quinta-feira, 2 de agosto de 2018

CRÔNICA: O APRENDIZ DE ESCRITOR - MOACYR SCLIAR - COM QUESTÕES GABARITADAS


CRÔNICA: O aprendiz de escritor
            
                                            Moacyr Scliar

        Escrevo há muito tempo. Costumo dizer que, se ainda não aprendi – e acho mesmo que não aprendi, a gente nunca para de aprender –, não foi por falta de prática. Porque comecei muito cedo. Na verdade, todas as minhas recordações estão ligadas a isso, a ouvir e contar histórias. Não só as histórias das personagens que me encantaram, o Saci-Pererê, o Negrinho do Pastoreio, a Cuca, Hércules, Mickey Mouse, Tarzan e os piratas. Mas também as minhas próprias histórias, as histórias de minhas personagens, estas criaturas reais ou imaginárias com quem convivi desde a infância.
        “Na verdade", eu escrevi ali em cima. Verdade é uma palavra muito relativa para um escritor de ficção. O que é verdade, o que é imaginação? No colégio onde fiz o segundo grau, o Júlio de Castilhos, havia um rapaz que tinha fama de mentiroso.
        Todo mundo sabia que ele era mentiroso. Todo mundo, menos ele.
        Uma vez, o rádio deu uma notícia alarmante: um avião em dificuldades sobrevoava Porto Alegre. Podia cair a qualquer momento. Fomos para o colégio, naquele dia, preocupados; e conversávamos sobre o assunto, quando 15 apareceu ele, o Mentiroso. Pálido:
        – Vocês nem podem imaginar!
        Uma pausa dramática, e logo em seguida:
        – Sabem este avião que está em perigo? Caiu perto da minha casa. Escapamos por pouco. Gente, que coisa horrível!
        E começou a descrever o avião incendiado, o piloto gritando por socorro... Uma cena impressionante. Aí veio um colega correndo, com a notícia: o avião acabara de aterrissar, são e salvo. Todo mundo começou a rir. Todo mundo, menos o Mentiroso:
        - Não pode ser! – repetia, incrédulo, irritado. – Eu vi o avião cair!
        Agora, quando lembro esta fato, concluo que não estava mentindo. Ele vira, realmente, o avião cair. Com os olhos da imaginação, decerto; mas para ele o avião tinha caído, e tinha incendiado, e tudo o mais. E ele acreditava no que dizia, porque era um ficcionista. Tudo que precisava, naquele momento, era um lápis e papel. Se tivesse escrito o que dizia, seria um escritor; como não escrevera, tratava-se de um mentiroso. Uma questão de nomes, de palavras.
Palavras. São tudo, para quem escreve. Ou quase tudo. Como a serra, o martelo, a plaina, a madeira, a cola e os pregos para o marceneiro; como a colher, o prumo, os tijolos e a argamassa para o pedreiro; como a fazenda, a linha, a tesoura e a agulha para o alfaiate. Estou falando em instrumentos de trabalho, porque literatura nem sempre parece trabalho.
Há uma história (sempre contando histórias, Moacyr Scliar! Sempre contando histórias!) sobre um escritor e seu vizinho. O vizinho olhava o escritor que estava sentado, quieto, no jardim, e perguntava: Descansando, senhor escritor? Ao que o escritor respondia: Não, trabalhando. Daí a pouco o vizinho via o escritor mexendo na terra, cuidando das plantas: Trabalhando? Não, respondia o escritor, descansando. As aparências enganam; enganaram até o próprio escritor.

                        Scliar, Moacyr. Memórias de um aprendiz de escritor.
        São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1984. (Passelivre, 11).

Entendendo o texto:
01 – Leia este trecho, observando as expressões destacadas:

        Não só as histórias das personagens que me encantam [...]. Mas também as minhas próprias histórias, as histórias de minhas personagens, estas criaturas reais e imaginárias que convivi desde a infância.”
As expressões destacadas exprimem uma ideia de:
a) Oposição  
     b) Alternância
     c) Adição

     02 – Observe a frase: “Estas criaturas reais ou imaginárias com quem convivi desde a infância.”
A expressão destacada na frase emite uma noção de:
a) Lugar
     b) Tempo
     c) Modo.

     03 – Observe a frase e marque a alternativa que melhor define a palavra destacada:
      “Uma vez, o rádio deu uma notícia alarmante.”
a) A palavra indica que a notícia dada no rádio não exigia muita preocupação, não era grave.
     b) A palavra destacada indica que a notícia era séria e preocupante.
     c) A palavra destacada indica que a notícia era engraçada.

     04 – Assinale o tipo de narrador predominante no texto:
 a) Narrador personagem/ narrador onipresente/ 1ª pessoa
      b) Narrador observador/ narrador onisciente/ 3ª pessoa
      c) Narrador inexistente.

     05 – Marque em qual parágrafo do texto há uma mudança de tipo de narrador:
a) Segundo parágrafo
     b) Sexto parágrafo
     c) Último parágrafo

06 – Leia abaixo o último parágrafo do texto e marque a resposta certa sobre a respectiva classificação dos elementos destacados:
        “Há uma história (sempre contando histórias, Moacyr Scliar! Sempre contando histórias!) sobre um escritor e seu vizinho. O vizinho olhava o escritor que estava sentado, quieto, no jardim, e perguntava: Descansando, senhor escritor? Ao que o escritor respondia: Não, trabalhando. Daí a pouco o vizinho via o escritor mexendo na terra, cuidando das plantas: Trabalhando? Não, respondia o escritor, descansando. As aparências enganam; enganaram até o próprio escritor.”
a) Personagens – tempo – espaço
     b) Tempo – personagens – espaço
     c) Personagens – espaço – tempo.

     07 – “Agora, quando lembro este fato, concluo que não estava mentindo. Ele vira, realmente, o avião cair. Com os olhos da imaginação, decerto; mas para ele o avião tinha caído, e tinha incendiado, e tudo o mais.”
A partir do trecho acima é possível concluir que:
a)      Seu colega não era mais considerado, ao menos para o narrador, um mentiroso
     b)     O narrador continuou acreditando no fato de que o avião caiu
     c)      Seu colega inventou tudo para ganhar atenção.
    
     08 – De acordo com o eu poético, quais eram os personagens que lhe encantavam?
           Eram: O Saci-Pererê; O Neguinho do Pastoreio; A Cuca; Hércules; Mickey Mouse; Tarzan e os Piratas.
    
     09 – Para o eu poético, o que significa “Na verdade”?
           Verdade é uma palavra muito relativa para um escritor de ficção. O que é verdade e o que é imaginário.
    
     10 – O que é narrado pelo rapaz que tinha fama de mentiroso?
           A queda de um avião perto de sua casa.

     11 – Por que os colegas começaram a rir dele? Justifique.
            Porque descobriram a mentira. Um dos colegas chegou contando que o avião tinha conseguido aterrissar, são e salvo.

     12 – Por que o eu poético não acha que era mentira, a história que o mentiroso estava contando?
           Porque ele via com os olhos da imaginação. Para ele o avião tinha caído, pegado fogo e tudo mais.

     13 – O eu poético faz a comparação de quem escreve com outras profissões no texto, quais são?
           Marceneiro, pedreiro e alfaiate.
    




CARTA-TESTAMENTO DE GETÚLIO VARGAS - WIKIPEDIA - COM QUESTÕES GABARITADAS


Carta-testamento de Getúlio Vargas
                        
          
        Carta Testamento de Getúlio Vargas é um documento endereçado ao povo brasileiro escrito por Getúlio Vargas horas antes de seu suicídio, na data de 24 de agosto de 1954.
   Existe uma nota manuscrita do suicídio, e um berrador "Carta Testamento", da qual se conhecem 3 cópias. Existe polêmica quanto à autenticidade do texto datilografado.[1]
        Cópia da Carta-testamento de Getúlio Vargas, 24 de agosto de 1954:
        Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam; e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.
        Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci.
        Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo.
A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso.
        Contra a Justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios.
        Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobras, mal começa esta a funcionar a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre,não querem que o povo seja independente.
        Assumi o governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia a ponto de sermos obrigados  ceder.
        Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo e renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser o meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.
        Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos.
        Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação.
        Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com perdão. E aos que pensam que me derrotam respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo, de quem fui escravo, não mais será escravo de ninguém.
        Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue terá o preço do seu resgate.
        Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história.
                                              Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Entendendo a carta:
01 – Getúlio Vargas construiu a própria imagem de político nos fragmentos dessa carta. Na sua opinião, qual das alternativas a seguir aponta para a forma com que ele construiu essa imagem de si mesmo?
a)   Um político arrependido dos problemas que aconteceram em seu governo.
b)   Um político que aceita bem as críticas da oposição.
c)   Um político que não acredita que pode fazer mais pelo povo.

02 – Que fragmentos da carta o levaram à resposta da pergunta anterior? Alguma palavra ou alguma expressão?
      “... Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue.”

03 – Quem parece ser o leitor da carta?
      Pelo telefone, claramente emocionado, o ministro da Fazenda, Oswaldo Aranha, leu para a Rádio Nacional a Carta-testamento.

04 – Nessa carta, que explicações sobre a decisão final de Getúlio Vargas são apresentadas para o leitor?
      “Precisam sufocar a minha voz e impedir minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. Sigo o destino que me é imposto.” [...]

05 – Quais palavras ou expressões da carta remetem à ideia de que Getúlio Vargas cometerá suicídio em seguida?
·        “Sigo o destino que me é imposto. [...]”
·        “Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue.”
·        “... Eu ofereço em holocausto a minha vida.”
·        “Agora vos ofereço a minha morte.”
·        “... saio da vida para entrar na História.”

06 – Por que será que Getúlio Vargas terminou a carta com a frase: “Serenamente dou o passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História”?
      Ele estava envolvido em graves acusações e pressionado a renunciar. Tinha uma profunda consciência de seu significado como personagem histórico. Seu último e trágico gesto: o suicídio foi um ato político. Por isso, preferiu protagonizar um teatro de tragédia a submeter-se à humilhação e ao teatro patético que os adversários encenariam com sua renúncia.

07 – No trecho:
        “Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma agressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio. [...]. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não será mais escravo de ninguém. [...] Lutei contra a esfoliação do povo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte.”
        Acerca do contexto e personagem identificados no documento citado, é INCORRETO afirmar que:
a)   A referência à escravidão feita pelo ex-presidente é um recurso de retórica para afirmar a sua identificação com os trabalhadores.
b)   Os mais poderosos adversários de Vargas, nessa conjuntura, os quais ele alega agredi-lo constantemente, são os comunistas liderados por Luiz Carlos Prestes.
c)   A UDN, oposição ao varguismo, pagou um alto preço político por isso, como evidenciou a eleição de JK.
d)   O mais duradouro legado varguista, a legislação trabalhista, permaneceu sem sofrer alterações por praticamente todas as décadas subsequentes à sua morte.
e)   O suicídio de Vargas é um desdobramento da acentuação da crise política em seu governo após o Atentado da Rua Tonelero.

08 – O segundo governo de Getúlio Vargas (1951-1954) terminou com o suicídio do presidente. Contribuiu para a crise política desse governo:
a)   O fechamento do Congresso, que acabou por unir, numa frente ampla, os defensores dos ideais democráticos.
b)   O apoio do presidente aos políticos da UDN (União Democrática Nacional), favoráveis à organização de um golpe para mantê-lo no poder.
c)   A política econômica adotada, de cunho nacionalista, da qual um dos marcos foi a criação da Petrobrás, em 1953.
d)   A série de convulsões sociais provocadas pela inflação, com movimentos grevistas organizados pelo Partido Comunista, então na legalidade.
e)   A ruptura entre civis e militares, que culminou com o assassinato do político e jornalista Carlos Lacerda.

09 – Identifique no documento alguns trechos que demonstram o nacionalismo do governo Getúlio Vargas.
      “Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda desamparado.”
      “Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a esfoliação do Brasil.”

10 – No Brasil de hoje políticos ainda adotam a prática de populismo?
      Sim, ser populista deum modo mais simples, é saber o que a população precisa e oferecer propostas específicas, ser amigo do povo, reclamar sobre salários baixos (para os trabalhadores mais humildes), creches com poucas vagas (para as mães), um exemplo interessante foi da ex-presidente Dilma colocar policiamento nas favelas do Brasil.

ARTIGO DE OPINIÃO: SOBRE OS VELHOS - ANA MIRANDA - COM GABARITO

ARTIGO DE OPINIÃO: Sobre os Velhos
        O envelhecimento médio brasileiro enriquecerá a população

     As palavras ancião, velho, velhice são bonitas, são um elogio, assim como jovem, juventude. A pessoa velha também é jovem. E é criança, conserva dentro de si tudo o que viveu. Esse é o encanto da velhice. É o tempo da plenitude.
        Os velhos são pessoas sábias, que têm muito a nos ensinar. Devemos retribuir com veneração, respeito, amor. Não aquele amor bondoso e opressivo, aquela “tirania que inventa cuidados e temores que machucam”. Uma vez saí com minha nora e uma amiga sua, muito gentil, que me dava a mão a cada meio fio da rua, e me enchia de cuidados, tantos que acabei tropeçando. Como escreveu Paulo Mendes Campos, “libertemos os velhos de nossa fatigante bondade”.
        A verdade é que gosto muito dos velhos. Acho bonitas as marcas da vivência, os cabelos brancos, as pausas na fala de um velho, seus silêncios significativos, suas impaciências, nossa fragilidade humana exposta, sua experiência. Sempre gostei de pessoas experientes, porque sempre gostei de aprender. Desde menina procurei a companhia de pessoas mais velhas. E hoje me sinto uma pessoa tão velha, tão velha como se tivesse quinhentos anos. E tenho, mesmo, porque escrevi livros passados nos séculos 16, 17, 18, 19 e 20, e é como se eu tivesse realmente vivido nesses tempos. Costumo brincar com o poeta Marco Lucchesi dizendo que ele é o único amigo mais velho do que eu, pois escreve sobre a origem do universo, as estrelas, os desertos. Ainda assim, nunca me sinto à altura de dizer o que diz um velho, nem tenho a mesma intensidade, nem a mesma segurança, não tenho a mesma prudência, nem o mesmo juízo agudo e eficaz. Cada palavra que um ancião diz vem carregada de significados, memórias, histórias vividas, de conhecimentos e autoridade. Suas palavras têm maior peso, maior valor. Ser velho é sinônimo de ser sábio.
        Os velhos vivem um fenômeno curioso chamado ecmnésia. Uma luz misteriosa vem a suas mentes, e eles se recordam cada vez mais de seu passado distante, de sua infância, lembram-se de detalhes, revivem com intensidade coisas acontecidas em suas vidas. Eles gostam de relatar essas memórias, e é maravilhoso ouvi-las. Essa criação inteligente da natureza nasce de um sentimento de preservação da memória, e a memória é uma negação do tempo. Porque o tempo é apenas uma convenção para organizarmos nossa compreensão do mundo. Tudo o que existiu continua a existir, e os velhos nos ensinam essa e outras lições.
        Durante muitos anos, o Brasil foi um país de jovens, quando havia um crescimento da população maior que o crescimento da expectativa de vida. Hoje, as pessoas nascem menos e vivem mais. O Brasil está se tornando um país de velhos, e imagino que isso vá melhorar as coisas. A pressa, o ímpeto, a rebeldia, o sentimento de imortalidade, a descrença, a falsa sensação de que sabem tudo, essas coisas dos jovens, vão dar lugar à experiência, maturidade, fé, e maior capacidade de amor e compreensão.
        Cuidado, jovens, aí vêm os velhos, furiosos.
                                            
       Ana Miranda é escritora, autora de Boca do Inferno, Desmundo,
                            Amrik, Dias & Dias, Deus-dará, entre outros livros.
                                              www.anamirandaliteratura.hpg.com.br
                Extraído da revista Caros Amigos, n° 92, novembro/2004.

Entendendo o texto:
01 – Por que o subtítulo diz que o envelhecimento enriquecerá a população?
      Porque os velhos são pessoas sábias, que têm muito o que ensinar para os jovens.

02 – Por que a autora, no título do texto, coloca o nome “Sobre os Velhos”?
      Porque ela acha um palavra bonita, assim como ancião, velhice são elogios.

03 – A autora diz que toda pessoa velha também é jovem, o que ela quis dizer?
      Que a pessoa velha conserva dentro de si tudo o que viveu quando criança (jovem).

04 – De acordo com o texto, o que é o tempo da plenitude?
      É o tempo que os idosos tem para que possam usufruir das coisas boas da vida, que quando jovens não foi possível.

05 – Qual é o tipo de cuidado e gratidão, que temos que ter com os idosos e qual não podemos ter?
      Temos que retribuir com veneração, respeito e amor. E nunca com aquele amor bondoso e opressivo. Aquela “Tirania que inventa cuidados e temores que machucam”.

06 – Quais são as marcas da vivência dos velhos?
      Os cabelos brancos; As pausas na fala; Os silêncios significativos; Suas impaciências; Sua fragilidade humana e suas experiências.

07 – De acordo com a autora, cada palavra de um idoso, vem carregado de significados, quais são?
      Vem carregados de memórias; histórias vividas; de conhecimentos e autoridades.

08 – Os velhos vivem um fenômeno curioso chamado ecmnésia, o que significa?
      É um tipo de amnésia, em que o indivíduo conserva a memória de fatos anteriores, revivem com intensidade coisas acontecidas em sua vida passada.

09 – Por que o Brasil durante muitos anos, foi considerado um País de jovens?
      Porque havia um crescimento da população maior que o crescimento da expectativa de vida.

10 – De acordo com o texto, o Brasil está se tornando um País de velhos, o que a autora quis dizer?
      Que a pressa, o ímpeto, a rebeldia, o sentimento de imortalidade, a descrença, a falsa sensação de que sabem tudo, essas coisas dos jovens, vão dar lugar à experiência, maturidade, fé, e maior capacidade de amor e compreensão.

11 – Por quem foi escrito este texto?
      Pela escritora Ana Miranda.


quarta-feira, 1 de agosto de 2018

MÚSICA: ERA UMA VEZ - CHITÃOZINHO E XORORÓ (PART. KELL SMITH) - COM QUESTÕES GABARITADAS


Música: Era Uma Vez
                            Chitãozinho e Xororó (part. Kell Smith).
Era uma vez,
O dia em que todo dia era bom
Delicioso gosto e o bom gosto
Das nuvens serem feitas de algodão
Dava pra ser herói
No mesmo dia em que escolhia ser vilão
E acabava tudo em lanche, um banho quente
E talvez um arranhão

Dava pra ver
A ingenuidade e a inocência cantando no tom
Milhões de mundos e universos tão reais
Quanto à nossa imaginação
Bastava um colo, um carinho
E o remédio era beijo e proteção
Tudo voltava a ser novo no outro dia
Sem muita preocupação

É que a gente quer crescer
E quando cresce, quer voltar do início
Porque um joelho ralado
Dói bem menos que um coração partido

É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado
Dói bem menos que um coração partido
Dá pra viver
Mesmo depois de descobrir que o mundo ficou mau
É só não permitir que a maldade do mundo
Te pareça normal
Pra não perder a magia de acreditar
Na felicidade real
E entender que ela mora no caminho
E não no final

É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado
Dói bem menos que um coração partido

É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado
Dói bem menos que um coração partido

Era uma vez...
https://www.connectmix.com/chitaozinho-e-xororo-lancam-era-uma-vez-com-particip...

Entendendo a canção:
01 – A canção retrata dois momentos vividos pelo eu lírico, relate sobre ambos:    
      O primeiro momento retrata a fase da infância e o segundo momento retrata a vida adulta. 

02 – Qual momento da vida do eu lírico é retratado de forma positiva? Explique sobre essa fase da vida com elementos extraídos da canção.
      A infância é retratada como uma fase boa em que as escolhas não importava muito, pois no mesmo dia que era um herói poderia ser vilão, os cheiros, a imaginação, a inocência e a ingenuidade eram sentimentos frequentes e os arranhões não importavam, porque o remédio era o carinho e a proteção dos pais e, no outro dia tudo voltava a ser novo.

03 – Explique o sentido dos versos a seguir:
“Dá pra viver
Mesmo depois de descobrir que o mundo ficou mau
É só não permitir que a maldade do mundo
Te pareça normal                        
Pra não perder a magia de acreditar na felicidade real
E entender que ela mora no caminho e não no final…”
      O eu lírico diz que mesmo depois que crescemos e descobrimos as maldades existentes no mundo é possível viver, basta não deixar que ações ruins pareça normal. Só assim não perderemos a magia de acreditar na felicidade e entenderemos que ela mora dentro de nós não precisamos sair em busca dela.

04 – Nos versos abaixo, explique o que o eu lírico sugere em relação a infância e a vida adulta?
“É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado
Dói bem menos que um coração partido…”.
      O eu lírico diz que quando somos crianças queremos crescer rapidamente. No entanto, quando crescemos e descobrimos que a vida adulta não é nada fácil, desejamos voltar a ser criança, porque um tombo, um joelho ralado dói menos do que sofrer por amor. O eu lírico sugere que a vida na infância é muito fácil e melhor de ser vivida.

05 – Transcreva 8 preposições, três conjunções e 8 verbos da canção.
·        Preposições: em; das; de; pra (para); no; sem; do; na.
·        Conjunções: que; e; porque.
·        Verbos: era; serem; dava; ser; escolhia; acabava; cantando; pareça.

06 – Produza um texto narrativo com o tema proposto na canção. Ele poderá ser redigido com foco narrativo em 1ª ou 3ª pessoa. Não esqueça do título. Bom trabalho!
      Resposta pessoal do aluno.

07 – Justifique o título utilizado na canção, mencionando a sua importância para o contexto:
      “Era uma vez”. Narra a fase linda da infância e mostra que crescer dói mais que um joelho ralado da infância.

08 – O que seria, para você, "um dia bom"? O que é necessário para que ele assim o seja? 
      Resposta pessoal do aluno.

09 – Relacione o quarto verso da música ao de uns de uma música antiga dos Engenheiros do Hawaí: "um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão / sem querer eles me deram as chaves que abrem essa prisão": 
      O quarto verso refere-se a infância, a inocência, já os versos da outra canção diz “... que sem querer me deram as chaves que abrem essa prisão”, ou seja, deixou a inocência e se tornou adulto responsável pelos seus atos.

10 – Copie do texto um exemplo de antítese, explicando seu raciocínio: 
      “Dava pra ser herói 
       No mesmo dia em que escolhia ser vilão.”
      Ideias opostas que na imaginação do eu poético é possível porque é uma criança sonhadora.

11 – Segundo o texto, qual é a solução para não acentuarmos a maldade presente no mundo? 
      “É só não permitir que a maldade do mundo
       Te pareça normal.”

12 – Do que você mais sente falta da sua infância? Enumere algumas vantagens e desvantagens de crescer:
      Brincadeiras – Comidas – Escola.
      Vantagens de crescer: Trabalhar; Dirigir; Casar; Ter filhos.
     Desvantagens de crescer: Falta tempo para se divertir; Muito compromisso; muita responsabilidade.

13 – Que mensagem a canção lhe transmitiu e que sentimento ela mais despertou em você? 
      A mensagem é que não devemos permitir que a maldade do mundo nos pareça normal, e que não devemos perder a magia da criança que vive em nós. Despertou saudades da infância.




CRÔNICA: O MENINO E O ARCO-ÍRIS - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO

Crônica: O menino e o arco-íris
            Ferreira Gullar

        Era uma vez um menino curioso e entediado. Começou assustando-se com as cadeiras, as mesas e os demais objetos domésticos. Apalpava-os, mordia-os e jogava-os no chão: esperava certamente uma resposta que os objetos não lhe davam. Descobriu alguns objetos mais interessantes que os sapatos: os copos – estes, quando atirados ao chão, quebravam-se. Já era alguma coisa, pelo menos não permaneciam os mesmos depois da ação. Mas logo o menino (que era profundamente entediado) cansou-se dos copos: no fim de tudo era vidro e só vidro.
        Mais tarde pôde passar para o quintal e descobriu as galinhas e as plantas. Já eram mais interessantes, sobretudo as galinhas, que falavam uma língua incompreensível e bicavam a terra. Conheceu o peru, a galinha d´Angola e o pavão. Mas logo se acostumou a todos eles, e continuou entediado como sempre.
        Não pensava, não indagava com palavras, mas explorava sem cessar a realidade.
        Quando pôde sair à rua, teve novas esperanças: um dia escapou e percorreu o maior espaço possível, ruas, praças, largos onde meninos jogavam futebol, viu igrejas, automóveis e um trator que modificava um terreno. Perdeu-se. Fugiu outra vez para ver o trator trabalhando. Mas eis que o trabalho do trator deu na banalidade: canteiros para flores convencionais, um coreto etc. E o menino cansou-se da rua, voltou para o seu quintal. 
        O tédio levou o menino aos jogos de azar, aos banhos de mar e às viagens para a outra margem do rio. A margem de lá era igual à de cá. O menino cresceu e, no amor como no cinema, não encontrou o que procurava. Um dia, passando por um córrego, viu que as águas eram coloridas. Desceu pela margem, examinou: eram coloridas!
        Desde então, todos os dias dava um jeito de ir ver as cores do córrego. Mas quando alguém lhe disse que o colorido das águas provinha de uma lavanderia próxima, começou a gritar que não, que as águas vinham do arco-íris. Foi recolhido ao manicômio.
        E daí?
GULLAR, Ferreira. O menino e o arco-íris. São Paulo: Ática, 2001. p. 5.

Entendendo a crônica:
01 – Identifique:
Título: O menino e o arco-íris.
Autor: Ferreira Gullar.

02 – “Mas logo se acostumou a todos eles”. O termo em destaque refere-se no texto a:
(A) animais no quintal.                          
(B) cadeiras e mesas. 
(C) sapatos e copos.                            
(D) jogos de azar.

03 – Pode-se concluir que o tema do texto é:
(A) a curiosidade.                                
(B) a insatisfação.         
(C) a natureza.                                   
(D) a saudade.

04 – De acordo com o texto, o menino procurava, desde criança, por:
(A) alguma coisa surpreendente.            
(B) galinhas e plantas interessantes.
(C) um arco-íris.                                   
(D) banhos de mar.

05 – “E daí?” A frase final do texto demonstra que a opinião do narrador sobre o destino do menino é de:
(A) pena e desespero.                                 
(B) simpatia e aprovação.
(C) indiferença e conformismo.                     
(D) esperança e simpatia.

06 – “Desceu pela margem, examinou: eram coloridas!”
No trecho, os sinais de pontuação empregados assinalam:
(A) o tédio do menino.                                
(B) a surpresa do menino.
(C) a dúvida do narrador.                            
(D) o comentário do narrador.

07 – Esse texto é:
(A) uma crônica      
(B) uma notícia  
(C)  informativo       
(D) fábula

08 – Como você descreveria o menino?
      Resposta pessoal do aluno.

09 – Por que o menino sempre abandonava as coisas que encontrava?
      Porque ele cansava e queria coisas novas.  

10 – Comente sobre o desfecho do texto, dando sua opinião.
      Resposta pessoal do aluno.