...]”.

a)   Que lição é essa?

A de que não se deve contar os planos antes de serem realizados.

b)   A lição aprendida por Kátia se baseia em qual raciocínio?

Se ela contar o plano antes de sua realização, ele não dará certo, pois alguém poderá invejá-la.

05 – Que outras causas mais concretas e facilmente comprováveis a jornalista poderia encontrar para o problema da primeira desistência, a da empresa de Manaus?

      A empresa de Manaus poderia estar passando por dificuldades, ou então um concorrente ofereceu cestas mais baratas.

06 – E vocês? Para explicar acontecimentos do seu dia-a-dia (com amigos, com a família...), vocês procuram causas que possam ser comprovadas ou apelam para causas “nebulosas”?

      Resposta pessoal do aluno.