quinta-feira, 13 de junho de 2019

FÁBULA: A TROMBA DO ELEFANTE - ADAPTADO. ADILSON MARTINS. - COM GABARITO

Fábula: A TROMBA DO ELEFANTE


      Antigamente, Ajanaku, o elefante, tinha focinho curto como todos os animais.
        Não possuía a grande tromba que tem agora e que lhe é muito útil, servindo de braço e mão, além de nariz.
    Quando não tinha tromba, o elefante era muito curioso e gostava de saber tudo o que acontecia na floresta.
        Certo dia, encontrou um buraco entre as raízes de uma grande árvore e, curioso como era, enfiou o nariz nele para saber do que se tratava.
        Acontece que aquele buraco era a entrada da casa de uma cobra muito grande que, vendo aquele nariz fuçando sua casa, abocanhou-o, tentando engolir nosso pobre Ajanaku.
        Lamentando sua curiosidade, Ajanaku andava para trás, para não ser engolido pela cobra, que o puxava para dentro do buraco.
        – Socorro! – gritava Ajanaku desesperado, sentindo que não ia conseguir se livrar da grande cobra.
        Ouvindo seus gritos, muitos animais vieram em seu socorro e, segurando em seu rabo, puxaram com força, para livrá-lo da cobra.
        Não foi fácil, mas finalmente, conseguiram salvar nosso amigo, que, de tanto ser puxado, teve seu nariz esticado e transformado na tromba que agora possui.
        No início, Ajanaku, envergonhado de sua nova e estranha aparência, ficou escondido dentro da floresta.
        Com o tempo, aprendeu a usar a tromba com muita habilidade, da forma como fazem todos os elefantes atualmente. Satisfeito, voltou ao convívio dos outros bichos.
        Um dia, o macaco, que gosta de imitar todo mundo, foi enfiar o nariz no buraco, para ver se criava uma tromba igual à do elefante. A cobra, que ainda morava no mesmo lugar, engoliu o macaco inteirinho, com muita facilidade.
        É por isso que, mesmo sentindo inveja, nenhum bicho nunca mais tentou imitar o elefante para ficar com uma tromba igual a dele.

ADAPTADO. MARTINS, Adilson. O papagaio que não gostava de mentiras
e outras fábulas africanas. Rio de Janeiro, Pallas, 2008.
 Disponível em http://www.contandohistoria.com/ Acesso em 02 de Dez. de 2013

Entendendo a fábula:
01 – Para que haja identificação do leitor com a história, é necessário caracterizar as personagens, suas atitudes diante da vida e a situação vivida.

a)   Quem são os personagens?
Ajanaku, cobra, animais e o macaco.

b)   Com que qualidades/comportamento estas personagens são apresentadas no texto?
- Ajanaku = curioso.
- Cobra = engolir suas presas.
- Animais = amigos, companheiros.
- Macaco = invejoso.

02 – Retire do texto a expressão que registra quando os fatos aconteceram.
      Antigamente...; Certo dia...; Com o tempo...; e Um dia...

03 – Por que uma cobra enorme tentou engolir o pobre Ajanaku?
      Ajanaku enfiou o nariz na casa da cobra.

a)   Como Ajanaku conseguiu livrar-se?
Ajanaku gritou e muitos animais vieram em seu socorro segurando em seu rabo, puxando com força para livrá-lo da cobra.

04 – Qual o preço pago pela curiosidade do elefante?
      De tanto ser puxado, ele teve o nariz esticado e transformado na tromba que agora possui.

05 – Conte o que aconteceu com o macaco quando decidiu adquirir também uma tromba.
      A cobra engoliu o macaco inteirinho, com muita facilidade.

06 – Apresente as características que identificam o texto como uma FÁBULA.
      É um texto narrativo curto, os personagens são animais, e apresentam um ensinamento.

07 – Para você, qual seria a moral da história?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: “A curiosidade matou o gato”.

08 – Do seu ponto de vista, você seria capaz de lembrar de alguma situação da vida real onde o contexto da fábula se aplicaria?
      Resposta pessoal do aluno.






MENSAGEM ESPÍRITA - RECEITAS DE PAZ - (JOANNA DE ÂNGELIS) - DIVALDO P.FRANCO - PARA REFLEXÃO


RECEITAS DE PAZ
Joanna de Ângelis

        Tendo em vista os grandes problemas que comandam a cultura e a civilização hodierna, somos levados a concordar com os estudiosos do comportamento e com os filósofos modernos que assinalam este como o “século da angústia”.
        Estatísticas bem elaboradas documentam a existência de cem milhões de pessoas vitimadas pela depressão da amargura, na atualidade, que marcham no rumo de alienações mais graves ou do suicídio inditoso.
        Outras enfermidades na área mental assolam em índice terrível e assustador, o que preocupa mesmo os mais frios profissionais da Medicina psiquiátrica como da Psicologia e da Psicanálise.
        Somem-se a estes dados as doenças do aparelho digestivo, as cardiopatias, o câncer, as infecções dermatológicas, as alergias, os processos reumáticos e artríticos, os desgastes ósseos, os desvios de coluna, e teremos inquietante incidência de desajustados e sofredores, debatendo-se nas amarras da aflição constritora.
        É verdade que a Medicina vem logrando, cada dia, mais expressivos êxitos nos problemas da saúde, seja nas cirurgias de alto porte ou nas microcirurgias, nos transplantes salvadores devidas ou nas valiosas terapias medicamentosas de resultados abençoados.
        No entanto, a fome, o desemprego, as carências afetivas, a indiferença pela vida, a revolta, os desequilíbrios do sexo, respondem por maior número de desesperados, que clamam por ajuda que nem sempre lhes chega, ou que se recusam a receber, quando a mesma lhes é oferecida...
        São estes os “tempos chegados”, da referência evangélica, convidando-nos a uma atitude dinâmica em favor dos padecentes de todo porte. 
        A Doutrina Espírita, porém, dispõem dos recursos que podem propiciar uma radical mudança para melhor, desta realidade que ora enfrentamos.
        Reunimos, neste livro, algumas páginas inspiradas nos ensinamentos espíritas, que oferecemos ao leitor como receitas de paz, para as múltiplas situações, seja na doença ou na saúde, diante dos conflitos como das dificuldades...
        Dedicamos este despretensioso trabalho aos que ainda tateiam na escuridão, sem fé, aos que perderam a esperança, àqueles que ignoram as bênçãos da reencarnação e ainda não se deram conta de que se encontram incursos nos soberanos códigos da divina justiça e na sua imortalidade, que lhes impõe a transformação moral, a fim de mais facilmente se liberarem dos sofrimentos que os aturdem e desconcertam.
        Esperando que estas mensagens consigam alertar ou infundir coragem naqueles que buscam orientação para os momentos de angústia de qualquer procedência, agradecemos ao Senhor da Vida, o Médico por Excelência, rogando-Lhe abençoar-nos sempre com a Sua paz.

Joanna de Ângelis. Salvador, 21 de março de 1984.


TEXTO: A PALAVRA - PABLO NERUDA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Texto: A Palavra
              
              Pablo Neruda

        ...Tudo o que você quiser, sim senhor, mas são as palavras que cantam, que sobem e descem... Prosterno-me diante delas... Amo--as, abraço-as, persigo-as, mordo-as, derreto-as... Amo tanto as palavras... As inesperadas... As que glutonamente se amontoam, se espreitam, até que de súbito caem... Vocábulos amados... Brilham como pedras de cores, saltam como irisados peixes, são espuma, fio, metal, orvalho... Persigo algumas palavras... São tão belas que quero pô-las a todas no meu poema... Agarro-as em voo, quando andam a adejar, e caço-as, limpo-as, descasco-as, preparo-me diante do prato, sinto-as cristalinas, vibrantes, ebúrneas, vegetais, oleosas, como frutas, como algas, como ágatas, como azeitonas... E então revolvo-as, agito-as, bebo-as, trago-as, trituro-as, alindo-as, liberto-as... Deixo-as como estalactites no meu poema, como pedacinhos de madeira polida, como carvão, como restos de naufrágio, presentes das ondas... Tudo está na palavra... Uma ideia inteira altera-se porque uma palavra mudou de lugar, ou porque outra se sentou como um reizinho dentro de uma frase que não a esperava, nas que lhe obedeceu... Elas têm sombra, transparência, peso, penas, pelos, têm de tudo quanto se lhes foi agregando de tanto rolar pelo rio, de tanto transmigrar de pátria, de tanto serem raízes... São antiquíssimas e recentíssimas... Vivem no féretro escondido e na flor que desponta... Que bom idioma o meu, que boa língua herdamos dos torvos conquistadores... Andavam a passo largo pelas tremendas cordilheiras, pelas Américas encrespadas, em busca de batatas, chouriços, feijões, tabaco negro, ouro, milho, ovos fritos, com aquele voraz apetite que nunca mais se viu no mundo... Tudo engoliam, juntamente com as religiões, pirâmides, tribos, idolatrias iguais às que traziam nas grandes bolsas... Por onde passavam ficava arrasada a terra... Mas aos bárbaros caíam das botas, das barbas, dos elmos, das ferraduras, como pedrinhas, as palavras luminosas que ficaram aqui, resplandecentes... o idioma. Ficamos a perder... Ficamos a ganhar... Levaram o ouro e deixaram-nos o ouro... Levaram tudo e deixaram-nos tudo... Deixaram-nos as palavras. 
Pablo Neruda, in "Confesso que Vivi" 
Entendendo o texto:

01 – Esse texto foi escrito pelo chileno Pablo Neruda, personagem do texto lido em Lendo mais. Nele, o autor fala da colonização espanhola e de seu amor pela palavra. Qual a importância das palavras na vida dele?
      A palavra é o instrumento de trabalho. É por meio dela que ele exprime seus pensamentos e sentimentos. As palavras representam tudo para ele.

02 – Logo no início do texto, a palavra é apresentada de forma metafórica. Transcreva para o caderno um trecho em que isso ocorre.
      “Brilham como pedras coloridas, saltam como peixes de prata, são espuma, fio, metal, orvalho...”.

03 – Há várias passagens no texto em que está presente a linguagem figurada. Explique os significados de algumas dessas expressões:
a)   “Estes [os conquistadores torvos] andavam a passos largos pelas tremendas cordilheiras...”.
Os conquistadores dominaram rapidamente o território de montanhas muito elevadas.

b)   “Tragavam tudo: religiões, pirâmides, tribos, idolatrias iguais às que eles traziam em suas bolsas...”.
Destruíram a cultura local e as crenças que encontravam, as quais eram equivalentes às que traziam consigo.

c)   “Mas caíam das botas dos bárbaros, das barbas, dos elmos, das ferraduras, como pedrinhas, as palavras, as palavras luminosas que permaneceram aqui resplandecentes... o idioma”.
Os conquistadores deixaram no local colonizado o seu idioma.

04 – A ação do colonizador é mostrada, no texto, sob seus aspectos negativo e positivo. Explique esses dois aspectos.
      Negativo: o colonizador levou a destruição.
      Positivo: o colonizador deixou as palavras, a língua espanhola.

05 – No trecho “Levaram o ouro e nos deixaram o ouro... Levaram tudo e nos deixaram tudo... Deixaram-nos as palavras...”, a palavra “ouro” é usada duas vezes: uma em sentido próprio e outra em sentido figurado. Explique esses dois sentidos, mostrando o que foi levado pelos colonizadores e o que foi deixado por eles.
      Eles levaram as riquezas da terra, o ouro inclusive (sentido próprio) e deixaram algo de muito valor, o idioma, as palavras (sentido figurado).



quarta-feira, 12 de junho de 2019

POEMA: PRONOMINAIS - OSWALD DE ANDRADE - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: Pronominais
    
          Oswald de Andrade

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.

Pau-Brasil. 2. ed. São Paulo: Globo, 2003. p. 167.

Entendendo o poema:

01 – Em se tratando da gramática normativa em relação à colocação pronominal, qual foi a intenção do autor diante de sua criação?
      A intenção do autor foi de criticar as padronizações da chamada linguagem culta. Desta maneira ele utiliza-se da ironia para repudiar as ideologias concernentes à era parnasiana.  
  
02 – Comparando a explicação dada pelos autores sobre essa regra, pode-se afirmar que ambos:
a)   Condenam essa regra gramatical.
b)   Acreditam que apenas os esclarecidos sabem essa regra.
c)   Criticam a presença de regras na gramática.
d)   Afirmam que não há regras para uso de pronomes.
e)   Relativizam essa regra gramatical.

03 – Identifique no poema de Oswald de Andrade um exemplo de colocação pronominal de acordo com a norma culta e outro de acordo com a língua informal. Em seguida, explique o uso desses pronomes encontrados, informando se há próclise, mesóclise ou ênclise.
      Informal: "Me dá um cigarro" utilização de próclise e que não é permitido de acordo com a gramatica brasileira por iniciar a frase com um pronome.     Formal: "Dê-me um cigarro" utilização de ênclise que está de acordo com a norma culta da gramática brasileira.

04 – Como podemos justificar o erro de colocação pronominal na poesia de Oswald de Andrade?
      O "erro" pode ser justificado de acordo com a norma gramatical de que não se pode iniciar uma frase com pronominal.

05 – Quanto à linguagem e à rima, qual é a diferença entre esse poema e os poemas “tradicionais”?
      A principal característica da poesia modernista da primeira fase foi a transgressão aos modelos de poesia da época. OSWALD DE ANDRADE propunha novos temas revolucionário a forma (rima – versos livres) – ausência de ritmo. E conteúdo para criar uma poesia genuinamente brasileira.

06 – Qual é a principal crítica do autor?
      Critica a gramática normativa (norma culta) valoriza em seus versos a fala popular, a do “bom falante”.

07 – A partir de poemas como esse, o que a primeira geração modernista propunha como mudança para a literatura em nosso país?
      Sim, a mudança era reduzir a distância entre a linguagem falada e escrita, uma as principais característica do Primeiro Tempo Modernista.

08 – Marque a alternativa incorreta em relação ao poema modernista:
a)   Exaltação do falar coloquial brasileiro.
b)   A presença do humor/ironia.
c)   A liberdade da métrica.
d)   Discriminação racial.
e)   Nacionalização da Língua Portuguesa.

09 – De acordo com o poema, o que é ser um “bom brasileiro”?
      O bom brasileiro é aquele que fala o português do Brasil, não aquele que fica “macaqueando a sintaxe lusíada”, ou seja, seguindo os padrões da gramática normativa, que não respeita a prosódia nacional.

10 – O poeta faz uma oposição entre o que “Diz a gramática / Do professor e do aluno / E do mulato sabido” e o que “o bom negro e o bom branco / Da Nação Brasileira / Dizem todos os dias”. Linguisticamente, o que ele quer mostrar?
      O distanciamento entre a variedade padrão e a variedade popular da língua.

11 – Associe o título ao conteúdo do poema e responda: 
a)   Que regra da variedade padrão d língua o poeta põe em discussão?
A regra que proíbe o emprego do pronome oblíquo em início de frase.

b)   Oswald de Andrade fez parte do modernismo, movimento literário que, entre outras propostas, valorizava nossas tradições e costumes. Considerando-se que a construção “Dê-me um cigarro” é própria da prosódia lusitana, para o autor, o que é ser brasileiro do ponto de vista linguístico?
É seguir a prosódia brasileira, em lugar da prosódia lusitana.

12 – Que função a palavra mas tem no poema?
      A de ligar a 1ª estrofe à 2ª, estabelecendo uma ideia de oposição, de contraste.

13 – A ausência de pontuação no poema é uma das “irreverências” dos escritores modernistas. Como seria a pontuação do poema, de acordo com a variedade padrão escrita?
      Resposta pessoal do aluno.


FÁBULA: O LADRÃO E O CÃO DE GUARDA - MILLÔR FERNANDES - COM GABARITO

Fábula: O Ladrão e o Cão de Guarda
                 MILLÔR FERNANDES

        Um ladrão, desejando entrar à noite numa casa para a roubar, deparou-se com um cão que com os seus latidos o impedia. O cauteloso ladrão, para apaziguar o Cão, lançou lhe um bocado de pão. Mas o Cão disse:
        — Bem sei que me dás este pão para que eu me cale e te deixe roubar a casa, não porque gostes de mim. Mas já que é o dono da casa que me sustenta toda a vida, não vou deixar de ladrar enquanto não te fores embora ou até que ele acorde e te venha afugentar. Não quero que este bocado de pão me custe morrer de fome o resto da vida.
        Moral da História: Quem se fia em palavras lisonjeiras, acha-se no fim enganado. Mas quem suspeita das ofertas e das palavras de lisonjeio, não se deixar enganar.
                                                                                      Millôr Fernandes
Entendendo a fábula:

01 – Quais são os personagens dessa fábula?
      O ladrão, o cão e o dono da casa.

02 – Todas ações da fábula se passam no mesmo dia? Explique.
      Sim, acontece à noite.

03 – Para que serve um fábula?
(   ) Divertimento.
(X) Ensinamento.
(   ) Ensinamento.

04 – Como o autor caracteriza o cão?
      Caracteriza como fiel, esperto e desconfiado.

05 – Numa fábula há sempre uma crítica a determinado tipo de comportamento, que se deveria evitar. Na fábula “O ladrão e o cão de guarda”, a crítica refere-se a que tipo de atitude?
      A atitude do ladrão que tenta convencer o cão a ajuda-lo a roubar, se distraindo com um pedaço de pão, ou seja, desconfie de tudo que é muito fácil.

06 – Qual o desfecho (situação final) da fábula?
      O cão não aceita o pedaço de pão do ladrão e ameaça latir até o dono da casa aparecer, caso o ladrão não vá embora.

07 – Que outro título você daria a fábula?
      Resposta pessoal do aluno.

08 – Do seu ponto de vista, você seria capaz de lembrar de alguma situação da vida real onde o contexto da fábula se aplicaria?
      Resposta pessoal do aluno.

09 – A história narrada por Millôr Fernandes refere-se a um fato:
(   ) Real.
(   ) Histórico.
(X) Fictício.

10 – A moral desta fábula apresenta uma reflexão sobre o comportamento humano. Você acredita que existem pessoas que agem assim? Justifique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.

CONTO: A MOÇA DAS PÉROLAS - JOÃO TRAPALHÃO - COM QUESTÕES GABARITADAS

Conto: A MOÇA DAS PÉROLAS
             
      João Trapalhão

        Uma mulher tinha dois filhos: um rapaz, que era marinheiro, e uma moça que morava com ela. Quando estava à beira da morte, chamou a filha e disse: “Tudo o que tenho para lhe dar é esta toalha e este pente. Use-os sempre e pense em mim”.
        Depois que a mãe morreu a moça passou a se enxugar diariamente com a toalha e a se pentear com o pente. E todas as vezes que os usava, pérolas em profusão lhe brotavam da pele e dos cabelos.
        Quando voltou de viagem, o marinheiro juntou as pérolas para vendê-las no próximo porto. Alguns dias mais tarde partiu para uma terra distante, onde vendeu as pérolas ao rei e lhe contou como as obtivera. “Quero conhecer sua irmã”, o rei falou. “Se o que me disse é verdade, caso-me com ela; se é mentira, mando matá-lo.”
        O marinheiro ainda navegou por algum tempo antes de transmitir à irmã as palavras do rei. Feliz com a novidade, ela foi correndo contá-la a sua vizinha, que era uma bruxa. “Vou ser rainha!”, exclamou, concluindo seu relato.
        “Minha filha e eu vamos sentir muito sua falta”, disse a vizinha. “Leve-nos para seu palácio, por favor...”.
        A moça atendeu seu pedido, e as três embarcaram rumo ao reino longínquo. Durante a viagem a bruxa lhe deu um veneno poderoso, que fez seu coração parar de bater. Chorando amargamente, o marinheiro sepultou a pobre irmã no vasto mar. “Se eu aparecer por lá sem ela, o rei me matará”, declarou entre soluços. “Vamos voltar para nossas casas.”
        “Nada disso! Replicou a vizinha cobiçosa, pensando nas riquezas que a aguardavam. “Vamos apresentar minha filha como sua irmã.” O marujo relutou muito, mas acabou concordando.
        A viagem prosseguiu, e, assim que desembarcaram, os três rumaram para o palácio. “Trouxe minha irmã para ser sua esposa”, o marinheiro anunciou ao rei.
        “Muito bem! Mas, antes de marcar o casamento, quero ver as pérolas brotarem de seus cabelos”, o soberano falou.
        A filha da vizinha começou a se pentear e, em vez de pérolas, despejou no tapete uma chuva de caspas. O rei, furioso, mandou seus guardas trancarem o marujo na prisão para executá-lo mais tarde.
        Enquanto isso o cozinheiro do palácio tinha ido pescar e se deparou com uma baleia morta. Ao aproximar-se, ouviu uma vozinha dizendo: “Socorro!”. Imediatamente ele abriu a barriga da baleia, da qual saiu uma linda jovem, que lhe contou uma estranha história. Sem saber o que pensar, o cozinheiro a levou para o palácio e escondeu-a num quartinho.
        Um dia a coitada espiava pela janela, quando viu Pingo, o cachorrinho do marinheiro. “Como está meu irmão”? Perguntou-lhe. “Está preso, aguardando a data da execução”, foi a resposta.
        A moça pediu ajuda ao cozinheiro, que foi contar tudo ao rei. No dia seguinte os dois homens se esconderam e esperaram. Minutos depois ouviram a jovem perguntar a Pingo: Ë meu irmão?”. O cachorro responde: “Vai morrer hoje”.
        Nesse momento o rei entrou e pediu à moça que se penteasse com o pente mágico. Ao ver as pérolas choverem de seus cabelos, esposou-a, libertou o marinheiro e mandou matar a bruxa e sua filha.

Fonte: Volta ao mundo em 52 histórias. Narração de Neil Philip. Ilustrações de Nilesh Mistry. Tradução de Hildegard Feist. Companhia das Letrinhas.
Entendendo o conto:

01 – Qual foi a recomendação que a mãe deu à sua filha na hora da sua morte?
      “Tudo o que tenho para lhe dar é esta toalha e este pente. Use-os sempre e pense em mim”.

02 – Releia os seguintes trechos do texto e responda:
        A viagem prosseguiu, e, assim que desembarcaram, os três rumaram para o palácio. “Trouxe minha irmã para ser sua esposa”, o marinheiro anunciou ao rei.
        “Muito bem! Mas, antes de marcar o casamento, quero ver as pérolas brotarem de seus cabelos”, o soberano falou.

a)   A palavra grifada refere-se:
    (   ) ao marinheiro.
    (   ) ao cozinheiro.
    (   ) à bruxa.
    (X) ao rei.

        Enquanto isso o cozinheiro do palácio tinha ido pescar e se deparou com uma baleia morta. Ao aproximar-se, ouviu uma vozinha dizendo: “Socorro!”. Imediatamente ele abriu a barriga da baleia, da qual saiu uma linda jovem, que lhe contou uma estranha história. Sem saber o que pensar, o cozinheiro a levou para o palácio e escondeu-a num quartinho.
        Um dia a coitada espiava pela janela, quando viu Pingo, o cachorrinho do marinheiro. “Como está meu irmão”? Perguntou-lhe. “Está preso, aguardando a data da execução”, foi a resposta.

b)   A palavra grifada refere-se:
    (  ) à bruxa.
    (  ) ao marinheiro.
    (X) à jovem irmã do marinheiro.
    (  ) ao cachorro.

03 – Por que a vizinha da moça queria ser levada juntamente com sua filha, ao palácio?
(  ) Porque eram muito amigas e iria sentir saudades.
(  ) Porque ela queria ajudar a moça a se casar com o rei.
(X) Porque ela planejava matá-la para que sua filha se casasse com o rei.
(  ) Porque ela queria que sua filha se cassasse com o marinheiro.

04 – Como o cozinheiro ajudou a moça a salvar seu irmão da morte?
      O cozinheiro contou toda a história da moça ao rei.

05 – Releia o trecho do texto:
        A moça pediu ajuda ao cozinheiro, que foi contar tudo ao rei. No dia seguinte os dois homens se esconderam e esperaram. Minutos depois ouviram a jovem perguntar a Pingo: “E meu irmão?”. O cachorro responde: “Vai morrer hoje”.

a)   Quem eram os dois homens?
O rei e o cozinheiro.

b)   Por que o rei e o cozinheiro ficaram escondidos?
Para ouvir a moça perguntar ao Pingo sobre seu irmão, o marinheiro.

06 – No final da história, o rei esposou a moça porque:
(  ) Ela penteou os cabelos.
(X) Viu que a moça era a verdadeira irmã do marinheiro.
(  ) Ela tinha longos cabelos.
(  ) Gostou de ver o que aconteceu.


MENSAGEM ESPÍRITA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS - ALLAN KARDEC - MATERIALISMO - PARA REFLEXÃO


Mensagens Espírita: O livro dos Espíritos

ALLAN KARDEC – Tradução Matheus R. Camargo
Perguntas e respostas
                      Livro Segundo
MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
                       Capítulo II
        ENCARNAÇÃO DOS ESPÍRITOS

MATERIALISMO
147 – Por que os anatomistas, os fisiologistas e, em geral aqueles que se aprofundam nas ciências naturais são tão frequentemente levados ao materialismo?
      -- O fisiologista relaciona tudo àquilo que vê. Orgulho de homens que julgam tudo saber, não admitindo que algo possa ultrapassar o seu entendimento. Seu próprio conhecimento lhes dá essa presunção; pensam que a Natureza não lhes pode ter ocultado nada.

148 – Não é lamentável que o materialismo seja uma consequência de estudos que deveriam, ao contrário, mostrar ao homem a superioridade da inteligência que governa o mundo? Deve-se concluir que eles são perigosos?
      -- Não é verdade que o materialismo seja uma consequência desses estudos; é o homem que deles tira uma falsa consequência, pois pode fazer mau uso de tudo, mesmo das melhores coisas. O nada, aliás, assusta-os mais do que eles querem demonstrar, e os espíritos fortes são, muitas vezes, mais fanfarrões do que valentes. A maior parte deles só é materialista por não ter nada que preencha este vazio experimentado ante o abismo que se abre à sua frente. Mostrai-lhes uma tábua de salvação, e eles se agarrarão prontamente a ela.
      Por uma aberração da inteligência, há pessoas que só veem nos seres orgânicos a ação da matéria, atribuindo a ela todos os nossos atos. Veem, no corpo humano, somente a máquina elétrica. Limitaram o estudo do mecanismo da vida ao funcionamento dos órgãos; viram a vida extinguir-se pela ruptura de um fio, e não perceberam nada além desse fio. Procuraram descobrir se restava algo, e como só encontraram a matéria inerte, não viram a alma escapar e nem puderam apanhá-la, concluíram que tudo estava nas propriedades da matéria e que, assim, após a morte há penas a aniquilação do pensamento. Triste consequência, se assim fosse, pois então não haveria finalidade para o bem e o mal, o homem estaria certo em pensar apenas em si mesmo e em colocar a satisfação de seus prazeres materiais acima de tudo; os laços sociais seriam rompidos e os afetos mais puros irreversivelmente destruídos. Felizmente, essas ideias estão longe de ser generalizadas; pode-se até dizer que elas são muito circunscritas e que constituem apenas opiniões individuais, pois em parte alguma foram transformadas em doutrina. Uma sociedade fundada sobre essas bases traria em si o germe de sua dissolução, e seus membros iriam dilacerar-se mutuamente como animais ferozes.
      O homem tem, instintivamente, a convicção de que, para ele, nem tudo termina com a vida; tem horror ao nada. Em vão se esforça para resistir à ideia da vida futura, quando chega o momento supremo; poucos são os que não se perguntam o que vai ser de si, pois a ideia de deixar sem retorno tem algo de desolador. Quem realmente poderia encarar com indiferença uma separação absoluta e eterna de tudo o que amou? Quem suportaria, sem terror, ver abrir-se diante de si o imenso abismo do nada, onde seriam tragadas todas as nossas faculdades, todas as nossas esperanças, e dizer: “O quê! Depois de mim, nada, mais nada, a não ser o vazio; tudo está irreversivelmente acabado; mais alguns dias e minha lembrança será apagada da memória dos que sobreviveram a mim; em breve não restará nenhum traço de minha passagem pela Terra; até mesmo o bem que fiz será esquecido pelos ingratos a quem ajudei. E não há para compensar tudo isso, nenhuma outra perspectiva, a não ser a do meu corpo devorado pelos vermes!”
      Esse quadro não tem algo de tenebroso, de glacial? A religião nos ensina que não pode ser assim e a razão nos confirma isso. No entanto, essa existência futura, vaga e indefinida, não tem nada que satisfaça nosso amor pela positividade; e é isso que, em muitos, engendra a dúvida. Temos uma alma, que seja; mas o que é a nossa alma? Ela tem uma forma, uma aparência qualquer? É um ser limitado ou indefinido? Uns dizem que é um sopro de Deus; outros, que é uma centelha, outros, uma parte do Grande Todo, o princípio da vida e da inteligência. Mas o que tudo isso nos ensina? De que nos vale ter uma alma se, extinguindo-se nossa vida, ela se perde na imensidão como as gotas d’água no Oceano? A perda de nossa individualidade não equivale, para nós, ao nada? Diz-se ainda que a alma é imaterial; mas uma coisa imaterial não poderia ter proporções definidas; e, para nós, isso não é nada. A religião também nos ensina que seremos felizes ou infelizes, conforme o bem ou o mal que tivermos feito. Mas que bem-aventurança é esta que nos aguarda no seio de Deus? É uma beatitude, uma contemplação eterna, sem outra finalidade senão cantar louvores ao Criador? As chamas do inferno são uma realidade ou uma figura? A própria Igreja entende o inferno nesse último sentido, mas que sofrimentos são esses? Onde fica esse lugar de suplício? Em resumo, o que se faz e o que se vê nesse mundo que espera por todos nós? Costuma-se dizer que ninguém retornou para nos prestar contas. Isto é um erro, e a missão do Espiritismo é precisamente esclarecer-nos sobre esse futuro, fazer-nos – até certo ponto – tocá-lo com os dedos e olhos, não mais através do raciocínio, mas pelos fatos. Graças às comunicações espíritas, isto não é mais uma presunção, uma probabilidade sobre a qual cada um aborda a seu modo, e que os poetas embelezam com suas ficções ou semeando imagens alegóricas que nos enganam.
É uma realidade que nos aparece, pois são os próprios seres de além-túmulo que nos vêm descrever sua situação, dizer-nos o que fazem, permitir-nos assistir, por assim dizer, a todas as peripécias de sua nova vida. Dessa forma, mostram-nos o destino inevitável que nos é reservado, de acordo com nossos méritos e delitos. Há nisto algo de anti-religioso? Muito pelo contrário, pois os incrédulos aí encontram a fé, e os indecisos um meio de renovar o fervor e a confiança. O Espiritismo é, portanto, o mais poderosos aliado da a religião. E, se é assim, é porque Deus o permite, e Ele o permite com o intuito de reanimar nossas esperanças vacilantes e de conduzir-nos de volta ao caminho do bem, pela perspectiva do futuro.